1 Artista e contadora de histórias, dirige o Bináh Espaço de Arte, um lugar de educação e invenção. Foi diretora de ação educativa do Instituto Tomie Ohtake e curadora educacional da Fundação Bienal de São Paulo. Publicou materiais educativos para instituições culturais, obras para professores e 28 obras para o público infantojuvenil.
Estou num lugar onde venta muito. Fico pensando que o elemento ar, ao longo da pandemia, faltou para tantos, e esse mesmo elemento é matéria do sonho, dos pensamentos, dos desejos, da imaginação de outros mundos, às vezes aparentemente impossíveis. Com o elemento ar, damos o primeiro suspiro ao nascer e o último ao morrer. Na pandemia nos faltou ar e agora falta para tantos moradia, trabalho, comida e as pessoas queridas que se foram. Fomos convocados a sentir as dores do planeta, as dores das outras pessoas, as dores da floresta, as dores dos animais, dos povos originários, as dores das crianças e dos velhos, as dores dos jovens sufocados pelo isolamento, ou submetidos a uma vida sem esperança e às nossas próprias dores. Fomos convocados a olhar para a realidade árdua, onde as injustiças, disparidades sociais e sofrimentos que já existiam se ampliaram ainda mais. A escola e as pessoas que a compõem estão dentro de tudo isso, pois também viveram essa suspensão do contato físico e, em muitos casos, a suspensão do contato virtual por falta de internet, computadores, celulares. Neste momento de retomada das aulas, a escola está sem possibilidade, em sua grande maioria, de receber todas as crianças com os devidos protocolos. Muitos professores se sentem responsáveis e de mãos atadas, pois têm a sensação do tempo perdido e um compromisso de que, de alguma maneira, precisam recuperar esse tempo – uma responsabilidade profissional e humana. Mas o tempo não foi perdido! Quais foram os aprendizados nesse período? O que as crianças e jovens aprenderam com a pandemia? O que pensam sobre o que viveram? O que gostariam de transformar? Como podemos acolher todos esses aprendizados na escola? Com a suspensão de nossa vida cotidiana fomos convocados a pensar em nosso planeta, Gaia, como ser vivo que se relaciona com todos os outros seres. Os desafios vividos foram enfrentados com outras