NOBEL DE CHYMICA

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NOBEL DE C H Y M I C A

NOBEL DE C H Y M I C A

São Paulo

Casa de Ferreiro

Glauco Mattoso

Nobel de chymica

© Glauco Mattoso, 2023

Revisão

Lucio Medeiros

Projeto gráfico

Lucio Medeiros

Capa

Concepção: Glauco Mattoso

Execução: Lucio Medeiros

FICHA CATALOGRÁFICA

Mattoso, Glauco

NOBEL DE CHYMICA/Glauco Mattoso

São Paulo: Casa de Ferreiro, 2023

126p., 14 x 21cm

CDD: B896.1 - Poesia

1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.

NOTA INTRODUCTORIA

Um premio não ganhei nem ganharei, mas, como todo bardo, dou palpite naquillo que me toca, si irmanado estou com opprimidos os mais varios, na cega condição em que me encontro. Versão abbreviada dum volume thematico que tracta da area medica, inclusa a que nos pharmacos implica, vem esta collectanea, como livro impresso ou digital, attender aos leitores que queriam folhear poemas allusivos a seus casos agudos, sinão chronicos, de dor de espirito de porco, ou esportivo. Allivio lhes desejo, ja que enxergam.

DISSONNETTO CURANDEIRO [0055]

Bernardo Guimarães fez do elixir o symbolo da força do pagé e o povo deposita sua fé em philtros e poções pro pau subir. Alguns querem remedio p’ra dormir. Ja os pós vão desde o rapido rapé, polvilhos p’ra frieira e p’ra chulé, até os taes saes que fazem surdo ouvir. Não sou pagé, mas tenho meu poder: o dom do cego bom, que se degrada. Quem usa minha bocca p’ra foder desfructa dum prazer que não enfada. No pé quem quer tambem esse prazer e minha lingua applica, qual pomada, no meio dos artelhos, pode crer: Addeus mycose! (E goze uma mammada!)

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DISSONNETTO PEÇONHENTO [0115]

Venenos são assumpto perigoso. Cicuta? Ou estrychnina? Ou formicida?

É multipla a substancia prohibida! Curare, cogumello, humor aquoso... Ha quem prefira arsenico a ter gozo. Ha quem com cyanureto se suicida. Ha quem mixtura soda na comida. Ha quem receia a lingua do Mattoso. Por mais mithridatismo que se invente, as coisas estão feias, vez mais cada: ninguem se põe a salvo da piccada de aranha, escorpião, ou da serpente. Mas a lingua do Glauco, tão fallada, mau thema à discussão de toda a gente, se torna inoffensiva e obediente, servindo de flanella na engraxada.

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DISSONNETTO DA MONSTRUOSIDADE [0747]

Remedio adulterado ou falso é o caso mais typico da humana hediondez, pois, quando é contra o cancer, si não fez effeito, não se tira mais o attrazo. São tantas as noticias, que me arraso e irmano ao desespero do freguez descrente dum collyrio que talvez lhe cause uma cegueira a curto prazo. Opera a cataracta e a gotta instilla o otario no seu olho, mal sabendo que aquillo é merda pura na pupilla. Mengelico, o falsario ri do horrendo destino da cobaya, e outras na fila agguardam pelas trevas que estou vendo. Por isso, quem é crente não vacilla: Deus culpa por mais este puta addendo.

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DISSONNETTO AMBULATORIAL [0885]

O plano de sahude, investigado, irregularidades taes revela que a commissão fiscal, quando o interpella, perplexos deixa os membros do Senado. Um cancer tem papel de resfriado e lepra de allergia; erysipela registra-se, mas quem portava aquella molestia usou remedio para o gado. Vencida a validade, as drogas são aos velhos receitadas: quando o effeito differe do normal, foi “rejeição”. Quem tinha, no seu physico, perfeito estado e alli passou, ja não é são e caro, no hospital, lhe custa o leito. Por isso aos pessimistas dou razão, si dizem que, no caso, não ha jeito.

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DISSONNETTO LABORATORIAL [0886]

A lista dos remedios sem licença augmenta a cada dia: p’ra impotencia, gordura, pressão alta, flatulencia, lumbago, bago frouxo, bunda pensa, memoria fracca, cuca que não pensa, symptomas de suspeita p’ra quem pense-a, suspeita de symptomas... Tal prudencia não tem hypochondriaco que vença. No campo dos “genericos” ja se acha até um equivalente ao comprimido que sobe o pau e baixa a gorda taxa. Somente p’ra cegueira está vencido o prazo que valida, e quem despacha a droga me indefere o requerido. Me queixo, mas o medico me excracha: não acha medicavel meu gemido.

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DISSONNETTO ILLEGAL [0916]

Num desses contrabandos de cigarro analyse fizeram: nicotina “accyma do padrão”. Quem examina tambem acha alcatrão de encher o jarro. Ficou até gozado! Cheira a sarro dizer que ha no pirata uma assassina dosagem, “excessiva” e “clandestina”, daquillo que é “normal” ja no catarrho! Até paresce que o “saudavel” fumo está sendo fraudado e adulterado por bando criminoso ou scelerado e só cigarro falso é mau consumo! Assim é na politica: o accusado de roubo livra a cara aos que presumo tambem serem ladrões, que tomam rhumo de casa, si ninguem é condemnado.

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DISSONNETTO CUTANEO VIA ORAL [0927]

Generico é o remedio que equivale, no seu principio activo, a algum de marca, porem cobra quantia bem mais parca, embora, pelo effeito, até se eguale. Talvez menos lacrado elle se emballe e esteja à venda em rede que, si abbarca um bairro, é muito, mas seu tento marca na historia dum negocio que não falle. [sic]

Tem droga alternativa para tudo: tesão de menos, banha demais, dor de corno, inchaço chronico ou agudo. Espero que não surja, para o odor dos pés outro talquinho, ja que accudo com minha lingua, por menor valor, fazendo o servicinho mais mehudo nos vãos dos dedos, sujos de suor.

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DISSONNETTO DO PURGANTE ELEGANTE [1108]

Fallei ja, num sonnetto, do problema: “Em Roma se pagava p’ra cagar...”, mas nunca imaginei que ia chegar, eu proprio, a providencia tão extrema, pois a constipação me faz que gema de dor quando me sento no logar e, agora, só consigo si pagar diaria taxação: o “imposto-enema”. Refiro-me ao remedio que ora tomo, dosagem laxativa que equivale ao preço de chardapio do que como, bastante p’ra que boccas sujas cale. Agora na pharmacia a compta sommo. Cagada chique, a minha! Ha quem a eguale à pillula do orgasmo, ao aureo pomo do amor... Mas cago, e a lingua má que falle!

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DISSONNETTO DA SEGUNDA VIA ORAL [1114]

Frieiras vão e voltam, eu me ligo. mas cura, mesmo, nunca se consegue. Quem tenha seu “pé frio” e aquillo pegue convive com incommodo castigo. No hinverno, ellas retornam ao abrigo quentinho dum artelho, e fica entregue o cara a inuteis pós que nelle exfregue, ou creia, si quizer, no que lhe digo:

A todos recommendo minha lingua que, mais que a do cachorro, tem saliva bastante e nunca deixa alguem à mingua dalguma providencia lenitiva. Si o gajo dum ceguinho não se exquiva, verá que minha baba, quando pingo-a no vão dos dedos, cura a chaga viva. Assim minha visão perdida vingo-a.

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DISSONNETTO DO SANCTO REMEDIO [1236]

O effeito é milagroso, e quem a toma recebe alguma graça, caso tenha bastante fé. Crendice assim ferrenha accaba dando certo e aggrada a Roma. Refiro-me à tal pillula, que somma nenhuma de dinheiro paga. A senha do bom funccionamento é que contenha a phrase: “Ó Mãe, livrae-me do glaucoma!”

Dei credito, engoli daquella grossa, capaz de até engasgar um avestruz, e appenas me tornei alvo da troça! A toda piadinha ja fiz jus! Sim, quasi vomitei aquella joça!

Tossi, me arrependi de quando a puz na bocca, e não supplico mais a Nossa Senhora que devolva minha luz.

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DISSONNETTO DO FUMANTE PASSIVO [1413]

Perguntam si me importo com fumaça no caso de fumarem-me na frente. Respondo que a impressão que isso me passa não é como a que eu tinha antigamente... Cigarro, então, não era essa desgraça que pinctam: hoje em dia a gente sente fedor muito maior! Não ha o que faça aquillo ter um cheiro que se aguente! Si é polvora, si é putrida, não sei. Tambem não sei que mais alguem lhe bota. Só lembro que jamais eu engasguei em epocha que até não é remota. Fumantes que se cuidem! Desconfio que estão é se mactando, pois se nota que fazem dos cigarros um pavio mais curto para a bomba que os derropta.

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DISSONNETTO DA VELHA MESMICE [1432]

Edosos teem mania de doença: o velho, sem a pillula, desmaia; purgantes a velhinha não dispensa, ainda que o cocô facil lhe saia. Reclamam de symptomas, sem licença remedios pagam caro. Vão à praia, mas voltam depressinha: ha desadvença si o velho teme que a velhinha caia. Os filhos e nettinhos nem visita mais fazem ao casal: logo se irrita alguem porque o vovô não ouve nada. Emfim, uma familia attrapalhada. A velha só se queixa que exquescida ficou, que desgostosa está da vida. Mas, quando chega gente, dá risada. Por si só, sem remedio, fica cada.

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DISSONNETTO PARA UMA CONGA [1733]

De tanto virar thema musical em scenas de comedia, essa dansante e saccudida moda ao Sonrisal foi logo associada, dalli em deante. Ao Sonrisal, ou algo semelhante, um Eno, um Alka-Seltzer, emfim um sal de fructas, antiacido a quem jante demais: é effervescente e não faz mal. Sem contraindicações, esse pó branco não é como a tal dansa em solavanco que lhe serviu de rhythmo commercial, mais propria dum latino carnaval. A conga embrulha o estomago, si for dansada no seu maximo vigor, mas quem é dado a pós acha normal, ainda mais num acto sexual.

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DISSONNETTO PARA UMA CASTA SENHORA [1745]

O livro lhe chegou pelo correio, mandado pelo bruxo: um manual que ensigna a usar veneno sem receio de se exceder na dose e passar mal. Nesse mithridatismo a velha veiu a se especializar de modo tal que a feia aranha, o escorpião mais feio piccal-a podem, que ella acha normal. A velha agora cria a cabelluda tarantula, e seus habitos estuda a fim de descobrir por que ella picca com raiva, si estressada demais fica. Chegou à conclusão de que a bichana, assim como ella propria, só se irmana àquellas que se guardam duma picca e estão é rancorosas. Bem se explica.

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DISSONNETTO PARA UMA MENINA DOENTE [1755]

Tem medo de injecção, essa menina que a mãe leva à pharmacia e necessita de longo tractamento. Nem vaccina supporta a pobrezinha! Ella está fricta! Lhe appalpa o pharmaceutico a suina bundinha, e manda ver! A pobre grita, debatte-se, urra e, só quando termina aquillo, volta à pose mais bonita. Então ninguem mais diz que uma syringa, da qual, sorrindo, o medico nos falla, lhe mette tanto medo, pois se vinga pedindo à mãe que compre doce e balla. Em casa, sente a bunda quando senta até numa almofada alli na salla e pensa na maneira violenta do gajo da pharmacia ao aggarral-a.

