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Dia Internacional do Orgulho LGBT: Os fundos arrecadados no dia 28 de junho, com as vendas de bebidas sabor brigadeiro da rede Starbucks Brasil, serão usados para apoiar a Casa 1 que abriga pessoas LGBT em situação de risco.




ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING Curso de graduação em Design e Comunicação Visual Turma DSG 3B 2021/1 PROJETO INTEGRADO 3ºSEMESTRE Projeto 3 profª Marise de Chirico Ergonomia prof. Matheus Alves Passaro prof. Auresnede Pires Stephan Produção Gráfica prof. Marcos Correa de Mello

No contexto atual nunca houve tanto espaço para diversidade, apesar dos muitos defeitos da sociedade moderna, tais como a discriminação, intolerância e o conservadorismo, as minorias criaram para si um espaço para a divulgação de experiência, expressão de cultura e posicionamento sobre a forma como são inseridos no espaço público. Mesmo consumidores menos sensíveis à causa, se veêm questionando o status quo; narrativas hetero normativas e padrões de masculinidade redundantes não ocupam o pedestal que antes tinham, sendo assim, é facilmente possível ver como outros tipos de vivência ganham destaque e demonstram a sua importância em um mundo que está cada vez mais inclinado à mudança sociocultural e política. O papel da revista chroma é se tornar uma das frontes de mudança e contribuir para o processo de transição que a sociedade se vê em uma busca da desconstrução de narrativas dominante para um espaço em que pessoas de qualquer gênero, cor, orientação sexual e cultura conquistem visibilidade e uma posição em que suas vozes reverberem em um futuro de empoderamento e avanço. Temos como objetivo fazer uma interseção entre a cultura queer e cultura pop, abraçando a diversidade, de modo que as minorias sejam colocadas como agentes ativos do setor cultural, sem que sejam rotuladas ou limitadas a corpos políticos.

Cor Percepção e Tendências profª Paula Csillag Fundamentos da Econômia prof. Alexandre Ripamonti Marketing Estratégico prof. Leonardo Aureliano

Fernanda Martins

Davi Cangerama

PROJETO EDITORIAL E DESIGN GRÁFICO Davi Cangerana Fernanda Martins Lucas Freitas Matias Pegasano

Matias Pegasano

Lucas Freitas



52 Livre leve solto Receitas Veganas 10 Freddie Mercury 12

Gaymes

Games LGBTQ pra jogar em 2021 16 Hades 18

Babado True Beauty 28

Black is King 30 Dimitra Vulcana 36

Queen

Maquiagem Drag Queen 64

Tiro

Evolução da Moda Drag Queen 66

Polêmicas LGBT do BBB 2021 44

Uma História Gay da Moda 72

Girl from Rio 46

Ai que Tudo 77

A Febre Chamada BTS 52

Inhaí

Castro Burguer 80 Semana Nacional de Museus em SP 82

Arraso

Empresas que abraçam a causa LGBT 90

Fora do eixo

A+

Horóscopo 108

52 anos de Stone Wall 98

Poema Visual 112

Basta de Projetos Desumanizadores 106

Premiação British LGBT Awards 8

5 direitos LGBT 94


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INDICADOS AO BRITISH LGBT AWARDS Revista inglesa elege o Top 10 celebridades, artistas musicais, campanhas, influenciadores digitais, jornalistas, entre outros, que representem o público LGBT Por Otávio Furtado Fotos: Reprodução/Divulgação

Imagem de anúncio usado pela revista

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DATA: sexta-feira, 27 de Agosto HORÁRIO: 14:00 (horário de Brasília) Uma das premiações de celebridades, cultura, ativistas e empresas que contribuem para a comunidade LGBT está se aproximando. Esta semana foram anunciados os indicados ao British LGBT Awards, com destaques como os artistas Harry Styles, Lil Nas X, Lizzo e JoJo Siwa; celebridades como Demi Lovato, Elliot Page e Willow Smith; além dos programas It’s a Sin e RuPaul’s Drag Race. Uma das categorias que mais chama a atenção é a de artista musical. Harry Stiles, Jojo Siwa, Lil Nas X, Lizzo e Sam Smith são alguns dos destaques entre os indicados. Mas a lista ainda tem Anne-Marie, Kim Petras, Mnek e Rina Sawayama. Mas o British LGBT Awards não escapou de polêmica ao colocar, justamente nessa categoria, o quarteto The 1975, formado por homens héteros. A segunda lista que chama mais atenção é a de Momentos da Mídia, onde estão grandes atrações da TV. Nessa categoria concorrem a comédia Mae Martin’s Feel Good, o romance de natal Happiest Season, a produção da Netflix Haunting of Bly Manor, Hollywood de Ryan Murphy, a série da HBO

It’s a Sin, a Killing Eve da BBC América, a canadense The Next Step, a temporada final de Schitt’s Creek, a Stricly Come Dancing que permitiu duplas do mesmo sexo na competição de dança e, claro, RuPaul’s Drag Race que teve pela primeira vez um participante trans. Há também o prêmio de celebridade do ano no British LGBT Awards. Quem concorre ao prêmio são Adam Lambert, Andrew Scott, Cara Delevingne, Demi Lovato, Elliot Page, Gillian Anderson, Jameela Jamil, RuPaul Charles, Tan France e Willow Smith. Até mesmo celebridades aliadas concorrem ao prêmio. Na lista estão George Clooney, Jane Fonda, Jennifer Lopez, Melanie C, Michelle Visage, Charli Xcx, Jennifer Saunders, Dermot O’Leary, Eugene Levy e Jodie Comer. Haverá ainda categorias como Futebolistas Aliados, Comercial ou Campanha, Influencers Online, Iniciativas de Caridade e Jornalistas. Também existem sete categorias para empresas e o prêmio de Contribuição para a Comunidade LGBT+.

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L Preparo 1 hora Rende 4 porções

NHOQUE DE ABÓBORA por Juliana Foto: Juliana

Ingredientes 1/2 abóbora 1 xícara farinha de trigo 6 galhos tomilho 3 dentes alho 4 castanhas do Pará picadas 1 tomate grande sal azeite

Instruções 1. Vamos começar colocando a abóbora no forno para assar, por cerca de 40 minutos, para reduzir bastante o líquido dela e ficar bem sequinha. Quando estiver bem macia, retire a abóbora do forno e raspe as sementes com uma colher. 2. Passe a polpa por uma peneira para retirar o excesso de líquido, assim o nosso nhoque precisa de menos farinha e deixamos só o gostinho maravilhoso da abóbora se sobressair. 3. Coloque um pouco de farinha sobre uma superfície lisa, formando uma camada. Adicione o purê peneirado da abóbora aos poucos, jogando um pouco de farinha (apenas o suficiente para não grudar nas mãos, sem misturar à massa) e modelando em formato de cilindro, depois corte em pedaços de 2 cm. 4. Esquente azeite em uma frigideira e doure os nhoques. Reserve. Depois, esquente novamente uma frigideira com azeite, e adicione o tomilho, o alho, as castanhas do Pará (pode substituir por amêndoas ou amendoim picados ou em fatias). 5. Quando estiverem dourados, adicionar o tomate e rofogar. Ajuste de sal, e quando estiver pronto, servir por cima do nhoque.

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RECEITAS | LIVRE, LEVE & SOLTO

PUDIM DE LEITE CONDENSADO por Ana Maria Foto: Fabiana Preparo 1 hora Rende 11 porções

Ingredientes 6 colheres de sopa de açúcar 1 lata de leite condensado 1 lata de leite (use a mesma medida do leite condensado) 3 ovos

Instruções 1. Numa forma para pudim, de 20 centímetros de diâmetro, coloque 6 colheres de sopa de açúcar e leve ao fogo médio até virar uma calda caramelada, por mais ou menos 3 minutos. 2. Retire do fogo e vá virando a fôrma, de modo que a calda forre todo o fundo e lateral da mesma. Reserve. 3. Num liquidificador coloque uma lata de leite condensado, uma lata de leite, a mesma medida da lata de leite condensado, e 3 ovos e bata bem por mais ou menos 1 minuto. 4. Desligue o liquidificador e deixe a mistura descansar por 15 minutos. 5. Com esta espera a espuma fica sobre a superfície, o pudim fica sem furinhos, mas macio. 6. Com a ajuda de uma colher segure a espuma que está na superfície e despeje o conteúdo do liquidificador, com cuidado, na fôrma caramelada reservada acima e leve ao forno médio, em banho-maria, a 180 graus Celsius por uma hora e meia. 7. Retire do forno, deixe esfriar e leve à geladeira por mais ou menos duas horas. Desenforme e sirva em seguida.

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Nunca assumiu que era gay para a família Freddie Mercury foi um performer extravagante que esbanjava confiança nos shows, mas, fora dos palcos, o vocalista do Queen era extremamente reservado em relação à vida pessoal e a família. Apesar de ter assumido a homessualidade para a mídia na década de 1970, ele nunca contou que era gay para a família. Em 2006, a mãe do músico, Jer Bulsara, concedeu uma entrevista na própria casa em que revelou detalhes da relação de Mercury com os pais, segundo o site Express UK. Ao lado do meio irmão do músico, Roger Cook, ela contou que a família acreditava que o visual chamativo e as unhas pintadas faziam parte da performance da banda. “É o que um performer tem que fazer para agradar a audiência. Como pai, você tem que se preocupar, mas você tem que deixar seu filho ter a própria vida”, disse Jer. Ao ser questionada se Mercury alguma vez assumiu a sexualidade para a família, Jer respondeu com lágrimas nos olhos: “Não”. Ela explicou que Mercury nunca revelou ser gay para proteger os pais, os valores morais e religiosos da família. Contudo, ela também disse que se o filho tivesse vivo, com certeza ele iria se abrir sobre esse assunto em algum momento.

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Ilustração: Matias Pegasano

ARTISTA GAY | LIVRE, LEVE E SOLTO

“Ele não queria magoar a gente. Naquela época… A sociedade era diferente. Hoje em dia tudo é muito aberto, não é?”, contou Jer. Da mesma forma, Mercury nunca revelou que era portador do vírus da Aids e HIV positivo. A família do vocalista do Queen sabia que o filho enfrentava problemas de saúde, mas não tinha consciência da gravidade da doença. “Gradualmente, nós tomamos consciência da doença, mas nós não tínhamos ideia do que era ou o quão sério era. Então, em agosto de 1990, Kash [irmã de Mercury] e eu vi uma marca no pé dele. Era um sarcoma de kaposi [um tipo de câncer de pele característico da Aids]. Ela completou: “Kash perguntou o que era, se estava melhorando. Freddie disse: ‘Você tem que entender que o que eu tenho é terminal. Eu vou morrer”. Por fim, Jer relembrou a última conversa que teve com o filho antes dele morrer e como ele ‘estava tão doente e mesmo assim estava tão carinhoso’. “Foi muito emotivo, muito difícil. Ele perguntou: ‘Você está bem? A mídia te preocupou?’. Nós dissemos: ‘Não se preocupe com a gente, querido”, contou a mãe do músico.

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SE LIGA NOS 10 DOS MELHORES JOGOS LGBTQ PARA CURTIR NA QUARENTENA Se você está procurando algo diferente para jogar nessa quarentena, reunimos os melhores jogos LGBTQ que vão de clássicos como Mass Effect e The Sims até jogos mainstream como Dream Daddy e Night In The Woods – todos com personagens LGBTQ. A lista é do Gay Times.

DRAGON AGE: INQUISITION (2014) Último da saga Dragon Age, o jogo faz com que o jogador se torne o Inquisidor, personagem ‘escolhido’ que deve resolver distúrbios civis no continente de Thedas. O jogo apresenta um sistema de romance, permitindo que os jogadores conquistem vários amantes e também apresentou o primeiro personagem trans da Bioware, Cremisius Acclasi. DREAM DADDY: A DAD DATING SIMULATOR (2017) Talvez você não consiga sair em encontros durante a pandemia, mas há uma solução com os sims de namoro. Embora não haja muitos players de qualidade no gênero que atendam aos jogadores LGBTQ, o Dream Daddy faz um trabalho muito bom para preencher essa lacuna. Os jogadores assumem o papel de um pai solteiro, cujo objetivo é ter romance com outros pais gostosos. MASS EFFECT: ANDROMEDA (2017) Embora se concentre principalmente em tiroteios no espaço com alienígenas, um dos aspectos mais interessantes da série Mass Effect sempre foi a capacidade de dormir com outros personagens. Tanto o Mass Effect 3 quanto a edição mais recente, Andrômeda, apresentara opções para o jogador perseguir relações entre pessoas do mesmo sexo.

GONE HOME (2013) Se você está procurando um mistério para desvendar, Gone Home é o jogo. O jogador assume o papel de Katie, uma jovem que volta para sua casa em Oregan com uma nota na porta pedindo que não investigue o que aconteceu. Não vamos dar spoiler, mas recebeu elogios da crítica após por retratar problemas LGBTQ. LIFE IS STRANGE (2015) O premiado Life Is Strange de 2015 permite que os jogadores se sintonizem com novos capítulos do jogo a cada dois meses podendo tomar decisões sobre o desfecho. O jogo foca na estudante Max Caulfield, de 18 anos, que descobre a capacidade de reverter o tempo e deve usar seus poderes para salvar sua cidade de ser destruída por uma tempestade. Em 2017 a atualização deu aos fãs o romance lésbico. NIGHT IN THE WOODS (2017) A Night In The Woods é um jogo de rolagem lateral sobre o retorno de Mae a sua cidade natal, Possum Springs, para descobrir mudanças inesperadas, uma amiga de infância desaparecida e um mistério se desenvolvendo na floresta. Os personagen são o que realmente dão vida ao jogo, e muitos deles são LGBTQ, incluindo o melhor amigo de Mae Gregg e seu namorado Angus, além do personagem trans Jackie.

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TOP JOGOS LGBT | GAYMES

OVERWATCH (2015) O shooter online futurista se tornou um fenômeno global. O jogo oferece aos jogadores mais de 30 personagens, cada um com seus próprios estilos e habilidades, e todos têm histórias detalhadas graças a curtas-metragens que podem ser vistos on-line. Dois dos personagens principais da série fazem parte da comunidade LGBTQ – Soldier: favorito dos fãs: 76 e a estrela da capa do jogo, Tracer. STARDEW VALLEY (2016) Descrito como um RPG de vida no campo, o jogo se estabeleceu como uma alternativa mais intensa às franquias populares de simuladores, como Harvest Moon e Animal Crossing. Além das atividades como plantar, criar gado, fabricar mercadorias e vender produtos, os jogadores também podem ter romances com seus companheiros de cidade – independentemente do sexo – e se casar e ter filhos.

THE LAST OF US: LEFT BEHIND (2014) Além de ser uma das melhores experiências de videogame de todos os tempos, oferecendo uma história de zumbi que poderia rivalizar com qualquer épico de tela grande, The Last Of Us, também apresentou um personagem LGBTQ importante, a adolescente Ellie. Sua sexualidade foi revelada no prólogo de conteúdo para download Left Behind, onde ela compartilhou um beijo com sua amiga Riley. THE SIMS 4 (2014) Muitas pessoas LGBT vão se lembrar da empolgação de descobrir que seus personagens virtuais no jogo The Sims original poderiam ter relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. Em edições recentes como The Sims 4, casais homossexuais também podem se casar, adotar filhos e iniciar suas próprias famílias, refletindo o mundo real.

