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771982
ISSN 1982-9469
00115
R$ 14,90
ABRIL 2018 N.115
DECOLAGEM AUTORIZADA Político que mais tempo ficou no Palácio dos Bandeirantes, geraldo alckmin se lança na corrida presidencial falando em união, fake news e responsabilidade fiscal
NA DIANTEIRA ELIANE DIAS,
a advogada e militante negra que contraria a estatística
AMETISTA
Para o jornalista do The New York Times THOMAS FRIEDMAN, o futuro do trabalho e da sociedade é feliz – ou quase isso E MAIS
Empresas sem sede; motos supertecnológicas que só faltam voar; os livros de cabeceira de FERNANDA TORRES e o que rolou no almoço de dez anos de PODER
ESTICA E PUXA RINCON SAPIÊNCIA,
um rapper mais que elegante
poder
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Incorporação:
Construção:
I
S E R E N O A LT O D E P I N H E I R O S . C O M . B R
Participação:
O projeto poderá sofrer modificações a critério da incorporadora. Incorporação Imobiliária registrada no 10o cartório oficial de registro de imóveis de São Paulo-SP, sob o RI no 4 na matrícula 146.788, em 2 de janeiro de 2018. O imóvel será entregue em conformidade com o memorial descritivo anexo ao contrato. Demais elencados nesta planta são sugestões do arquiteto não incluídos no preço de venda, de execução opcional pelo cliente. As imanges contidas neste catálogo são ilustrativas, não integrando o preço dos imóveis.
FOTO PEDRO DIMITROW
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SUMÁRIO 8 10 16
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EDITORIAL COLUNA DA JOYCE O MUNDO SEGUNDO ALCKMIN
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Trabalho, autoridade e pressa norteiam Alckmin em sua segunda corrida presidencial
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Um papo com a incansável Eliane Dias: advogada, ativista e produtora cultural
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SEM ENDEREÇO A nova moda corporativa
58 60 62
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CANTO DE PODER
No trabalho, Soraya Corona não abre mão de ter flores e fotos da família 38
AMADORA, SIM SENHORA
Denise Aguiar há 30 anos à frente da Fundação Bradesco 40
FUTURO, PRESENTE
As reflexões de Thomas Friedman sobre a era da velocidade
10 ANOS DE PODER
Poderosos no almoço para celebrar uma década da revista
ALMOÇO DE PODER
é não ter escritório fixo
O FINO DA BOSSA
Todo estilo e talento de Rincon Sapiência
JOGO DE CENA
Relembrar a obra multifacetada de Fauzi Arap é pura poesia PODER VIAJA É DE PODER O AMANHÃ VEM DE MOTO
Os modelos mais futuristas sobre duas – ou três – rodas 66 70 72 76 77 78 79 80
COZINHA DE PODER HIGH-TECH CULTURA INC. ESTANTE UNIVERSO PARTICULAR POLE POSITION CARTAS ÚLTIMA PÁGINA
GERALDO ALCKMIN POR ROBERTO SETTON
NA REDE: /Poder.JoycePascowitch @revistapoder @revista_poder
PODER JOYCE PASCOWITCH
DIRETORA-GERAL JOYCE PASCOWITCH joyce@glamurama.com
EDITOR Dado Abreu
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REPORTAGEM Fábio Dutra
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PODER EDITORIAL
P
oder é o substantivo abstrato mais concreto que existe. Coisas muito claras, distintas e reais acontecem com a pessoa que dele se cerca – ou, melhor dizendo, com a pessoa que é cercada por ele. Como o ex-governador Geraldo Alckmin, anestesista, como ele gosta de dizer, que entrou na carreira política meio por acaso. Se é mesmo assim, gostou tanto que já não sabe como sair. Recebeu votações massivas para se eleger vereador e depois prefeito de Pindamonhangaba, e não foi casual, portanto, ter se tornado vice de Mário Covas. Com a morte do então governador, Alckmin jamais esteve desconfortável no Palácio dos Bandeirantes, que ele agora desocupa para concorrer à Presidência da República. Ele e a ex-primeira-dama Lu Alckmin receberam a PODER na sede do Executivo paulista, onde seus netos correm pelos corredores e se atiram das cadeiras – já que a ala residencial fica pertinho do gabinete do governador. Embora ainda à frente do estado, foi a persona candidato que deu as caras na nossa entrevista. Alckmin citou JK, diz que irá pregar a “união nacional”, exibiu números de responsabilidade fiscal e de diminuição de violência. Mostrou um figurino 100% político. Aliás, outro figurino também 100% – só que de determinação – é mesmo o da advogada Eliane Dias, entrevistada do Almoço de PODER. Se Eliane não corresse atrás, não conseguiria ter virado quem virou. Teve um nascimento e uma infância muito difíceis, mas não só se formou em Direito como virou voz poderosa das causas feministas. De quebra, é agora empresária do marido, o mais famoso rapper do Brasil, Mano Brown. E por falar nisso, tem mais rap por aqui: Rincon Sapiência ficou perfeito no nosso ensaio do mês, vestindo Ricardo Almeida – nada surpreendente para alguém que já falava na sua canção mais famosa, “Elegância”: “Preto bem trajado, elegante e charmoso / pago pouco pelos panos, mais sou vaidoso”. O espaço está acabando e há muito ainda a ler por aqui: a nova onda das empresas sem QG, o futuro incerto do trabalho e da vida em sociedade – segundo o jornalista do New York Times Thomas Friedman – e uma seleção de motos tecnológicas. Ah, tem também o teatro total de Fauzi Arap. PODER é isso.
G L A M URAM A . C O M
BOTA FOGO
MULHER MARAVILHA
A EY subiu o sarrafo na questão do combate ao machismo e implementação da equidade de gênero no C-level (como é chamado o primeiro escalão das grandes empresas): a liderança global de um dos setores mais Clube do Bolinha em todo mundo, impostos, é exercida por uma mulher, KATE BARTON. Em recente visita ao Brasil, recebida por outra mulher de sucesso, Tatiana da Ponte, líder desse setor da EY Brasil, ela ressaltou a importância de dar espaço a elas para aumentar, inclusive, o resultado da empresa. Recente estudo divulgado pela EY, intitulado Women in Industry, mostra que a diversidade de gêneros nas tomadas de decisões pode gerar bilhões à economia. Kate ainda comentou sobre o sistema tributário brasileiro, “o mais complexo do mundo”. “Além de complicado, tem um moderno sistemas de controle, com tecnologia de ponta, o que exige cada vez mais dos nossos profissionais”, disse.
10 PODER JOYCE PASCOWITCH
ALÔ, EMERGÊNCIA?
Chamadas para o 911 revelaram inusitados acidentes na nova sede da Apple, em Cupertino, Califórnia. Os casos não são exatamente graves, mas habituais: pelo menos três funcionários atravessaram as paredes de vidro sem perceber enquanto caminhavam pelos escritórios da companhia. Oficiais da área da construção da cidade já haviam alertado que isso poderia acontecer no moderno Apple Park, que custou mais de US$ 5 bilhões.
