Instrumento de democratização e de negociação. A experiência concreta dos trabalhadores é bem mais diversif icada e, por isso mesmo, mais rica. Essa é a razão da impossibilidade de apreendê-la a partir de pressupostos que nada mais são que avatares da velha dicotomia bem/mal. Demanda importante da classe trabalhadora no pós-78, a comissão de fábrica é a novidade que emerge da prática operária nos últimos anos, representativa dos movimentos moleculares que estão ocorrendo no interior das fábricas: defendem rei vindicações igualitárias, maior liberdade para a mão-de-obra na produção e a democratização das relações de trabalho, podendo ser um elo importante na transformação da estrutura sindical no Brasil. A representação por local de trabalho é fundamental para o operariado: organismo de base que vive o dia-a-dia da fábrica, é importante veículo de dr nocratização no interior da empresa, atingindo um contingente operário que muitas vezes o sindicato não consegue se aproximar, à medida que_ a
representação na unidade produtiva consegue dar conta da heterogeneidade da classe trabalhadora dentro da fábrica com a participação de sindicalizados e não-sindicalizados. Há, por outro lado, a ambigüidade e tensão que estão presentes no dia-a-dia das çomissões de fábrica. Pois, ao mesmo tempo que funcionam , por vezes, como uma espécie de contrapoder na produção, elas são, antes de tudo, organismos que privilegiam a negociação. A comissão de fábrica nasce junto com a luta dos trabalhadores por novos direitos no espaço da produção, digladiando-se com a supervisão intermediária: daf significar uma ampliação do espaço de liberdade, para os trabalhadores no estabelecimento fabril. Funciona ainda como importante fator de coesão e identidade coletivas. Por isso a diferenciação, em alguns momentos, com a prática sindical , ainda que participando das mesmas lutas e com os mesmos objetivos imediatos.
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