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DISSONNETTO PARA UM DENTE DOLORIDO [1756]

Dentistas deixam traumas de que a gente jamais vae libertar-se! O motor fundo cavoca, até que o cara não se aguente e encolha na cadeira, gemebundo. Sorrindo, o doutor pede ao paciente que abra a boquinha só mais um segundo e enfia a ferramenta! Aquelle dente paresce o que ha mais solido no mundo. Forçado o maxillar, depois que passa o effeito do anesthesico, uma taça de fel bebe o subjeito, e paga o preço de estar quasi virado pelo advesso. Da carie nem se lembra, pois a dor sentida agora é muito superior àquella supportada no começo. Passei por isso: dores eu conhesço!

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DISSONNETTO PARA UM ESTADO GRIPPAL [1757]

Começa com expirro. Depois passa, demais, a excorrer ranho. Logo entope. Não ha o que desentupa, nem que faça com que não sobrevenha algo, a galope. E a tosse é galopante! Enche uma taça o ranho, que mais lenços não ensope. Bobagem, quando pouca, é uma desgraça, e causa somnolencia meu xarope.

Catarrho expectorando, cuspo a placa ja quasi exverdeada, amarellinha, talvez (Meio tom, isso!), quando attacca aquella tosse grossa, que apporrinha. Até que tudo accabe, corre tanto tempão nessa roufenha ladainha, que até falta a audição e, si levanto a voz, nem me paresce ser a minha.

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DISSONNETTO PARA A MORINGA QUENTE [1758]

Cabeça, quando dóe, ninguem controla. Um chama de “enxaqueca”, outro ja falla que a dor é “cephaléa”... Lembra bolla da pillula o formato: vou tomal-a. Quem disse que resolve? Ja me rolla p’ra la de meia horinha, e a dor estalla de forte! Lattejante, a veia é molla que pulsa, em sobe-e-desce, e que appunhala. Depois que uns analgesicos engulo, daquelles que qualquer medico dá, alem de constatar effeito nullo, vertigem é o symptoma que virá. Melhor é pensar logo si de vinho eu tomo mais um coppo, ja que está na hora de dormir, ou só um pouquinho, até que o somno venha e a dor se va.

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DISSONNETTO PARA UMA SYNDROME DE ABSTINENCIA [1759]

Um velho hypochondriaco é normal, mas, quando um cara joven só reclama de multiplos symptomas, num geral estado pathologico, eis o drama. De casa ja nem sae. Só de pyjama vestido permanesce. Um arsenal de frascos e chartellas se derrama de armarios e gavetas... Qual o mal?

Nenhum! De tudo come e nada enjeita o moço, embora tenha uma receita para cada molestia conhescida. E geme! Se lamenta (Ai! Ai!) da vida... Si chega uma visita, elle se deita e finge estar soffrendo, desta feita, de “accumulo”... ou punheta mal battida. Propuz ir la, mas nunca me convida...

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DISSONNETTO PARA UM LEITÃO À PURURUCA [2050]

{O seu cholesterol está normal. Tambem sua glycose nada accusa. Mas destes triglycerides é tal a taxa, que eu estou até confusa!

Eu sei que o senhor come pouco sal e que tambem do assucar não abusa. Mas a prohibição vae ser total nas massas e nos doces! Pão, reduza!

Lhe digo o que fazer, senhor, primeiro. Remedios eu estou lhe receitando.

Porem, si não fizer tudo que eu mando, perdemos nosso tempo e o seu dinheiro!}

-- Senti de interesseiros o mau cheiro!

Pois sim! Essa doutora monologa si achar que me alimento de agua e droga! Si estou com fome, eu como um porco inteiro!

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DISSONNETTO PARA UM PERIPAQUE SEM DESTAQUE [2099]

No quarto do motel, o velho exhala um ultimo suspiro: o comprimido tomado foi demais para quem galla ja nem tem no colhão, que está rendido. A pobre prostituta ainda falla:

“Vovô! Que foi? Accorda!” Addormescido, porem, elle jamais irá escutal-a, tampouco dar ouvidos a Cupido.

Chamada a portaria, alguem accorre e encontra uma menina, ‘inda de porre, tentando despertar uma carcassa que dessa noite tragica não passa. Nenhum policial se surprehende com mais esta occorrencia, que não rende siquer noticia nova para a massa que curte nos jornaes qualquer desgraça.

29

DISSONNETTO PARA CADA COISA FORA DO LOGAR [2182]

Da lei de Murphy o cego é bom refem: é facil contra o gajo conspirar si está sozinho em casa, sem ninguem que enxergue alli por perto p’ra adjudar. Depende elle do tacto. As coisas teem, comtudo, que ficar no seu logar, na mesma posição, sinão dá azar: pensando ser tostão, cata o vintem. Não é que a faxineira o sacaneia, mas elle proprio exquesce onde está a meia, a pillula, o vermifugo, o veneno, um pote de estrychnina, alem dum Eno. Do advesso ou com um pé de cada cor, a meia lhe dá trote. Mas si for veneno por remedio, o azar é pleno! A chymica não faz effeito ameno.

30

DISSONNETTO PARA UM AGGRAVAMENTO DO QUADRO [2673]

Pelo costume de beber gelado, peguei um resfriado do caralho.

Mas, para não gastar o meu cascalho, tentei ser, por mim mesmo, medicado. Tendo experimentado eu um boccado de chas, poções, xaropes, ja me valho até das orações, mas é trabalho inutil, pois não tenho melhorado.

Demais eu acho até que não pedia ninguem, nenhum licor da juventude! Quem sabe a tal vaccina que annuncia o nosso ministerio da sahude consiga prevenir essa endemia. Mas pode ser, tambem, que nada mude, ou pode peorar: si eu só tossia, agora encommendei meu atahude.

31

IMPUNIDADE E CREDULIDADE [3149]

Durante a inhalação, que se demora por quasi meia hora, eu sempre penso em coisas engraçadas: assim, tenso não fico e ponho as broncas para fora. Exemplo? O descomforto, que peora a cada dia: falta papel, lenço, sabão, pasta de dente... e me convenço que a cella do politico o appavora. Pensando nisso, accabo gargalhando daquelle que está preso, emfim, por ter roubado emquanto estava no commando. O riso augmenta o rhythmo: vou poder mais fundo respirar. Por isso, quando accaba, recobrei-me e volto a crer na força dum remedio que ja brando tornou este meu follego: um prazer.

32

BRONCHIOS BRONQUEADOS [3172]

Mostrando ter espirito de equipe e muito senso civico obstentando, o edoso se vaccina contra a grippe e exemplo crê que está na vida dando. Vae logo percebendo que exaggera.

Pegara, outrora, appenas resfriado, de quando em quando. Nunca elle tivera na vida aquelle quadro complicado.

Depois de vaccinar-se, todavia, começa a dar expirros, a ter tosse constante, antecipando que lhe engrosse a placa de catarrho, dia a dia.

Depois de muita febre e grande espera, accaba expectorando, mas, coitado, a cada excarradella que libera, cuspiu typo um quindim ou bomboccado! Agora, a quem pedir que participe de coisas que eu tambem dellas debando, o velho manda à merda que o constipe, assim como tambem eu sempre mando.

33

CHA DE FRIGIDEIRA [3177]

Tentando ver-se livre doutra droga, no cha de São Valeime elle se affoga. Bem, cada qual que inclua a predilecta bebida milagrosa na dieta, ainda que dahi não venha a cura.

“Miragem”, “miração” ou piração? Perdido por perdido, elle procura a Egreja Valeimista e o cha lhe dão.

Primeiro, sente nauseas e vomita; depois visualiza, juncto a Christo, Satan, Melchisedech e Trismegisto, prostrados ante um Baccho hermaphrodita. Teem todos a mais magica figura. De todos ouve as vozes, que lhe são, de longe, sussurrantes: a loucura se torna uma vassoura, ou avião.

Agora elle comsigo dialoga e o ego lhe suggere absintho ou yoga. A menos que prefira ser poeta, jamais attingiria a sua meta.

34

PONCTA QUE AMMEDRONTA [3351]

À fila da vaccina, uma velhinha (ouvindo uma commadre intromettida), nervosa, a muito custo se encaminha. De estar alli, coitada, até duvida. Naquelle seu conceito pobre e raso, tem medo de injecção e até receia effeitos secundarios que, em seu caso, molestia se tornassem, bem mais feia.

Alguem tenta accalmal-a: “Não, senhora, a coisa não dóe nada, eu lhe garanto!

É só uma piccadinha! P’ra que tanto receio? Nem bebê de collo chora!”

Aquillo só provoca mais attrazo. Na hora da piccada, ella bambeia, temendo perfurarem-lhe algum vaso, mais fundo que uma agulha numa veia. Por antecipação, soffre, definha, suppondo-se eskeletica, abbattida. desmaia, tomba e morre... E nada tinha!

Buscando prevenção, perdeu a vida...

35

HERVA ESSENCIAL [3398]

Fizeram sacanagem, sim, commigo! Ah, não! Não é possivel! Quem será que andou pondo veneno no meu cha? Não, gente! Não meresço tal castigo! Explico ao meu leitor a situação. No meio da cegueira, tudo preto enxergo em pleno dia e, à noite, não descanso sem compor mais um sonnetto. Mas, antes de deitar, si tomo o tal chazinho da vovó, cores começo a ver, kaleidoscopicas, e peço que aquillo nunca accabe! É tão legal! Agora sacar tudo vocês vão.

Não é que alguem trocou os potes? Metto num delles a colher, preparo e, então, percebo que tomei pó de graveto!

Alem de não saber disso o perigo, não vejo mais as cores! Só me dá vontade de mijar! Que sorte má! Cuidado com os chas, é o que lhes digo!

36

SENSUAL COMMERCIAL (1) [3477]

Sabe, gente? Eu, appesar de charmosa e de bonita, demorava a evacuar!

Sim, verdade seja dicta!

Ja de dias mais de um par eu passei (Quem accredita?) sem fazer! Tão devagar, o intestino! Estive afflicta!

Mas, tomando Cagarol, do qual sou, agora, fan, eu passei a ver o sol com bons olhos, de manhan!

Nem preciso mais de enema!

Accredite, minha irman!

Hoje eu como, sem problema, a mais acida maçan!

37

ALLIVIO IMMEDIATO [3479]

Muito grande é o comprimido que o doutor mandou tomar, pois, appós tel-o engolido, não consigo nem fallar!

Si elle houvesse supprimido essa dose cavallar, ja teria, eu não duvido, melhorado a dor lombar!

“Quer remedio? Eu lhe receito! (disse o medico) Esse effeito você sente daqui a pouco...”

De gemer eu sigo rouco e, passado mais de um mez, a columna ja me fez de dor quasi ficar louco e o doutor se faz de mouco...

38

ETERNO RETORNO (1) [3561]

Um remedio caro eu pago para o muco do nariz, e o doutor, que é gordo e gago, receitar-me um novo quiz:

“Toda noite, engula um bago, para a dor nos seus quadris...” {Mas por quanto tempo?}, indago. “Para sempre!”, elle me diz.

Quantas pillulas eu tomo?

Perco, mesmo, a compta! E como passa o medico mais uma?

Quem com isso se accostuma? Da gagueira e da gordura elle proprio não se cura e outros pharmacos me arrhuma?!

Quem de raiva não espuma?

39

NO FRIGIR DOS OVOS (1) [3586]

O doutor me passa um rol do que eu como ou não: vou mal de pressão, cholesterol, triglycerides, e tal. Não practico futebol, exaggero a mão no sal, não costumo tomar sol nem prefiro vegetal.

Me diz: “Doce, nem com mel! Evitar kibbe e pastel quando a alguma festa for!”

Ora, faça-me o favor!

Ao sahir, a mão lhe apperto e me expanto: sou, decerto, bem mais magro que o doutor! Que é que eu devo, pois, suppor?