FOTOS ISTOCKPHOTO.COM; GETTY IMAGES; BRUNA GUERRA; ROBERTO SETTON
Uma nova tática está sendo usada pelos personagens envolvidos na Lava Jato e em outras operações. Quando eles querem se desvencilhar de aparatos eletrônicos, como notebooks e celulares, não os jogam mais no mar, como alguns vinham fazendo na Baía de Guanabara ou até mesmo em Miami. A moda agora é botar fogo nos apetrechos. Literalmente queimá-los.
TUDO NATURAL
GUILHERME LEAL, fundador e um dos donos da Natura, é o mais novo vegetariano
da praça. Ele resolveu, digamos, levar para a mesa o nome da companhia e cortou de vez as carnes do cardápio. A iniciativa até que é coerente. Afinal, a fabricante de cosméticos se destaca no mercado por suas ações sustentáveis.
ESCALA PROLONGADA
O pedido para aumentar de US$ 500 para US$ 900 a cota máxima liberada para compras em free shops do Brasil está parado na Receita Federal há dois anos. Concessionárias e associações de lojistas defendem que a mudança poderia significar mais recursos aos cofres públicos, oriundos de impostos, e novos benefícios ao consumidor. A atual cota está em vigor há cerca de 25 anos. Em conversa com as associações, o presidente Michel Temer demonstrou simpatia pelo pleito.
CANARINHOS
CLIENTE PET TEM SEMPRE RAZÃO
O presidente do conselho do Bradesco LUIZ CARLOS TRABUCO CAPPI tem levado a namorada a vários eventos corporativos do banco. No mês passado, ele e a empresária LUCÍLIA DINIZ marcaram presença até em um cocktail para gerentes do banco do país todo.
Por onde passa, SERGIO ZIMERMAN é o convidado mais badalado dos encontros. O motivo? Além de bom de papo, ele é dono da rede de megalojas de pet shops Petz. Não é exagero dizer que a maioria das pessoas com quem conversa faz parte da sua clientela. A rede fundada por ele está entre as dez com maior crescimento no número de lojas segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Tim-tim
Já virou até rotina. Quando são soltos depois de prisões temporárias em diversas operações da Polícia Federal, alguns empresários, políticos e banqueiros têm sido recebidos em casa com almoços festivos, com direito até a chefs de cozinha estrelados. Tudo isso para celebrar a reconquistada liberdade.
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NOVOS HORIZONTES
Em busca de novos mercados, a Trousseau, grife brasileira de produtos de cama, mesa, banho e acessórios, lança em maio um e-commerce internacional. A operação, com investimento de R$ 2,5 milhões, vai começar pelos Estados Unidos. O curioso é que os produtos serão, em média, 20% mais baratos em relação ao mercado brasileiro, por conta da diferença da carga tributária.
3 PERGUNTAS PARA... PAULA PASCHOAL, diretora-geral do PayPal, sobre segurança e tecnologia no modo de pagar as contas
OS BRASILEIROS EVITAM USAR A TECNOLOGIA POR MEDO DE FRAUDE?
Em geral, brasileiro gosta muito de tecnologia. Hoje há no país mais smartphones do que habitantes, a média per capita é acima de um. Mas quase sempre a preferência é para o uso de mídias sociais. O PayPal fez uma pesquisa no ano passado que mostra que ainda há uma resistência para fazer compras on-line, é o medo de fraude. Temos trabalhado muito forte, esse é um dos nossos principais pilares: mostrar que somos capazes de proteger tanto o vendedor quanto o consumidor. COMO É ASSUMIR UM CARGO DE LIDERANÇA DENTRO DE UMA EMPRESA DE TECNOLOGIA, UM MER-
COMO DIRETORA DE UMA EMPRESA DE PAGAMENTO ELETRÔNICO VOCÊ ANDA COM DINHEIRO VIVO NA CARTEIRA?
Nunca, isso é um problema. Eu não ando com dinheiro na carteira há muito tempo, antes mesmo de começar a trabalhar no PayPal. Quando gasto em dinheiro eu sinto muito mais ele indo embora. É um ponto psicológico. Às vezes quero dar uma caixinha, pagar alguma coisa que não aceita cartão e estou sempre rendida (risos). Mas vejo como um movimento natural, a gente pega alguns
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exemplos clássicos, como os táxis. Hoje, a grande maioria do pagamento do serviço já não acontece em papel-moeda e, ao olhar, dois, três anos atrás, era impossível pensar nesse cenário. Então, naturalmente esse movimento vem acontecendo. Existem países que já não imprimem papel-moeda, que estão mais avançados que o Brasil. Suécia e Dinamarca lideram o desuso do papel na Europa, mas isso é bem novo. Aqui, existe um projeto de lei que extinguiria a circulação de moedas e cédulas. Ainda está engatinhando, mas acho que esse é um olhar do futuro.
É um grande desafio, não vou falar que é fácil, mas eu também posso dizer que é muito gratificante conseguir liderar e, com esse exemplo, mostrar para outras mulheres que é possível conciliar vida pessoal e profissional, mesmo em um cargo de liderança. Aqui dentro do PayPal a gente busca muito a diversidade. Essa busca acontece por um motivo óbvio: cabeças que pensam diferente quando se juntam em busca de um objetivo criam soluções mais criativas, democráticas, eficientes. Esse valor é muito forte e presente.
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EM ABRIL, A MULHER E O HOMEM DE PODER VÃO... • Navegar pela Rio Boat Show, o maior salão náutico outdoor da América Latina, entre os dias 14 e 22 de abril, na Marina da Glória • Assistir a Ex-Pajé, longa escrito e dirigido por Luiz Bolognesi que recebeu o prêmio especial do Júri Oficial de Documentários da Mostra Panorama, no Festival de Berlim. Em exibição a partir de 26 de abril
• Aplaudir o show da Diana Krall. A pianista e diva do jazz se apresenta em Porto Alegre (24/4), Curitiba (26/4) e São Paulo (28 e 29/4)
• Visitar a mostra de Emanoel Araújo, no Masp. São cerca de 70 obras, de diferentes períodos da carreira do artista, incluindo gravuras e esculturas. África-Brasil fica em cartaz até 3 de junho
• Programar-se para a Volta ao Mundo da Crystal Cruises, prevista para acontecer nos primeiros meses de 2020. No roteiro, 105 dias em uma viagem que passará por 47 cidades em 23 países • Correr a Maratona de Montevidéu, no Uruguai, e percorrer as ruas de uma das cidades mais agradáveis da América do Sul. Para quem não tem pulmão para completar os 42 km do trajeto completo, é possível competir no percurso de 21 km. Dia 15 • Emocionar-se com o Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade, lançado originalmente em 1927. Tanto pela dimensão visual – com projeto gráfico de Tarsila do Amaral – quanto pelo conteúdo revolucionário • Sentar no balcão do 69 Colebrooke Row, em Londres, e torcer para encontrar o bartender Tony Conigliaro, uma unanimidade da coquetelaria
• Comemorar a chegada da primavera em Nova York, melhor época do ano para aproveitar a cidade, com a Festa das Cerejeiras no Brooklyn Botanic Garden • Ler a obra de Torquato Neto na antologia Melhores Poemas, uma seleção de Cláudio Portella
O vultoso patrimônio de ROGER AGNELLI, ex-presidente da Vale morto junto com toda sua família – incluindo filhos, genro, nora e sua mulher, Andrea – em um trágico acidente com seu avião particular, virou motivo de uma guerra daquelas. As famílias, dele e dela, não se entendem, com acusações de lado a lado de saque aos bens do inventário. A mais recente acusação partiu dos irmãos de Roger: eles sustentam que os parentes de Andrea teriam acessado o cofre da casa em que o casal morava e levado todas as muitas joias que ela guardava lá.
