ARTIGOS ACADÊMICOS
“SÃO GESTOS QUE EDUCAM MAIS QUE CARTILHAS” EXPERIÊNCIAS EM PRÁTICAS EDUCATIVAS E SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO NO CENTRO DE CAPOEIRA SÃO SALOMÃO Izabel Cristina de Araújo Cordeiro1 Ricardo Dias de Sousa Pires2 RESUMO O presente artigo levanta considerações sobre patrimônio imaterial, práticas educativas e ações de salvaguarda. Contextualiza a importância das interlocuções com o campo da educação popular, para exaltação e manutenção dos saberes e fazeres, sujeitos sociais e locais onde se vivenciam os bens de natureza imaterial. Apresenta duas experiências de salvaguarda da capoeira realizadas pelos Projetos Caxinguelês Jovem e Patrimônio, Cultura e Cidadania, com jovens, mestres e mestras no Centro de Capoeira São Salomão, através de ações socioeducativas, realizadas pelo convênio com o Funcultura. Palavras-chave: Capoeira. Educação Popular. Patrimônio Imaterial. INTRODUÇÃO As palavras da frase que tomamos de empréstimo de Miguel Arroyo, escrita no Prefácio do livro Pedagogia do Movimento Sem Terra, de Roseli Caldart, são frequentes nos dizeres das pessoas mais velhas, ao se referirem ao aprendizado pelo exemplo. Na Capoeira os mestres e as mestras nos ensinam pelas palavras (oralidade), mas também pelo não dito, pelos gestos, pelo comportamento sutil, pelo seu modo de ser e estar no mundo. Mestre Paulo dos Anjos, grande referência de mestre para nós capoeiristas do Centro de Capoeira São Salomão, sempre falou para tomarmos como exemplo tudo que ele fazia. Para nós da Capoeira a educação presente nos exemplos, nunca esteve somente ligada a instituição escola. Em nossa formação muito do que aprendemos 1 Mestra de Capoeira do Centro de Capoeira São Salomão, Professora Adjunta da ESEF/UPE. 2 Mestre de Capoeira do Centro de Capoeira São Salomão, Licenciado em Educação Física pela ESEF/UPE.
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Aurora 463 Revista da Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco Fundarpe, Recife, v.1, n.5, 2020