MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO

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A TURMA QUE BATIA LATINHA

MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO a resistência nas ruas

JANAINA ROCHA, MIRELLA DOMENICH E PATRICIA CASSEANO*

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por difundir o break no país. O cabelo estilo black power e o andar robótico são marcas de Nelsão, como é conhecido. No início da década de 1980, quando veio viver na capital paulista, seu comportamento causava estranhamento pelas ruas do centro da cidade. Muitas pessoas não entendiam o motivo pelo qual um homem alto e esguio caminhava com passos duros que, ao mesmo tempo em que eram pesados e marcados, levavam com eles a agilidade e a leveza da música. NELSON TRIUNFO, MÚSICO E PROMOTOR DE FESTAS E BAILES PARA JOVENS NEGROS. ©JUVENAL PEREIRA

*AUTORES DO LIVRO HIP HOP – A PERIFERIA GRITA. SÃO PAULO: EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 2001, P. 45-55.

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O

hip hop demarcou outros pontos de encontros da juventude negra. Tudo começou com a turma que batia latinha e dançava break no centro da cidade de São Paulo. O fenômeno do rap no final dos anos 1990, deixou uma falsa impressão. Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, o hip hop não chegou ao Brasil por meio da música, mas pela break dance. O b.boy Nelson Triunfo, 45 anos, foi um dos responsáveis

Desde a infância, no município de Triunfo (PE), Nelsão conta que já praticava o break “sem saber”. “Eu dançava soul, e, como o hip hop tem sua origem no próprio soul, dançar break foi apenas um passo para mim”, diz ele. “Percebia que algumas batidas nas músicas estavam mudando, e que os clipes que chegavam ao Brasil traziam novos passos. Eu já dançava como robô, mas não sabia que isso era parte do break. Depois que descobri, foi só me aperfeiçoar”,

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