com reportagem de fábio dutra e aline vessoni 14 PODER JOYCE PASCOWITCH
FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO
KRAMER VS KRAMER
O FUTURO É AGORA Em Pantera Negra, sucesso de bilheteria da Marvel nos cinemas, o super-herói rei de Wakanda, T’Challa, participa de uma perseguição em alta velocidade surfando no teto de um superesportivo LEXUS LC 500. A cena, uma das mais empolgantes do longa, mostra o equilíbrio entre homem e máquina e ressalta a principal visão da montadora japonesa: transformar o comum em extraordinário. O papel de destaque do cupê de luxo nas telonas não foi acidental. A história da Lexus foi construída baseada em tecnologia imaginativa, design elegante, qualidade e desempenho superiores. Agora, somado ao novo slogan da marca, Experience Amazing, a montadora vai além e antecipa o futuro promovendo um estilo de vida baseado em experiências incríveis e na busca por perfeição.
Essa mudança cultural ocorre em outros dois projetos de alta tecnologia: o Sport Yacht Concept, um iate de luxo desenvolvido pelos engenheiros da empresa, os chamados takumis, e o Skyjet, veículo espacial projetado em parceria com os Estúdios EuropaCorp. para estrelar o filme Valerian e a Cidade dos Mil Planetas. No Brasil desde 2012, a Lexus, a divisão de veículos de luxo da Toyota, iniciou nos últimos meses uma nova fase em sua trajetória no mercado nacional com ações que envolvem a expansão da sua rede de concessionários e a introdução de novos planos de financiamentos e serviços aos clientes, o Lexus Privilege. No portfólio comercializado por aqui estão os tecnológicos LS 500h, ES 350, NX 300, RX 350 e CT 200h. LEXUS.COM.BR
PODER INDICA
LOCOMOTIVA
O MUNDO SEGUNDO
ALCKMIN
Ex-governador de São Paulo se lança outra vez na corrida presidencial envergando valores muito paulistas: trabalho, autoridade, eficiência, assertividade, pressa e uma certa teimosia por fábio dutra e paulo vieira fotos roberto setton
A
o trocar o Palácio dos Bandeirantes por seu apartamento de cerca de 100 metros quadrados na zona sul de São Paulo, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deixa para trás a mobília pesada e o conjunto algo irregular de quadros acadêmicos e modernistas, parte de um acervo de arte de que foi íntimo. Mas se sai do Bandeirantes, o Bandeirantes não sai de Alckmin. Inquilino mais longevo da história do palácio, onde ficou por mais de 12 anos em quatro mandatos – fora os quase sete em que ali deu expediente como vice de Mário Covas –, o ex-governador ostenta valores que se confundem com a mitologia paulista: responsabilidade, autoridade, trabalho, pujança, eficiência, assertividade, pressa – e um orgulho quase infantil de se considerar portador de tudo isso. O mundo de Alckmin é 100% São Paulo, mas para ter chances de vitória na eleição presidencial, pleito
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em que se lança pela segunda vez na vida, é provável que precise incorporar novos ativos ao portfólio. Seu governo é avaliado pelos paulistas de maneira apenas regular, um downgrade em relação à média dos últimos sete anos, e nas pesquisas patina hoje com cerca de 7% das intenções de voto, bem atrás do deputado Jair Bolsonaro. Para piorar, o campo político em que Alckmin se situa, de centro, está congestionado. É verdade que as candidaturas só serão oficializadas no começo de agosto e até lá seu principal oponente, o ex-presidente Lula, deverá ter, preso ou não, limitada sua capacidade de transferir votos. Foi contra Lula, aliás, que Alckmin disputou o segundo turno da eleição presidencial de 2006. Criticado por esconder na propaganda política o principal nome de seu partido à época, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e lutando para apagar a imagem que lhe foi pespegada na campanha, a de privatista – ou entreguista –, Alckmin naufragou, alcançando o prodí-
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“Quem for eleito vai ter mais de 60 milhões de votos, a legitimidade é muito grande. O início de um novo governo é a hora de aprovar as medidas que demandam emendas constitucionais” gio inédito na história eleitoral brasileira de ter menos votos no segundo turno do que no primeiro. Considerado por seu “inner circle” como detalhista, a ponto de muitas vezes “enxergar a árvore, não a floresta”, o político recebeu a PODER na sala em que sempre despachou no Bandeirantes um dia após ter seu nome referendado pela Executiva Nacional do PSDB como candidato presidencial. À reportagem repetiu os números preocupantes do desemprego para marcar posição crítica em relação ao governo Temer – que seu partido apoia – e mostrou os mesmos gráficos que vem exibindo a outros jornalistas em inaugurações de fim de mandato. Nos diagramas, compara o desempenho de São Paulo com o Brasil em vetores como taxa de homicídios e responsabilidade fiscal. Também classificou de “fake news” discrepância apontada pelo jornal Folha de S.Paulo em seu discurso sobre a universalização das redes de esgoto nas cidades paulistas. Pelo andar da carruagem, irá usar a expressão da moda muitas vezes até outubro. A PODER ainda externou o desejo de, caso eleito, fazer logo em seu primeiro ano de mandato não uma, mas três reformas estruturantes: política (“a mãe de todas as reformas”), tributária e previdenciária. Vê-se que Alckmin tem pressa, algo que nem mesmo o voraz bandeirante Raposo Tavares, mito fundador do
