PRÉDICA: MARCOS 10.2-12 GÊNESIS 2.18-24 HEBREUS 1.1-4; 2.5-12
19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES
03 OUT 2021
Dione Carla Baldus
Luz de esperança para a realidade
1 Introdução Escrevo em meio à pandemia, com o sistema de saúde colapsando, a violência doméstica aumentando, milhares de mortes e, nas comunidades, um esforço imensurável para acompanhar as pessoas, oferecendo-lhes o conforto e o sustento na Palavra e na oração. Assim, coloco-me diante do texto do evangelho. Noto o quanto a tradição ensinou a ler esse texto tendo em mente a proibição do divórcio e ocultando, na maioria das vezes, os relacionamentos humanos fragmentados pelo antropocentrismo e pelo patriarcalismo. Colaboram com essa reflexão alguns auxílios homiléticos anteriores de Proclamar Libertação (v. 28; 36; 42). O texto de Gênesis é parte de um dos relatos da criação: Deus expressa o propósito de criar alguém que seja como a outra metade do homem. Segue o relato da criação, a nomeação dos animais e a conclusão de que Adão ainda estava só. Em seguida Deus faz adormecer o homem, do seu “lado” forma a mulher, e apresenta-a ao homem. Ao vê-la, o homem a reconhece como uma igual. O texto sugere então que os dois são de uma só carne, culminando com o tradicional versículo empregado nas cerimônias de bênção matrimonial (Gn 2.24). A Carta aos Hebreus reafirma a autoridade de Jesus em comparação a outros mensageiros de Deus. Argumenta que Deus falou de diferentes formas e por meio de muitas pessoas no passado. Nos últimos tempos, ele falou por meio de seu filho. Não há um desmerecimento da história passada ou das testemunhas passadas, mas uma rememoração do plano original da criação e uma admoestação de que tudo está sob o poder de Deus, e que Jesus está ao “lado” das pessoas para ser irmão no sofrimento e autor da salvação.
2 Exegese O texto de Marcos trata sobre a licitude e sobre os motivos do divórcio. O assunto era muito discutido na época de Jesus. Duas escolas rabínicas, lideradas por Shammai e Hillel, tinham posições diferentes sobre o tema. A primeira, mais severa, dizia que somente culpas muito graves podiam ser razão para o divórcio, como o adultério, comportamento imoral grave ou o fato de a mulher não ser virgem no momento do casamento. A escola de Hillel, ao contrário, defendia que qualquer motivo seria suficiente para que o homem solicitasse o divórcio. Assim, cada qual podia interpretar o que seria a “coisa indecente” que o homem pudesse
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