40

ERECÇÃO HOSPITALAR [3950]

Si um microbio nos infecta, o remedio é “tarja preta”. Medicar-me ha lei que veta caso o accesso me accommetta! Quer tirar o cu da recta o meu medico! E diz peta quem prohibe e quem decreta que é malefica a punheta!

Pathologica si for, si for antinatural a punheta, vou suppor que foder faz mal, mais mal! Si assim “sesse”, que “foria” de quem pensa em bacchanal, de quem goza todo dia numa cama de hospital?

41

O PHANTASMA CAMARADA [4032]

Adviso eu a vocês! Si for preciso manter-me numa cama hospitalar, por muito ou pouco tempo, ou me operar, de appenas uma coisa eu os adviso: Não quero sentir dores! Desde o siso, que tive de extrahir, ao ocular martyrio do glaucoma, a supportar dor venho, vendo advesso o paraiso!

Alguma analgesia a medicina precisa offerescer! Sobre meu hombro não joguem dor maior! Quero morphina! E então? Nenhum dos medicos opina? Não pode um velho cego ser excombro do orgasmo! Allivio exijo à aguda signa! Ou tantas dores algo as elimina, ou, morto, eu volto e juro que os assombro!

42

PLACEBO PARA MANCEBOS [4051]

Pesquisa scientifica insuspeita mostrou toda a virtude da saliva humana: a propriedade curativa até na propria pelle se approveita. Aos pés, principalmente, ella é perfeita na cura das mycoses: quem cultiva frieira nos artelhos é captiva e afflicta clientela, à minha expreita.

O cego é o lambedor ideal para taes casos, pois trabalha docilmente, não poupa a lingua emquanto um pé não sara de toda aquella crosta repellente. Ao docil cão, lambendo, se compara. Por horas é capaz (mesmo si sente chulé) de affundar numa sola a cara, deixando alliviado o paciente.

43

DOSE DUPLA (1/2) [4569/4570]

(1)

Mais uma grippe! Agora duas são por anno! Ah, mas eu tenho ja sessenta, ja posso vaccinar-me! A catarrhenta molestia não me pega outra vez, não!

Mas, como dou azar em situação qualquer, é bem capaz que seja lenta ou nulla essa efficacia e, frio venta, me grippo antes da proxima estação!

Nenhuma condição menos ruim conhesço, nem abysmo mais profundo!

Vaccinas e remedios são assim: funccionam, em geral, com todo mundo, excepto (como sempre foi) em mim!

E ainda me criticam si eu redundo, si insisto que o Destino tem por fim jogar-me, do meu poço, bem no fundo!

(2)

E quando a cephaléa, de roldão, vem juncto com a grippe? Alguem aguenta?

Alem de me entupir de ranho a venta, ainda dóe por dentro e faz pressão! Aquelles comprimidos sempre à mão eu tenho... Que addeanta? A dor augmenta em vez de arrefescer! Si o tempo exquenta, dor sinto; quando exfria, mais, então!

Pensando bem, allivio a sentir vim appenas num minuto, ou num segundo, debaixo de anesthesico, isso sim!

Emquanto em depressão eu não affundo, não vejo a situação ruim assim. Indagam-me si, às vezes, não desbundo nem piro... Um pó, talvez pirlimpimpim, dê somno em mim, mais longo e mais profundo.

44

HALITOSE EM DUPLA DOSE [4669]

Bellissima mulher! Quem imagina, de longe, que tal bafo sae, de fossa, daquella linda bocca? Minha nossa! Mau halito? Euphemismo! É fedentina! Coitada! Fede assim desde menina! Seu medico fallou: “Não ha quem possa curar esse fedor!” Ella, que esboça um timido sorriso, se ammofina. Pastilhas chupa, toma comprimido de tudo quanto é typo que se invente, faz tanto gargarejo, escova o dente com pasta perfumada... Assim tem sido! Mas ella se casou, recentemente, com certo rapagão, tambem fedido de bocca... Porra! Agora é que eu duvido do caso! Quem mais forte cheiro sente?

45

VICIO CIRCULAR [4762]

Quem dorme bem, reparo agora, faz cocô regularmente. Assim fazendo, os liquidos do corpo vae mantendo em fluxo. O do nariz não fica attraz.

Tambem o humor aquoso, auctor das más sequelas do meu olho, neste horrendo glaucoma que me cega... Que tremendo factor levado em compta a ser, rapaz!

É tudo consequente, eis que nefando...

Cegueira estressa. Assim, eu durmo mal. Dormindo mal, não cago. Não cagando, augmenta-me a pressão, sempre abnormal. Paresce não haver sahida! Quando no somno bem eu pego, até o nasal bloqueio da rhinite vae passando! Holistico, de comptas affinal...

46

RENDENDO GRAÇAS [4798]

Voltando do seu medico, o gorducho deixou-se desabar numa poltrona: “Caralho! Que desanimo! Funcciona algum remedio? Nada! E eu encho o bucho!”

Queimou, assim, um ultimo cartucho: tentar emmagrescer com “putazona”, “tripina”, “penical”... Depois da nona caixinha, não aguenta elle o repuxo.

Jamais terá perfil mais leve e fino! É tanto comprimido para nada!

Ser cada vez mais gordo é o que o destino reserva a quem comer maccarronada! Que seja! O obeso admitte: “Eu não domino meu peso e meu estomago, mas cada prattão de maccarrão acho divino!

Cortar não vou aquillo que me aggrada!”

47

ORA, PILLULAS! [4890]

Comprimido para dor de cabeça, tem de sobra!

Tanta droga faz suppor que o mercado se desdobra.

Illusão! Varia a cor, o tamanho, o que se cobra, mas, na chymica, o teor não varia! É só manobra!

“Cephaléa? Tome Atrox!”

Propaganda velha e chata!

Nem innovam nos enfoques:

“Enxaqueca? Atrox a tracta!”

Si eu tiver cephalalgia, hoje como em qualquer data, o que o radio me annuncia?

“Tome Atrox! Esse é batata!”

48

INNOCUA PRESCRIPÇÃO [4897]

A doutora me receita analgesico outra vez. Da pharmacia, desta feita, dum “Torpex” eu sou freguez.

“Você toma quando deita, todo dia...” Acham vocês que essa medica suspeita que uma noite durmo ao mez?

Minha insomnia ja attrapalha tudo e perco meus freguezes!

Hoje eu tiro alguma palha só durante o dia, às vezes! Si tomar o comprimido eu me livro das torquezes por emquanto e dolorido ficarei todos os mezes?

49

ONUS DO ANUS [4909]

Seus dentes se amarellam, cada vez mais! Quasi estão marrons! Mas nem café tomado tem! Não fuma! Então, qual é, pergunta, a razão disso? Agua, talvez? Dentistas não resolvem: foi freguez de varios. Troca a pasta, escova até com cremes de sabor ruim... A fé perdendo vae em tudo que ja fez. Em tantas soluções ja não insiste. Nenhum branqueamento lhe devolve a cor original! Emfim, desiste: só mesmo trocar tudo é que resolve. E troca! Soffre, paga... Fica triste, pois volta o tom, mysterio que se solve parando de comer cocô! Que chiste! Será que em outras practicas se envolve?

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PHARMACOPÉA MILAGROSA [4915]

É “reconstituinte”! E assigna o “vinho” um tal Sylva Araujo! Quem será?

O antigo pharmaceutico me dá as dicas, si eu as sigo direitinho. As “pillulas de vida” eu adivinho que effeito fazem! Morto o cara está ja quasi... um enfermeiro traz o cha da meia-noite... É foda, coitadinho!

Não tendo solução, embarcar deve... Mas, antes que elle o tome, chega alguem trazendo um comprimido! Dentro em breve, o gajo ja gargalha! Elle está bem! Quem era o Doutor Ross? Como se attreve alguem a confrontar o que do Alem decide-se? Que droga! O Demo a leve! E para a cegueirinha? Droga tem?

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MACHO INVOCADO [4928]

Azia? Mal estar? Indigestão?

Um sal de fructas pode, geralmente, allivio dar, e o gajo ja se sente capaz de exaggerar no maccarrão. Mas fica, si pensarmos, a questão: De fructas? Mas quaes fructas? Que se invente um nome, mas que seja consistente! Salgada é qual? Maçan? Melão? Mammão?

Um termo tal me soa até gozado! Si é para divagar, à mente vem o grito de “Meus saes!”, desesperado, de alguem que, a desmaiar, vertigens tem. “Que saes são esses, porra? O resultado é mesmo positivo? Eu nunca, sem sentidos, precisei! Não sou veado! Não solto taes gritinhos, não! Eu, hem?”

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JURAMENTO HYPOCRITA [5010]

Pergunto-me o que um medico pretende com essa medicina que proroga indefinidamente, a tubo e droga, a “interminalidade” que se extende. Será que esse doutor não se arrepende de usar de tal tortura, agora em voga, fingindo appagar fogo, mas que joga mais lenha na fogueira e incendio accende?

Morrer de morte subita: assim era a forma, antigamente, de morrer alguem! Ah, si eu pudesse! Ah, quem me dera!

Tivesse eu sobre o thema algum poder, não eram certos chas uma chimera!

Suppunha eu ter um medico o dever de appenas melhorar a nossa espera por algo inevitavel, sem soffrer!

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PROMPTO SOCCORRO [5017]

Doutor, dum analgesico eu preciso!

Dóe muito este punhal no coração!

Receite-me um remedio, pois, sinão, não posso mais siquer dar um sorriso!

Doutor, um anesthesico, a juizo seu, pode dar um jeito, não? Estão doendo os cotovellos, ambos! Dão ponctadas, si de amor me martyrizo!

Doutor, me dá tambem cada ponctada na testa! Tenho, às vezes, impressão de estar minha cabeça toda inchada!

Doutor, até nos olhos sensação eu tenho de dor! Cego estou, ja nada enxergo, mas anxeio ver, em vão!

Doutor, é um ser humano quem lhe brada: Preciso me mactar! Tem injecção?

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ALLARME CONTRA O CHARME [5019]

Carissimas ouvintes! Não questione nenhuma de vocês o que vem sendo fallado: é verdadeiro esse tremendo problema a quem implanta silicone! Você quer pôr a prothese? Abbandone a tempo tal idéa! Sim, entendo, pretende embellezar-se, mas crescendo os numeros estão, ha quem abbone!

São casos e mais casos! Muita gente está pegando cancer! Sim, o implante francez foi prohibido urgentemente! Entendo que alguem duvidas levante, mas pensem bem! Melhor é ter em mente que pode ser fatal! Ninguem garante!

Primeiro, uma coitada dores sente... Mais tarde, morreria agonizante!

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OLHO CLINICO (1) [5026]

Pergunta-me um blogueiro como alguem se sente um escriptor, si exsiste um jeito seguro de saber. Eu não receito a formula, pois acho que não tem. Costumo comparar, e ao caso vem, as lettras à doença, o livro ao leito, pois, creio, cada caso é um caso: eu deito com febre; um outro deita mesmo sem. Não é como o mechanico, o engenheiro, que segue de instrucções um manual e faz como os demais, desde o primeiro, sem ser um paciente terminal. Sem medico, sem mesmo um enfermeiro, o facto é que não temos hospital poetico... Qual critico é certeiro? Nos automediquemos, pois, do mal!

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BROCHANTES IMPLANTES [5037]

Difficil é dizer, nessa mulher, quaes bollas são maiores, si as do seio, si aquellas do bumbum... Mas o recheio occupa todo o espaço em que couber. Sim, tudo é silicone! A quem quizer tocal-a ou appalpal-a e, bem no meio, metter pretenda a rolla, com receio reage a boazuda, onde estiver:

“Cuidado! Não apperta, hem? Vae que fura, que rompe, e vaza tudo! Só de leve!