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paulistanismo, parece ter na cena retratada pelo pintor acadêmico Theodoro Braga no gigantesco tríptico que orna a sala de despachos do governador de São Paulo. No rumoroso atentado à caravana de Lula no Paraná, o ex-governador foi excessivamente veloz ao dizer que o petista “colhia o que plantava”. Não demorou um dia para emendar o soneto, tuitando que “toda forma de violência tem que ser condenada”. O mundo de Alckmin é feito também de certa teimosia, em que as perguntas dos jornalistas são respondidas de maneira repetitiva, como se não passassem de mote para que o candidato possa declinar seu diagnóstico certeiro para o Brasil. Às vezes refuta, ou usa o expediente de chamar de fake news informações que embasam questões embaraçosas. Foi assim no Sábado de Aleluia, quando, ao inaugurar o ramal do trem que leva ao aeroporto de Cumbica, o político negou que a obra tivesse demorado 14 anos para ficar pronta, como apontaram os jornalistas presentes à cerimônia. Veja os principais trechos da entrevista. A HORA É ESSA “É um momento excepcional este que estamos vivendo, porque o PIB mundial deve crescer [em 2018] 3,9%, e o PIB dos países em desenvolvimento, de 6% a 7%. É um momento de grande liquidez internacional, e o país tem que crescer com sustentabilidade, não aquele crescimento cíclico, que você cai, cai, cai e daí dá uma subidinha.” O LEGADO E O DIAGNÓSTICO “A questão fiscal ainda não está resolvida, teve um déficit primário no ano passado de R$ 120 bilhões, em São Paulo tem 3 milhões de jovens na fila para aprendiz ou estagiário. O desemprego para o jovem é mais alto, então eu acho que se o país fizer as reformas, se tiver uma agenda de produtividade, de inserção internacional, dá para ter crescimento econômico sustentável. Mas há um grande risco de cairmos no populismo inconsequente. Quem paga a conta da irresponsabilidade fiscal não é o governante, é o povo, chegamos aí a mais de 12 milhões de desempregados.” REFORMA, REFORMA, REFORMA Quem for eleito vai ter mais de 60 milhões de votos, a legitimidade é muito grande. O início de um novo go-
PAZ DE CEMITÉRIO
Um dos índices preferidos de Alckmin em São Paulo é o da redução da taxa de homicídios, que era de 35 por 100 mil habitantes, em 2001, e caiu para menos de um quarto disso, em 2017, segundo dados oficiais. Mas as justificativas de praxe, como o investimento em inteligência policial, o combate sem tréguas às lideranças do crime etc., não são suficientes segundo especialistas. “A explicação para a redução dos homicídios é multifatorial, mas é preciso considerar o PCC nisso”, diz Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência, da USP. Para o pesquisador, o PCC, principal organização criminosa do Brasil, que tem em São Paulo seu grande balcão de negócios, é também responsável por uma certa “paz de cemitério” que ajuda a manter a violência em níveis menos escandalosos. A PODER Alckmin falou que facções criminosas formadas nas prisões vêm desde pelo menos os anos 1950 e que uma maneira de tentar resolver o problema é fazer um controle rígido do tráfico de armas e de drogas nas fronteiras.
Os netos do ex-governador brincam com o avô no gabinete, a passos da ala residencial do Bandeirantes
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Alckmin em seu gabinete do Bandeirantes, seu endereço atÊ abril. No porta-retrato, destaque para a foto do filho Thomaz, morto aos 31 anos em acidente de helicóptero
verno é a hora de aprovar as medidas que demandam emendas constitucionais [que são aprovadas com três quintos da Câmara]. Pretendemos logo no início apresentar a reforma política, que é a mãe das reformas, a reforma tributária [em que vamos] transformar cinco tributos (IPI, ICMS, ISS, PIS e Cofins) num único IVA (Imposto de Valor Agregado). Só a reforma tributária pode, em dez, 12 anos, gerar 1,5% do PIB; e [também vamos apresentar] a reforma previdenciária, para fazer justiça com o trabalhador de menor renda, que é quem, por meio dos impostos indiretos, financia os altos salários do setor público. Nosso tempo é o da mudança.” CANDIDATO DA PAZ “Queremos o apoio de toda a população, eu não vou fazer campanha contra A, B ou C, eu me inspiro no [ex-presidente] Juscelino Kubitschek quando ele dizia: ‘Percorrerei o Brasil de norte a sul pregando nas praças públicas a união nacional’. O povo está um pouco cansado de briga, quer que as coisas se resolvam, quer que o país avance.” O APOIO DO PSDB A TEMER “O PSDB participou do processo dentro das normas constitucionais do impeachment [de Dilma], portanto tinha responsabilidade com o governo Temer, apoiou e continuará apoiando todas as medidas de interesse do Brasil. Eu fui contrário à indicação de ministros, achei que nós deveríamos dar apoio parlamentar, hoje é comum nos temas parlamentaristas você apoiar um novo governo. Vemos de forma recorrente, na Espanha e agora na Alemanha, a dificuldade de formar gabinete. Não precisávamos indicar ministros, mas a posição do partido foi indicar, não tem problema. Acho que houve avanços, você tem um quadro melhor, a inflação reduziu, a economia começou a dar sinais de recuperação. Agora os grandes desafios vão ser feitos pelo novo governo, você precisa ter responsabilidade fiscal, tem de fazer o Brasil crescer, não é voluntarismo, é trabalho e perseverança, [precisamos] melhorar políticas públicas, segurança, saúde, educação e diminuir a desigualdade.” A DIFERENÇA DE 2006 “Acho que estou mais preparado, mais amadurecido. Quando eu era estudante de medicina fui fazer o Projeto Rondon, em Goiás, e num domingo eu e meus colegas fomos visitar Cora Coralina em Goiás Velho
“Queremos o apoio de toda a população, eu não vou fazer campanha contra A, B ou C, eu me inspiro no Juscelino. O povo está um pouco cansado de briga, quer que as coisas se resolvam, quer que o país avance” [hoje cidade de Goiás], tomamos um café com a poetisa e, no fim, na hora de ir embora, ela falou: ‘Meninos, guardem: todos nós estamos matriculados na escola da vida, onde o professor é o tempo. O tempo ensina’. Eu estou muito mais preparado hoje do que há 12 anos, as realidades brasileiras são muito distintas, o quadro hoje é mais grave, tem déficit primário. Gostei muito daquela eleição porque eu fiz pós-graduação em Brasil, percorri o país inteiro.” DEFEITOS E VIRTUDES “[Uma virtude é que] Eu gosto de trabalhar, para mim não é sacrifício. Defeito? Às vezes sou meio impulsivo, você sempre deve respirar duas vezes, mas tem coisas na política que irritam. Tinha dias que eu achava que o [ex-governador] Mário Covas ia enfartar aqui.” MINAS GERAIS Minas é o segundo colégio eleitoral do Brasil, e nós tivemos uma grande notícia lá, o [Antonio] Anastasia, que eu chamaria de candidato natural, um dos melhores quadros que conheci, de formação técnica e espírito público, uma figura excepcional, acabou atendendo a convocação e vai ser candidato a governador [pelo PSDB] mesmo no meio de seu mandato de senador. Acho que é uma eleição muito provável. Sobre o Aécio [Neves], ele PODER JOYCE PASCOWITCH 21
