ÍMPIA E INJUSTA GUERRA Rolavam os ventos da ímpia guerra ceifando vidas matando esperanças e aqui e ali, ferro e fogo, uma peleia a manchar de sangue a fértil terra. Tristezas substituindo as bonanças sob o manto da morte que tudo enfeia. Guapo no facão e a golpe de lança o negro peão do patrão sob mando sem outra escolha guerreia destemido. Lhe fora prometido toda sua livrança, os grilhões, o cepo, o chicote temido, seria findo, logo a guerra acabando. Depois do entrevero, nova pátria teria, o seu senhor dizia: seria muito justa. E o xucro que de um tal de Império, cru de ideias, nada de nada entendia, de corpo e alma levava muito a sério: a promessa de liberdade, valia a luta. Dez anos se ouviu nestas verdes coxilhas, com muito sangue debruadas de vermelho, o estrondoso eco do tropel dos farroupilhas refletindo bravura na planície como espelho, faiscando o choque entre adagas e espadas, com tantas vidas estancadas nas galopadas.
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Miscelânea Poética