Não pode pressionar, não! Não se deve!

Segura devagar, meu bem, segura!”

Os homens desanimam... Quem se attreve, no meio da bombada mais impura, a dar um belliscão nessa fofura de araque, si extourar vae ella em breve?

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COLORIDA LICOREIRA [5060]

No bar dum lar, é logico suppor: qualquer decantador, de crystallino feitio, lapidado em xadrez fino, costuma conter caro e bom licor.

Mas não naquella casa. Muda a cor de cada garrafinha; o que imagino ser mentha ou curaçau, porem, termino notando que é remedio, e só si for!

Xarope, Biotonico... Combina, ainda que ninguem nisso o pé finque, com calice bebel-os? Feito drink, tomar Mellagrião, Maracugina?

Alguem me offeresceu... Fallei: “Não brinque! Remedio aos convidados se destina?”

Provei, porem... Agora, à vitamina ja faço, effervescente, o brinde e o link.

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BOCCA DO POVO [5290]

Duvido que ella seja bruxa. Só por causa dos chazinhos que ella faz?

Magina! Tanta gente intenções más disfarsa, sem fazer cha desse pó!

Affirmam que o pozinho da vovó é feito de substancias que, por traz da formula singella, dão aos chas poderes mysteriosos... Tenham dó!

Magina! Cada coisa teem fallado!

Coitada! Só quer ella allivio dar aos gazes, ao estomago embrulhado, à tosse, à rouquidão, à falta d’ar! Não creio que ella tenha collocado naquelles pós, moido, um tumular ossinho, ou carne humana em mau estado, tal como do governo ouvi fallar.

59

DISSONNETTO DUNS CRYSTAES DE SAL GROSSO [5488]

Neste dia vinte e seis em alguem, com pena, eu penso. De quem fallo? Ora, direis, com certeza do hypertenso! Elle come bem, mas eis que dum facto me convenço: entre os heteros ou gays ha doentes nesse censo.

Não excolhe edade ou cor, quem bem come ou quem se priva: si a pressão normal não for, vem a crise hypertensiva. Mas, si o sal não nos faz bem, sem comer não ha quem viva! Que o doutor se vire: tem que exsistir alternativa!

60

PHILTRO FILTRADO [5514]

Emquanto aos alchymistas, só, cabia da formula saber, esse elixir seria aphrodisiaco. Um fakir, até, ficava erecto e se rendia. Agora, a pharmaceutica mania pretende aquelle tonico impingir à guisa de poção a quem sentir a erectil dysfuncção, que empatta a orgia. Ha muita propaganda. Quem garante que pode tal remedio ser obtido em gottas ou num simples comprimido, em larga escala? É justo que eu me expante! Só pode ser synthetico? Duvido que impeça algum bumbum de ser brochante ou faça dum gagá fogoso amante! Barato assim, é falso ou diluido!

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FUMO SEM RHUMO [5553]

Conhesço um cara assim: era fumante passivo, no começo. Aos poucos, ia fumando, elle tambem, até que, um dia, achou não ser cigarro, só, bastante.

Quiz experimentar mais elegante maneira de fumar, e mais “sadia”: partiu para o cachimbo. Pela via do aroma, da maconha viu-se amante.

Ninguem ha que desfecho tal não saque. Depois do baseado, a cocaina cheirou, depois cahiu fundo no crack.

Dalli não mais sahiu: alli termina.

Será que sou careta? Caso applaque meu vicio em sonnettismo, a fescennina mania perderei? Aguento o baque? Ou parto para alguma chloroquina?

62

DIA DO DIABETICO [5644]

{Cortei ja meu assucar todo! Nem café mais tomo, caso não esteja amargo! Diabetico tambem, você não ganha bollo nem cereja! Mas isso não tem graça, Glauco! Tem? A gente quasi nada mais festeja! Será que solução inventa alguem praquelle que comer doces almeja?

Meu sonho é comer sonho, o proprio sonho, alem de chocolate, puddim, torta de leite condensado! Mas, tristonho, nenhuma real scena me comforta!}

-- Não quero nem saber! Si me disponho a doces comer, como! Que me importa morrer mais cedo ou tarde si, enfadonho, meu dia rolla sempre em hora morta?

63

JURURU COM PIRIRY [5652]

Um drama que nos rende estragos é a terrivel diarrhéa, alimentar disturbio que, depois dum mau jantar, fará que nos lembremos do filé! Ah! É molle, ou quer mais? Puta diarrhéa!

Em agua transformou o que cagar iriamos mais solido! Vulgar, nomeia “caganeira” a voz plebéa.

Da cama, vou ao vaso. Vou do vaso de volta para a cama. Ja da cama de novo vou ao vaso. Me comprazo si nada para fora se derrama. Trez dias o remedio deu de prazo. Na falta do cocô, meu cu reclama. Bemvindo o peido, mesmo com attrazo, que tanto fez, em verso, minha fama!

64

MYSTICO DIAGNOSTICO [5653]

Os medicos attendem muita gente com queixas variadas. Ha quem pose de enfermo appenas para ter a dose dalgum medicamento entorpescente. Porem, quando o queixoso paciente reclama vagamente, ‘inda que goze de boas condições, diz que é “virose” quem tracta do “mysterio” que elle sente.

“Virose” virou termo para tudo aquillo que ficou mal enquadrado: cystite, diarrhéa, resfriado, dor, febre, caso chronico ou agudo. Mas eu, pessoalmente, não me illudo, pois, mesmo sem ter visto o resultado de exames quaesquer, digo, pelo lado mais obvio: o meu azar vem do Chifrudo.

65

INDUSTRIA PHARMACEUTICA [5721]

Não terá quem pela tosse vae morrer razão de rir.

Caso a phthisica se apposse de alguem, falta um elixir.

Allergia? Que se coce quem tem isso! Vae surgir um remedio? Não endosse taes boatos de engruppir!

Não terão medicamento nossos males, não, jamais!

Interesse no tormento teem as multinacionaes!

Mais meu caso ora lamento, pois, coitados, os meus paes dum ceguinho lazarento não previram estes ais...

66

NARCISICA PHTHISICA [5722]

Quem é tuberculoso que se arrase numa autocompaixão, ou tire sarro das proprias afflicções! Sim, extravase com emphase! Eia! Narre como narro: “Curei-me da doença, mas à base de muitas injecções. Tossi catarrho sangrento. Si me evoca a triste phase, a data da memoria logo varro.”

Então tuberculose virou moda? Que coisa mais romantica! Foi quando? No tempo dos poetas? Mas que bando de jovens insensatos! Não é foda? A mim, porem, bastante me incommoda glaucoma ter, estar sob o commando de sadicos, ja cego, ou me tornando vaidoso da censura que me poda.

67

GULA SEM BULLA [5727]

Em logar de chocolates, bollos, ballas ou cocadas, recebi de ammostra gratis comprimidos e pommadas!

Vae à merda! Não me tractes como enfermo! Não invadas o cenaculo dos vates!

Serve uns chas... mas com torradas!

Um remedio de presente não tem graça! Mas é bom si ganharmos o que tempte nossa gula: algum bombom!

Eu, rebelde paciente que sou, fico puto com um producto que, insistente, de curar não tem o dom!

68

ALGO A MAIS [5754]

Não exsiste analgesia que me tracte da cegueira. Em mim, chora a poesia, mas, sem dor, ria quem queira!

Dor de dente, nevralgia, dor no sacco ou na caveira... Analgesico eu queria que interrompa a vida inteira!

Senti dores, ja, de todo typo, berros dei num ai mais poetico, que engodo alguns acham, e me trae. Mas taes berros solta a rodo um poeta. A ficha cae dos leitores que me fodo de verdade... si me vae.

69

ALTERNATIVAS MEDICINAES [5762]

Ja de plantas soccorri-me quando ainda visão tinha. Mas fui victima dum crime e a cegueira foi damninha. A sciencia não se exime de responsa, pois eu vinha me tractando com um time de bons medicos, na linha. Mas nem faca, nem gottinha me salvaram: o regime do Destino é o que definha e a má sorte é o que deprime. Encerrando a ladainha, não ha mal que desanime um ceguinho que escrevinha si elle mesmo se autoestime.

70

DIETAS IDIOTAS [5775]

Outras lyras fallam della mas convem que se repita: Das dietas a sequela é mais grave e não se evita. Quem restringe o que a panella faz e corta o que se fricta fica, alem de magricella, preso ao medico, à marmita.

Para a droga alguem appella? A pharmacia facilita. Mas salame e mortadella dão dieta mais bonita. A verdade se revela implacavel e irrestricta: Ja que a vida não é bella, comer resta: ao menos, quita.

71

CHAGA AZIAGA [5855]

Rezarás, quando tu fores rezar, isto: “Zeus proteja este crente dos tumores!”, si ao temente exsiste egreja. Quanto aos balsamos, senhores, só direi que se festeja justa lyra, sem favores de fazer que eu aqui seja. Dor fortissima só passa com um balsamo potente. Masochismo não tem graça si padesce esse doente. Cancerosos ha quem faça melhorarem? Quem consente que elles soffram? É trappaça um Senhor que puna a gente!

72

PENSANDO E DESCOMPENSANDO [5954]

Analyse requer a medicina. De vida a qualidade é relação de custo-beneficio: dóe ou não? Mas facil esse thema não termina.

O gajo, diabetico, não tem symptomas, mas os teme a longo prazo. Tomar a “metformina” com ou sem appoio dum “fibrato”? Foi meu caso.

Passei a perder peso, mas tambem me veiu a myalgia... Aqui me embaso: Fiquei debilitado! De tão fracco, a chronica rhinite pneumonia virou! O trouxa quasi foi pro sacco!

Serviu-me de licção. Que é que sentia eu antes e depois do tal pharmaco? Prefiro o doce! O risco, a gente addia!

73

MISCELLANEA BUCCAL [5986]

A bocca necessita de limpeza?

Palito, escovação, fio dental...

Pergunto: qual o methodo ideal?

Quem é que sua lingua tem illesa?

Seria, ao levantarmos nós da mesa, preciso que escovemos, com total cuidado, os nossos dentes? Ou normal será certa migalha num vão presa?

Tractando-se de alguem que bem conhesço, o menos hygienico nem mica os dentes, mais fraquinhos do que gesso, porem a lingua grossa, que se estica. Dobrada, quasi vira pelo advesso durante uma chupada em suja picca. Conhesço um chupador assim travesso, mas elle sem bochechos nunca fica.

74

MISCELLANEA CATARRHAL [5987]

É farta a verve em provas desse evento. Catarrho o mais espesso da caveira nos enche as cavidades e mal cheira. Em verso descrever um caso tento. É foda a sinusite, meu amigo!

Entope tudo um muco que amarella por dentro das narinas, e não digo que seja perfumado! Tem sequela: Dorzinha de cabeça! Traz comsigo a tosse! E quem livrar-se pode della?

Occorre que o catarrho na goela penetra quando excorre internamente e causa a coceirinha... Quem se pella de medo é o narigudo, o que mais sente, conforme a poesia, toda aquella interna fedentina putrescente!

75

MISCELLANEA GRIPPAL [5993]

De grippe ella padesce, coitadinha! Mantendo erguido o bello narizinho, a moça esboça um gesto comezinho. Ninguem adivinhou o que ella tinha?

Pequeno e arrebitado, sob o lenço finissimo, o nariz della despeja catarrho maturado, num immenso e infindo jorro! Ainda que proteja do olhar alheio o ranho, eu me convenço, ouvindo-a se assoar, de como arqueja! Não quer ella deixar que ninguem veja o jacto catarrhento, mas de nada addeanta usar o lenço, pois na egreja echoa a sua tuba e causa em cada devoto a sensação de que ja esteja o ranho quasi verde e ella grippada!