fez o que tinha que fazer, se afastou da presidência do PSDB, vai se defender, vai decidir se vai ser candidato ou não, eu diria que ele tem um serviço prestado a Minas Gerais. Se ele quiser participar [da minha campanha], poderá participar sem nenhum problema.” POLÍCIA “A OMS [Organização Mundial da Saúde] diz que acima de dez [vítimas de homicídios por 100 mil habitantes] é epidemia. Fechamos no ano passado com 8,02 e no mês de janeiro 7,0. É a menor taxa do país. Nós temos 118 mil policiais, mais que as Forças Armadas da Argentina, e numa instituição desse tamanho você pode ter desvios, você tem que ter uma corregedoria duríssima, é impressionante o número de policiais demitidos a bem do serviço público. Temos uma corregedoria rigorosa, se tem algum desvio, pune, ela é conhecida no Brasil inteiro. O caso de Barueri [em que 17 pessoas foram mortas em 2015 numa ação da PM e de guardas civis municipais] não é regra, é exceção da exceção.” NARCOS “O grande problema hoje é o tráfico de drogas e de armas. Um dia uma senhora foi presa, ela estava grávida e deu à luz no hospital, ela não tinha antecedentes criminais, foi pega com 19 gramas de maconha e um
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papelote de cocaína. O que temos que fazer é combater o narcotraficante, e o contrabando também, junto com ele vem arma ou droga. O Brasil tem 17 mil quilômetros de fronteira seca com os principais produtores de droga no mundo. Por isso propus uma agência unindo inteligência, polícias Federal e Rodoviária, Forças Armadas, Abin [Agência Brasileira de Inteligência] e inteligência dos estados. Vamos chamar os países vizinhos, o crime não tem fronteira, não é problema do Rio, é do Brasil inteiro.” A MUDANÇA DO PALÁCIO “Mudança é por conta da Lu [Alckmin], no armário não tem mais terno, camisa, já foi tudo embora. Foi um período de trabalho duro, sem sábado, domingo ou feriado. Tem uma vantagem de morar aqui, você atravessa o corredor e está em casa, moro dentro de uma repartição pública. Mas é um período da vida, ninguém é governador, você está [governador].” DONA LU “A Lu trabalha como voluntária há 39 anos, nunca foi funcionária de nada. Lá em Pindamonhangaba [quando Alckmin foi prefeito, entre 1977 e 1982], fez a Feira da Fraternidade, movimentou a área social, sempre ajudou. Ela vai ter todo o papel nesta campanha.” n
“Mudança é por conta da Lu, no armário não tem mais terno, camisa, já foi tudo embora. Foi um período de trabalho duro, sem sábado, domingo ou feriado. Mas ninguém é governador, você está governador” PODER JOYCE PASCOWITCH 23
ATIVISMO
ELIANE DIAS Ela nasceu nos fundos de um barraco, morou na rua até os oito meses e começou a trabalhar ainda criança. Hoje é uma das principais vozes na defesa das causas negra e feminina do Brasil e circula com desenvoltura entre políticos e artistas. Advogada, é também produtora cultural e empresária do Racionais MC’s, o maior grupo de rap do país, no qual seu “companheiro” Pedro Paulo, como ela se refere a Mano Brown, é o principal integrante POR DADO ABREU
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oa tarde, senhora. Seja bem-vinda. Sou uma grande admiradora do seu trabalho, parabéns. Estamos juntas na luta.” A cordialidade e a forma espontânea com que a recepcionista do A Figueira Rubaiyat atende Eliane Dias para o almoço com PODER revela o prestígio alcançado pela advogada. Uma das principais defensoras dos direitos das mulheres negras no Brasil, Eliane tem na militância uma das facetas mais atuantes de sua multiplicidade – por ela se tornou popular e passou a frequentar rodas de artistas a políticos, sempre com desenvoltura. Ela também é mãe, empreendedora, coordenadora da ONG SOS Racismo, produtora cultural e empresária do Racionais MC’s, o maior grupo de rap do país, no qual seu “companheiro”, como ela se refere a Pedro Paulo, popularmente conhecido como Mano Brown, é o principal integrante. Estamos em uma terça-feira, menos de uma semana após o assassinato com ares de execução da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Go-
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mes. Além de triste e revoltada, a notícia vinda do Rio de Janeiro parece ter deixado Eliane um tanto vigilante. Antes de sentar-se à mesa com a reportagem de PODER, em um canto do restaurante, ela escolhe ficar de frente para os outros clientes do local. “Acho que é instinto de defesa”, conta. “Se a gente solta a voz e diz o que precisa ser dito o que sobram são quatro tiros na cabeça”, completa, em referência direta ao número de disparos que mataram a companheira carioca. O princípio da sobrevivência, presente desde a infância, é também origem para suspeição. Eliane Dias veio ao mundo em um pequeno quarto escuro na zona sul de São Paulo. Poucos dias antes sua mãe havia sido colocada para fora de casa pela avó, que não aceitou a gravidez e contou com o consentimento do avô para jogar aos leões a menina prenhe de 16 anos. “Disse que isso era assunto de mulher”, ironiza. Depois do parto solitário no barraco emprestado, mãe e filha foram morar na rua e vagaram oito meses sem rumo até uma tia encontrá-las e abrigá-las, às escondidas, na casa em que trabalhava como empregada doméstica. “Desde sempre eu tive que me tornar uma pessoa extremamente forte para poder me defender. Me tornei isso aqui, essa fortaleza. Mas é penoso. Estou cansada porque
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tenho que ser forte o tempo todo”, reclama Eliane com as mãos contra o peito denotando o peso das palavras. Como milhares de crianças que crescem nas periferias, o amadurecimento veio de forma prematura. Aos 9 anos trabalhava como lavadeira para uma conhecida, aos 12 cuidava do irmão mais novo e aos 14 conseguiu o primeiro emprego formal em uma fábrica de refrescos. Na adolescência, fez curso de secretariado e tempos depois foi trabalhar na profissão que, até então, “imaginava ser dos sonhos”. “Eu achava lindo ser secretária. Mas odiei tanto que hoje nem me lembro. É que eu tive que aprender a conviver com o machismo, a andar ao lado de um homem, a guardar segredos e a ser discreta com a traição de um patrão”, lembra. “Era repugnante.” Ao mesmo tempo, ao passo que compreendia as lições anacrônicas do secretariado, Eliane foi empregada doméstica na casa de uma psicóloga que era a namorada do cantor e compositor Toquinho: dona Maria Alice, a grande responsável por lhe abrir os olhos e mostrar que as mulheres poderiam ser livres e fazer o que bem quisessem.
