Posfácio Ler e Escrever Vera Teixeira Muller-Bergh*
Entre todas as criaturas, grandes e pequenas, que habitam o planeta Terra há milênios, só um ser possui o cérebro capacitado para reconhecer símbolos ou letras e juntá-los formando palavras, bem como registrá-los por meio de caracteres gráficos, ou seja, ler e escrever. Estas são aptidões inerentes à espécie animal que apresenta o maior grau de complexidade neurológica na escala evolutiva: o ser humano. Entretanto, ler e escrever requerem aprendizagem prática e autodisciplina, processos diferentes de funções instintivas tais como respirar, por exemplo, comuns a todos os seres vivos. Ou ainda, pensar e lembrar, aspectos do que constitui a memória, a admirável habilidade de guardar e recuperar informação, que é presente no cérebro humano e de outros animais. Ler e escrever são habilidades que podem gerar sensação de prazer, autoconfiança, segurança, progresso ou poder. Como tal, desde épocas imemoráveis, o ensino delas foi manipulado como direito de alguns e limitado para outros, criando sociedades divididas entre alfabetizados, destinados a progredir, e analfabetos, condenados a obedecer e a servir. Na nossa época, sociedades modernas parecem finalmente estar começando a reconhecer e buscar soluções para este grave problema social. *
Distinguished Senior Lecturer Emerita, Department of Spanish and Portuguese, Northwestern University.
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