Dragon Age Inquisition Foto: Divulgação

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HADES

O novo game da Supergient é competente em tudo que se propõe e foi destaque nas premiações de jogos por Breno Deolindo foto: Reprodução/Instagram



Versão Switch de Hades atualizada


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mitologia grega é fonte para incontáveis obras do entretenimento: filmes, séries, livros e, claro, games já ouviram o canto das musas para dar vida a uma história. Hades, último projeto da Supergiant, dá um olhar novo para essas lendas, colocando um quê de modernidade em contos tão tradicionais. O estúdio já é um atrativo por si só: responsável pelos sucessos #Transistor e #Bastion, a Supergiant é amplamente reconhecida como referência em jogos independentes. Hades, devo dizer, também não é nenhum desconhecido. O game está em acesso antecipado desde 2018, e já acumulou uma base de fãs considerável desde então. Ambientado no próprio Inferno, Hades tem como protagonista Zagreu, filho do deus dos mortos, que deseja fugir de sua casa tão mórbida. As motivações, em um primeiro momento, são desconhecidas, mas o resultado é inevitável: o Inferno é uma fortaleza impossível de se escapar, e Zagreu, que já está morto, volta a sua casa depois de uma fuga fracassada.

SOBREVIVA, EVOLUA, REPITA A breve sinopse já é suficiente para deduzir que Hades é um roguelite — morrer siginifica que o jogador deve voltar ao começo de sua trajetória. Todos os elementos tradicionais também estão ali: upgrades permanentes desbloqueados aos poucos, fases geradas de maneira aleatória, e novas habilidades adquiridas ao longo de cada fuga. A grande questão em se fazer um bom roguelite, entretanto, é balancear esses três elementos e garantir que o jogador não fique sem esperança de vitória logo nas primeiras telas por não conseguir armamento bom o suficiente ou coisa do tipo. Felizmente, Hades acerta em cheio nesse aspecto. No total, são seis armas que podem ser escolhidas antes de cada fuga. Todas trazem alguma particularidade para o gameplay, deixando o jogador livre para escolher um método de combate que se encaixe melhor com seu estilo. Prefere grudar nos inimigos e merendá-los na porrada? Os Punhos de Malphon devem funcionar bem para você. Se gostar de algo mais metódico, talvez o arco Coronacht seja a resposta.

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Gameplay retirada do canal oficial da Supergiant

Independente do armamento escolhido, existem maneiras de debulhar os inimigos à sua frente. Uma luta ou outra pode ficar mais difícil, mas todas as armas de Hades são viáveis. A curva de aprendizado de cada uma é bem curta, e há espaço para praticar seus golpes antes de enfrentar os desafios do Tártaro. Depois de escolher sua arma e finalmente partir para o Tártaro em mais uma fuga, Zagreu encontrará novos recursos para sua jornada: os deuses do Olimpo simpatizam com a causa do rapaz e irão abençoá-lo com novas habilidades, que ficarão com ele até o fim daquela tentativa de fuga. As bênçãos podem afetar seus ataques rápidos ou pesados, assim como seu Arranque (dash, para os íntimos), e seu Tiro (um ataque para distâncias longas). Há ainda bênçãos passivas, que melhorarão algum aspecto de Zagreu, e também as que se traduzem basicamente em um golpe åespecial. A ajuda de divindades como Zeus, Atena, Ares e Afrodite deixa o protagonista muito mais forte e são complementos excelentes para as armas. Cada bênção abre uma nova possibilidade para enfrentar seus inimigos, e mesmo que os deuses que surgirem naquela fuga não sejam seus preferidos, o combate de Hades é quase sempre variado e divertido. Isso sem contar os itens que podem ser comprados no caminho, a possibilidade de buffar bênçãos já recebidas e também o martelo de Dédalo, que traz melhorias para sua arma. No fim, há várias maneiras de fortalecer seu personagem durante a fuga. Claro, o fator sorte ainda é relevante, principalmente nas primeiras tentativas: algumas bênçãos são melhores do que as outras, tanto em sua utilidade quanto em “raridade”. Da mesma maneira que vários outros jogos, as habilidades de Zagreu são classificadas em Comum, Rara, Épica e Lendária, com a tradicional cor que quase sempre acompanha essas denominações. Felizmente, a importância da sorte é reduzida depois de cada fuga. Usando recursos que conquistou durante suas batalhas, Zagreu consegue comprar upgrades permanentes que serão essenciais para finalmente fugir do submundo.

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As melhorias adquiridas fora das fugas são, provavelmente, a parte mais profunda do jogo. Mesmo com quase 40 horas de Hades, ainda estou bem longe de conseguir todos os recursos que o game reserva. É possível construir fontes medicinais em cada uma das fases, desbloquear buffs permanentes que dão vidas e Tiros extras a Zagreu, liberar novas habilidades para suas armas, presentear outros personagens para ganhar amuletos úteis em suas fugas, e por aí vai.A parte mais legal de tudo isso é que, mesmo com tantas melhorias disponíveis, só é preciso uma ou duas tentativas de fuga para ganhar upgrades fortíssimos logo de cara. O progresso em Hades pode ser sentido ao fim de cada fuga, e talvez seja isso que motive os jogadores a continuarem se aventurando pelo Inferno. O gameplay pode ser descrito como uma árvore que vai se ramificando cada vez mais. O jogador vai avançando pelos galhos conforme adquire uma bênção ou outra, e é fácil perceber que existem muitos outros ramos a serem explorados. Por sinal, confiem quando digo que Hades é um roguelite relativamente fácil. Aproximadamente 20 fugas já são suficientes superar o chefão final, cujos padrões de ataque são facilmente decorados. Depois de 30 fugas, você já sentirá confiança suficiente para derreter todos seus inimigos. Mesmo que algumas lutas pareçam difíceis eventualmente, o jogo é bem mais acessível do que Enter The Gungeon, por exemplo. Dependendo do quão forte seu personagem está, preocupar-se com os golpes adversários é quase desnecessário na maioria das ocasiões. AÇÕES E MELHORIAS VISUAIS Para quem gosta de dificuldade, o Pacto de Punição, mecânica desbloqueada após terminar o jogo pela primeira vez, enche o prato. O jogador pode escolher vários obstáculos adicionais a serem enfrentados, seja buffando seus inimigos ou colocando regras extras em sua fuga. Hades fica bem fácil depois de algumas horas, mas o Pacto garante que ainda existam desafios por muito tempo. BONITO E AFINADO Se o gameplay de Hades já é um deleite, o seu enredo também não fica para trás. Mais especificamente, os diálogos do jogo são muito bem construídos e potencializados por uma excelente dublagem — destaque para Darren Korb, que dá voz ao protagonista e ao carismático Skelly, além de ser compositor da trilha sonora. O vocabulário dos deuses e outros seres mitológicos não é rebuscado como se esperaria de entidades milenares, mas sim moderno e repleto de gírias e sarcasmo. O brilho está em traduzir o amargor grego para uma linguagem mais jovem, algo que é feito com maestria pelos roteiristas. Quem está acostumado com histórias do Olimpo sabe que os deuses são repletos de rivalidades e assuntos mal resolvidos, e esses tons vingativos marcam muita presença nas conversas de Zagreu, mas sem o peso desnecessário de palavras complicadas. Algumas interações se destacam, como os flertes com Megaira e o tesão reprimido entre o protagonista e Tânatos, mas todos os personagens possuem sua hora de brilhar. Até mesmo o pacato Sisífo proporciona momentos marcantes na trajetória de Zagreu. Ainda sobre as conversas, elas deixam bem claro que outro ponto fortíssimo do jogo está na direção de arte. As ilustrações dos personagens que acompanham as falas possuem um quê de rústico e grandes sombreamentos — que até lembram Transistor — e isso também se espalha para os belos cenários encontrados no submundo.

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Completando a tríade artística, a trilha sonora sobressai em determinadas porções do game: alguns definitivamente épicos, como a luta contra o chefão final; enquanto outros mais mornos, mas que não deixam de ser impactantes justamente por conta das músicas (o tema da loja de Caronte e a voz de Eurídice podem fazer você perder alguns minutos para escutar o ambiente). HISTÓRIA LINEAR E SIDE QUESTS NA MEDIDA Mesmo que o cerne de Hades esteja na repetição de suas fugas, a sua história progride de forma bastante direta. Os diálogos evoluem de maneira muito clara, principalmente quando o jogador consegue derrotar o último chefão, mas também há espaço para outras conversas reveladoras de acordo com quantas fugas o jogador já realizou. Em termos práticos, a história não acaba ao derrotar o boss final pela primeira vez. Serão necessárias algumas vitórias para encontrar o verdadeiro destino de Zagreu, mas deixarei o número exato em segredo para evitar spoilers. Depois, há até mesmo uma espécie de final secreto que precisa de caminhos específicos para ocorrer. Por ser tão linear, inclusive, o enredo se torna o menor dos atrativos do game. São poucas reviravoltas em uma trama que acaba sendo levemente previsível. Como dito acima, os diálogos excelentes e a dublagem seguram muito bem a barra, mas não espere algo tão profundo.

Início da última missão, no cenário mais esperado pelos fãs

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Por outro lado, as sidequests são interessantíssimas e aprofundam justamente o espírito vingativo e os conflitos mal resolvidos que permeiam a mitologia grega. Diálogos com Aquiles e Orfeu, por exemplo, chegam a ser muito mais intrigantes do que a história por trás das fugas de Zagreu. Hades é extremamente competente em tudo que se propõe a fazer: roguelite acessível e com bastante espaço para aumentar dificuldade, o jogo complementa seu ótimo combate com trilha sonora e direção artística excelentes. Se precisasse apontar um aspecto negativo, seria a história previsível, mas mesmo ela é compensada por vários outros fatores. Hades é excelente e deve ser protagonista no circuito de premiações deste ano. O jogo está disponível na Steam (com pré-venda), Epic Shop e Nintendo eShop por R$ 47,49 ou com a soundtrack por R$ 59,99.

Lançamento 17.09.2020 Publicadora Supergiant Games Desenvolvedora Supergiant Games Gênero Roguelite Plataformas PC, Mac e Nintendo Switch

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5 MOTIVOS PARA COMEÇAR A MARATONAR TRUE BEAUTY AGORA MESMO!

Foto: divulgação / tvN

Um k-drama divertido que aborda temas como bullying, vida escolar e um pouco de k-pop

True Beauty disponível no Viki

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DAEBAK | BABADO

Que True Beauty era o drama mais esperado de 2020 a dramaland já sabia e já se dividia antes mesmo de começar: #TeamSuho e #TeamSeojun já eram donos dos nossos corações devido ao grande sucesso do #webtoon de mesmo nome, que ainda está rolando na plataforma. Eu assisti até o episódio 15 e demorei 3 semanas para ver o 16º pois não estava pronta para me despedir dos personagens. Sabe aquele #dorama que você se apega a todo mundo? Pois True Beauty é um desses! Eu chorei em todos os episódios. Todos. E ri em todos também. É por isso que recomendo esse k-drama de olhos fechados: é emocional, é cômico e todo mundo vai se identificar em algum momento com alguém. Atenção para a personagem de Hee-kyung interpretada por Lim Semi (irmã de Jugyeong) ela é MARAVILHOSA, empoderada, engraçada e caça-talentos de #kpop! Aliás, o drama ainda traz uma pauta muito sensível e importante na Coreia: a saúde mental dos idols. Vale a pena demais! E atenção: temos no drama uma passagem de tempo, então você terá a oportunidade de ver toda a turma fora da escola e acompanhar suas evoluções e confusões. Fazem parte do elenco incrível: Moon Ga-young (como Jugyeong), Cha Eun-woo (como SuHo), Hwang In-yeop (como Seojoon), Park Yoo-na (como Kang Soojin) e Kang Min-ah (como Soo-ah). Se você era daquelas que gosta de lembrar dos tempos de escola, esse dorama é pra você! Lembra daquela fase de sentir insegurança antes de ir pra aula, medo de não saber a matéria, medo de mudar de escola e não fazer amigos, ansiedade pra ver a turma, os crushes e tudo isso? Poizé, em True Beauty você vai voltar à essa época, relembrar várias coisas, chorar de umas e rir de outras!

Família hilária: Jugyeong é uma personagem carismática e engraçadíssima e não dá para separá-la de sua família. Seja brigando com os irmãos, escovando os dentes enquanto o outro tá no banheiro fazendo necessidades ou pegando roupa escondida da irmã: a família da Jugyeong é um espetáculo à parte e você vai rolar de rir! Reação da família ao saber do bullying: Jugyeong passa por momentos muito pesados em vários episódios. A forma como a família, a escola e os amigos lidam com o bullying são primordiais para entender a personagem. E fica aqui o alerta: se você não se sente confortável para assistir esse tipo de cena, não veja. E se for ver: prepara o lencinho. Crescimento da personagem: o amadurecimento de Jugyeong é lindo e divertido de se acompanhar. São muitas lutas internas - recheadas de muitos clichês dorameiros - e a busca maior de todas, que é a busca de todos nós: a autoaceitação. Não é fácil, mas Jugyeong tem força, família, crushes e amigos muito especiais que a ajudam nesse processo. É diferente do webtoon: a estratégia gerou muita dor na dramaland, mas funcionou: mudaram muito o dorama do webtoon, fazendo com que todo mundo tivesse que acompanhar para saber o que ia acontecer! EXTRA! Personagens cativantes: seja a turma de amigos, os crushs ou a família: não tem como negar o quanto cada personagem é cativante.Todo mundo vai arrancar nem que seja uma risadinha de você, pode ter certeza! Não é à toa que grande parte do elenco ganhou milhares de seguidores no Instagram: no fundo a gente sempre quer pensar que aquelas pessoas se parecem um pouco com os personagens que representaram, né?

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BLACK IS KING Como Beyoncé mostra uma nova visão da África para o resto do mundo por Breno Deolindo foto: Reprodução/Instagram

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Pose para ensaio fotográfico da campanha

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irigido, escrito e produzido por Beyoncé, Black Is King (2020) conta a história do clássico da Disney “O Rei Leão”, de uma maneira reinventada. Servindo como um complemento visual para o álbum “The Lion King: The Gift”, lançado em 2019, o filme traz uma versão humanizada da história infantil, incluindo pautas muito importantes, como por exemplo a exaltação da raça negra, da ancestralidade e dos elementos africanos. Beyoncé quis mostrar outro lado do continente africano e sua cultura, aquele que não é muito mostrado na mídia, quebrando qualquer estereótipo relacionado à pobreza, miséria e aspectos negativos. O que nos é mostrado na obra é uma África alegre, colorida e extremamente orgulhosa de sua cultura. A história aborda lições que os jovens reis e rainhas de hoje em dia devem enfrentar em sua longa jornada em busca de poder e reconhecimento. Tais lições são contadas através de músicas e, vez ou outra, partes narradas. Algumas destas inclusive foram retiradas da obra original. Black Is King está aberto a várias interpretações e utiliza metáforas como elementos principais que se relacionam ao filme “O Rei Leão”. Ao nosso ver, Beyoncé aparece no filme como guia e mentora espiritual do menino que, nesta versão da obra, interpreta o papel de Simba. Ela o guia e o auxilia em sua trajetória rumo ao reinado, mas, assim como na obra original, diversos percalços surgem pelo caminho, que acabam fazendo com que o protagonista se questione e cometa leves desvios em direção ao seu destino. Os elementos visuais do longa, somados às músicas e suas letras, contam a história de uma maneira bastante dinâmica, contemporânea e interessante, como se cada canção representasse um momento da vida do protagonista e uma lição a ser seguida. O álbum que deu origem ao filme tem curadoria de Beyoncé e a cantora norte americana aparece como vocalista na maioria das músicas. Entretanto, há canções em que ela não está presente. O interessante aqui é que ela se preocupou em trazer esses outros artistas também para o filme, dando ainda mais visibilidade para os mesmos que, em sua grande maioria, são negros. As músicas, quase que sem exceções, focam no ritmo afrobeat e em elementos que remetem à sonoridade africana. Em algumas delas, até idiomas do continente marcam presença.