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SELF-MADE WOMAN
Após passar cerca de seis anos sem emprego para cuidar exclusivamente dos filhos Jorge e Domenica, hoje com 22 e 18 anos, respectivamente, Eliane decidiu que voltaria ao mercado. E como a quimera infantil de usar tailleur havia se quebrado, optou por outra paixão. “Me tornei advogada por justiça. Sou apaixonada pelo Direito. Também queria ter uma proteção e sei que a gente só se protege adquirindo conhecimento. Além disso, almejava ser independente, ganhar o meu próprio dinheiro”, explica. A essa altura Pedro Paulo já era o prestigiado Mano Brown, a voz do Racionais MC’s e das periferias, e a família do Capão Redondo ostentava uma razoável condição financeira. A nova empreitada na carreira da esposa, no entanto, não entusiasmou o companheiro. “O Paulo achou estranho eu ir estudar”, lembra Eliane. “Para variar não acreditou. ‘Estudar para quê?’, me perguntou. É que quanto mais a gente absorve informação, menos o machismo tem efetividade. Ele disse que pagaria a faculdade, mas somente a mensalidade. Não arcaria com qualquer outro custo, não pagaria alguém para cuidar das crianças, a minha condução, os livros, nada.” Com a jornada dupla materno-estudantil colocada à prova, Eliane entrou em uma faculdade particular em São Caetano do Sul e durante cinco anos, de segunda a sábado, passava pelo menos três horas por dia no transporte público. Ainda assim, desistir não estava nos planos. Ela se formou, foi aprovada no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e arrumou um emprego em que chegou a receber R$ 20 mil por mês. Parecia suficiente o bastante, mas ela logo pediu as contas. O motivo? Outra vez os filhos vieram em primeiro lugar. “As mulheres pecam quando tomam para si toda a responsabilidade da família. E eu fiz isso, reproduzindo, inconscientemente, o que a minha mãe tinha feito no passado. Ainda vivo assim. Na minha casa, quando os meus filhos eram pequenos, a responsabilidade era toda minha, a educação, a proteção, o colo, tudo era comigo. Nunca deixei o meu companheiro puxar a orelha das crianças. Eu sou o pai, eu sou a mãe.” Para ficar mais tempo com as crias, Eliane necessita-
va de um horário mais flexível e decidiu trabalhar como autônoma. No início, sem local próprio para atender, a doutora se encontrava com os clientes na sede da OAB e “distribuía o cartão de visita no estilo boca de urna, mano a mano”. Em 2010, a habilidade comunicativa lhe credenciou para trabalhar na campanha da sambista Leci Brandão, que disputava uma vaga de deputada estadual. Dedicada à promoção da igualdade racial, inclusão social e garantia dos direitos das mulheres e da comunidade LGBT, a candidata eleita pelo PCdoB em São Paulo era o arquétipo de ativismo que seria uma faísca na trajetória de Eliane Dias.
“TEU DESEJO É UMA ORDEM”
“Quando fui pela primeira vez na Assembleia [Legislativa], ainda durante a campanha, eu pensei comigo: ‘Quero trabalhar aqui’. E canalizei toda uma energia para que isso se realizasse”, lembra, antes de explicar o “mantra” que repete por várias vezes enquanto almoça com PODER. “Faz parte de um processo de entender que ‘teu desejo é uma ordem’. Porque eu vivo isso, eu vivo os meus desejos. Tudo o que quis até hoje eu consegui.” Realmente, ela conseguiu. Como assessora parlamentar, Eliane atuou na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e recebeu convite para ser suplente na chapa de Eduardo Suplicy (PT) ao Senado Federal nas eleições de PODER JOYCE PASCOWITCH 27
2014. Ela recusou. Política estaria fora dos planos? “Por enquanto sim. Estou sofrendo pressão para sair candidata, mas não acho que seja a hora. Faço política de outras formas e tenho outros projetos de vida no momento.” Entre eles, dois negócios – um voltado para mulheres – e a compra de um prédio para abrir o seu próprio escritório de advocacia. “Não vou ser militante para sempre, nem empreendedora. Mas advogada eu serei sempre”, pondera. É na pluralidade de suas ações que o SOS Racismo, uma associação sem fins lucrativos, se destaca entre os múltiplos perfis da advogada. Ela é coordenadora do projeto que propõe uma sociedade mais justa, igualitária e intercultural no qual todos possam usufruir da cidadania. Eliane conta que sentiu pela primeira vez o preconceito de cor na escola, aos 8 anos. Sua irmã, fruto do relacionamento da mãe com um
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homem branco, tem a pele mais clara – Eliane é filha de um pai negro. Com um pequena diferença de idade entre elas, as garotas estudavam na mesma classe na primeira série do antigo ensino fundamental. “Eu sentava na fileira da parede e ela bem ao meu lado, no corredor. A professora passou olhando os cadernos e corrigindo a ortografia de cada uma das crianças. Ela viu a minha letra e foi embora. Em seguida, olhou o caderno da minha irmã e pegou na mão dela para ensiná-la a escrever. Eu entendi então que havia uma diferença em ser negra e ter o cabelo crespo.” Conversar com Eliane Dias é entender a eloquência e a retórica do “companheiro” Mano Brown. O discurso articulado e diserto da mulher elegante – não dispensa o salto alto – ressoa com a mesma potência das rimas de um rapper. Ela conheceu Pedro Paulo por meio do primo, Ice Blue, amigo e parceiro musical
“As mulheres pecam quando tomam para si toda responsabilidade da família. Eu mesma fiz isso” da da carreira dos Racionais MC’s e de outros grupos de rap. Sob sua gestão eles acertaram as contas, passaram a faturar alto e Mano Brown alçou voo em carreira solo – o primeiro álbum dele, que carrega o nome da produtora, foi indicado ao Grammy Latino 2017. Só há um acerto entre os dois: “Não se discute trabalho em casa”. No cafezinho o telefone de Eliane toca outra vez. Foram várias chamadas ao longo da entrevista. Se os telefonemas anteriores ela recusou gentilmente enquanto almoçava com PODER, agora pede licença para atender. “É uma amiga, futura sócia em um projeto. Temos uma reunião daqui a pouco para assinar o contrato.” Ao que parece a multiplicidade da advogada, empresária, produtora e ativista em breve deverá ganhar mais uma ocupação. Ela só não quis dizer qual será. n
MEU CARRO, MINHA VIDA
Além da advocacia, Eliane tem outra paixão: carros. O fascínio veio ao ser contratada em uma concessionária. “Comecei como auxiliar de almoxarifado e vivia suja de graxa. Mas sempre de salto alto. Depois cheguei a ser chefe de oficina”, conta. “Me interesso por tudo que envolve esse universo, sou daquelas pessoas que frequentam salão do automóvel”, brinca. “Comprei meu primeiro carro em 1990, um Fiat 147. Eu chamava ele de Xuxu. Desde então nunca mais fiquei sem. Adoro carro zero, de preferência 2019. (risos). Meu carro é minha vida.” De fato, no dia do almoço com PODER, o porta-malas de seu Nissan Sentra tinha ao menos cinco pares de sapato e mais uma porção de “rasteirinhas”.
