Loie Fuller

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XVI

Outros Soberanos

S

empre recordarei com grande prazer da minha 600ª apresentação em Paris. Dancei nesse dia no teatro Athénée. A sala fora alugada por estudantes. Ao subir no palco, os espectadores lançaram-me buquês e mais buquês de violetas. Foi necessário cinco minutos para recolher as flores. Quando acabei de dançar, uma nova avalanche florida derramou-se sobre a cena. Quando saí do teatro, os estudantes desatrelaram os cavalos e eles próprios puxaram a minha carruagem. Em Madeleine, a multidão era tão densa que a polícia nos mandou parar. Mas, assim que souberam que o triunfo era para “a Loïe”, tivemos a permissão para prosseguir nosso caminho. Os rapazes puxaram a carruagem até a minha casa, em Passy. Eles tiveram o cuidado de acordar todos os moradores com a sua algazarra. Ia esquecendo de dizer que, durante o espetáculo, recebi dos meus admiradores uma delicada estatueta me representando, junto com um álbum de croquis assinado por vários nomes, muitos dos quais vieram a se tornar célebres. Chegamos finalmente em casa. Não sabia o que ia fazer com esses meninos, mas eles não demoraram a solucionar o problema. Depois de terem tocado a campainha, e tão logo rangeram as dobradiças do portão, eles soltaram todos juntos um grito, e começaram a correr como loucos. Durante um bom tempo, agora que eles já estavam longe, pude escutá-los gritar: “Viva a arte! Vive a Loïe!”.


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Loie Fuller by Rubens Rangel - Issuu