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Vídeo de divulgação da cantora

O filme, também descrito como um álbum visual, realmente abusou dos visuais, não deixando a desejar em nenhum aspecto nesse quesito. Os cenários, locações e figurinos são bastante surpreendentes e essenciais para a narração. Isso sem contar as coreografias, efeitos especiais e, é claro, a dedicação e esforço que Beyoncé coloca em seus vocais e representações. No fim, pode-se dizer que a Queen B fez algo bastante arriscado - todos sabemos o quão difícil é reinventar um clássico, tão conhecido e amado por todos - mas, certamente, não decepcionou. Black Is King é um trabalho de qualidade que, mais do que reimaginar a história do queridinho de 1994 da Disney, traz uma nova perspectiva para o enredo, mas ainda assim mantendo-se fiel ao mesmo. Digamos que a obra de Beyoncé foi uma forma atual - e um tanto necessária, devido a todos os acontecimentos relacionados à luta contra o racismo que presenciamos neste ano - de unir o útil ao agradável e adicionar uma causa necessária à uma obra tão famosa que, por carregar o nome “Disney”, certamente teria bastante alcance, sem perder a essência do longa original. No exato momento em que esse texto foi escrito, “Black Is King” da cantora Beyoncé conta com 95% de aprovação no Rotten Tomatoes, tendo 58 críticas. E aí, vai ter o seu stream?

Ela se preocupou em trazer esses outros artistas também para o filme, dando ainda mais visibilidade para os mesmos que, em sua grande maioria, são negros.”

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DRAG, PROFESSORA E COMUNISTA, DIMITRA VULCANA USA A ARTE PARA TER VOZ Professor cria persona para debater questões de raça, sexualidade e classe sob uma ótica anticapitalista e marxista por Maria Eugênia Gonçalves foto: Reprodução/Instagram


Tutorial de maquiagem disponível em seu canal no youtube

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Sempre estou usando (a Dimitra) mais como uma voz que como performance de uma drag queen”

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uando Danilo Carreiro lançou o podcast HQ da Vida (atualmente Hora Queer) em 2016, as pautas tratadas nos episódios eram majoritariamente ligadas à comunidade LGBTI+. Dois anos depois, com a criação da persona drag Dimitra Vulcana, o professor ampliou seu escopo pelas redes sociais através do canal Doutora Drag, onde aborda questões de gênero, sexualidade, raça e classe sob uma ótica anticapitalista e marxista. Seu repertório é variado: de Georg Wilhelm Friedrich Hegel à cultura gamer, Dimitra consegue abordar até o esvaziamento de pautas sociais nas eleições (disseminando o conceito da “Síndrome“ pelo caminho, diga-se de passagem ), ajudando a romper a despolitização com bom humor e uma bagagem invejável de referências e look impecável. Morando em Montes Claros, Dimitra se define como “uma drag queen professora falando sobre temas que às vezes são espinhosos” e diz que usa a persona para militar, inclusive nos fervos de Paradas do Orgulho e festas de carnaval. “Aproveito o espaço para deixar algumas palavras interessantes sobre a conjuntura política que estamos vivendo”, conta em entrevista exclusiva à Híbrida. Dimitra explica de onde veio sua forma de fazer drag, porque se identifica com o marxismo, a importância de RuPaul’s Drag Race e como a pandemia tem escancarado os problemas sociais presentes no país. Confira abaixo: CHROMA: Como e quando surgiu o desejo de se montar? E como veio a vontade de falar sobre política via podcast e youtube enquanto Dimitra? DV: Ela nasce de um podcast que tinha com amigos para comentar RuPaul’s Drag Race. Na medida em que fazíamos este projeto, demos um nome drag para cada participante. Só que a brincadeira estava tão legal que no Carnaval me montei para ver como ficaria e acabei gostando muito. Daí, nasceu a Dimitra e veio a ideia de usá-la como instrumento para fazer um canal no Youtube.

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Prefiro usá-la como instrumento político, então acaba que nas paradas LGBTs, por exemplo, aproveito o espaço para deixar algumas palavras interessantes sobre a conjuntura política que estamos vivendo. No Carnaval de minha cidade, saio pelos blocos politizando no microfone. Sempre estou usando-a mais como uma voz que como performance de uma drag queen. Acho que como é uma arte muito plástica, a gente estende os limites do que é ser drag queen para cada um. C: Qual a inspiração por trás do nome “Dimitra Vulcana”? DV: Eu era bailarina, dancei durante a minha adolescência e parei na época de entrar na faculdade, quando minha mãe faleceu e tive de cuidar de dois irmãos. Mas voltei há 5 anos, querendo um nome russo. “Dimitra” veio em 2017, enquanto trabalhava apenas com a pauta LGBT no Hora Queer. Algumas pessoas acham que o nome é por conta de uma questão bolchevique, mas não foi, embora tenha sido uma feliz coincidência que ela tenha se radicalizado e se tornado uma marxista ecos socialista. “Vulcana” é porque eu gosto muito de ficção científica. Assisti tudo que existe de Star Trek e peguei este nome do planeta do Spock. C: Como foi a sua identificação com o marxismo? DV: Eu acompanhava um podcast chamado Revolushow e gostava muito, mas ainda era imbuída daquela lógica de comunista que é muito comum no mundo capitalista. Em 2018, conheci a Sabrina Fernandes, do canal Tese Onze e comecei a fazer leituras através das indicações que ela passava. Fui me interessando pelo marxismo e percebendo que era incoerente só lermos sobre as coisas, mas não agirmos na realidade. Isso fez com que eu me envolvesse e me organizasse em coletivos, para militar na busca de uma transformação de mundo. C: Quais os maiores obstáculos que você enfrenta enquanto artista abordando esses temas? DV: Ser drag e ser uma drag comunista pode fazer com que as portas nem sempre estejam abertas, já que a lógica dominante é uma lógica muito anticomunista. Ao mesmo tempo, também tem um movimento interessante de acessar uns espaços, justamente por ser drag e marxista, que normalmente eu não acessaria. C: Isso que você disse me faz pensar no quão incrível é o trabalho que vocês fazem pelas redes sociais, mostrando como o marxismo não é – e nem deve ser – um “clube da bolinha”. Dar mais pluralidade para as vozes diversas que se identificam com a luta revolucionária. DV: Acho interessante pensarmos que a ideia de produzir conteúdo pela internet é formar politicamente as pessoas – já que tudo na nossa vida é político. Estar no Youtube é ocupar esse espaço sendo da esquerda radical. E a pluralidade é justamente isso: quanto mais tiver, melhor ainda. Especialmente as trocas que existem entre nós. C: Há alguns dias, no Twitter, vi que você comentou sobre a meritocracia existente em cenas de temporadas passadas de RuPaul’s Drag Race. Como você lida e enxerga essa questão no universo drag? DV: Lidar com o universo drag e a questão liberal é uma questão um pouco complexa, mas faz parte das contradições que convivemos dentro do próprio sistema capitalista. Sou uma drag queen que fala sobre

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Dimitra Vulcana, personagem do professor universitário Danilo Lima, 32

política, mas assisto um reality que normaliza totalmente a ideologia liberal, o imperialismo americano, o exército e até o anticomunismo. Ao mesmo tempo, traz ideias interessantes sobre o sentimento de comunidade, especialmente a LGBTI+. Só sou drag queen porque assisto a esse programa e só consegui alcançar as pessoas porque utilizei desta arte como ferramenta. É uma contradição interessante de se pensar. Viver no sistema capitalista, no fim das contas, é se deparar com todas essas contradições. Quando Karl Marx falava que a ideologia de uma época é a ideologia da classe dominante não é só sobre poder econômico, mas também de criar subjetividades nas pessoas. E acho muito interessante ser uma drag queen que fala sobre isso. C: Você disse que é drag também por conta do programa. Como foi o impacto dele na sua vida? DV: Acho interessante falar da importância de RPDR porque o que vimos foi a mídia espalhar drag para tudo quanto é lugar e isso é muito bonito, dá um insight para a gente. A primeira vez que me montei foi com a ajuda de uma amiga, porque sozinho era muito difícil, achava que não ia dar conta (risos). Mas eu tinha um propósito muito firme e fui insistindo. Porém, é legal demarcar que, apesar de popularizar e espalhar bastante a arte, as pessoas acham que drag é só o que está em RuPaul, e não é bem assim. É uma arte diferente, elástica e que muda regionalmente. C: O que está achando da nova temporada? DV: Eu tô amando que tenha um homem trans [Gottmik]! C: Como você enxerga a visibilidade sobre a arte de ser drag no Brasil? Acredita que passamos por algum avanço ou retrocesso com relação ao reconhecimento e respeito do público?

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Capa do perfil da Dimitra Vulcana no youtube

DV: Olhando de uma forma bastante materialista, o que existe são números e eles são tristes. Por mais que pareça que as coisas estão melhores – e de fato estão em algumas esferas -, os nossos números não estão legais. Então, ainda não vejo um avanço material. O mundo drag é também parte da comunidade LGBTI+ e é interessante, entre a gente, celebrarmos essa cultura. Mas é muito triste ver que os números ainda não refletem essa parte da realidade midiática ou através de nossas bolhas. C: Enquanto Danilo, você tem doutorado na área de ciências da saúde, certo? Diante desta bagagem, como tem sido para você lidar com este período de pandemia pelo qual estamos passando? DV: Sim, meu doutorado é na área de Ciências da Saúde e atuo em bioestatística, auxiliando pesquisas na epidemiologia. Os lugares que acesso, por questões de classe, não criam conflitos, mas de certa forma existe sim uma homofobia velada nos discursos e tudo o mais. Porém, uma coisa que tenho percebido nas drags que conheço é que a forma delas de sustento, que eram nas noites e nas baladas, tem tido grande impacto. Ver colegas e pessoas que admiro desempregadas e outras perdendo a vida por conta da ineficiência na gestão da pandemia pelo nosso governo é muito complicado. Inclusive, é bom pontuar que muitos dos nossos problemas são problemas logísticos da área da saúde e que, historicamente, os militares teriam muitas condições – segundo a área da logística, claro – de lidar com isso e não deram conta e nem querem. Essa pandemia escancara todas as nossas questões sociais que precisam ser pensadas, inclusive até outros temas que se cruzam, como o feminicídio – que, como sabemos, aumentou.

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VEJA AS POLÊMICAS ENVOLVENDO OS PARTICIPANTES LGBTS DO BBB 21 Em menos de uma semana de estreia, alguns participantes já estão envolvidos em polêmicas e até sendo “julgados” pelo tribunal da internet, o famoso “cancelamento”

Símbolo do programa de sucesso “BBB”

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DEU BAFÃO | TIRO

KAROL CONKÁ Um dos principais nomes que tem tomado conta da internet e principalmente do Twitter, é a rapper Karol Conká, que está sendo “cancelada” após um comentário considerado xenofóbico na casa. Tudo aconteceu quando a intérprete de Tombei, afirmou que a participante Juliette, que é natural da Paraíba, não teve uma boa educação por conta da região onde nasceu. A repercussão está sendo tão grande que artistas como Whindersson Nunes, Wesley Safadão, Flay, Patrícia Leitte, Jojo Todynho e mais, estão desaprovando a fala da cantora. Na web, os fãs do reality já pedem que ela seja eliminada do jogo. LUMENA JOÃO LUIZ Outra participante que também está na boca do povo, ou Mas, pelo visto, não é só famoso que pode ser “cancemelhor, entre os assuntos mais comentados das redes so- lado” na web. Antes mesmo de entrar no reality show, ciais, é a DJ e psicóloga Lumena, de 29 anos. Com opinião o professor de Geografia, João Luiz, de 24 anos, já teve própria, ela já revelou que é lésbica e até afirmou já ter um ranço do público. O agora Brother teve sua conta no ficado com uma princesa africana. No confinamento, Lu- Twitter derrubada após fãs de Ariana Grande, Taylor Swift, mena tem dividido o público por suas falas e já mostrou Camilla Cabello e de grupos como Black Pink, descobrique não atura brincadeiras que possam afetar a comuni- rem algumas “brincadeiras” que ele fez com os nomes dos dade LGBTs. Durante um episódio na casa, ela criticou seus ídolos e músicas. o uso de maquiagem em participantes homens héteros, rebatendo que seria uma ofensa para a comunidade trans. POCAH A atitude da sister está dividindo a internet. Alguns acre- Uma das críticas que os telespectadores podem fazer é ditam que ela está certa em defender a causa, porém ou- quando vê um participante que vive dormindo. Isso vem tros, julgam a atitude como exagerada e já até a tacharam acontecendo com a funkeira Pocah na casa e está sendo como a mais “chata” da edição. motivo de memes na internet. A artista do Rio de Janeiro, que começou o sucesso em 2012, com a música “Mulher do Poder”, está sendo apelidada de “dorminhoca” da edição Big Brother Brasil 21. GILBERTO Mas calma, não é só de tretas que o reality BBB 21 vive. Um dos icônicos representantes da comunidade LGBT do programa está caindo na graça do público, é o participante Gilberto. Ele tem 29 anos, é nascido e criado em Jaboatão dos Guararapes (PE) e um dos participantes gay da edição que se destaca quando o assunto é festa. Uma das polêmicas envolvendo o cantor, foi quando ele pediu para a produção tocar uma música da diva do pop, Britney Spears. Mais tarde, na primeira festa do reality, o hit tocou e Gilberto foi a atração principal fazendo performance e tudo mais. Já ganhou o título de mais divertido do rolê.

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GIRL FROM RIO

Diversificação de formas físicas no clipe da Anitta representa um toque de subversão, ainda que haja contradições por Marcela Kotait fotos: Julio Bittencourt



Cena do clipe gravado pela atriz


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e você teve acesso à internet nessa última semana, com certeza viu algum meme com o ônibus e a cadeirinha azul de plástico fazendo referência ao novo videoclipe da música “Girl from Rio”, da cantora Anitta. No clipe, que se passa no famoso piscinão de Ramos, vários corpos desfilam com uma carioquice exagerada em meio a muito óleo bronzeador e marcas de biquíni e sungas. Embora a cantora possa estar embebida em contradições em relação à sua própria forma corporal – vale lembrar que Anitta é uma adepta de dietas restritivas e tem histórico de brigas com a balança –, no videoclipe o corpo da mulher real está presente a cada segundo. Logo, o saldo é positivo em termos da desnaturalização do corpo magro e musculoso, comumente retratado, em especial em videoclipes pops, como o único possível. O filme começa fazendo uma alusão caricata da famosa canção de Tom e Vinícius, “Garota de Ipanema”, que, aliás, embala a própria melodia da música de Anitta. De uma mulher magra, bem arrumada e recatada, rodeada por moços belos e contidos, encontramo-nos, de repente, em um cenário diametralmente oposto: uma multiplicidade de corpos, em meio a cadeiras e ambulantes, transitam e interagem, de modo quase selvagem, frente à uma naturalização incrível da exposição da seminudez. Exibem-se barrigas, bumbuns e peitos em um mar sem fim. Mas há uma diferença importante – crucial, eu diria: os corpos não são iguais. Muito pelo contrário, ali estão corpos de todas as formas, mas não de todas as cores – são predominantemente corpos negros –, e que ganham vida em meio à multidão. Corpos gordos, flácidos, rígidos, magros, grandes e pequenos. Corpos reais, bem diferente do mundo idealizado, homogêneo e claramente artificial do mundo da “Garota de Ipanema”. Esse rompimento com a ideia de que só há um corpo possível – magro e escultural – não ocorre apenas no videoclipe. Em uma parte da música, Anitta subverte o estereótipo da mulher idealizada por turistas, principalmente, cantando que no Rio de Janeiro as garotas não seriam modelos, mas reais.