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de Mano Brown nos Racionais MC’s. Na época ele era o Paulinho, office boy da quebrada. Ambos tinham 18 anos. “Odiei, achava que não tinha nada a ver. Eu era modelo, desfilava. Andava bem vestida e ele de calça jeans, tênis, camiseta larga e boné. Não era o perfil que eu queria.” A insistência de Brown para provar o contrário à amada teve o ápice dias depois, na saída de uma festa. “Não queria papo com ele, estava indo embora. Mas ele me puxou e me colocou nas costas, igual um homem das cavernas. ‘Só vou te colocar no chão quando você falar comigo.’ De lá para cá são 28 anos de papo. O desejo dele foi uma ordem”, ri, ressaltando que desde então Mano Brown enfrenta o feminismo dentro de casa. “Tudo o que ele sabe sobre as mulheres fui eu quem ensinou.” A relação do casal ficou ainda mais forte a partir de 2012. Por sugestão da empresária Paula Lavigne, Eliane assumiu o comando da produtora Boogie Naipe, que cui-
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PODER INDICA
AUDITORIA HIGH-TECH Novas tecnologias melhoram o processo de monitoramento das empresas e potencializam o papel do auditor, explica a EY
Você já parou para pensar na quantidade de informação que acrescenta diariamente ao big data? Pois saiba que o volume de dados criados e arquivados com a informatização de nossa vida é quase incalculável. Ele chega a dobrar a cada ano motivado pelo crescimento exponencial no uso dos dispositivos móveis, das mídias sociais e do armazenamento em nuvem. E toda essa transformação tem criado novos desafios para um processo essencial no desenvolvimento das grandes empresas: o de auditoria. Porém, felizmente, a revolução tecnológica também traz consigo uma constante evolução de ferramentas, softwares e práticas do mercado, como explica Silvio Takahashi, sócio de Auditoria da EY: “O que antes exigia dos audi-
tores incontáveis horas de concentração para checagem e cruzamento de dados impressos em centenas de folhas de papel, hoje se tornou um procedimento essencialmente digital.” Em suma: com a automação, o auditor da nova era passou a dedicar toda a sua expertise na análise de dados e ganhou ainda mais importância nesta etapa estratégica do processo. A captação de informações e o acompanhamento de inventários, por exemplo, agora são feitos com o auxílio de drones capazes de mapear uma vasta extensão territorial, melhorando a eficiência do processo mesmo em áreas de difícil acesso. Por meio de softwares especializados, esses aparelhos realizam a contagem e a categorização de itens diretamente para um banco de dados digital.
Em um futuro próximo, especialistas acreditam que o auditor trabalhará com inteligência artificial e que todas as ferramentas estarão conectadas diretamente ao servidor dos clientes, criando um sistema próximo ao conceito de auditoria contínua. Já existem ferramentas modernas com capacidade para ler dezenas de milhares de documentos, como contratos, e assinalar apenas os pontos de atenção, ou red flags. “A auditoria está em um amplo processo de transformação”, ressalta Takahashi, da EY. “Essa mudança interessa a diversos stakeholders, já que traz mais transparência aos reportes financeiros, mais credibilidade para as empresas e, por fim, mais confiança ao mercado e à economia como um todo”, completa. SAIBA MAIS: EY.COM.BR FOTO ISTOCKPHOTO.COM
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MI TRAMPO, TU TRAMPO
SEM ENDEREÇO Ter escritório fixo é coisa do passado no mundo corporativo. Em busca de economia, grandes e médias companhias de diversos setores têm trocado suas bases por espaços coletivos ou sistema home office de funcionários
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POR CHICO FELITTI
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sala branca está vazia, com exceção da escultura de uma águia levantando voo. Nela surge uma mulher com o cabelo raspado apenas na parte esquerda da cabeça e roupas góticas que parecem saídas do filme Blade Runner. Ela coloca a mão contra a parede. Empurra. A divisória cede e revela um segundo cômodo branco, com 20 banquetas de madeira ao redor de uma mesa retangular para mais de 200 funcionários que trabalham no local. Bem-vindo à agência de publicidade mais cool de São Paulo. O presidente da empresa explica, minutos depois no único espaço de reunião do prédio, que a mobília é intencionalmente desconfortável: “É para ninguém ficar muito cômodo”, diz ele, que, segundo contam, pede para que todos os funcionários vistam preto quando, muito raramente, eles vão à sede para uma reunião. “É datado isso de ter um local de trabalho. O local de trabalho é o mundo”, afirma o empresário. O exemplo da agência na Vila Madalena é real e dá para classificá-lo como a ponta de um iceberg que está abalando a estrutura do mundo corporativo no Brasil. Por aqui, só aumenta o número de companhias que têm optado por trocar o quartel-general por espaços de coworking ou deixar seus funcionários trabalhando de casa.
O maior coworking a aportar no Brasil é o WeWork, companhia avaliada em US$ 16 bilhões que ganhou grande impulso ao desembarcar por aqui. Já são sete escritórios espalhados por São Paulo e Rio de Janeiro. Belo Horizonte também ganhará uma unidade ainda este ano. A taxa de ocupação declarada é de 100% e o Brasil é o quinto maior mercado do mundo para a empresa, que está presente em 20 praças. “É muito mais flexível, ainda mais para nós que trabalhamos com uma demanda elástica. Às vezes preciso de 50 funcionários, às vezes 250”, diz Carlos Silva, diretor de uma banca de advocacia que nos próximos meses se muda para um espaço do tipo. Os preços são variáveis. A taxa mensal por funcionário começa em R$ 1.400 e pode chegar ao dobro desse valor. “Pode ser vantajoso para uma empresa que tenha um escritório de alto padrão numa área nobre da cidade adotar o coworking. Mas trata-se de trocar um custo altíssimo por custo alto”, analisa a especialista em mercado imobiliário Ana Silvia Lima, da consultoria Mega. Engana-se quem pensa que esses espaços são habitat exclusivos de designers que trabalham sozinhos nas bancadas, tomando altas doses de café e protegidos do mundo por fones de ouvido gigantes. Apenas 5% dos clientes da WeWork no Brasil são usuários de hot desk (mesas co-
Pode ser vantajoso para uma empresa que tenha um escritório de alto padrão adotar o coworking. Mas trata-se de trocar custo altíssimo por custo alto
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munais sem lugar determinado). Os outros 95% alugam um lugar fixo ou um escritório. Agências de publicidade como a LiveAD e a Garage abriram mão do QG próprio para serem inquilinas dessa categoria de imóvel, em contratos que vão de um a dez anos. O Facebook, por exemplo, migrou seu laboratório de inovação para o prédio de coworking na avenida Paulista. Mesmo corporações mais tradicionais, como o Bradesco, aderiram. O banco, no caso, montou um prédio inteiro na avenida Angélica que tem cara e jeito de coworking para abrigar o inovaBra, seu braço de inovação e fomento a start-ups. QUERO A MINHA BAIA O espaço compartilhado de trabalho traz com ele uma estética peculiar. Quadros com mensagens de autoajuda em inglês coalham as paredes e a cozinha comum fornece chope de graça (no período da tarde), café e água sem restrições. Olhando-se de fora, parece uma relação ganha-ganha, com economia
