Edição 40, março de 1989

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Apesar de constarem no estatuto da CUT, de forma muito clara, propostas de organização pela base nas diversas categorias, as iniciativas pol fticas que têm sido tomadas a este respeito nos parecem tfmidas, como também indicam um certo descrédito na via legal para que esta conquista seja alcançada. Os partidos, por sua vez, 'também parecem não dar a devida importância à questão. A única exceção a este esquecimento geral em todo o processo de discussão relativo à Constituinte foi a proposta escrita pelo advogado Ricardo Zarattini (PCB-SP) transformada em artigo constitucional: "nas empresas, de mais de duzentos empregados é assegurada a eleição de um representante destes

com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores". Esse direito trabalhista foi apresentado pelo Deputado Roberto Cardoso Alves (PMDB -SP), um dos I fderes do Centrão e apadrinhado pelo presidente do PT Olivio Outra. Note-se que assim como outros avanços obtidos ao n fvel da nova Carta- se é que pode ser considerado desta forma- também este está sujeito a complementação ao n fvel da legislação ordinária, o que é problemático se considerarmos que o texto aprovado não faz referências expl feitas a garantias especiais de que deveriam gozar estes "delegados sindicais" para o pleno exerc feio de suas atividades.

O movimento sindical no Rio e sua base operária Sem grande margem a dúvidas, até 1985 no Rio de Janeiro, é impossfvel visualizar uma forte organização operária apesar de existirem vários esforços se dando neste sentido que ainda não se expressam em termos da retomada de sindicatos de grande importância pol ftica, a corrente sindical combativa encontra campo mais fértil para expandir-se nas categorias de classe média.

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Isso se deve, por um lado, à grande importância que apresenta o setor terciário no Rio de Janeiro (respondendo por mais de 70% da renda interna da região); somado a isto, devemos nos lembrar que também é no Rio onde encontramos um dos maiores contingentes de trabalhadores em empresas estatais (seja ligados a produção ou aos •serviços). Proliferam-se neste perfodo as iniciativas de "retomada das associações profissionais e de sindicatos ditos de classe média de uma forma geral; é a época da politização do IAB, da OAB, AB I e sindicatos de arquitetos, engenheiros, médicos, professores, etc ... Por outro lado, as categorias operárias não conseguem se transformar em pólos dinamizadores do movimento. Em sua ampla maioria suas diretorias têm uma concepção atrasada de movimento sindical, não conseguindo superar o corporativismo. A partir da repressão que ocorreu sobre os antigos sindicatos dos portuários, ferroviários, metalúrgicos, qu fmicos e outros, ainda como resultado da ação imediata do golpe de Estado de 1964, o processo de "retomada" das lutas é muito lento, com um controle patronal apresentando-se quase intranspon fvel. Uma exceção a esta linha geral encontramos no Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, que já no final dos anos setenta apresenta uma direção renovada, articulada ao grupo que futuramente garantiria as bases de existência da CUT no estado. No entanto, esta experiência permanece restrita em decorrência da crise que atinge a indústria naval no

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pafs, acrescida da recessão dos anos 81 -83 e da grande heterogeneidade do parque metalúrgico no Estado do Rio de Janeiro, inviabilizando a formação de lideranças operárias de peso neste perfodo. O grande marco de fortalecimento do movimento sindical mais avançado no Rio ocorre apenas em 1985, com a vitória da oposição bancária nas eleições no in feio daquele ano; liderando uma categoria de 70.000 trabalhadores, a nova diretoria filia-se à CUT. Segue-se a retomada do sindicato dos portuários e ferroviários. O primeiro em mea• dos de 85 e o último ao final do mesmo ano. Durante o perfodo seguinte há grande participação do Rio na deflagração de greves nacionais, e principalmente junto ao serviço público, ou, ainda, em caso de categorias cujo contingente que trabalha no estado é determinante na contagem do número total de trabalhadores em todo o pa fs. Nesta situação podemos citar os previdenciários por exemplo, com quase 1/3 de seu contingente a n fvel nacional localizado na região. As greves operárias se reduzem, na maior parte dos casos, a greves por empresas.


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Necessidade de uma nova correlação de forças

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O trabalho da FASE e as comissões de fábrica

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Bibliografia comentada Alcances e limites da experiência das

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O movimento sindical no Rio e sua base operária

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