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Anitta posando para o novo álbum “Girl From Rio”

Diz a canção: “Garotas gostosas de onde eu venho/ Nós não parecemos modelos/ Linhas bronzeadas, grandes curvas/ E a energia brilha/ Você vai se apaixonar/ Com a garota do Rio”. Claro que todos somos passíveis de contradições, e a cantora não está imune a elas. No clipe, por mais que existam corpos múltiplos e reais, Anitta diverge dessa heterogeneidade, apresentando, ela própria, um corpo magro, musculoso e idealizado. Não à toa, exatamente por isso, Anitta consegue contracenar os dois papeis: o da Garota de Ipanema e o da Garota do Rio, sendo que, no segundo caso, os corpos reais aparecem apenas como figurinos, como cenário – no fundo da história –, mas não como protagonistas. Chama atenção também o fato de Anitta se relacionar no clipe amorosamente apenas com um rapaz, que, coincidentemente, também está em conformidade com o padrão de beleza masculino – forte (mas magro), com abdome extremamente definido e torneado. O casal do Rio – Anitta e seu par amoroso – não tem nada de subversivo corporalmente; é a conformidade visual ao padrão de beleza socialmente aceito e socialmente bombardeado em todas nós faça chuva, faça sol, dia sim e dia também. Isso não significa, como disse, que o clipe não saia com saldo positivo. Entre prós e contras, só o fato de termos a celebração das formas naturais, acabando com o monopólio opressor de corpos irretocáveis – que, aliás, é a regra nos clipes de grandes nomes da música pop mundial –, já representa, em si mesmo, um toque de subversão. E que, com ele, abram-se mais portas para outras artistas celebrarem não só a garota real do Rio, mas a garota real de Recife, de Fortaleza, de São Paulo, de Tocantins – enfim, de todos os rincões desse Brasil.

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A FEBRE CHAMADA BTS RM, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook conquistaram o mundo pelo talento e conexão verdadeira com os fãs por Gustavo Balducci foto: Divulgação/ BigHit

Ensáio fotográfico para o álbum “Be”

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A FEBRE CHAMADA BTS RM, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook conquistaram o mundo pelo talento e conexão verdadeira com os fãs por Gustavo Balducci foto: Divulgação/ BigHit

Ensáio fotográfico para o álbum “Be”

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Este ano, BTS faz 8 anos de carreira

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ormado em 2013 pela HYBE, antes conhecida como Big Hit Entertainment, o BTS é um grupo de K-Pop formado por RM, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook. Com o alcance das redes sociais e a forte união dos fãs, o septeto se consolidou como um dos grupos mais importantes e mais famosos do gênero musical, abrindo, de vez, as portas do mercado ocidental para o K-Pop. O nome do grupo significa, em coreano, Bangtan Sonyeondan, que pode ser traduzido para português como “escoteiros à prova de balas”. Os integrantes foram escolhidos em audições realizadas na Coreia do Sul. Sua estreia aconteceu em 11 de junho de 2013 com o álbum 2 COOL 4 SKOOL. No mesmo ano, o BTS continuou com seu estilo voltado ao hip-hop com o mini-álbum O!RUL82? e foram nomeados em diversas premiações como os rookies do ano. Em 2014, o álbum Skool Luv Affair foi divulgado em fevereiro, incluindo os singles Boy In Luv e Just One Day. Poucos meses depois, o septeto lançou Dark & Wild, com destaque para as faixas Danger e War of Hormone. Após a primeira turnê do grupo, o BTS lançou, em 2015, o mini-álbum The Most Beautiful Moment in Life - cantando em inglês e coreano sobre juventude, saúde mental, pressão social, relacionamentos, amor próprio, entre outros temas. O single I Need U alcançou o topo das paradas e ganhou diversos prêmios no país. A continuação do álbum veio em seguida com o single Run. Em abril de 2016, o BTS lançou o clipe de Epilogue: Young Forever, fechando a trilogia de The Most Beautiful Moment in Life. O mini-álbum trouxe remix de faixas já lançadas e mais dois novos singles, que se tornaram hits na carreira do grupo, Fire e Save Me. A era Wings começou em outubro de 2016 com o lançamento do álbum de mesmo nome, que teve mais de 500 mil cópias vendidas na primeira semana. O clipe da faixa título, Blood Sweat & Tears, bateu o recorde no YouTube na época como o vídeo de K-Pop mais visto em 24 horas, com mais de 6,3 milhões de acessos. O disco ficou em 26ª posição entre os 200 álbuns mais populares nos Estados Unidos segundo a Billboard e fez história ao chegar ao topo no ranking de Vendas Digitais Mundiais. Wings foi relançado em fevereiro de 2017, intitulado You Never Walk Alone, com quatro novas faixas, incluindo o single Spring Day. A música marcou a carreira do BTS por seu significado: o clipe é uma homenagem às vítimas do acidente marítimo de Sewol, na Coreia do Sul. O naufrágio tirou a vida de mais de 300 pessoas, entre muitos estudantes do ensino médio.

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Este ano, BTS faz 8 anos de carreira

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ormado em 2013 pela HYBE, antes conhecida como Big Hit Entertainment, o BTS é um grupo de K-Pop formado por RM, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook. Com o alcance das redes sociais e a forte união dos fãs, o septeto se consolidou como um dos grupos mais importantes e mais famosos do gênero musical, abrindo, de vez, as portas do mercado ocidental para o K-Pop. O nome do grupo significa, em coreano, Bangtan Sonyeondan, que pode ser traduzido para português como “escoteiros à prova de balas”. Os integrantes foram escolhidos em audições realizadas na Coreia do Sul. Sua estreia aconteceu em 11 de junho de 2013 com o álbum 2 COOL 4 SKOOL. No mesmo ano, o BTS continuou com seu estilo voltado ao hip-hop com o mini-álbum O!RUL82? e foram nomeados em diversas premiações como os rookies do ano. Em 2014, o álbum Skool Luv Affair foi divulgado em fevereiro, incluindo os singles Boy In Luv e Just One Day. Poucos meses depois, o septeto lançou Dark & Wild, com destaque para as faixas Danger e War of Hormone. Após a primeira turnê do grupo, o BTS lançou, em 2015, o mini-álbum The Most Beautiful Moment in Life - cantando em inglês e coreano sobre juventude, saúde mental, pressão social, relacionamentos, amor próprio, entre outros temas. O single I Need U alcançou o topo das paradas e ganhou diversos prêmios no país. A continuação do álbum veio em seguida com o single Run. Em abril de 2016, o BTS lançou o clipe de Epilogue: Young Forever, fechando a trilogia de The Most Beautiful Moment in Life. O mini-álbum trouxe remix de faixas já lançadas e mais dois novos singles, que se tornaram hits na carreira do grupo, Fire e Save Me. A era Wings começou em outubro de 2016 com o lançamento do álbum de mesmo nome, que teve mais de 500 mil cópias vendidas na primeira semana. O clipe da faixa título, Blood Sweat & Tears, bateu o recorde no YouTube na época como o vídeo de K-Pop mais visto em 24 horas, com mais de 6,3 milhões de acessos. O disco ficou em 26ª posição entre os 200 álbuns mais populares nos Estados Unidos segundo a Billboard e fez história ao chegar ao topo no ranking de Vendas Digitais Mundiais. Wings foi relançado em fevereiro de 2017, intitulado You Never Walk Alone, com quatro novas faixas, incluindo o single Spring Day. A música marcou a carreira do BTS por seu significado: o clipe é uma homenagem às vítimas do acidente marítimo de Sewol, na Coreia do Sul. O naufrágio tirou a vida de mais de 300 pessoas, entre muitos estudantes do ensino médio.

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BTS é considerado o maior grupo de k-pop da década.

Spring Day foi premiada e alcançou o topo das paradas em diversos países. Desde seu lançamento, a música nunca deixou de estar entre as 100 músicas mais tocadas do Melon, a principal plataforma de streaming da Coreia do Sul, sendo a música que passou tempo presente na história no ranking, completando 4 anos em fevereiro de 2021. Em maio de 2017, o BTS levou seu primeiro prêmio no Billboard Music Awards como Top Social Artist. O lançamento seguinte foi Love Yourself: Her, em setembro do mesmo ano, dando início à uma nova trilogia. Batendo os próprios recordes com o single DNA, eles se tornaram o artista asiático com melhor posição na parada da Billboard 200, em sétimo lugar. Na Coreia, o álbum também teve sucesso comercial, vendendo mais de 1,2 milhão de cópias em um mês no Gaon Album Chart, sendo o primeiro disco a vender a quantidade desde 2001. Em novembro do mesmo ano, o BTS fez sua primeira apresentação na TV dos Estados Unidos, no American Music Awards, e foi atração de diversos programas no país como Ellen Degeneres Show, James Corden e Jimmy Kimmel Live. Em 2018, o BTS recebeu seus primeiros certificados de ouro pela Recording Industry Association of America, com o remix de Mic Drop e com DNA, sendo o primeiro grupo de K-Pop a conquistar tal feito. Em fevereiro, eles foram premiados como Artista do Ano no Korean Music Awards, sendo o primeiro grupo de K-Pop a receber a estatueta.

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Em maio do mesmo ano, o lançamento de Love Yourself: Tear trouxe novas conquistas para o septeto. Com o single Fake Love, o BTS teve a maior estreia no YouTube em 24 horas, além de tornar o clipe o terceiro maior da história da plataforma até então. Eles apresentaram a música no palco do Billboard Music Awards e alcançaram a primeira posição do Billboard 200. Foi o primeiro álbum de uma língua estrangeira - sem ser em inglês - a estar no topo da parada em 12 anos. O álbum ainda recebeu uma indicação ao Grammy 2019 na categoria Best Recording Package, marcando a primeira indicação do BTS na premiação. Em agosto de 2018, eles lançaram Love Yourself: Answer e concluíram a trilogia. O single, IDOL, que também ganhou uma versão com a participação de Nicki Minaj, alcançou o 11º lugar da Billboard Hot 100, enquanto o álbum estreou no topo da Billboard 200. O disco foi o primeiro coreano a receber o certificado de ouro da RIAA. Em fevereiro de 2019, o BTS anunciou sua turnê mundial, intitulada Love Yourself: Speak Yourself, passando por estádios nos Estados Unidos, Ásia, Europa e incluindo dois shows para 90 mil pessoas em São Paulo, no Brasil. Para a alegria dos fãs brasileiros, a apresentação no país virou DVD. Em abril do mesmo ano, foi lançado o EP Map Of The Soul: Persona, com clipe para a faixa título Boy With Luv. O single teve colaboração de Halsey e quebrou o recorde do Youtube como o vídeo com mais visualizações em 24 horas com mais de 78 milhões. A música alcançou o 8º lugar no Top 100 da Billboard e foi apresentada, junto com a cantora, no Billboard Music Awards em maio. Na premiação, o BTS fez história ao ser o primeiro grupo sul-coreana a receber o prêmio de Grupo do Ano. Com o lançamento do Persona, que também atingiu o topo da Billboard 200, o BTS igualou o recorde dos Beatles de 1996 de ter três álbuns em número um em um espaço de 11 meses.

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BTS é considerado o maior grupo de k-pop da década.

Spring Day foi premiada e alcançou o topo das paradas em diversos países. Desde seu lançamento, a música nunca deixou de estar entre as 100 músicas mais tocadas do Melon, a principal plataforma de streaming da Coreia do Sul, sendo a música que passou tempo presente na história no ranking, completando 4 anos em fevereiro de 2021. Em maio de 2017, o BTS levou seu primeiro prêmio no Billboard Music Awards como Top Social Artist. O lançamento seguinte foi Love Yourself: Her, em setembro do mesmo ano, dando início à uma nova trilogia. Batendo os próprios recordes com o single DNA, eles se tornaram o artista asiático com melhor posição na parada da Billboard 200, em sétimo lugar. Na Coreia, o álbum também teve sucesso comercial, vendendo mais de 1,2 milhão de cópias em um mês no Gaon Album Chart, sendo o primeiro disco a vender a quantidade desde 2001. Em novembro do mesmo ano, o BTS fez sua primeira apresentação na TV dos Estados Unidos, no American Music Awards, e foi atração de diversos programas no país como Ellen Degeneres Show, James Corden e Jimmy Kimmel Live. Em 2018, o BTS recebeu seus primeiros certificados de ouro pela Recording Industry Association of America, com o remix de Mic Drop e com DNA, sendo o primeiro grupo de K-Pop a conquistar tal feito. Em fevereiro, eles foram premiados como Artista do Ano no Korean Music Awards, sendo o primeiro grupo de K-Pop a receber a estatueta.

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Em maio do mesmo ano, o lançamento de Love Yourself: Tear trouxe novas conquistas para o septeto. Com o single Fake Love, o BTS teve a maior estreia no YouTube em 24 horas, além de tornar o clipe o terceiro maior da história da plataforma até então. Eles apresentaram a música no palco do Billboard Music Awards e alcançaram a primeira posição do Billboard 200. Foi o primeiro álbum de uma língua estrangeira - sem ser em inglês - a estar no topo da parada em 12 anos. O álbum ainda recebeu uma indicação ao Grammy 2019 na categoria Best Recording Package, marcando a primeira indicação do BTS na premiação. Em agosto de 2018, eles lançaram Love Yourself: Answer e concluíram a trilogia. O single, IDOL, que também ganhou uma versão com a participação de Nicki Minaj, alcançou o 11º lugar da Billboard Hot 100, enquanto o álbum estreou no topo da Billboard 200. O disco foi o primeiro coreano a receber o certificado de ouro da RIAA. Em fevereiro de 2019, o BTS anunciou sua turnê mundial, intitulada Love Yourself: Speak Yourself, passando por estádios nos Estados Unidos, Ásia, Europa e incluindo dois shows para 90 mil pessoas em São Paulo, no Brasil. Para a alegria dos fãs brasileiros, a apresentação no país virou DVD. Em abril do mesmo ano, foi lançado o EP Map Of The Soul: Persona, com clipe para a faixa título Boy With Luv. O single teve colaboração de Halsey e quebrou o recorde do Youtube como o vídeo com mais visualizações em 24 horas com mais de 78 milhões. A música alcançou o 8º lugar no Top 100 da Billboard e foi apresentada, junto com a cantora, no Billboard Music Awards em maio. Na premiação, o BTS fez história ao ser o primeiro grupo sul-coreana a receber o prêmio de Grupo do Ano. Com o lançamento do Persona, que também atingiu o topo da Billboard 200, o BTS igualou o recorde dos Beatles de 1996 de ter três álbuns em número um em um espaço de 11 meses.

