XII
A Coleção do Sr. Groult
N
uma bela tarde de verão fui conduzida ao boulevard Inkermann, em Neuilly. Ouvi, ao longe, sons de cornetas de caça, e me perguntei, não sem espanto, em que parte de Neuilly se poderia fazer uma caçada com cães. Tratava-se de uma novidade, sem dúvida. A carruagem parou. Estávamos na residência da encantadora Rachel Boyer70, membro do Comédie-Française, que havia me convidado para visitá-la naquela manhã. Antes de chegar à residência, atravessei um grande jardim, ainda perseguida pelo toque das cornetas, que se tornou sensivelmente mais próximo. Enquanto me perguntava onde esses caçadores poderiam estar, entrei na casa. A dona da casa recebeu-me de braços abertos. Rachel Boyer é uma criatura adorável. Brilha como um raio de sol. Ela percebeu a minha curiosidade, já que eu ainda procurava onde é que aquela fanfarra se escondia. Ela sorriu com um ar de mistério. Não pude deixar de perguntar-lhe de onde provinham os sons que escutava e se havia realmente um grupo de caçadores no seu jardim. 70
Rachel Boyer (1864-1935). Atriz, mecenas e filantropa, fundou a União das Artes (1913), destinada a ajudar os artistas necessitados e suas famílias, assim como a Fundação Rachel Boyer na Escola do Louvre (1921). Contrariamente à afirmação de Loïe Fuller, Rachel Boyer não está listada na lista dos membros associados do teatro Comédie-Française, como o que conta na lista feita na ocasião do tricentenário do teatro.