76

MEME DA PEDREIRA [5995]

Não servem para tudo os dictos “saes”.

Na casta consciencia peso sente e abusa do pozinho effervescente aquella que trampou, talvez, demais.

Fallei de castidade? Não, jamais devia ter fallado, pois decente seu trampo não tem sido, certamente.

Questão de vocações profissionaes.

Má vida? Má conducta? Sal de fructa não basta, si chupou muito caralho e galla engoliu muita aquella puta.

Pesou? Foi accidente de trabalho.

Agora bons conselhos ella escuta e toma, appós chupar, um cha com alho, mas nem por isso deixa de ir à lucta. Faz parte, emfim, do trampo tal cascalho.

77

MISCELLANEA DA CONSTIPADA [6036]

Estresse influe no rhythmo do intestino. Cagava bem, a dona Dora. Agora faz força, alli sentada, mas demora. Não posso ter certeza, mas attino. Batata! Si o cocô sae muito fino, signal é de prisão de ventre. Chora quem senta alli por mais de meia hora, e em seu logar até que me imagino.

Tomava no cu, quando seu marido ainda não brochava. Ultimamente se sente constipada. Não duvido que a causa seja a falta dum potente e audaz suppositorio. Faz sentido?

Talvez, si outra resposta não se invente. Sentada na privada, só ruido escuta, tripa addentro, persistente.

78

MEME DA INJECÇÃO [6107]

Mas elle fallou! Elle é presidente!

Aquillo que fallou elle garante!

Fallou o que é melhor: desinfectante!

Nem chloroquina serve: é caso urgente!

Um medico negou? Pois esse mente!

Quem sabe é o presidente! Elle é bastante sabido, não sabia? Doradvante eu acho uma injecção sufficiente!

Não sabe, dona, como fazer? Ora, qualquer desinfectante! De privada, de chão, de rallo! Vale tudo ou nada mais pode valer contra a praga, agora! Porem, si não servir, minha senhora, ao menos seu cadaver será cada vez menos podre! Quanto mais piccada, maior a protecção de quem a chora!

79

MEME DA MANIPULAÇÃO [6110]

Que porra de remedio vão agora dizer que faz effeito, Glauco? Urina na veia? Chlorophylla? Caffeina? Cebolla? Alho? Hortelan? Nossa Senhora! Ouvi que nicotina alguem de fora está recommendando! Se examina a possibilidade de que, fina, até certa farinha revigora! Por mim, pode tomar o que bem queira o povo mais humilde, que se informa tão mal e porcamente dessa norma pandemica! Paresce brincadeira! Não acha que tal panico ja beira um caso de nonsense? Dessa forma, melhor papel faria quem performa um medico vendendo ovo na feira!

80

HASHTAG QUEM É DE ESQUERDA TOMA [6179]

Ué, Glauco! Só toma quem quizer!

Quem não quizer não toma! Não me fodo!

Si formos de direita, temos todo direito de propor droga qualquer!

Tomemos! Nos curemos! Si não der, de facto, resultado, foi engodo?

Magina, Glauco! Morre gente a rodo!

A menos ou a mais, morre quem quer!

Que tome guaraná quem for communa!

Que tome tubaina, tome soda!

Sou foda! Não concorda, pô? Sou foda!

No chiste, nem preciso de tribuna!

Não ha melhor piada que nos una!

Não posso fazer nada, si incommoda a minha brincadeira! Minha roda curtiu! Não ha remorso que me puna!

81

HYDROXYCHLOROQUINA [6197]

Um grave effeito ouvi, collateral, da tal da chloroquina, Glauco! Ouviste fallar? Causa cegueira! Quer mais triste destino, quando alguem nem está mal?

Tomar por prevenção será fatal a quem nada pegou e bem resiste! De quem se recupera farão chiste por ter sahido cego do hospital!

Pensaste, Glauco? O gajo nada tinha! Siquer elle infectado fora, mas tomara a chloroquina! Agora, attraz dos oculos escuros, ja definha! Ficou cego! Peor que tu, que minha risada despertou ja, tão mordaz! Terá que implorar graça a Satanaz até para achar uma moedinha!

82

FUMANTE INCOMPASSIVO [6204]

Meu pae sempre fumou, Glauco! Tambem eu fumo! Nem grippinha siquer pego, nem elle! Na verdade, eu ja sossego faz tempo, pois me sinto muito bem!

Meu thio, pelo contrario, que tão zen se julga, que não fuma, tem mais prego na cruz que você, Glauco, que está cego, insomne e diabetico refem!

Fumante você nunca foi? De nada serviu ter evitado tanto o fumo!

Lhe digo com franqueza, pois me assumo sincero: de você só dou risada! Um cego p’ra que serve? Dar chupada na rolla dos normaes? Perdeu o rhumo quem bengalou sozinho! Não costumo zombar, mas dou, sorrindo, outra tragada!

83

COBERTOR [6233]

Tirei o cobertor, que ja guardado estava havia mezes. Que poeira!

Allergico ja sendo, si isso cheira alguem, será peor o resultado.

Foi tiro e queda! Glauco, complicado fiquei! No meu logar você nem queira ficar! Foi tanta tosse, chiadeira no peito, dores deste e doutro lado!

Peguei uma bronchite do diabo!

Você tambem ja teve? Sentiu dor no peito? Teve tosse? Cobertor guardado, por suppor então accabo! Errei? Bem, mas commigo você brabo não fique, Glauco! Diga, por favor: Ao menos versejei bem, si não for incommodo... Ou então va dar o rabo!

84

ANTICORPOS [6235]

Testei. Eu não queria, mas testei. Fiz tudo p’ra addiar a decisão.

Julguei, um dia sim, um dia não, si tinha que saber o que ja sei.

Testei. Que me forçasse, não ha lei.

Não houve, não, qualquer obrigação moral, nem social. Nada, Glaucão!

Appenas hesitei e, emfim, julguei.

Testei. Deu positivo, o que me indica que estive exposto ao virus, Glauco! Certo?

Não sou nesses assumptos tão experto, mas acho que isso em nada augmenta a zica. No cu tenho levado tanta picca que pouca differença faz si perto ou longe estou da peste. Só me allerto é quando outro michê doente fica...

85

CONTRACEPÇÃO [6258]

É facil não ter filhos, Glauco! Basta fechar as pernas, porra! Gravidez se evita, né?, caralho! Só quem fez nenen foi a mulher que não é casta! Um homem que não seja pederasta somente de putinhas é freguez! A culpa não é delle, que michês não paga, mas com puta a grana gasta! Fui claro, Glauco? Ou achas que embaralho? A puta poderá ser chupeteira, appenas, si quizer! Caso não queira, que emprenhe! Que embarrigue, então, caralho! Que pillulas, que nada! Não me valho jamais da pharmaceutica tranqueira! Si for p’ra desistir duma rampeira, eu fodo um cego, mesmo! Quebro o galho!

86

OZONIZANDO [6403]

Ja Hemingway dizia: as putas vão tragando porra para se curar ou mesmo prevenir um malestar, até tuberculose! E então, Glaucão? Rollou em Kansas City! Mas nós não ficamos attraz! Ouço ja fallar que vae Itajahy ser o logar perfeito para a cura do povão! Com dez sessões diarias, só por via rectal, o ozonio -- Quem diria? -- vira antidoto covidico! Confira, Glaucão! P’ra que vaccina? Ah, que alegria! Sim, disse isso o prefeito! Ou só seria mais uma fakenews? A gente pira com tanto commentario para a lyra! Só coisa assim occupa a poesia!

87

FADA RENADEGADA [6479]

Não, Glauco, minha bunda antes não era tão grande! Precisei fazer implante! O medico, o Doutor Pompom, garante que estou, ja, parescendo uma panthera! Bem sei que ter taes bundas é chimera total da mulherada, mas, durante uns tempos, invejosa fui bastante daquellas que se implantam! Ah, pudera! Viu, Glauco? Descomptei! Colloquei tanto, mas tanto silicone, que o trazeiro tem cara até do Rio de Janeiro, com Urca e Pão de Assucar! Um expanto! Mas, sem exaggerar... Eu não encanto, na praia, a molecada por inteiro! Comtudo, ja sahi do captiveiro pandemico! Sou fada, por emquanto!

88

SEDENTARIO VOLUNTARIO [6513]

Não saio, Glauco! Nunca mais eu saio de casa! Só depois que houver vaccina! Mas, mesmo assim, só para mim termina a longa quarentena com o raio! O raio desse teste! Desde maio espero ser testado! Não, magina! Ninguem veiu testar! Alli na exquina testavam, mas... Eu nessa ca não caio! Hem? Como vou testar, si para tanto terei que sahir, Glauco? Como vou tomar vaccina, si ‘inda não estou seguro? Depender vou só do sancto? Jamais! Não vou sahir! Assim, emquanto ninguem vier, ninguem me vaccinou, siquer testou! Que impasse! Venham, ou então, desta poltrona não levanto!

89

PRURIDO NA LIBIDO [6534]

Incrivel a coceira que se sente si somos diabeticos, Glaucão! Disseram que é do sangue, que é questão de assucar, simplesmente, na corrente! Mycose até paresce, pois a gente se coça, coça, coça... A comichão augmenta ainda mais si no verão estamos, neste clima, aqui, tão quente! Coceira, de bermuda e camiseta, resolvo com maior facilidade!

Peor é quando o frio, na cidade, às roupas faz que a gente se submetta! Difficil é coçar uma boceta, um sacco, o umbigo, quando nos invade aquella comichão! Glaucão, quem ha de batter, perto de zero, uma punheta?

90

INEFFICACIA DA PHARMACIA [6678]

Caralho, Glauco! Como saem falsas as formulas que vendem contra gazes retidos! Não, idéa tu nem fazes daquillo que retenho sob as calças!

Estão tão distendidas minhas alças (aquellas do intestino), que capazes serão de explodir, caso os contumazes accumulos persistam nessas valsas!

Sim, valsas, Glauco! Os gazes dando vão voltinhas, para baixo, para cyma, e nada de sahirem! Não se anima a bufa a se soltar pelo sallão!

Não é prisão de ventre, Glauco, não! Cagar, até que cago! Mas não rhyma um flato com dejecto! Que comprima as tripas não ganhei peor tampão!

91

NITAZOXANIDA [6732]

Vermifugo funcciona, Glauco! Não lhe fallo? Sim, alem de na lombriga agir, evita tudo que castiga a gente, essas doenças! Tantas são!

Funcciona na bronchite, rouquidão, cystite, cancer, pedra na bexiga, nos rins ou na vesicula! Ha quem diga que instiga, num gagá, novo tesão!

Pois é, Glauco! O governo ja comprova com graphicos e tudo! Não lhe fallo?

Agora só lhe resta, sim, tomal-o e sua visão volta! Boa nova!

Tomou? Não funccionou? Você reprova a droga? Até ja dose de cavallo usou? Não pisarei mais no seu callo! Se queixe, então, num motte, numa trova...

92

PROCEDIMENTO ESTHETICO [6741]

Morreu mais uma, Glauco! Foi bem feito! A prothese evitou, por ser mais cara, e poz um silicone porco para encher a bunda! Alli morreu, no leito! Logar mais clandestino não acceito siquer imaginar! Nem se compara à clinica que interna, applica, ampara e pode soccorrer nalgum mau jeito! Mas ella preferiu um silicone qualquer, industrial! Encheu daquillo os gluteos! Se fodeu! Estou tranquillo si xingo quem taes bundas ambicione! Bundudo não sou, Glauco, mas insomne não fico, não, por isso! Meu estylo é leve, longilineo! Quem curtil-o quizer, venha appalpar-me! Imito um clone!