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Em janeiro de 2020, o septeto foi o primeiro artista coreano a se apresentar no Grammy. Eles cantaram Old Town Road, hit de Lil Nas X, junto com o cantor. No mesmo mês, o grupo lançou Black Swan, single do álbum Map of the Soul: 7. O disco, que vendeu mais de 4 milhões de cópias em menos de 10 dias na Coreia do Sul, foi aclamado pela crítica e pelo público. O single On estreou em 4ª posição na Billboard Hot 100. A turnê mundial marcada para 2020 foi cancelada por causa da pandemia de coronavírus. Mas isso não impediu que o grupo se apresentasse para os fãs: o BTS realizou a Bang Bang Con, uma transmissão ao vivo com os maiores sucessos e bateu mais um recorde na carreira: foram mais de 756 mil pessoas pagantes para assistir a apresentação, sendo o maior público pagante para um show virtual. Em agosto de 2020, o BTS lançou Dynamite, sua primeira música totalmente em inglês. A música estreou em primeiro lugar na Billboard Hot 100 e quebrou o recorde de maior número de semanas na primeira colocação do ranking de músicas mais vendidas, por 18 semanas seguidas, superando Despacito, de Luis Fonsi e Justin Bieber. O quinto álbum de estúdio do grupo, BE, foi lançado em novembro, com a faixa Life Goes On. O disco e a música alcançaram a primeira posição da Billboard 200 e Billboard Hot 100. Foi a primeira vez que uma música com letra em maior parte em coreana atingiu o primeiro lugar. Com o lançamento do álbum, o BTS bateu mais um recorde e se tornou o grupo a ter cinco discos no topo das paradas no menor espaço de tempo desde os Beatles em 1968. Ainda em 2020, o BTS se tornou o primeiro grupo de K-Pop a ser nomeado ao Grammy Awards, na categoria Best Duo/Group Performance com a música Dynamite. O BTS também foi o primeiro grupo de K-Pop discursar nas Nações Unidas, em setembro de 2018. A campanha promovida pelos cantores, Love Myself, foi lançada em parceria com a UNICEF e foca na prevenção da violência na juventude e na educação.

E que show, viu? Começando pela estrutura do espetáculo – cerca de 375 toneladas de equipamentos de som e iluminação chegaram em São Paulo durante a semana. Quatro aviões de carga foram utilizados para realizar todo o transporte. Alguns fãs estavam acampados desde fevereiro na frente do Allianz Parque para conseguir um bom lugar, enquanto outros chegaram à capital paulista vindo de diversas regiões do país e até mesmo do do exterior. Chile, Uruguai, Argentina, México e até Coréia do Sul foram algumas das nacionalidades que circularam pelos portões de entrada do estádio. RM fez um relato emocionante contando que o show anterior no Brasil havia acontecido há exatos 3 anos e 195 dias, que seu grupo já rodou o mundo passando por 3200 lugares, mas era ao Brasil que o idol mais desejava voltar.

BTS NO BRASIL O boygrup já veio ao Brasil quatro vezes: em 2014, com um show para 1,5 mil pessoas; em 2015, no Espaço das Américas, para 8 mil pessoas; em 2017, com duas apresentações no antigo Credicward Hall, para 7,5 mil pessoas por dia; e em 2019, com duas datas no Allianz Parque, em São Paulo, para 45 mil pessoas por dia. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a dominação global do BTS, elas foram evaporadas após o primeiro show da turnê na noite Love Yourself: Speak Yourself no Brasi. Os meninos mal aterrissaram no país e já mostraram que conhecem muito bem o público local.

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BTS World Tour: Love Yourself em São Paulo

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Em janeiro de 2020, o septeto foi o primeiro artista coreano a se apresentar no Grammy. Eles cantaram Old Town Road, hit de Lil Nas X, junto com o cantor. No mesmo mês, o grupo lançou Black Swan, single do álbum Map of the Soul: 7. O disco, que vendeu mais de 4 milhões de cópias em menos de 10 dias na Coreia do Sul, foi aclamado pela crítica e pelo público. O single On estreou em 4ª posição na Billboard Hot 100. A turnê mundial marcada para 2020 foi cancelada por causa da pandemia de coronavírus. Mas isso não impediu que o grupo se apresentasse para os fãs: o BTS realizou a Bang Bang Con, uma transmissão ao vivo com os maiores sucessos e bateu mais um recorde na carreira: foram mais de 756 mil pessoas pagantes para assistir a apresentação, sendo o maior público pagante para um show virtual. Em agosto de 2020, o BTS lançou Dynamite, sua primeira música totalmente em inglês. A música estreou em primeiro lugar na Billboard Hot 100 e quebrou o recorde de maior número de semanas na primeira colocação do ranking de músicas mais vendidas, por 18 semanas seguidas, superando Despacito, de Luis Fonsi e Justin Bieber. O quinto álbum de estúdio do grupo, BE, foi lançado em novembro, com a faixa Life Goes On. O disco e a música alcançaram a primeira posição da Billboard 200 e Billboard Hot 100. Foi a primeira vez que uma música com letra em maior parte em coreana atingiu o primeiro lugar. Com o lançamento do álbum, o BTS bateu mais um recorde e se tornou o grupo a ter cinco discos no topo das paradas no menor espaço de tempo desde os Beatles em 1968. Ainda em 2020, o BTS se tornou o primeiro grupo de K-Pop a ser nomeado ao Grammy Awards, na categoria Best Duo/Group Performance com a música Dynamite. O BTS também foi o primeiro grupo de K-Pop discursar nas Nações Unidas, em setembro de 2018. A campanha promovida pelos cantores, Love Myself, foi lançada em parceria com a UNICEF e foca na prevenção da violência na juventude e na educação.

E que show, viu? Começando pela estrutura do espetáculo – cerca de 375 toneladas de equipamentos de som e iluminação chegaram em São Paulo durante a semana. Quatro aviões de carga foram utilizados para realizar todo o transporte. Alguns fãs estavam acampados desde fevereiro na frente do Allianz Parque para conseguir um bom lugar, enquanto outros chegaram à capital paulista vindo de diversas regiões do país e até mesmo do do exterior. Chile, Uruguai, Argentina, México e até Coréia do Sul foram algumas das nacionalidades que circularam pelos portões de entrada do estádio. RM fez um relato emocionante contando que o show anterior no Brasil havia acontecido há exatos 3 anos e 195 dias, que seu grupo já rodou o mundo passando por 3200 lugares, mas era ao Brasil que o idol mais desejava voltar.

BTS NO BRASIL O boygrup já veio ao Brasil quatro vezes: em 2014, com um show para 1,5 mil pessoas; em 2015, no Espaço das Américas, para 8 mil pessoas; em 2017, com duas apresentações no antigo Credicward Hall, para 7,5 mil pessoas por dia; e em 2019, com duas datas no Allianz Parque, em São Paulo, para 45 mil pessoas por dia. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a dominação global do BTS, elas foram evaporadas após o primeiro show da turnê na noite Love Yourself: Speak Yourself no Brasi. Os meninos mal aterrissaram no país e já mostraram que conhecem muito bem o público local.

Mascotes BTS21

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BTS World Tour: Love Yourself em São Paulo

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Registrada como a turnê mais aguardada do grupo até hoje e lotando dois estádios completos, a quarta passagem do BTS pelo Brasil já se tornou exemplo para a expansão dos shows de K-pop no país. Abrindo as portas para novas gerações dentro do ritmo que não para de crescer, o show do BTS no Brasil ensinou sobre amor, amizade e a importância de dar o seu melhor ao público presente – que certamente irá eternizar e reviver cada uma delas até a próxima visita dos idols por aqui. Este show no Brasil gerou inclusive um DVD produzido pela gravadora Big Hit Music. FESTIVAL GRATUITO DO BTS “BANG GANG CON 2021” O BTS voltou a promover o festival online “Bang Bang Con” um ano após o sucesso da transmissão de oito shows antigos por dois dias seguidos, com duração de 24 horas. Em sua versão 2021, o evento começou às 3h da madrugada do dia 17 de abril, no horário de Brasília, a partir do canal no YouTube do grupo, BANGTANTV. A exibição foi gratuita. Em 2020, a live do BTS foi a sétima mais vista no Brasil. Foi transmitido o show BTS Live Trilogy Ep.1 BTS Begins (Memories of 2015), seguido pelo encontro com fãs BTS 5th Muster (Magic Shop), gravado em junho de 2019 em Busan, e terminou — para a alegria dos armys brasileiros — com BTS World Tour Speak Yourself em São Paulo, realizado em maio de 2019. Este show no Brasil gerou inclusive um DVD produzido pela gravadora Big Hit Music, que gerencia o septeto, formado por RM, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook. “BUTTER” EM DIFERENTES MÍDIAS O aquecimento não para para o lançamento de “Butter”, novo single no BTS que só estará entre nós a partir do dia 21 de maio. E acredite: eles querem dominar o mercado em diferentes mídias. Além da tradicional divulgação nas plataformas de streaming e disco físico, a faixa também terá unidades limitadas em fita cassete e vinil. Mas é preciso estar atento! Afinal, os lançamentos são peças de colecionar e não estarão muito tempo ao alcance do ARMY. A fita está com preço estimado em US$ 6,98, algo em torno de R$ 36,66, enquanto o disco em vinil terá US$ 7,98 (R$ 41,89 – sem impostos). O anúncio, até agora, é a última peça do quebra-cabeça promocional de “Butter”, que incluiu diversos teasers promocionais e fotos da música que um comunicado de imprensa descreveu como “uma faixa dance pop repleta do charme suave e carismático do BTS”. Empolgante, né? O single é a segunda canção em inglês do BTS, após “Dynamite”, que estreou em primeiro lugar no Billboard Hot 100 e fez o primeiro grupo totalmente sul-coreano a liderar a parada. Aquecendo os tambores, RM, Jimin, Suga, J-Hope, Jungkook, V e Jin já mostraram os looks da nova era. O cabelo rosa foi o que mais chamou atenção da fanbase ávida por novidades. BTS na foto de sua premiação do Grammy

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Registrada como a turnê mais aguardada do grupo até hoje e lotando dois estádios completos, a quarta passagem do BTS pelo Brasil já se tornou exemplo para a expansão dos shows de K-pop no país. Abrindo as portas para novas gerações dentro do ritmo que não para de crescer, o show do BTS no Brasil ensinou sobre amor, amizade e a importância de dar o seu melhor ao público presente – que certamente irá eternizar e reviver cada uma delas até a próxima visita dos idols por aqui. Este show no Brasil gerou inclusive um DVD produzido pela gravadora Big Hit Music. FESTIVAL GRATUITO DO BTS “BANG GANG CON 2021” O BTS voltou a promover o festival online “Bang Bang Con” um ano após o sucesso da transmissão de oito shows antigos por dois dias seguidos, com duração de 24 horas. Em sua versão 2021, o evento começou às 3h da madrugada do dia 17 de abril, no horário de Brasília, a partir do canal no YouTube do grupo, BANGTANTV. A exibição foi gratuita. Em 2020, a live do BTS foi a sétima mais vista no Brasil. Foi transmitido o show BTS Live Trilogy Ep.1 BTS Begins (Memories of 2015), seguido pelo encontro com fãs BTS 5th Muster (Magic Shop), gravado em junho de 2019 em Busan, e terminou — para a alegria dos armys brasileiros — com BTS World Tour Speak Yourself em São Paulo, realizado em maio de 2019. Este show no Brasil gerou inclusive um DVD produzido pela gravadora Big Hit Music, que gerencia o septeto, formado por RM, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook. “BUTTER” EM DIFERENTES MÍDIAS O aquecimento não para para o lançamento de “Butter”, novo single no BTS que só estará entre nós a partir do dia 21 de maio. E acredite: eles querem dominar o mercado em diferentes mídias. Além da tradicional divulgação nas plataformas de streaming e disco físico, a faixa também terá unidades limitadas em fita cassete e vinil. Mas é preciso estar atento! Afinal, os lançamentos são peças de colecionar e não estarão muito tempo ao alcance do ARMY. A fita está com preço estimado em US$ 6,98, algo em torno de R$ 36,66, enquanto o disco em vinil terá US$ 7,98 (R$ 41,89 – sem impostos). O anúncio, até agora, é a última peça do quebra-cabeça promocional de “Butter”, que incluiu diversos teasers promocionais e fotos da música que um comunicado de imprensa descreveu como “uma faixa dance pop repleta do charme suave e carismático do BTS”. Empolgante, né? O single é a segunda canção em inglês do BTS, após “Dynamite”, que estreou em primeiro lugar no Billboard Hot 100 e fez o primeiro grupo totalmente sul-coreano a liderar a parada. Aquecendo os tambores, RM, Jimin, Suga, J-Hope, Jungkook, V e Jin já mostraram os looks da nova era. O cabelo rosa foi o que mais chamou atenção da fanbase ávida por novidades. BTS na foto de sua premiação de Con Grammy Bang Bang 2021

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BTS ASSINA COMBO PARA O MC DONALD’S O McDonald’s anunciou nesta segunda-feira (19) uma colaboração em nível mundial com o grupo de K-Pop BTS. Os fãs dos sul-coreanos e clientes poderão degustar um lanche assinado pelos artistas. A novidade inclui Chicken McNuggets com 10 unidades, McFritas Média, Coca-Cola média, além dos molhos Sweet Chili e Cajun, que são inspirados em receitas populares do McDonald’s da Coreia do Sul. “A banda guarda ótimas lembranças do McDonald’s. Estamos animados com esta colaboração e mal podemos esperar para compartilhar o Combo BTS com o mundo”, afirmou a Big Hit Music, gravadora do BTS. O lanche será disponibilizado em quase 50 países. No Brasil, a novidade chega no dia 26 de maio, coicidentemente na mesma data em que o BTS veio ao país, em 2019. Na época, eles se apresentaram em São Paulo para 90 mil pessoas. “Não importa quem você seja, todo mundo tem um pedido especial no McDonald’s, até mesmo superstars internacionais como o BTS.” afirma João Branco, CMO da rede. “O grupo é realmente um fenômeno global com uma base de fãs que não conhece fronteiras. Estamos muito animados em trazer a Méquizice do BTS para nossos clientes no Brasil a partir de maio.” Depois de ler tudo isso sobre os meninos, também virou army?

Mascotes do BTS fazem sucesso no mundo inteiro.

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MAQUIAGEM DRAG QUEEN Sabe aquela make com cores super vibrantes, muito brilho e traços bem marcados? Bom, é o que não pode faltar quando o assunto é maquiagem drag queen.

Drag em vestido branco e rosa

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MAKES DRAG | QUEEN

Essa produção vai muito além da orientação sexual e é considerada por muitos uma verdadeira expressão de arte. É uma forma de expressar liberdade, se expressar e criar de acordo com a sua vontade para se soltar ao máximo. Muitas técnicas que são super tradicionais e conhecidas hoje em dia foram criadas e usadas primeiro por drags há alguns anos. E o grande exemplo disso é um dos nossos queridinhos, o contorno. UMA PRODUÇÃO CHEIA DE ATITUDE Essa make é uma verdadeira fonte de tendências, que vai muito além dos contornos. Como vem cheia de ousadia, é uma forma de descobrir coisas novas e influenciar o mundo das maquiagens. O rosto se torna uma tela em branco pronta para receber uma pintura incrível, que vai surpreender. É muito mais do que ousadia e extravagância, essa make é estilo puro e demonstra todo o amor pelo mundo da beleza e Maquiagem Catharine Hill dos produtinhos de maquiagem. Esse estilo é marcado por diversas coisas, como Sobrancelhas refeitas: O latex e a massa moldável acessórios tão marcantes quanto as makes, que ajudam a vão ajudar a fixar bem os fios e, em seguida, o pó comcomplementar o visual que é único de cada pessoa. pacto esconderá totalmente as sobrancelhas. Com isso, os fios podem ser feitos mais acima, dando a impressão OS DESTAQUES DESSE ESTILO de aumento da pálpebra móvel. Alguns itens são essenciais e marca registrada da maquiaOlhos vibrantes: Já que as sobrancelhas sumiram, por gem drag queen. Vamos falar quais são eles e várias ima- hora, um novo concavo é traçado dando mais espaço gens logo vão vir a sua mente, acredite! para uma combinação de cores e tons. Os olhos da maRosto bem contornado: O jogo de luz e sombras dos quiagem drag queen são super vibrantes, iluminados e contornos é fundamental para essa make e ele vem logo combinam tons para dar aquele destaque incrível, sem em seguida de uma generosa camada de base de alta co- esquecer dos cílios postiços. Além da máscara e dos cíbertura. A ideia com o contorno é trazer à tona os tra- lios, recomendamos nossos iluminadores em pó, que vão ços de um rosto feminino, escondendo o rosto masculino. dar o brilho necessário para os olhos. Para isso, nossa Pallete Sculpt Pro pode te ajudar, trazenBoca volumosa: Para trazer um efeito de boca mais do a iluminação e o contorno que o seu rosto precisa. carnuda é só desenhar a boca além das linhas naturais dos lábios. Na hora do batom, é só seguir este novo traçado. MAQUIAGEM DRAG QUEEN É PRA QUEM? Já vamos começar respondendo que é para quem quiser. Como já falamos aqui, essa arte é uma forma de expressão e isso independe do gênero, orientação sexual ou qualquer outro aspecto. O importante dessa produção é unir várias cores, formas e tons, para dar um contraste de destaque e iluminado, que são fundamentais. A preparação dessa make representa um momento de diversão desde o início. É uma arte, então não vale ter medo de errar: é só soltar a criatividade e arrasar no iluminado para ter uma maquiagem drag queen perfeita pra você!

