CAPÍTULO 2
O Cão Negro aparece e desaparece
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Pouco tempo depois aconteceu o primeiro dos estranhos eventos que nos livrariam do capitão, mas não dos seus negócios. Era um inverno muito frio e severo. Meu pai estava cada vez pior, e minha mãe e eu tínhamos que tomar conta dele e de toda a estalagem sem nenhuma ajuda. Por isso não tínhamos tempo para dar atenção ao nosso hóspede desagradável. Era uma manhã de frio cortante, a enseada toda cinzenta de geada, a ondulação quebrando suavemente nas pedras, o sol ainda baixo, apenas tocando o topo das colinas e brilhando ao longe no mar. O capitão tinha se levantado mais cedo que o habitual e descido para a praia, com a luneta de latão debaixo do braço e o chapéu inclinado para trás na cabeça. Minha mãe estava no andar de cima com meu pai, e eu punha a mesa do café da manhã antes da volta do capitão, quando a porta do salão se abriu, e entrou um desconhecido. Era sebento e pálido, e lhe faltavam dois dedos na mão esquerda. Trazia um sabre na cintura, mas não parecia ser um