93

MENSAGEM DA LINGUAGEM [6779]

Cigarro (Não sabias tu, poeta?)

faz bem para a sahude! Quem o nega visão tem do teu typo, sempre cega, alheia ao que, de facto, nos affecta!

Punheta, sim, problemas accarreta ao cerebro, pois, como o meu collega blogueiro nos ensigna, descarrega veneno que os neuronios desconnecta!

Portanto, tens, Glaucão, que levar fumo, tragar e suffocar-te, sem perigo! Si duvida tens disso que te digo, presume tal e qual como presumo! Em vez de punhetar-te, melhor rhumo será que tu me chupes e commigo convenhas que meresces tal castigo! Questão só de linguagem, em resumo!

94

JUSTO CUSTO BENEFICIO [6789]

Mamãe dizia, Glauco: “O que arde, cura; o que apperta, segura.” Pois deriva dahi minha noção do que, na viva e velha medicina, acção tem, pura!

Effeito faz, entendo, o que traz dura e forte sensação, dicta “afflictiva”, na pelle, nas mucosas, na gengiva, em tudo que se inflamma e nos tortura!

Nós temos que soffrer, de qualquer jeito! Remedio que não arde, que não faz queimar como uma chamma de fugaz momento, não produz nenhum effeito! Concorda, Glauco? Claro, né? Bem feito eu acho para alguem que Satanaz cultua, que nas trevas vive e nas atrozes punhetinhas que eu rejeito!

95

PREOCCUPANTE IMMUNIZANTE [6874]

Então obrigatoria a tal vaccina será, Glauco? Não tomo! Só de birra!

Si fosse livre excolha, ainda accirra os animos, quem toma, quem declina...

Não gosto de injecção! Quem examina meu braço, minha bunda, vê que myrrha a pelle no local onde eu fui -- Irra! -piccado por aquella agulha fina!

Tá louco! Ja fiquei empipocado demais por causa dessa piccadinha terrivel, dolorida, que na minha bundinha recebi de cada lado!

Agora chega, Glauco! Sim, me evado si forem vaccinar quem mais se appinha nas ruas, nas balladas! Não convinha primeiro vaccinar, do “mytho”, o “gado”?

96

QUEM NÃO FOR PRECOCE QUE SE COCE! [6887]

Precoce tractamento, Glauco! Basta tomarmos chloroquina, aquella pura, barata solução, e menos dura seria a damnação que nos devasta!

Achando sempre estou que pederasta é quem fica a culpar a dictadura por tudo que (elles dizem) não tem cura!

Bastava a sociedade ser mais casta!

Apposto, Glauco, que essa grippezinha virou um pandemonio porque tem neguinho por demais trepando, sem moral e sem costumes! Sempre tinha!

É muita fodelança grossa! Ah, minha

Mãe Sancta! Se salvar não vae ninguem, a menos que em mim creia, Glauco! Quem advisa amigo é! Macho não definha!

97

BENZA ZEUS! [6893]

Qualquer antipsychotico tem tanto, mas tanto desse effeito, ou seja, “adverso” que, quando me perguntam, desconverso! Não quero provocar maior expanto! Ja desde quando, cedo, me levanto, de insomnia vou soffrendo, Glauco! Um verso ou outro faço, typo bem perverso e sadico, mas gozo por emquanto!

Passado o momentinho de tesão, de novo um comprimido tomar quero, a fim de dormitar! Lhe sou sincero, Glaucão! Dormir, não durmo, mesmo, não! Mas gasto, no remedio, um dinheirão! Até ja desconfio que exaggero na dose e, desse effeito tão severo, accabo por ficar é mais doidão!

98

PICCADA COMMENTADA [6928]

Responsabilidade? Não, nenhuma assume quem fabrica a tal vaccina!

Então vou tomar isso? Não, magina!

Só tomo caso alguem a coisa assuma!

Disseram que quem toma cospe espuma, delira de dor, tanto que se urina, se caga, se debatte e, em repentina e grave convulsão, à cova rhuma!

Melhor não vaccinar ninguem, assim!

Achou que exaggerei, é? Va você, então, dar a bundinha a quem lhe dê aquella piccadinha, não em mim!

Não é na bunda, Glauco? Mas ruim, do mesmo jeito, fica! Cê não vê?

Tá louco! Nem vaccino o meu bassê! Calcule, de tomar, si estou a fim!

99

EFFEITO PLACEBO [7063]

Do modo como os factos eu concebo, é tudo suggestão, Glaucão! Tomar remedio ou não tomar, no meu radar, causar vae um effeito de placebo!

Si o gajo não souber, pode dar sebo de picca mixturado ao caviar que irá até dar um viva ao paladar!

Si ignoro, qual groselha sangue eu bebo!

Conhesço um camarada aqui na zona que como uma gazosa bebeu soda! Não, nada accontesceu, Glaucão! É foda!

A gente, na maior, se condiciona! Rollou assim no caso do corona! Neguinho mal tossiu, ja se incommoda, achando que pegou! Si está na moda, morrer irá, sentado na poltrona!

100

CRYPTOCOCCO [7120]

De pombo o cocô pode virar pó depois que se resecca! Respirar aquillo mactar pode, Glauco! Um ar mephitico, lethal, que vendo só! Verdade! Minha thia, de quem dó nem tive tanto, milho vinha dar aos pombos que infestavam o logar! Morreu por causa desse seu xodó!

Ahi que eu me pergunto: por que não tambem cocô de gatto, de cachorro?

Alem da que se gruda no meu gorro, a bosta que se expalha pelo chão?

Bah! Quem me lambe a sola tá bem são e nunca precisou dalgum soccorro!

Portanto, não serei eu -- Né? -- que morro appenas por cheirar um cagalhão!

101

OXYURO [7140]

Lombrigas? Você teve? Eu tive, juro, Glaucão, mas me curei e ja não tenho aquelle verme exotico, ferrenho, branquinho, que elles chamam “oxyuro”! Coceira? Ah, como coça! Ah, quanto appuro passei! Mamãe catava, com engenho, os bichos do meu cu, mas eu convenho que pode isso causar um tesão puro! Agora, quando cago, uma coceira eu sinto, parescida! Mas não são os vermes que provocam o tesão e sim a acção da propria caganeira! Depois, no banho, coço! O tesão beira o nivel do delirio! Sim, Glaucão! Exporro loucamente! Você não? Mas fica a minha dica, caso queira!

102

GORDURA OU SOLTURA [7188]

Você toma remedio que emmagresce, poeta? Não? Melhor é não tomar, sinão, alem de magro não ficar, cagar irá nas calças! Quem meresce? Quem tem prisão de ventre faz a prece de praxe, vella accende num altar, mas nunca caga molle! Elementar, meu caro menestrel! Ou deu, ou... desse! Um gajo que conhesço tomou certo remedio que indicaram e na moda esteve, trovador! Esse foi foda! Borrava-se ao peidar! Por isso allerto! Commigo o jogo sempre foi aberto! Prefiro ficar gordo! Não me engoda nenhuma propaganda! Se incommoda alguem? Quer ficar magro? Fique experto!

103

PLACEBO QUE RECEBO [7204]

Eu não mactei ninguem! Só recommendo a todo cidadão que se previna e deixe de tomar a chloroquina, que nunca fez effeito, estamos vendo! Sim, ja recommendei, mas um addendo que vem dos fabricantes elimina a chance de que seja da vaccina aquelle substituto que eu defendo! Então, mudei de idéa! Me vaccino, mas quero receber, mesmo, um placebo, pois outro tractamento não concebo si temos que encarar nosso destino! Prefiro um comprimido! Fui menino medroso de injecção! Appenas bebo refri! Nunca me drogo! Lavo o sebo do pau e contra abbraços me previno!

104

MADRIGAL MENTAL (1/2) [7791]

Conforme a regra a gente o jogo joga. Si um doce me prohibem, será droga.

(1)

Soffrer de diabetes, para mim, foi uma descoberta! Ja sciente sou: um hallucinogeno festim nem sempre é só lysergico! Quem sente carencia dum bombom ou dum quindim e cede à temptação curte na mente o mesmo bom delirio de Aladdin perante o genio, o demo, ou qualquer ente...

(2)

Fiquei maravilhado! Emfim eu vim a ter essa noção de que, si a gente comer um manjar branco ou um puddim de leite condensado, de repente começa a ter visões! Pirlimpimpim é ficha perto desse efficiente chardapio psychodelico! Ruim é a syndrome, meu panico abstinente...

105

AFFLICTO MOSQUITO (1/2) [8033]

(1)

De dores oculares eu padesço. Perdi meu olho esquerdo, o que restava. Pendi para analgesicos, em vão. Pedi para meu medico o opioide. Pedi dum outro medico o opiaceo. Pedi de mais um medico morphina. Pedi dum outro ao menos codeina.

Disseram-me: {Magina! Você quer mactar o que não passa dum pequeno mosquito com um tiro de canhão!}

Difficil conseguir uma receita foi sempre, pois os medicos não dão à gente o que elles tomam quando a dor não querem supportar na propria pelle.

(2)

Paguei ja, por remedios, alto preço. Mandei ja, muitas vezes, tudo à fava.

Pensei: “Por que é que os medicos não são eguaes aos que, nas epochas do Freud, remedios davam para que passasse o effeito doutra droga que elimina symptomas que não passam duma fina cortina de fumaça?” Quem disser {Magina! Quer você com um veneno curar quaesquer incommodos?} eu não acceito mais! Aguente quem acceita!

Agora, compto os dias que virão até que isso termine. Não, doutor, mactar-me irei, não tendo a quem appelle!

106

AUTOCOMPLACENTE PLACEBO (1/3) [8034]

(1)

As drogas injectaveis são as mais potentes contra a chronica dor, essa que sinto no olho onde era ainda viva a restia de luzinha que perdi. Não gosto de injecção, mas raciocino na logica proposta por Diego Tardivo, opportunissima, no caso.

(2)

Usar continuamente essas lethaes dosagens macta cedo. Mas, à bessa soffrendo, o cara appella à lenitiva acção duma substancia. Até se ri de allivio. Vae morrer, mas é destino morrer, mais cedo ou tarde, e quer sossego alguem como eu, que os males extravaso.

(3)

Ao medico, convem que use jamais taes drogas o doente e lhe interessa vender novos placebos, pois me criva de innumeras receitas. Eu, aqui commigo, decidi: logo termino com isso me mactando, sem emprego de methodo sangrento, sem um prazo.

107

GASTRICA GASTURA (1/2) [8036]

(1)

O velho tirar sangue vae, roptina à qual se accostumou, com tanto exame que os medicos lhe pedem. Nem está nervoso no momento da collecta. Mas, desta vez, inepto é o funccionario que fura a sua veia. Sem achal-a, o gajo faz da agulha sacarolha e, fura que refura que perfura, emfim faz a sangria. Alli, coitado, contorce-se o velhinho no repuxo dos nervos, vendo estrellas, tenso, afflicto. De subito, começa a passar mal, accaba desmaiando, dá trabalho até que se refaça, para casa consiga retornar, de braço tincto.

(2)

Agora, a qualquer hora se imagina naquella situação. A quem reclame não tendo, ganha azia, fica ja tremendo, sapateia, arfa, se inquieta, revê seu hemorrhagico scenario.

“Ja soffro, Glauco, tanto! (elle me falla)

Me tracto das doenças, sem excolha, e ganho, de lambuja, a tal gastura de estomago! Ora, estou ou não ferrado?”