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A EVOLUÇÃO DA MODA DRAG QUEEN ATÉ OS DIAS DE HOJE A moda passa por mudanças constantes, sendo um reflexo da sociedade, e isso é extremamente válido para a comunidade drag queen por Mariana Costa foto: Instagram Ceciliah Bally

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moda está inteiramente ligada a aspectos como a cultura e status social, na expressão do ser. E, no final da Idade Média e começo da Renascença, por volta de 1350 d.C, houve uma mudança do pensamento da sociedade; o homem estava começando a questionar o mundo que conhecia e a pensar por si só, e isso foi mais destacado ainda pelo desenvolvimento tecnológico. Então, a moda como conhecemos surge com a noção de “Eu”, do ser individual. As roupas e a estética passaram a expressar o que uma pessoa pensava e estava passando por, virando a vestimenta uma questão de orgulho e ostentação. E o mesmo conceito se aplica a moda Drag Queen.

A MODA DRAG QUEEN ANTIGAMENTE A moda drag é uma expressão artística que surgiu há tempos. É meio difícil datar exatamente quando ela apareceu, por conta da pouca falta de estudos de seu desenvolvimento inicial, mas é dito que a moda drag apareceu primeiramente no teatro. O interesse surgiu para o ator, que viu esse tipo de moda que “exagera” em roupas extravagantes tradicionalmente associadas à mulher, uma forma de se expressar dramaticamente no palco. Essa ideia persiste até hoje, pois é nos palcos que a moda drag queen ganha destaque, junto com a apresentação do artista. Foi apenas em 1920 que a arte drag começou a ser mais alinhada com a comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers, Intersessuais, Assexuais e o + que abrange outras identidades de gênero e outras sexualidades).

Moda drag no século 19. Foto: FashionBubbles

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Nesse período, começaram a acontecer festas enormes na qual a maioria dos homens iam vestidos de mulheres, essas festas recebendo o nome de “drag balls”, um baile da cultura drag. Esse período ficou conhecido como “pansy craze”, onde houve um aumento da popularidade da cultura drag. Enquanto esses bailes davam mais destaque ao glamour e estilo da vida drag, a audiência ainda valorizava muito mais as performances com comédia em teatros, por isso foi um momento de se reinventar, tentando encontrar um equilíbrio sobre ambos. Em 1930, ser drag virou uma carreira cara; era considerado um grande investimento para um homem manter a posição esperada de uma mulher naquele tempo, e ainda é! Roupas, perucas e maquiagens valem muito no bolso. Na época, drag queens começaram a ser presas pois o cross-dressing era uma “ofensa” à sociedade. Os bailes começaram a desaparecer e os que ficaram tiveram que se esconder, havia virado um tabu enorme. Porém, mesmo que a homossexualidade e essa arte estivessem sem marginalizadas, as drags manteram seu lugar no entretenimento. A MODA DRAG QUEEN HOJE EM DIA Enquanto a sociedade se descobria, a moda drag foi evoluindo também e atualmente a prática de se vestir exageradamente, seja de forma considerada feminina ou masculina, já é bem comum e extremamente interessante. Ser drag queen ou drag king, que é quando mulheres se vestem de forma exagerada como o que é esperado de um homem, virou uma questão mainstream. Na mídia atual é bem fácil de achar fotos e vídeos, como o canal do Youtube World of Wonder, com vídeos sobre a cultura LGBTQIA + e foco em drag queens famosas no exterior. Um programa que ajudou bastante essa arte a disseminar pelo brasil e no mundo é o RuPaul’s Drag Race, um programa onde cerca de 13 concorrentes competem pelo prêmio maior de Drag Queen Superstar. Atualmente, o programa está na 13.ª temporada. Outro rosto familiar é a de Pabllo Vittar, drag queen brasileira e famosa no mundo inteiro pelas músicas e personalidade. A música está totalmente ligada a cultura e a expressão de ser, por isso Vittar foi logo abraçada por toda a comunidade LGBTQIA+. A MODA DRAG QUEEN EM FOZ DO IGUAÇU E aqui na cidade de Foz não é diferente! Conversamos com a drag Queen Ceciliah Bally para saber um pouco mais sobre o mundo drag e a moda. Ceciliah Bally, ou Cícero Adolfo, é professor de artes e tem 37 anos. É drag queen há mais de 10 anos, começando em 2005. Ceciliah é apresentadora e performance, e faz performances que vão desde participar da parada LGBTQIA + até em velórios. No começo, ele conta que foi como um hobby. “Sou apaixonado pela cultura drag desde pequeno, comecei a me montar para alegrar festas de amigos e não teve mais volta. Entre altos e baixos, fazem 16 anos de muita transformação”. Essa paixão pela arte surgiu após Cícero ver dois amigos se montando para o drag, e após dois anos Ceciliah Bally veio ao mundo. As inspirações na moda inicialmente foram as personalidades ainda muito bem conhecidas Cher, Madonna e Beyoncé, e o estilo que predominava no início era a moda burlesca. A arte burlesca vem diretamente do sentido de sátira, brincadeira e comédia, onde os espetáculos eram sempre em palcos com dançarinas usando figurinos exóticos e coloridos.

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Um dos incríveis looks de Ceciliah Bally. Foto: Instagram Ceciliah Bally

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Atualmente, a inspiração de moda de Bally é o mundo. Tudo é uma possível inspiração, seja na moda, em shows, conceitos diferentes, a ideia principal é experimentar. Ao longo dos anos, Ceciliah mudou, e vai continuar mudando pois é sempre uma constante transformação, se aceitando e sabendo que realmente ela é, segundo Cícero. A CRIAÇÃO O conceito é uma das questões mais importantes para a criação das roupas, diz Cícero. “Penso no conceito da montagem inteira e também a mensagem que quero passar para cada ocasião”, diz sobre o processo por trás de cada figurino. Cada show é diferente, cada performance feita tem sua mensagem por trás. Como já dito antes, a moda possibilita a expressão do ser individual, do “eu”, e nas roupas da drag queen Ceciliah não é diferente. Ela é uma show girl intensa, que gosta de ousar e se sentir ousada, exagerada, então suas roupas e maquiagem refletem isso. “A roupa é muito importante, ela revela o que você é ou o que você deseja. A arte drag precisa de uma mensagem, um discurso, e os figurinos podem ajudar em todos os sentidos.” fala Cícero na importância das roupas e da personagem. Então, deixo aqui, como fim, algo que Cícero escreveu sobre a arte da cultura Drag Queen, que não sinto necessidade de mudar nada. “A moda drag vem a permitir e exaltar a beleza de cada drag, seja ela caricata, beauty, show girls, ou simplesmente conceito, carregando o melhor de cada uma em toda montação. A roupa precisa conversar com o sapato, acessórios, a maquiagem e claro, com a peruca. Gosto de apoiar todas que buscam o mundo da arte drag de alguma forma, pois sei que tem oportunidade para todas mostrarem sua arte, seu discurso e sua beleza. Meu sonho é ver nossa sociedade respeitando a cada um como ele é, suas escolhas sem preconceitos e sem discriminação. A arte drag liberta e salva ao mesmo tempo.” Cícero Adolfo

“Drag Balls”. Foto: The Eye of Photography

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UMA HISTÓRIA GAY DA MODA Procura explorar a “homossexualidade” ou “estranheza” na moda, chamando a atenção para a presença histórica de gays, lésbicas, bi, trans e outras pessoas “estranhas” da moda. por Eduardo Motta foto: Riccardo Tisci

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Modelo Jenny Shimizu

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De Cristobal Balenciaga, Christian Dior a Yves Saint Laurent e Alexander McQueen, muitos dos maiores estilistas do século passado eram gays.”

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ão há como não prestar atenção na exposição anunciada pelo FIT Museum de Nova York. O simples fato de que ela seja possível é o melhor indicador de como avançaram nos dias de hoje as questões sobre gênero e sexualidade. Também é um termômetro do quanto elas se tornaram oportunas. Entretanto mais que tudo isto, é o recorte em si que vale a pena ser observado. De acordo com a escolha da curadoria, é evidente o tanto que o assunto descolou do patrulhamento ideológico, e a discussão amadureceu. A ponto de que ele possa ser abordado sob uma perspectiva que não teme investigar o estereótipo do gay associado à moda. Nem de cutucar afirmações como ‘moda é coisa de gay” e de esquentar o debate sobre a noção de que os homossexuais teriam uma relação especial com o tema. Sobre este assunto, o que existe como senso comum é uma ruína desordenada de velhos preconceitos temperados pela tolerância trazida por novas leis, pela educação pró-diversidade e, naturalmente, pela força do capital que a moda coloca em circulação. Ainda é corrente a percepção de que todos os homens que desenham moda são gays. Esta é uma das ruínas citadas acima. Por outro lado, como registra a divulgação da mostra. Que um grande número de profissionais da área sejam gays e que moda e estilo têm desempenhado um papel importante dentro da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros-gay) é um fato conhecido e de longo passado. Também é um fenômeno global. Entretanto, muito pouco se tem pesquisado sobre as condições que levaram a isso e sobre a moda como um local de produção cultural gay. Entrar neste terreno já é um mérito inquestionável da exposição do FIT. A exposição também olha para a criatividade e a resistência à opressão expressa pelos estilos subculturais LGBT.

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The FIT Museum de Nova York

A curadoria é de Fred Dennis, curador sênior, e Valerie Steele, diretora e curadorachefe do FIT. O design da exposição é do premiado arquiteto Joel Sanders. A exposição apresenta cerca de 100 conjuntos que englobam mais de um século de moda. Organizada em ordem cronológica, ela explora a história da moda moderna através da lente da vida e da cultura gay e lésbica, abordando temas como androginia, dandismo, estilos estéticos transgressivos e a influência de subculturas. A exposição será acompanhada por um simpósio (8-9 de novembro de 2013) e por um livro com vários autores eruditos publicado pela Yale University Press, bem como por uma série de palestras públicas e um site educacional. O objetivo das ações paralelas é ajudar a fomentar um clima de inclusão para aqueles que têm sido frequentemente marginalizados devido à sua orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero. A exposição e os programas são apoiados pelo Conselho de Diversidade do FIT.

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Vestido franzido de veludo laranja com busto em cone, Jean Paul Gaultier

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AI QUE TUDO | QUEEN

PERUCA ARCOIRIS 75CM R$329,90

PERUCA AZA LEMON 80CM R$252,00

PERUCA OARA ROSA SUPER CLARO LISA LONGBOB 45CM R$314,90

PERUCA SFVEN 45CM R$325,00

PERUCA AZA ROXA 80CM R$252,00

PERUCA FLY LOIRA COM PONTAS CLARAS 65CM R$199,90

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CASTRO BURGUER: SERVINDO COM AMOR E ORGULHO Somos uma hamburgueria sediada na capital paulista que tem como base a máxima “unidade sem uniformidade e diversidade sem fragmentação”.

Entrada do restaurante no bairro Vila Mariana em São Paulo

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COMIDAS DE ORGULHO | INHAÍ

Nossa proposta é, além de oferecer lanches incríveis ~ inclusive veganos ~ saladas, ciabattas, sobremesas, shakes e drinks com excelente atendimento, disseminar a ideia de igualdade entre todos aqueles que frequentarem nossa casa. Aqui, todas as pessoas se sentirão acolhidas e respeitadas pelo que são, como são, independentemente de orientação sexual, identidade de gênero, etnia, peso, credo ou deficiências.

2012 se torna chef executivo do restaurante kaá, do grupo egeu (sp) 2015 inaugura o viking food truck 2016 se torna chef executivo do grupo villa bisutti (sp).

O CHEF Nascido em são paulo, João Leme iniciou sua carreira no final dos anos 80 em um restaurante japonês, onde aprendeu noções básicas de cortes e cocções. Trabalhou durante seis anos com culinária oriental até procurar em paris (frança) uma formação profissional. Conquistou o “grand diplome” école le cordon bleu em cozinha e confeitaria. Concluiu sua formação nos hotéis bristol, plaza athénée e posteriormente em bistrôs da capital francesa e italiana. 2003 inaugurou o rôti, restaurante e pâtisserie 2008 abre seu novo empreendimento, o balneário das pedras (sp) 2009 é eleito presidente de abaga (associação brasileira da alta gastronomia), além disso, é o primeiro brasileiro nomeado membro associado da “academie culinaire de france” 2010, é o primeiro brasileiro certificado como jurado oficial pela wacs

Chefe João Leme

PAULA P. REZENDE A castro burger terá a cada 90 dias aproximadamente um novo artista apresentando suas obras na casa através dos jogos americanos, porta copos e um quadro principal. Tendo como conceito a diversidade e unidade, os artistas farão releituras da obra “a dança” de henri matisse. Paula P. Rezende é nossa segunda artista. Uma mulher que se inspira nas casualidades da vida, sonhos, conversas e loucuras. Adora a troca que suas obras na da rua permitem com as pessoas. Sua arte não é só estética, é amor, união e esperança.

Artista Paula P. Rezende

CASTRO SOCIAL A centro de acolhida florescer será a segunda instituição do projeto castro social de iniciativas filantrópicas. Essa ação é interativa e se desdobra quando os clientes poderão fazer “pedidos” a personalidades importantes e representativas para o movimento da diversidade e prosseguir com uma contribuição que ao final aproximadamente 90 dias será somada com nossa contribuição e, então, doaremos esse montante à instituição escolhida.

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SP TERÁ PROGRAMAÇÃO PARA A SEMANA NACIONAL DE MUSEUS Roteiro inclui eventos nas instituições da capital, interior e litoral do estado de São Paulo. Todas as atrações serão online por Camila Mazuquieri por Camila Mazuquieri foto: Reprodução/Instagram



Casa das Rosas - Wikimedia Commons

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Secretaria de Cultura e Economia Criativa participa, de 17 a 23 de maio, da 19ª Semana Nacional de Museus (SNM). Sob o tema O futuro dos museus: recuperar e reimaginar, o evento trará atividades para todos os gostos e interesses e, em função da pandemia, tudo no formato digital. A SNM é promovida pelo Conselho Internacional de Museus (Icom) e Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). “A Semana Nacional de Museus é um evento importante de integração, divulgação e valorização dos museus brasileiros e traz em sua temática uma excelente oportunidade para dialogarmos e refletirmos com a sociedade sobre o futuro dos museus”, afirma Letícia Santiago, coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da secretaria. “Os museus da Secretaria de Cultura participarão desta ação por meio de uma programação diversificada, contribuindo para o fortalecimento do diálogo com seus diferentes públicos e integração com os demais museus do estado e do país”, completou. O museu Catavento preparou um vídeo explicativo sobre o surgimento e a importância da data para o calendário museológico. Dia 17, a partir das 12h, pelo Instagram e Facebook da instituição, os interessados poderão assistir e ainda participar de um debate sobre o tema desta edição do evento. A programação segue em todos os museus da Secretaria de Cultura e Economia Criativa da capital, interior e litoral. Dia 18, tem Luiz Gonzaga – Tradição e regionalismo na Casa das Rosas para discussão da figura do Rei do Baião e seu papel na difusão das tradições nordestinas. A atividade será realizada por videoconferência, das 19h às 21h. Na Casa Guilherme de Almeida, a jornalista Marlene Laky oferece uma oficina para pessoas que buscam recuperar livros antigos. O curso tem carga horária de dez horas e acontece de 19 a 23 de maio.

