Edição 40, março de 1989

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Metalúrgicos de São_ Berna.rdo e Diadema Organização dentro da fábrica: Avanços e dificuldades Paulo Vannucchi *

O

Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema abarca um conjunto de 1.138 empresas, que totalizam cerca de 140.000 trabalhadores. Dessas indústrias, 800 são de pequeno porte, não atingindo mais do que 40 funcionários por unidade. Em contrapartida, a metade da categoria est~ concentrada em apenas oito empresas.

Tal condição privilegiada, bem como a elevada concentração que se detecta quando é feita campa· ração com outros sindicatos de base mais pulveri· zada, são fatores sempre lembrados por quem analisa as causas que levaram a entidade a desempe· nhar um papel decisivo na ruptura do final da década de 70, quando teve in feio uma nova etapa de lutas na história do movimento sindical brasileiro.

. 30.000 . 16.000 . 10.000 . 5.500 . 3.000 . 2.400 . 2.300 . 1.800

Com efeito, coube ao sindicato um papel de vanguarda nos episódios que se seguiram a greve da Scania, em maio de 78, com paralisação em outras empresas, dentro e fora da área, e acumulação de forças para novas mobilizações nos anos seguintes. E o saldo de três anos representou o surgimento de um novo tipo de ação sindical no Brasil, hoje já razoavelmente discutido, reportado e analisado.

Seguem-se, nessa relação, 14 fáb~ icas com mais de 1.000 funcionários e outras 22 com mais de 500, configurando-se, no geral, uma distribuição em que 85% da categoria estão concentrados em cerca de 100 empresas com mais ~e 200 funcionários.

Naquele ciclo de lutas, que projetaram a lide· rança de Lula e elevaram a símbolos nacionais as imagens da Vila Euclides, os trabalhadores reapren· deram antigas lições acerca da importância da luta pol ftico-partidária, da necessidade de quebrar a estrutura sindical legada pelo Estado Novo, e muitas outras coisas.

Volkswagen ................... Mercedes Benz ................. Ford . . ...................... Brastemp ..................... Saab-Scan ia ................... Termomecânica ................ Massey-Perkins ................. Metal Leve ....... ; ............

Ao n rvel da sindicalização, encontra-se em andamento a "Campanha dos 80.000", que foi uma meta proposta para ser atingida até dezembro de 1988. Até 1987, o total de associados ÇJirava em torno de 60.000, estando hoje num patamar próxi· mo aos 70.000. Essa taxa global de sindicalização em torno de 50% é, em boa medida, "puxada" pelas grandes empresas, que chegam a atingir o nível dos 70%, enquanto na maioria das pequenas e médias a taxa oscila entre 30 e 40%. Como é notório, a área abriga a fatia mais importante da indústria automobilística que se instalou no país na década de 50 afirmando-se como carro-chefe da produção industrial brasileira, ao determinar a implantação de um amplo parque de fábricas fornecedoras, diretas e indiretas. • Assessor da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo,

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Inegavelmente, uma das lições mais importantes referia-se à importância do esforço de organização nos próprios locais de trabalho. Esse aprendizado foi mais lento que o relativo à necessidade de construir o PT e a CUT porque, efetivamente, o impulso dado pela categoria às mobilizações que se faziam em 78, 79 e 80 era tão poderoso, por corresponder a um verdadeiro instante de explosão, que provocava uma espécie de cumplicidade absolvedora de todos os descuidos ou das desatenções que se registrassem nesse terreno. Em outras palavras, a combatividade e a garra das bases eram tão fortes que não obrigavam, como passaria a suceder mais tarde, as lideranças a com· preenderem de modo profundo e radical a impor· tância vital da organização dentro da própria fábri · ca.


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