Eu, só de imaginar, quasi extrebucho com elle na afflicção. Depois, medito accerca da sahida natural pro nosso descomforto. Não me valho, porem, da suicida voz que embasa as minhas theses. Fico mudo, ou minto.

108

DOPANTE INHALANTE (1/2) [8045]

(1)

{Você precisa, Glauco, usar morphina!

“Tylex” não dá mais compta? Tome então

“Dimorph” e vae allivio ter total!

Um texto do doutor Drauzio Varella demonstra que, nas dores fortes, nada resolve, só morphina! A droga não provoca dependencia, mas barata demais si comparada a drogas mais complexas, boycottada sempre está por parte do commercio da sahude! Ainda que receitas amarellas assaz burocratizem, você tem, Glaucão, que insistir nisso! Cobre, exija! Seu olho melhorar vae, Glauco, creia!}

(2)

-- Morphina a gente exige, sim, magina! Ja colica renal eu tive e tão aguda, que parar fui no hospital! Nem fundo dóe meu olho. O que flagella, na sensação de areia, na ponctada, no vidro que, em farello, sensação me causa, sempre e sempre, é que, sem data, agguardo os vazamentos naturaes nos casos de cegueira, como ja nest’outro olho occorreu. Quem não se illude sou eu, com tantas drogas. Antes dellas, emquanto me tornei da dor refem, refem sou eu tambem da rolla rija, cheirando um podre tennis, uma meia...

109

USO ADULTO (1/2) [8053]

(1)

{Caralho, Glauco! Onde é que tu ja viste industria pharmaceutica tão filha da puta? Meu, tu pedes a receita ao medico, daquellas amarellas, e pagas caro o raio do remedio! Mal tomas umas pillulas e guardas a caixa, mal transcorrem alguns mezes, e prompto! Vaes olhar da droga a data... Vencida ja se encontra a porcaria! Assim não é possivel, Glauco! Tens que fora jogar tudo o que compraste! Que fazes nesses casos, Glauco? Tomas a pillula assim mesmo? Ou jogas fora?}

(2)

-- Ah, bem intencionada não exsiste industria alguma, amigo! Qual não pilha o nosso bolso? Tudo a gente adjeita, porem. E quanto às pillulas... Com ellas eu faço o que fiz sempre. Nada impede o effeito que fariam quando agguardas um pouco alem do prazo. Muitas vezes, suppondo que estão fraccas, a sensata medida adopto: dupla dose. Iria alguem dizer que perco os meus vintens? Triplico, si preciso. Mas que eu gaste de novo um dinheirão, tamanhas sommas, ninguem fará! Mal nunca fez, por ora...

110

DESUSO CONTINUO (1/2) [8087]

(1)

{Saber quer duma coisa, Glauco? Ligo bulhufas para a data na caixinha! Remedio tem que ter é validade total, illimitada! Aqui na minha gaveta guardo muitos! Tempo faz que não estou tomando um comprimido vencido, mas si tenho, de repente, algum symptoma, ah, tomo novamente! Alguns são tão antigos, que ja nem veem sendo fabricados! Eu suspeito que datam essas drogas para a gente comprar sempre, de novo, ora! Ninguem é trouxa! Não, commigo não tem disso!}

(2)

-- Concordo com você, mas mal consigo tomar remedio velho. Nem mesquinha achei sua attitude. Mas quem ha de saber si faz effeito uma antiguinha chartella dessas pillulas que, nas horinhas mais difficeis, revalido? Confesso que, num caso mais urgente, tomei um analgesico que frente não fez às minhas dores... Ah, tambem pudera! Como pode ter effeito aquillo, si dez annos, frio ou quente o clima, alli ficou? Melhor é, sem sentir nada, passarmos, né? Que enguiço!

111

INFINITILHO DA PASTILHA (1/2) [8097]

(1)

Levado ao popular prompto soccorro, nem tive que esperar para attendido ser pelo plantonista, rapazelho ainda, que de duvidas me criva: “Tem febre? Sente enjoo? Vomitando está? Faz cocô molle? Tem sahido bem liquido? Faz tempo que você ficou assim? Que drogas tem tomado?” Em vez de soro dar-me, elle me passa appenas uma pillula, que engulo depressa, com receio de cuspil-a, mas surte tal effeito, que dalli eu saio saltitante de alegria, sem minimos symptomas do que tive.

(2)

Mal posso accreditar! Eu quasi morro mas basta aquelle simples comprimido e ter daquelle medico o conselho, que espero uns annos mais para que viva sem medo doutro virus tão nefando! Mas não me receitou, esse sabido doutor, o tal remedio, qual o que! Segredo quer o gajo, por seu lado, manter? Ora, mas isso não tem graça! Preciso descobrir si effeito nullo teria tal placebo, ou si tranquilla será sua funcção. Ja percorri pharmacias, drogarias, mas um dia descubro por que disso o doutor vive.

112

TRABALHADORES DO SEXO (1/2) [8104]

(1)

{Agora, Glauco, um soropositivo não mais transmitte a peste! Cê sabia? Fiquei sabendo: os medicos agora suggerem uma pillula que evita do virus transmissão pralgum parceiro. Disseram que é melhor a camisinha, mas sabe-se que poucos utilizam. Por isso, você, Glauco, que é sozinho, ja pode contractar o seu michê, que, como toda puta, todo trans, trabalha mais seguro. Ja pensou? Você não se enthusiasma, não celebra?}

(2)

-- Nem tanto. Tão sozinho ja não vivo nem tenho, sem visão, tanta phobia. Entendo por que tanto commemora a classe prostituta que cê cita. Mas nunca recorri, não, por dinheiro, a algum garoto, desses que, na linha villan, fazem programma. Não me pisam do jeito que eu queria. Nem me allinho à pillula, pois, como bem você conhesce, pés eu lambo. São, pois, vans p’ra mim taes discussões. Não, não estou ligando. O galho a gente sempre quebra.

113

INFINITILHO DO GATTILHO (1/2) [8146]

(1)

{A coisa muito simples se affigura, Glaucão! Epidemia? Virus novo? Perigo social? É simples, mano! Que imponham um gattilho radical no plano collectivo: quem vier tossindo, perdigotos expirrando, nariz entupidão, mesmo um pigarro, seria promptamente eliminado! Recolhe-se esse gajo, uma lethal substancia se lhe injecta, alguem o crema... E então? Foi um a menos! Não concorda, poeta? Ah, ja sei! Isso lhe paresce cruel e deshumano! Não é mesmo?}

(2)

-- Paresce, sim. Um caso de tortura será considerado. Nenhum povo subjeita-se com esse deshumano recurso. Só seria natural tal coisa si quem soffra de qualquer doença assim for cego. Figurando estou um sanatorio bem bizarro no qual são confinados como gado os cegos com suspeita da grippal doença. Si excapparem do problema, serão approveitados pela horda nazista como servos. Quem fizesse boquette bem, vivia, mesmo a esmo...

114

ODE AO DIABETICO (1/13) [8184]

(1)

Não basta a glycemia que tu meças. Tambem os triglycerides tu deves olhar. E medições do typo dessas.

(2)

Não basta dos assucares mais leves privar teu torturado paladar. De fome tu farás mil outras greves.

(3)

Não basta que tu fiques sem manjar de coco com ameixa preta. Vaes sem gnocchi com almondegas ficar.

(4)

Não basta que não bebas as banaes gazosas: sodas, cocas, guaranás. Nem vinho poderás beber jamais.

(5)

Não basta ja sem bollos que tu vas ficar. Sem pães tambem, nessa dieta, terás que ficar. Fome passarás.

(6)

Não basta que tu passes fome. Veta teu medico que peses o que ja pesaste e te imporá mais uma meta.

(7)

Não basta que teu musculo, si está ja fino, se dilua até sumir. Remedio tomarás que dores dá.

115

(8)

Não basta que te tornes um fakir de magro. Que contraias pneumonia tambem tu necessitas assumir.

(9)

Não basta que te internes numa fria e pobre enfermaria. Tua sorte peor vae se tornando, dia a dia.

(10)

Não basta que ja proximo da morte estejas, pois dor outra vaes soffrer: a dor na consciencia, aguda, forte.

(11)

Não basta que te prives do prazer. Terás que concluir que inutil era aquillo que tomaste por dever.

(12)

Não basta concluir que essa severa dieta peorou a qualidade da tua vida. Assim, um pouco espera!

(13)

Não era preferivel, alguem ha de dizer, correres risco mas, às pressas, fartar-te de comer o que te aggrade?

116

ODE À INSOMNIA (1/12) [8185]

(1)

Ao velho therapeuta alguem indaga: “Doutor, estou sem somno! Que eu devia tomar para dar cabo dessa praga?”

(2)

Com riso de cabivel ironia, àquella debil, timida pergunta o Flavio Gikovate respondia:

(3)

“Não tome nada. Tanta coisa juncta ja temos, precisando duma droga... Ainda de mais uma a gente assumpta?”

(4)

“Nem droga, nem bebida, siquer yoga. Não dorme? Pois não durma! A gente pega no somno quando, exhausto, o corpo roga...”

(5)

Eu era preoccupado, na refrega travada contra a tragica vigilia, com essa privação, na phase cega.

(6)

Ouvindo o Gikovate, ja não pilha meus nervos o temor de, não em claro, porem no breu, soffrer nesta armadilha.

(7)

Agora, ja mais calmo, bem reparo que nunca de seis horas precisei, pois tiro meu cochilo, mesmo raro.

117

(8)

Depois do almosso, às vezes. Não é lei. Às vezes à tardinha. Posso até dormir na madrugada. Até sonhei.

(9)

Sonhei, quasi morgando, com um pé pisando em minha cara, de repente. Nem sempre nosso sonho tão mau é.

(10)

Sonhar que vejo cores é frequente. Difficil é voltar às trevas, quando accordo numa noite triste e quente.

(11)

Insomne, estou tranquillo. Vou levando a vida assim, usando o tempo para fallar dum outro thema, mais nefando.

(12)

Um somno mais profundo se compara à morte. Quando a lyra assim divaga, decide insomne e viva ser. Tomara!

118

RHAPSODIA TOSHIANA (1/2) [8398]

(1)

{Ah, Glauco! Ja fallei! Sem brincadeira! Cigarro, sim, faz mal! Mas a maconha faz bem, até glaucoma cura, cara! Duvida? Canta Peter Tosh um hymno à legalização do baseado! Não fosse a concorrencia do mercado das drogas pharmaceuticas, a nossa benefica canabis poderia curar todos os males! Pelo menos é muito mais gostosa de cheirar!}

(2)

-- Chulé faz bem, tambem, para a cegueira dum gajo que jamais teve vergonha de, em verso, bem fallar da tara rara. Tampouco duvidei que, dum menino de rua, a chulepenta sola achado será da medicina si provado ficar que meu prazer preencher possa. Quem sabe, mais podolatras, por via oral, nos seus pulmões teriam plenos effeitos? Não me canso de testar...

119

DECRESCENTE SAUDOSISMO (1/3) [8487]

(1)

Terá dos comprimidos a chartella algum poder, alem daquelle effeito constante sobre a chronica sequela do quadro diabetico? Suspeito eu, credulo, que tenha. Vejo nella um practico chronometro e proveito tirando venho disso que revela.

(2)

Explica-se: a dosagem que eu acceito tomar diariamente é que me dá noção de como o tempo mais estreito ficando vae da vida que se está findando, e mais da morte perto o leito. Aos poucos, dia a dia, restará menor exspectativa de direito.

(3) A menos uma pillula, no cha da tarde, no jantar, e menos bella percebo uma canção que, para la da porta, ao longe escuto ou, da janella, a viva cor das flores quando ja começa a primavera, pois me gela, ainda, a dor lombar da noite má.

