TENDÊNCIAS
Por Fernando de Freitas
O CALOR
QUE VEM DO RÁDIO V
ocê sabia que as pessoas estão ouvindo menos música por streaming durante o período de isolamento social? Pelo menos foi o que divulgou o The Guardian. Por outro, lado, as pessoas parecem estar ouvindo mais rádio. Em momentos de crise as pessoas se voltam essa tecnologia antiga e confiável. Muitos podem ser os motivos disso. Na realidade o rádio se adaptou à muitas mudanças no mundo e, apesar de ter perdido o protagonismo para a televisão (que por sua vez perdeu para a internet), se aproximou de seu público. As pessoas ligam para as estações de rádio para contribuir com informações, para pedir músicas, participam de promoções etc. A sua rádio é logo ali, eles são quase seus amigos, é próximo. Marcele Becker transformou sua conversa de mesa de bar com os amigos da faculdade no programa “Esquenta”, na Rádio 89FM – A Rádio Rock de São Paulo. O programa, que é líder em audiência em seu horário, 22 h, discute pautas diversas, acompanhadas de músicas que possam fazer dupla com o tema. O programa já vinha se atentando às tendências do streaming, à explosão dos podcasts e disponibilizava toda sua programação para ser ouvida também online. Não adiantava batalhar contra. Mas, diante do isolamento social decorrente da pandemia do Covid-19, foi que ficou claro como as novas tec-
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nologias são tão amigas do rádio - “eu estou em um sítio com minha família, tem uma pessoa em estúdio e cada um em sua casa, e continuamos fazendo o programa”. Entre a maternidade, o jornalismo e sua atuação como empreendedora, neste momento foi necessário se recolher para cuidar da família. Mas a ligação com o jornalismo e com a música não se desfaz, assim como o público volta ao rádio quando precisa do conforto. Nestes últimos tempos, a quarentena tem sido tema bastante presente, seja nos relacionamentos, sejam por conta dos shows adiados ou dos memes, mas os temas do dia a dia continuam, como o dia da Terra ou bandas canadenses, sempre acompanhada de Fitinha, Wendell e Bia Sato. Além dos
temas diferenciados, a interatividade com o público é uma das marcas do “Esquenta”. As mudanças na grade de programação também ajudam a promover novas bandas nacionais. Tudo isso porque uma das estratégias foi o desenvolvimento de programas com foco no ouvinte. Como resultado, a rádio ocupa a liderança na audiência da Grande São Paulo, de segunda a domingo, das 5h à meia noite, em especial nos rádios dos carros, durante o trajeto dos ouvintes nos horários de pico, segundo dados do Ibope. No ranking geral, o programa é líder de audiência, em toda a Grande São Paulo, oferecendo muito rock’n’roll e relacionamento com o público.