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Fachada do Museu a Imagem e do Som – SP

O Museu de Arte Sacra, em parceria com a Casa Museu Ema Klabin, realiza no dia 19 a visita integrada para educadores a fim de discutir a religiosidade e o sagrado; replicabilidade; materiais e técnicas; autoria e originalidade. O encontro é online e as inscrições já estão abertas. “O que preservar para amanhã’ é o tema da ação colaborativa proposta pelos museus da Imigração e do Café. O público será convidado a responder uma questão sobre o futuro. Interessados poderão participar por meio de links que estarão disponíveis nas mídias sociais e sites das duas instituições. O resultado será apresentado em uma nuvem virtual de palavras. A Biblioteca Itinerante da Casa Mário de Andrade quer ampliar o acesso do público à leitura e traz Jonatas Varela, diretor do projeto Prateleira de Quadrinhos, para um bate-papo com Fernanda Mazete, do Núcleo de Ação Educativa do museu Casa Mário de Andrade. Dia 20 de maio, às 16h30. Marcados pelo fenômeno da intertextualidade, os memes se tornaram um lugar comum não só na cultura pop da internet, mas em manifestações políticas, repertórios culturais e estratégias de linguagem. Provocadores natos, os memes e seus sentidos serão abordados pelo jornalista Guilherme Popolin durante um bate papo no Museu da Diversidade Sexual. Popolin vai contar um pouco mais sobre o #MUSEUdeMEMES e suas experiências, dia 20, a partir das 14h.

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Para encerrar a semana, o Museu Felícia Leirner, de Campos do Jordão, traz o som do DJ Meszo, que vai mostrar mixagens de músicas clássicas com batida eletrônica. A apresentação será gravada nos jardins do museu como uma forma de ocupar e reimaginar os espaços vazios. O show estará disponível nas redes sociais da instituição no dia 23, às 11h. A programação é totalmente gratuita e os museus que estarão participando da semana nacional serão: Casa das Rosas, Casa Guilherme de Almeida, Casa Mário de Andrade, Memorial Da Resistência De São Paulo, Museu Afro Brasil, Museu Catavento, Museu Da Casa Brasileira, Museu Da Diversidade Sexual, Museu Da Imagem E Do Som (Mis), Museu Da Imigração E Museu Do Café, Museu Da Imigração, Museu Da Língua Portuguesa, Museu Da Arte Sacra De São Paulo, Museu Do Futebol, Museu Casa De Portinari, Museu Felícia Leirner E Auditório Cláudio Santoro e Museu Índia Vanuírel. A programação completa pode ser acessada através do site da Secretaria de Educação da cidade de São Paulo.

Museu Felícia Leirner na cidade de Campos do Jordão

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6 EMPRESAS QUE ABRAÇAM A CAUSA LGBT Se no Brasil a marginalização de LGBTs, no mercado de trabalho ainda é realidade, há quem arregace as mangas para fazer diferença e pôr um ponto final na intolerância

Em 2012, Nike lançou coleção #BeTrue em apoio aos direitos LGBT

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EMPRESAS TOP | ARRASO

“Eu não me considero um ativista, mas percebo quando me beneficio do sacrifício de outros. Então, se ouvir que o CEO da Apple é gay pode ajudar alguém lutando para chegar à ciência de quem ele ou ela são, ou trazer algum conforto a qualquer um que se sinta sozinho, ou inspirar as pessoas a insistir em sua igualdade, então vale a pena trocar isso pela minha privacidade”, foi assim que, há alguns anos, Tim Cook rompeu o silêncio que sustenta a marginalização de milhões de profissionais em todo o mundo, vítimas da intolerância. Para debater a homofobia no mercado de trabalho e entender de que forma ela se expressa no Brasil, basta se ater aos números: – 43% dos profissionais brasileiros afirmaram ter sofrido algum tipo de discriminação por sua orientação sexual ou identidade de gênero (Consultoria Santo Caos) – 38% das empresas brasileiras não contratariam pessoas LGBT para cargos de chefia (Elancers) – Uma em cada 5 empresas não contrataria profissionais LGBTs Na contramão do retrocesso, o mundo corporativo também suscita novos cenários e perspectivas de inclusão – a exemplo de empresas que já adotaram ou mantém políticas e ações de apoio aos direitos LGBTs em suas atividades. Conheça algumas delas : Hamburgueria Castro: sob a égide de um ambiente sem preconceito, a lanchonete foi inaugurada no fim de 2016 inspirada no tradicional bairro gay de São Francisco (EUA).

Imagem de divulgação Castro Burger

Com 16 funcionários entre gays, lésbicas, bi, trans e heterossexuais, a empresa busca um ambiente livre de preconceitos e aposta na inserção das minorias no mercado de trabalho. “Nossa proposta é de um ambiente sem preconceitos. Queremos promover a diversidade. E a nossa convivência tem sido uma ótima experiência”, ressaltou Fausto Almeida, um dos sócios, em entrevista ao Uol. Carrefour: em 29 de janeiro, a rede de supermercados francesa ganhou repercussão nas redes sociais ao homenagear duas funcionárias no Dia da Visibilidade Trans. Na ocasião, a empresa aproveitou a data para reforçar suas ações de inclusão e apoio à diversidade: “Aqui no Carrefour, celebramos a diversidade todos os dias. Além de contarmos com pessoas trans trabalhando com a gente, oferecemos curso de capacitação em varejo para aumentar suas chances de ingresso no mercado de trabalho. Para nós, todos devem ser respeitados e ter as mesmas oportunidades”. Microsoft: para tornar a empresa mais inclusivas para pessoas LGBT, surgiu em 2016 o pilar que trata assuntos relacionados à orientação sexual e identidade de gênero. Algumas atividades já realizadas foram a participação de colaboradores da Microsoft na Parada Gay de São Paulo em 2016 e na LGBT Tech, evento que uniu funcionários de empresas de tecnologia para incentivar práticas de diversidade e tornar o ambiente de trabalho mais inclusivo. No final de semana da Parada Gay, inclusive, foi lançado o app Espaço Zero, um mapa colaborativo que mostra lugares onde ocorre homofobia em São Paulo, desenvolvido em parceria com o Catraca Livre e com o Instituto Eldorado..

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Post do carrefour do dia da visibilidade Trans

Google: notória apoiadora da comunidade LGBT, a empresa não poupa esforços na garantia de direitos. Assim se manifestou em relação à Proposition 8, lei que previa casamento restrito a homem e mulher em alguns estados Nike: em 2012, como forma de expressar a diversidade dos EUA. “Esperamos que a Califórnia vote não à Pro- no esporte, a Nike lançou nos EUA a coleção #BeTrue posição 8. Não devemos eliminar direitos fundamentais Seja verdadeiro, em tradução livre). A linha reunia tênis e de quaisquer pessoas que se casem com quem se ama, camisetas com cores predominantemente preta, alternanindependentemente de sua sexualidade”, afirmou, em seu do outras cores em alusão à bandeira do arco-íris. blog oficial. Em apoio à causa, a empresa doou 500 mil dólares do Além do episódio citado, a empresa, que já apoiou lucro da venda de produtos da coleção à LGBT Sports paradas da diversidade sexual em cidades como São Fran- Coalition, grupo dedicado ao combate da discriminação no cisco, nos EUA, e Dublin, na Irlanda, conta com um grupo esporte. “Nós somos uma empresa comprometida com a de funcionários gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, diversidade, a inclusão e a liberação do potencial humano”, chamado Gayglers. Uma de suas últimas ações afirmativas afirmou Tim Hershey, vice-presidente de merchandising aos direitos LGBT ocorreu durante os Jogos Olímpicos de global e executivo-chefe da rede. Inverno realizados em Sochi, na Rússia. E mais recentemente, a empresa fez coro a protestos contra políticas anti-gay Absolut: pioneira no apoio aos direitos LGBT há pelo do país, apresentando o famoso logotipo com as cores do menos três décadas, a marca sueca Absolut Vodka aborda arco-íris em sua página inicial. em suas campanhas publicitárias temáticas direcionadas universo LGBT. Começou em 1981, quando anunciava em revistas direcionadas ao público gay masculino, como as americanas The Advocate. Tempos depois, anunciou o lançamento de uma garrafa com as cores do arco-íris, assinada por Gilbert Baker, o criador da bandeira do orgulho LGBT: a absolut Colors, que teve edição limitada nos Estados Unidos. Atualmente, a empresa patrocina o reality show Ru Paul’s Drag Race, a competição que coroa a próxima estrela drag americana.

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5 DIREITOS LGBT QUE VOCÊ TEM E NÃO SABIA Segue a seguir, uma lista de aguns direitos para a população LGBTQIA+ respaudados na constituição e com margem para aplicação

Imagem retirada do Getty Images

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Um dos principais assuntos discutidos ultimamente pela mídia e pela população são os direitos dos LGBT — lésbicas, gay, bissexuais, travestis e transsexuais — por se tratar de uma comunidade que há anos luta por valorização igualitária na sociedade. Essa busca da aceitação, começou há décadas e só ganhou visibilidade no início dos anos 1990, principalmente com o foco em pleitos específicos e não no âmbito coletivo. Hoje, embora existam projetos de lei e muito caminho pela frente, o grupo LGBT tem alguns direitos adquiridos. Por isso, neste artigo vamos listar os 5 direitos LGBT que você tem e não sabia. Continue a leitura e confira! 1. AUTORIZAÇÃO A CASAMENTO CIVIL A questão sobre a união e o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo tramita no Congresso Nacional desde a década de 1990, mas só no ano 2013 teve uma mudança significativa aos direitos LGBT. A lei vigente não estende o direito ao casamento ou à união da comunidade LGBT, mas não existe nada expresso que o proíba. Segundo o Artigo 226 da Carta Magna: Perceba que a Constituição da República Federativa do Brasil (CF) cita “o homem e a mulher” como os componentes de uma união matrimonial. No entanto, não há nenhum parágrafo que exclua a possibilidade de uma união conjugal entre um casal homossexual, podendo ser, denominada como uma entidade familiar. Esse foi o entendimento Supremo Tribunal Federal (STF). A redação do Artigo 226 da CF, mencionou o conjunto “homem e mulher” para nomear como composição de uma entidade familiar, portanto, o STF declarou que “a união

Se Liga | A+

Imagem retirada da parada LGBT em SP

estável entre pessoas do mesmo sexo pode ser convertida em casamento civil, se assim requererem as partes” presentes nos julgados pela ADI 4277 e ADPF 132, que ainda os magistrados afirmam: […] o artigo 3º, inciso IV, da CF veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua preferência sexual. “O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta para desigual ação jurídica”, observou o ministro, para concluir que qualquer depreciação da união estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV do artigo 3º da CF. Diante disso, a união estável foi reconhecida em 2011 pelos tribunais e em concordância com essa decisão, em 2013 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) emitiu uma resolução que obriga todos os cartórios nacionais a realizarem casamentos homossexuais. Portanto, mesmo que todas essas decisões não tenham a mesma força de lei em nosso país, podendo ser contestadas, é um dos direitos LGBT. 2. ADOÇÃO DE MENORES Como vimos acima, o casal homoafetivo é considerado uma entidade familiar, ou seja, para criar uma criança é necessário amor e afeto presente no meio parental. Na legislação que protege a criança e o adolescente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em nenhum momento cita que o gênero dos cônjuges para adoção afetaria a formação do adotado.

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Entretanto, só poderia ser concedida a adoção a casais homossexuais em caso de matrimônio ou se comprovada a unidade segura, ou seja, após a aceitação jurídica de casamento ou união estável de pessoas do mesmo sexo. Contudo, ainda não existe uma lei expressa que autorize o casamento, pode haver desacordo entre alguns juízes, o que, consequentemente, complicaria a adoção por um casal gay. Contudo, para a felicidade de uma nova entidade familiar vale todas as tentativas! 3. NÃO ATENDIMENTO POR PRECONCEITO

Após analisar os direitos de família LGBT, devemos assegurar o direito social dessa comunidade que é expresso em lei. Portanto, é vedado em qualquer hipótese o preconceito no atendimento ao LGBT, fundamentado nos seguintes artigos: Artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90): Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: IX – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; E, na Lei nº 7 716/89: Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Portanto, nenhum estabelecimento deve recusar o atendimento a uma pessoa baseada no preconceito de sua orientação sexual.

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4. REDESIGNAÇÃO SEXUAL O processo de resignação sexual é conhecido como mudança de sexo, ou seja, quando a pessoa nasce com as características sexuais de um sexo, mas deseja mudar para o sexo com o qual se identifica. Essa mudança do fenótipo começou a ser oferecida pela rede de saúde pública em 2008, mas apenas em 2010 o processo cirúrgico passou a ser realmente realizado. No entanto, a espera ainda é longa, uma vez que pode levar mais de 20 anos para o procedimento ser feito, e apenas poucas pessoas com interesse na mudança de fenótipo foram atendidos. Porém, é um direito LGBT assegurado a todos. 5. ALTERAÇÃO DO NOME NO REGISTRO CIVIL Por fim, para fechar as normas sociais da comunidade LGBT, está a alteração do nome no registro civil. Esse direito LGBT teve 40 anos de luta e é uma enorme conquista para as pessoas transexuais. Finalmente, em 2018, começou a ser aceito a alteração do nome social para as pessoas transexuais e travestis. Nesse caso não é necessário a alteração no cartório de registro civil. No judiciário, recentemente foi autorizado pelo STF a alteração do nome no registro civil sem a necessidade de cirurgia de mudança de fenótipo (tópico citado acima), assim, é possível fazer a alteração e incluir o novo nome nos documentos pessoais. O Brasil não tem legislação específica para homossexuais e, mesmo que o poder judiciário tenha concedido esses direitos LGBT, a falta de informação pode resultar em circunstâncias de instabilidades para essa comunidade. Por isso, é fundamental contar com acompanhamento jurídico especializado na área para que todas essas situações sejam sanadas com mais facilidade e agilidade.