120

NOBEL DE CHYMICA [8607]

Qual nova ferramenta de catalyse alguem numa molecula applicou? Será que faz sentido que um Nobel de chymica premie essas cabeças pensantes de poetas da materia? Quem é que phantasia mais? O frio e experto scientista, a quem compete um premio desse typo, ou o febril e insomne menestrel, que em paixões arde? A chymica amorosa, acho, talvez meresça algum trophéu, alem do orgasmo.

121

DESQUALIDADE DE VIDA [9125]

Agora, quando morre de mal subito alguem, dizem os medicos: “Seria possivel evitar aquella morte, si exames se fizessem, si remedios tomasse essa pessoa, si exercicios constantes practicasse, si comesse appenas alimentos mais saudaveis...”

E coisas mais do typo. Todavia, si mesmo tal regime ella seguindo à risca, fosse victima de subito collapso, um hospital a manteria soffrendo numa cama, toda cheia de tubos pelas ventas, na agonia.

Pergunto: Mas não era preferivel morrer de morte subita, depois de ter approveitado bem a vida, comendo o que é gostoso, não aquillo que sempre foi ruim para cachorro? Então! Antigamente se morria assim, sem tantos pharmacos e medicos.

122
SUMMARIO DISSONNETTO CURANDEIRO [0055].................. 9 DISSONNETTO PEÇONHENTO [0115]................. 10 DISSONNETTO DA MONSTRUOSIDADE [0747].......... 11 DISSONNETTO AMBULATORIAL [0885]............... 12 DISSONNETTO LABORATORIAL [0886]............... 13 DISSONNETTO ILLEGAL [0916].................... 14 DISSONNETTO CUTANEO VIA ORAL [0927]........... 15 DISSONNETTO DA SEGUNDA VIA ORAL [1114]........ 17 DISSONNETTO DO SANCTO REMEDIO [1236].......... 18 DISSONNETTO DO FUMANTE PASSIVO [1413]......... 19 DISSONNETTO DA VELHA MESMICE [1432]........... 20 DISSONNETTO PARA UMA CONGA [1733]............. 21 DISSONNETTO PARA UMA CASTA SENHORA [1745]..... 22 DISSONNETTO PARA UMA MENINA DOENTE [1755]..... 23 DISSONNETTO PARA UM DENTE DOLORIDO [1756]..... 24 DISSONNETTO PARA UM ESTADO GRIPPAL [1757]..... 25 DISSONNETTO PARA A MORINGA QUENTE [1758]...... 26 DISSONNETTO PARA UMA SYNDROME DE ABSTINENCIA [1759] . 27 DISSONNETTO PARA UM LEITÃO À PURURUCA [2050].. 28 DISSONNETTO PARA UM PERIPAQUE SEM DESTAQUE [2099] .. 29 DISSONNETTO PARA CADA COISA FORA DO LOGAR [2182] .. 30 DISSONNETTO PARA UM AGGRAVAMENTO DO QUADRO [2673] . 31 IMPUNIDADE E CREDULIDADE [3149]............... 32 BRONCHIOS BRONQUEADOS [3172].................. 33 CHA DE FRIGIDEIRA [3177]...................... 34 PONCTA QUE AMMEDRONTA [3351].................. 35 HERVA ESSENCIAL [3398]........................ 36 SENSUAL COMMERCIAL (1) [3477]................. 37 ALLIVIO IMMEDIATO [3479]...................... 38 ETERNO RETORNO (1) [3561]..................... 39 NO FRIGIR DOS OVOS (1) [3586]................. 40 ERECÇÃO HOSPITALAR [3950]..................... 41 O PHANTASMA CAMARADA [4032]................... 42 PLACEBO PARA MANCEBOS [4051].................. 43 DOSE DUPLA (1/2) [4569/4570].................. 44
HALITOSE EM DUPLA DOSE [4669]................. 45 VICIO CIRCULAR [4762]......................... 46 RENDENDO GRAÇAS [4798]........................ 47 ORA, PILLULAS! [4890]......................... 48 INNOCUA PRESCRIPÇÃO [4897].................... 49 ONUS DO ANUS [4909]........................... 50 PHARMACOPÉA MILAGROSA [4915].................. 51 MACHO INVOCADO [4928]......................... 52 JURAMENTO HYPOCRITA [5010].................... 53 PROMPTO SOCCORRO [5017]....................... 54 ALLARME CONTRA O CHARME [5019]................ 55 OLHO CLINICO (1) [5026]....................... 56 BROCHANTES IMPLANTES [5037]................... 57 COLORIDA LICOREIRA [5060]..................... 58 BOCCA DO POVO [5290].......................... 59 DISSONNETTO DUNS CRYSTAES DE SAL GROSSO [5488] .. 60 PHILTRO FILTRADO [5514]....................... 61 FUMO SEM RHUMO [5553]......................... 62 DIA DO DIABETICO [5644]....................... 63 JURURU COM PIRIRY [5652]...................... 64 MYSTICO DIAGNOSTICO [5653].................... 65 INDUSTRIA PHARMACEUTICA [5721]................ 66 NARCISICA PHTHISICA [5722].................... 67 GULA SEM BULLA [5727]......................... 68 ALGO A MAIS [5754]............................ 69 ALTERNATIVAS MEDICINAES [5762]................ 70 DIETAS IDIOTAS [5775]......................... 71 CHAGA AZIAGA [5855]........................... 72 PENSANDO E DESCOMPENSANDO [5954].............. 73 MISCELLANEA BUCCAL [5986]..................... 74 MISCELLANEA CATARRHAL [5987].................. 75 MISCELLANEA GRIPPAL [5993].................... 76 MEME DA PEDREIRA [5995]....................... 77 MISCELLANEA DA CONSTIPADA [6036].............. 78 MEME DA INJECÇÃO [6107]....................... 79 MEME DA MANIPULAÇÃO [6110].................... 80 HASHTAG QUEM É DE ESQUERDA TOMA [6179]........ 81 HYDROXYCHLOROQUINA [6197]..................... 82
FUMANTE INCOMPASSIVO [6204]................... 83 COBERTOR [6233]............................... 84 ANTICORPOS [6235]............................. 85 CONTRACEPÇÃO [6258]........................... 86 OZONIZANDO [6403]............................. 87 FADA RENADEGADA [6479]........................ 88 SEDENTARIO VOLUNTARIO [6513].................. 89 PRURIDO NA LIBIDO [6534]...................... 90 INEFFICACIA DA PHARMACIA [6678]............... 91 NITAZOXANIDA [6732]........................... 92 PROCEDIMENTO ESTHETICO [6741]................. 93 MENSAGEM DA LINGUAGEM [6779].................. 94 JUSTO CUSTO BENEFICIO [6789].................. 95 PREOCCUPANTE IMMUNIZANTE [6874]............... 96 QUEM NÃO FOR PRECOCE QUE SE COCE! [6887]...... 97 BENZA ZEUS! [6893]............................ 98 PICCADA COMMENTADA [6928]..................... 99 EFFEITO PLACEBO [7063]....................... 100 CRYPTOCOCCO [7120]........................... 101 OXYURO [7140]................................ 102 GORDURA OU SOLTURA [7188].................... 103 PLACEBO QUE RECEBO [7204].................... 104 MADRIGAL MENTAL (1/2) [7791]................. 105 AFFLICTO MOSQUITO (1/2) [8033]............... 106 AUTOCOMPLACENTE PLACEBO (1/3) [8034]......... 107 GASTRICA GASTURA (1/2) [8036]................ 108 DOPANTE INHALANTE (1/2) [8045]............... 109 USO ADULTO (1/2) [8053]...................... 110 DESUSO CONTINUO (1/2) [8087]................. 111 INFINITILHO DA PASTILHA (1/2) [8097]......... 112 TRABALHADORES DO SEXO (1/2) [8104]........... 113 INFINITILHO DO GATTILHO (1/2) [8146]......... 114 ODE AO DIABETICO (1/13) [8184]............... 115 ODE À INSOMNIA (1/12) [8185]................. 117 RHAPSODIA TOSHIANA (1/2) [8398].............. 119 DECRESCENTE SAUDOSISMO (1/3) [8487].......... 120 NOBEL DE CHYMICA [8607]...................... 121 DESQUALIDADE DE VIDA [9125].................. 122
São Paulo Casa de Ferreiro 2023

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DESQUALIDADE DE VIDA [9125]

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DECRESCENTE SAUDOSISMO (1/3) [8487]

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RHAPSODIA TOSHIANA (1/2) [8398]

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INFINITILHO DO GATTILHO (1/2) [8146]

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TRABALHADORES DO SEXO (1/2) [8104]

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INFINITILHO DA PASTILHA (1/2) [8097]

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DESUSO CONTINUO (1/2) [8087]

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USO ADULTO (1/2) [8053]

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DOPANTE INHALANTE (1/2) [8045]

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GASTRICA GASTURA (1/2) [8036]

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AUTOCOMPLACENTE PLACEBO (1/3) [8034]

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AFFLICTO MOSQUITO (1/2) [8033]

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MADRIGAL MENTAL (1/2) [7791]

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CRYPTOCOCCO [7120]

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pages 101-102

EFFEITO PLACEBO [7063]

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PICCADA COMMENTADA [6928]

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PREOCCUPANTE IMMUNIZANTE [6874]

1min
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JUSTO CUSTO BENEFICIO [6789]

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SEDENTARIO VOLUNTARIO [6513]

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CONTRACEPÇÃO [6258]

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ANTICORPOS [6235]

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FUMANTE INCOMPASSIVO [6204]

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MEME DA INJECÇÃO [6107]

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MISCELLANEA DA CONSTIPADA [6036]

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MISCELLANEA GRIPPAL [5993]

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MISCELLANEA CATARRHAL [5987]

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PENSANDO E DESCOMPENSANDO [5954]

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JURURU COM PIRIRY [5652]

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DIA DO DIABETICO [5644]

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BROCHANTES IMPLANTES [5037]

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OLHO CLINICO (1) [5026]

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JURAMENTO HYPOCRITA [5010]

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MACHO INVOCADO [4928]

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PHARMACOPÉA MILAGROSA [4915]

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ONUS DO ANUS [4909]

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DOSE DUPLA (1/2) [4569/4570]

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O PHANTASMA CAMARADA [4032]

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HERVA ESSENCIAL [3398]

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PONCTA QUE AMMEDRONTA [3351]

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CHA DE FRIGIDEIRA [3177]

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BRONCHIOS BRONQUEADOS [3172]

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IMPUNIDADE E CREDULIDADE [3149]

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DISSONNETTO PARA CADA COISA FORA DO LOGAR [2182]

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DISSONNETTO PARA UM LEITÃO À PURURUCA [2050]

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DISSONNETTO PARA UMA SYNDROME DE ABSTINENCIA [1759]

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DISSONNETTO PARA A MORINGA QUENTE [1758]

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DISSONNETTO PARA UM ESTADO GRIPPAL [1757]

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DISSONNETTO PARA UM DENTE DOLORIDO [1756]

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DISSONNETTO PARA UMA MENINA DOENTE [1755]

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DISSONNETTO PARA UMA CASTA SENHORA [1745]

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DISSONNETTO PARA UMA CONGA [1733]

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DISSONNETTO DA VELHA MESMICE [1432]

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DISSONNETTO DO FUMANTE PASSIVO [1413]

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DISSONNETTO DO SANCTO REMEDIO [1236]

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DISSONNETTO DA SEGUNDA VIA ORAL [1114]

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DISSONNETTO DO PURGANTE ELEGANTE [1108]

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DISSONNETTO CUTANEO VIA ORAL [0927]

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