Cidadania, Intervenção Cívica e Política por Miguel dos Santos Pereira Advogado
Existem momentos na história em que é muito difícil não agir em defesa dos direitos da comunidade, tais são as gravidades das agressões eminentes, e a percepção que tenho, que julgo ser partilhada por uma grande parte, é que a intervenção mais eficaz resulta da realizada por movimentos espontâneos de cidadãos em oposição à defesa que é feita com os mesmos fundamentos por parte das agremiações políticas. A verdade é que a genuína convergência de interesses, que está na génese da partilha identitária de valores de determinados grupos de indivíduos, levam a que o foco se concentre na mensagem e não nos mensageiros, que é o que acontece quando a reivindicação de argumentos é efectuada por colectivos ou cidadãos com fortes conotações políticas, em que a tendência predominante passa a ser discutir os mensageiros e não a mensagem. Não se pretende com isto desvalorizar a importância dos partidos políticos, que é obviamente fundamental na estrutura democrática em que vivemos, mas tão só realçar as virtudes inerentes às formas de sentir (e reivindicar direitos) popular em prol do que determinado grupo comunitário acredita, de forma desinteressada, para além do interesse objectivo que desencadeou a iniciativa de cidadania e que tem o condão manifesto de se esfumar assim que existe a concretização do resultado do que era pretendido alcançar. Agostinho da Silva relembrava que a raiz etimológica da palavra partido era parte, pelo que não sejas parte, sê inteiro, concluía. Esta expressão deste grande pensador português do séc. XX, ajuda-nos a perceber um pouco o porquê da diferença da comunicação concretizada por um grupo aglutinador
palavras ditas . 28 .