52 ANOS DE STONEWALL

As paradas do LGBT que acontecem todos os anos começaram por causa da revolta de Stonewall, entenda sobre a sua influência no meio Queer por Domingos Assunção foto: Site Parada LGBT SP/ Site Stone Wall inn



Fachada Stone Wall inn


Não é mais possível que cada um continue no seu quadradinho lutando apenas pelas suas especificidades. Essa é a grande contribuição de Stone Wall

O

s frequentadores do famoso bar Stonewall Inn, no bairro de East Village, em Nova York, se surpreenderam na virada de 2018 para 2019 ano quando uma mãe e seu filho adolescente subiram ao palco do local após a meia-noite para apresentar um número musical.Antes de entoar os versos de Material Girl com David Banda, seu filho de 13 anos ao violão, Madonna fez um discurso explicando por que estava ali naquela noite de Réveillon. “Estou aqui orgulhosamente no lugar onde o Orgulho começou, o lendário Stonewall Inn, no nascimento de um novo ano. Unimo-nos esta noite para celebrar os 50 anos da revolução!”, falou, gravada por muitos celulares. “Nunca vamos nos esquecer dos motins de Stonewall e daqueles que se levantaram e disseram ‘Basta!’” E prosseguiu: “Nossos irmãos e irmãs antes de nós não eram livres para celebrar como estamos fazendo hoje à noite, e nunca devemos esquecer isso. Stonewall foi um momento decisivo na história, catapultando os direitos LGBT em conversas públicas e despertando o ativismo gay”. O orgulho o qual a cantora se referia era o gay e a revolução, a revolta de Stonewall, que, em 2019, completa 50 anos. Esse evento ocorrido no bar Stonewall Inn em Nova York, nos EUA, em 28 de junho de 1969, é considerado o marco do movimento de liberação gay e o momento em que o ativismo pelos direitos LGBT ganha o debate público e as ruas. É por causa da revolta de Stonewall que o orgulho LGBT (Lésbico, Gay, Bissexual, Transexual, Travesti) é celebrado em junho - o Dia do Orgulho é na mesma data em que aconteceu o levante em Nova York, no 28. Entre junho e julho, as principais cidades do mundo apresentam suas paradas gay, com multidões nas ruas levantando a bandeira do arco-íris (símbolo do orgulho LGBT). No primeiro ano da revolta de Stonewall, houve manifestações LGBT em Nova York, Los Angeles, San Francisco e Chicago, para relembrar a data. Em Nova York, os manifestantes caminharam 51 quarteirões, do East Village até o Central Park. No ano seguinte, a marcha para relembrar Stonewall chegaria à Europa, acontecendo também em Londres, em Paris, na parte ocidental de Berlim e em Estocolmo.

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Fotos de manifetantes pró direitos LGBT referenciando Stone Wall

“Stonewall funda um novo tipo de movimento LGBT. Criou essa ideia do orgulho, das pessoas LGBT ocupando o espaço público, assumindo suas identidades e se orgulhando dessas identidades e de práticas de sexualidade e de gênero”, afirma à BBC News Brasil Renan Quinalha, professor de direito da USP (Universidade Federal de São Paulo), ativista de direitos humanos e um dos autores do livro A História do Movimento LGBT no Brasil. Mas o que foi a revolta ou rebelião de Stonewall, citada inclusive pelo ex-presidente dos EUA Barack Obama em seu discurso de posse? REVOLTA OU REBELIÃO DE STONEWALL Na Nova York daquele ano de 1969, o bar Stonewall Inn, no East Village, era ponto de encontro dos marginalizados da sociedade - em sua maioria, gays. O local não tinha licença para a venda de bebida alcoólica e não respondia a uma série de outras regulamentações como ter saída de emergência. E várias batidas policiais estavam sendo feitas em bares naquela época, principalmente para controlar quem podia vender álcool. Na madrugada do dia 28 de junho de 1969, a polícia resolveu fazer mais uma batida no bar. Era a terceira vez em um espaço curto de tempo que policiais faziam essa ação em bares gays daquela área. Nove policiais entraram no local e, sob a alegação de que a venda de bebida alcoólica era proibida ali, prenderam funcionários e começaram a agredir e a levar sob custódia alguns frequentadores travestis e ou drag queens que não estavam usando ao menos três peças de roupa “adequadas” a seu gênero, como mandava a lei. Treze pessoas foram detidas. Algumas, ao serem levadas para a viatura, decidiram provocar os policiais fazendo caras e bocas para a multidão. A polícia então começou a usar de mais violência para fazê-las entrar nos carros. A partir daquele momento, a multidão fora do Stonewall Inn começou a jogar moedas nos policiais e, em seguida, garrafas e pedras. Também tentaram virar de cabeça para baixo uma viatura. Os policiais fizeram uma espécie de barricada para se defender dos manifestantes e acabaram sendo encurralados dentro do bar. Alguém atirou um pedaço de jornal com fogo dentro do Stonewall Inn, e começou um incêndio. Os policiais, que usavam uma mangueira para conter as chamas, decidiram também usar aquela água contra a multidão.

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A partir deste momento, parte da comunidade gay de Nova York, que até então se escondia, foi às ruas protestar nos arredores do Stonewall Inn durante seis dias. Pela manhã, quando o último policial deixou o Stonewall Inn, a gerência do bar colocou um aviso de que o local voltaria a funcionar normalmente, e assim o fez. Mas os manifestantes foram para as ruas novamente protestar por seus direitos naquela e nas noites seguintes. Os manifestantes demonstravam orgulho de ser quem eram e provocavam a ordem e a polícia, como relata o jornalista Lucian Truscott IV, na reportagem sobre a revolta publicada no jornal Village Voice. “Mãos dadas, beijos e poses acentuavam cada um dos aplausos com uma libertação homossexual que havia aparecido apenas fugazmente na rua antes”, escreveu ele. Em 2015, a Prefeitura de Nova York tornou o bar monumento histórico da cidade. Um ano depois, o ex-presidente Barack Obama decretou que o bar seria o primeiro monumento nacional aos direitos dos LGBTQ. IMPORTÂNCIA NO MOVIMENTO LGBT A revolta ou rebelião de Stonewall foi um momento decisivo para o movimento de liberação gay. Seis meses após ela ocorrer, surgiriam as primeiras organizações nos EUA, como a Frente de Liberação Gay. “Essa revolta acabou assumindo a imagem de um mito fundador pro movimento LGBT”, diz Renan Quinalha, da USP. “Não foi a primeira vez que houve assédio e violência policial contra a população LGBT. Esse é um problema crônico. É constitutivo da identidade LGBT essa relação com a violência de Estado, a violência LGBTfóbica diluída na sociedade.” Segundo Quinalha, o contexto histórico daquele momento nos Estados Unidos contribuiu para o levante em Stonewall. “Stonewall reúne singularidades importantes. Acontece em 1969 após o movimento de libertação sexual, com uma série de condições específicas de Nova York, uma sociedade extremamemnte desenvolvida com uma série de contradições naquele momento. E acontece numa região do East Village que de fato era um bolsão, onde havia uma diversidade grande de pessoas, de migrantes, de latinos. Havia também (à época) um caldeirão em relação à desigualdade. Teve também a questão da mobilização contra a Guerra do Vietnã”, explica. “Uma série de condições faz com que Stonewall vire um episódio signficativo e bastante singular em relação ao que havia antes (no movimento LGBT).

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Bar Stone Wall Inn, ao lado da sua placa de monumento histórico

STONEWALL REPERCUTIU NO BRASIL? Quando a revolta de Stonewall aconteceu, o Brasil passava por um dos piores momentos da ditadura militar. Menos de um ano antes, em dezembro de 1968, havia sido outorgado o Ato Institucional nº 5, que retirava uma série de liberdades civis e de direitos individuais e que fez aumentar a censura. Naquele momento, Stonewall não fazia sentindo nenhum para o Brasil, segundo Quinalha. “A ditadura acabou atrasando em dez anos a emergência do movimento LGBT no Brasil”, fala. “Era um período de emergência de movimentos LGBT em países latinos e o Brasil também poderia (fazer parte), porque tinha condições pra que emergissem esses grupos, mas isso acaba não acontecendo por conta da repressão” O autor e ativista diz que apenas em 1978 começa uma organização mais efetiva do movimento LGBT no país, no período de liberalização da ditadura. Quinalha também conta que não havia um local no Brasil como o Stonewall Inn, que reunisse a comunidade daquela maneira. “Havia lugares de sociabilidade LGBT, de pegação, de interação, mas não havia um lugar que centralizasse tudo isso.” Do ponto de vista simbólico, no entanto, ele acredita que alguns episódios ocorridos no país possam ter uma espécie de vínculo com Stonewall. Por exemplo: quando no Dia do Trabalho de 1980 um grupo LGBT se une à classe trabalhadora num ato do movimento sindical, que estava sob intervenção da ditadura, na Vila Euclides, em São Bernardo do Campo (SP).

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BASTA DE PROJETOS DESUMANIZADORES CONTRA PESSOAS LGBTI+ Proposta que fala em “práticas danosas” e “influência inadequada” tem grande chance de ser aprovada

Ilustração publicada por Jonathan Brown

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Bomba | A+

Erica Malunguinho é pernambucana, artista e educadora. Mestra em Estética e História da Arte, tornou-se a primeira deputada estadual trans eleita no Brasil, em 2018. O artigo foi transcrito do jornal El País) É indiscutível a necessidade de proteção das infâncias e das adolescências, incluindo aquelas que sofrem de discriminação, quer por razões de gênero e raça, quer por outros marcadores. Contudo, associar a violação dos direitos das crianças e adolescentes às diversidades sexuais e de gênero é desumanizador e cruel. De autoria da deputada Marta Costa (PSD) e com emenda da deputada Janaína Paschoal (PSL) — e já aprovado no Congresso de Comissões da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp)—, o Projeto de Lei (PL) 504/2020, que associa pessoas LGBTI+ a “práticas danosas” e a “influência A luta pela cidadania das pessoas LGBTI+ perpassa o inadequada” a crianças e adolescentes, vai a votação em reconhecimento de suas humanidades e cidadanias. Anteplenário na quinta-feira e tem sérias chances de ser apro- riormente, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou vado na Alesp. Por isso, temos somado forças em torno uma lei importante que pune discriminações ocorridas no das hashtags #RespeitaHumanidadeLgbt, #LGBTnãoÉmáin- estado, em decorrência da identidade de gênero e orienfluência e #Abaixo P504. tação sexual de Gays, Lésbicas e Transgêneros. A Lei nº É necessário reiterar que associar pessoas LGBTI’s a 10.948/2001 (que neste ano completa 20 anos em vigor) essas características, pela sua condição, por simplesmente tem sido acionada continuamente por meio da Secretaria serem quem são, é cruel —afinal, a afeição a “práticas da- da Justiça e Cidadania como instrumento que garante nosas” ou ao exercício de “influência inadequada” podem cidadania e cobertura jurídica para a população LGBTI+. ser atribuídas a qualquer pessoa e não se condiciona a O Estado de São Paulo também conta com o Decreto alguém pertencer a determinada condição da diversidade nº 55.588/2010, que dispõe sobre o tratamento nominal sexual e de gênero. de pessoas transexuais e travestis nos órgãos públicos. Vale Este PL coloca sobre nossos corpos a perversidade ressaltar que essas medidas de proteção legal oriundas do que habita nas mentes mais conservadoras deste país. É Estado estão alicerçadas em números que revelam a disessa mentalidade que historicamente trabalha para que criminação histórica vivida por essas pessoas, baseando-se continuemos na exclusão, nas sarjetas e e mortas – seja no princípio constitucional da igualdade. por suicídio ou assassinato. Veja-se, como exemplo, o caso da Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil, referente ao ano de 2016, em que 73% dos entrevistados afirmaram ter sofrido situações vexatórias nas escolas por serem LGBTI+, como xingamentos, e 27% denunciou ter sofrido agressões físicas, o que muitas vezes impede a permanência desses sujeitos no processo de escolarização ou corrobora para o suicídio. O caminho precisa ser de avanço, não de retrocesso. Quando vamos pactuar de uma vez por todas que a diversidade é regra?

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HORÓSCOPO BIMESTRAL PARA TE GUIAR por Isabela Miguez Ilustração: Gabbu

Áries

Touro 21/04 a 20/05

Gêmeos 21/05 a 20/06

Câncer 21/06 a 21/07

Os assuntos financeiros vão ocupar o topo na sua lista de prioridades e você terá ainda mais garra para melhorar os ganhos. O recado é da Lua, que entra na fase Nova em sua Casa da Fortuna na terça-feira e concentra suas atenções nos interesses materiais.

Se tem alguém que estará em evidência nesta semana é você, meu cristalzinho! A Lua se associa ao Sol em seu signo e muda para a fase Nova na terça-feira, anunciando um período perfeito sem defeitos para consolidar planos, brilhar no trabalho e incrementar as finanças.

Neste período, a Lua entra na fase Nova e o Sol sorri para Netuno, revelando que problemas ou assuntos complicados podem ser desenrolados, só que os astros recomendam discrição e não convém comentar nada por enquanto.

A Lua muda para a fase Nova na terça-feira e traz ótimas vibes para os seus contatos sociais e as suas amizades. Em parceria com o Sol, sua regente também incentiva seus objetivos, ideais e avisa que o momento é oportuno para colocar seus planos em prática.

Leão

22/07 a 22/08

Virgem 23/08 a 22/09

Libra 23/09 a 22/10

Escorpião 23/10 a 21/11

Se depender das estrelas, a semana virá de encomenda para o seu sucesso e metas importantes podem ser alcançadas. Na terça, a Lua soma forças com o Sol e ingressa na fase Nova, enviando vibes generosas e poderosas para os seus interesses profissionais.

Os ventos da sorte sopram em direção aos seus sonhos e a semana reserva ótimas novidades em vários setores da sua vida. Marte, que forma sextil com Urano, revela que interesses e trabalhos com grupos, equipes, troca de informações.

A famosa indecisão libriana cai por terra e você pode resolver muitas coisas nesta semana. A promessa é do Sol e da Lua Nova, que fecham parceria e intensificam a sua determinação. O período é indicado e indicará muito sucesso no futuro.

A Lua se alia ao Sol, entra na fase Nova e traz muitas vibes para os seus interesses nesta semana. Na vida profissional, o momento é indicado para firmar acordos, contratos e cooperar com os colegas nas demandas em equipe.

21/03 a 20/04

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PARA DE SER DOIDA!

Sagitário

Capricórnio 22/12 a 20/01

Aquário 21/01 a 19/02

Peixes 20/02 a 20/03

Saúde é o que interessa e se depender dos movimentos no céu, não vai faltar proteção para o seu organismo neste período. A Lua fecha parceria com o Sol, muda para a fase Nova e eleva a sua vitalidade física e mental do dia a dia.

Nesta semana, você estará com a estrela na testa e a sorte vai te fazer companhia, Caprica! O Sol soma forças com a Lua, que entra na fase Nova em seu paraíso astral, sinal de que seus caminhos estarão abertos e os seus interesses vão fluir às mil maravilhas do universo.

Os assuntos domésticos e familiares estarão na ordem da semana e quem avisa é a Lua, que se alia ao Sol na terça-feira e entra na fase Nova. Tudo indica que você terá uma porção de coisas para fazer e resolver com os parentes e o mozão nestes dia.

A Lua fecha parceria com o Sol e muda para a fase Nova no dia 11, trazendo muitos estímulos para seus contatos, suas conversas e seus relacionamentos. Se você tem assuntos pendentes, mal-entendidos e pontas soltas para resolver com os amigos.

22/11 a 21/12

CANELA PARA PROSPERAR EM NOVOS PROJETOS! O poder místico da canela é atrair riqueza e prosperidade. Por essa razão, a simpatia de soprar canela no dia 1º de cada mês é uma forma de renovar as energias do período para que a abundância chegue até você. Assim, você dá início a um novo ciclo com mais energia positiva e motivação para a realização dos seus desejos. No 1º dia do mês, pegue um pouco de canela em pó e coloque na palma da mão. Em seguida, fique na frente da porta de entrada da sua casa, como se você fosse entrar no local.

Estenda a palma da mão que está com canela e repita a frase: “Quando essa canela eu soprar, a prosperidade aqui irá adentrar. Quando essa canela eu soprar, a fartura virá para ficar. Quando essa canela eu soprar, a abundância aqui irá morar!”. Então, sopre a canela em direção à porta. Reflita em toda a prosperidade que você deseja para você e para o seu lar. Imagine que as boas energias estão entrando na sua casa e, assim, todos os moradores serão abençoados.

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O corpo não se basta em si mesmo, os referentes são diversos Tem que ouvir seu reflexo em algum lugar, ver seus diferentes ecos deve nomear e ser nomeado, desejar e se saber desejado




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