Edição 40, março de 1989

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O trabalho da FASE e as comissões de fábrica Após a posse da nova diretoria no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio (out./87), avaliávamos que apesar da vitória da oposição após 10 anos de luta no conjunto da categoria, vigorava uma grande desorganização principalmente no interior das fábricas. As comissões que existiam até este momen· to como é o caso da Emaq, Standard Electric e Ciferal correspondiam mais a excei;:ões do que à regra. Significavam mais iniciativas dos próprios trabalhadores no sentido de garantirem os seus direitos mais básicos, como o direito ao trabalho (em todos os três casos citados, houve ameaça de falências e apesar de variações na forma de inter· venção os trabalhadores tiveram grande responsabi· lidade pela manutenção e recuperação econômica de suas :-espectivas empresas), do que propriamente corresponderam em qualquer momento a orienta· ções expl feitas por parte da diretoria sindical. Ape· sar disso, a antiga direção não deixa de apoiar estes movimentos, com exceção da comissão da F iat (ver boxe) onde ocorre um processo de intensa radicali· zação. Além desta avaliação fez parte também de nossas consid~rações o fato dos ativistas e novos diretores est<lrem em sua maioria convencidos da necessidade de estimular a organização por local de trabalho, nos moldes propostos pela CUT.

1:: neste contexto que se sucedem a ~riação de várias comissões de fábrica associadas a pmposta de reunião do conjunto de comissões existentes na base coberta pela área de intervenção do sindicato, proposta que evoluiu para a criação de uma coordenação de comissões de fábricas. Percebíamos, desde o início de nosso traba· lho, a necessidade de estimular reuniões nas quais ocorressem trocas de informações sobre as diferen· tes formas de atuar de cada comissão, mas consideramos ainda insuficiente este nível de discussão. Acreditamos ser necessário, paralelamente, estimular a criação de outros grupos de trabalho que viessem a dar substância a discussão que se deflagrava junto às comis~ões. Neste sentido, foram pro· postas, em comum acordo com alguns ativistas do sindicato, a criação de dois grupos: o de saúde que evolui para a constituição de uma comissão de saúde no interior do sindicato; e o da automação que deve corresponder a um fórum onde se avaliem as diferentes caracterfsticas do processo de traba· lho existentes na base da categoria e apontem pro· postas no sentido de que os membros das comissões e trabalhadores em geral passem a reivindicar um espaço no referente a organização da produção, controle de processos danosos, alteração de ritmos, pol ftica de emprego e critérios para demissões etc.

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Um terc.eiro nível de atuação proposto estev·3 relacionado à formação de grupos que estudassem e discuti~sem as características específicas de cada setor existente na base da categoria. Para este fim utilizamos a definição proposta pelo IBGE , div idindo a área metalúrgica em 4 setores: meta lúrgico, metal- mecânico, eletro-elet rônico e material de transporte. Por último, todas as informações a serem col etadas seriam sistematizadas, formando um cadastro geral de empresas que compõem os 8 municfpios que constituem a base territorial do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio. Até onde conseguimos avançar? Depois de alguns meses de t rabalho foi possível observar a necessidade de membros das comissões obterem maior conhecimento sobre a realidade da fábri ca e propostas de intervenção. No ent anto não foi pos· sível até o momento concretizar de forma mais qualitativa este debate. Gostaríamos de apresentar algumas hipóteses que passarão a direcionar nosso trabalho nos próximos meses :

1. É impossível desenvolver uma única linha de atuação, junto a um conjunto de fábricas extre~ mamente heterogêneo existente na base. As fábri· cas se diferenciam pelo contingente empregado, pelo tipo de técnica, pelo tipo de produto, pelas formas de controle do trabalho etc. 2. É necessário que nas treze áreas onde existe alguma organização se tenha uma visão de que forma encontra-se a categoria distribuída por seg· mentos industriais e número de trabalhadores por empresa.

3. É necessário construir uma metodologia e tipologia adequadas ao trabalho sindical em pequenas, médias e gr~·ndes empresas e a forma de tecnologia empregada.

4. Por último, consideramos que apesar de termos deflagrado junto aos ativistas a discussão a respe ito da situação de saúde no seio da categoria e uma avaliação das técnicas empregadas no processo produtivo, verificamos que ainda não repercute o avanço das discussões que ocorrem no interior dos grupos de trabalho, no sentido de se transformarem em subsídio à intervP.nção das lide ranças nas fábri · cas. Finalizaríamos nossa avaliação por duas ve r· tentes : I - É necessário sob o ponto de vista da intervenção educativa discutir teoricamente qual o papel da comissão de fábrica hoje : O espaço cfe poder a que pode almejar no interior da fábrica e em que sua atuação pode ampliar o conjunto de


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