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e um ar de modernidade. Mas quem está dentro nem sempre bate palmas para a mudança. “Parece muito bom. Só parece”, diz um especialista em mídias sociais que já trabalhou em três empresas sem sede. “Pergunta para esses patrões modernos se os funcionários ganham vale-alimentação e vale-transporte”, sugere ele, que é terceirizado há seis dos seus oito anos de carreira. “E nunca tive plano de saúde”, completa. O modelo não é unânime, dizem especialistas. “Há profissionais que precisam dessa separação, do espaço de trabalhar e do espaço de viver”, indica Jay Mulki, especialista em trabalho virtual na Northeastern University, em Chicago. “E há empresas em que essa lógica não funciona por questão da natureza do trabalho.” Para o professor Mulki, tendem a se beneficiar dessa maior flexibilidade espacial empresas com trabalhos sazonais, como produtoras de cinema ou grupos de gestão de crise. “Agora, imagine dissolver o ambiente centralizado de uma corretora de
ações, em que as pessoas precisam estar atentas e em contato umas com as outras o tempo todo. Parece mais difícil.” Nos Estados Unidos, 2,5% da população economicamente ativa considera sua casa como local de trabalho. Pode parecer pouco, mas o crescimento entre 2010 e 2015 foi de 66% na pesquisa conduzida pela Telework Research Network. No Brasil, um estudo da consultoria SAP apontou que, em 2014, 36% das empresas adotaram práticas de home office, ainda que de forma eventual. A maioria dessas companhias, 75% delas, está em São Paulo. Ademais, a Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt) estima que 12 milhões de brasileiros trabalhem em casa. Mas é preciso calma para olhar a cifra portentosa. A contagem inclui profissionais liberais que vendem cosméticos na sala de casa, por exemplo, e não representa só os funcionários de grandes corporações que fazem home office. A baia ainda resiste. n
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Ambientes de dois escritórios distintos da WeWork em São Paulo, empresa de coworking que está em 21 países do mundo
PODER
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Exercício de cidadania Há 40 anos, o advogado RUBENS NAVES abria as portas de seu escritório na capital paulista com um objetivo além do financeiro: articular por uma sociedade mais justa. “Nossa preocupação é realizar uma advocacia atenta ao desenvolvimento social. Que mundo nós queremos? Apenas sermos bons advogados? Não, nos interessa desenvolver um trabalho adequado, numa sociedade justa que não seja desigual”, explica Naves. Seu trabalho é também ativismo, uma vez que Naves começou a advogar em plena ditadura militar. Tanto ele quanto o sócio, Belisário dos Santos Jr., foram ferrenhos defensores da democracia. Enquanto Naves se articulava exigindo maior protagonismo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Santos defendia presos políticos e travava uma luta feroz contra a tortura. Ao participar ativamente da luta pela redemocratização e pelos direitos humanos, o terceiro setor tornou-se o esteio do escritório Rubens Naves Santos Jr. Por essa razão, são considerados os maiores especialistas na área, atendendo, sobretudo, casos de entidades e empresas que mantêm intenso relacionamento com o Estado. “A Constituição atribuiu um papel importante ao terceiro setor, que são essas organizações de interesse público, porque não visam lucro. Isso propiciou um engajamento da cidadania nas mais variadas áreas”, avalia. Naves acredita que a construção de uma sociedade democrática é demorada e, enquanto cidadãos, é imprescindível cobrar respostas dos representantes e entidades políticas. Foi daí que surgiu o Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre Educação Infantil (GTIEI), uma articulação de seu escritório com a Defensoria Pública e o Ministério Público do Estado de São Paulo e organizações sociais, com o intuito de cobrar do governo a criação de novas vagas para a educação infantil. “Sou otimista porque, mesmo na crise, precisamos vislumbrar novos caminhos. Nesses 40 anos nós buscamos arranjos nos quais você costura soluções envolvendo o Estado, empresários e o terceiro setor”, finaliza.
INDICA
CANTO DE PODER por márcia rocha fotos beatriz chicca
PERSONAL ROOM
É de uma sala bem despojada em um prédio na avenida Paulista, em São Paulo, que Soraya Corona despacha. Diretora-geral do Grupo Bio Ritmo e Smart Fit, a maior rede de academias da América Latina, Soraya optou pelo estilo quatro paredes – recentemente, uma reforma colocou a diretoria toda junta em um espaço único. “Faço um trabalho que exige concentração, mexo com números, converso com bancos, além de não querer incomodar com as inúmeras ligações todos os dias. Sem falar que também cuido do family office e de uma família com cinco filhos”, conta a paulista de Campinas que trabalha com o marido, Edgard Corona, fundador do grupo, desde a primeira unidade, aberta em 1996. Jornalista de formação, exerceu a profissão durante pouco tempo. “Sempre tive espírito empreendedor e gosto de resolver problemas.” Enquanto Corona foca na estratégia e nos planos de expansão, cabe a Soraya cuidar da operação e A decoração é precisa, sem exageros. Na sua sala, não podem faltar plantas e fotos da família. Os quadros são assinados por Dennis and Roy Barloga. No porta-retrato ao lado, Soraya está superempolgada em inauguração da Bio Ritmo Centro, ao lado do marido, Edgard Corona.
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Abaixo, ao lado do bloco de anotações, Soraya tem uma Bíblia, que ela costuma ler diariamente. No aparador tem fotos da família toda, dos filhos, enteados e até do seu cachorro, Átila, que recentemente ganhou uma irmãzinha canina, a Dóris.
garantir que as metas saiam do papel e que o orçamento esteja em ótima forma. “Estou direcionada aos novos projetos, além das novas microgym, Race e Torq, e a uma nova marca que lançaremos em breve”, diz, completando que o fato de ter os números da empresa na cabeça a ajuda a entender o que se passa nas mais de 450 unidades da Smart Fit distribuídas não só no Brasil, mas também no Chile, México, Colômbia, Peru, República Dominicana e Equador, e das 30 academias Bio Ritmo. No dia do parto das gêmeas Maria Clara e Maria Paula, Soraya conta que estava no escritório até as 22h45. Foi para o hospital naquela noite sem ter preparado o enxoval. Licença-maternidade? Dois meses e, mesmo assim, trabalhando de casa. Ela costuma chegar ao escritório às 11 horas. A caneta cai às 21 horas porque faz questão de colocar as filhas para dormir. E se engana quem pensa que ter várias academias à mão facilite as coisas. Soraya fica tão absorvida pelo trabalho que acaba fazendo menos exercícios do que gostaria. Atualmente, encara duas sessões semanais de fisioterapia para dar um jeito em uma dor nas costas que teima em não ir embora e pratica atividade física quando encontra espaço na agenda. n PODER JOYCE PASCOWITCH 37
ESPELHO
AMADORA, SIM SENHORA Se os órgãos que analisam a qualidade da educação levassem em conta o trabalho de DENISE AGUIAR ALVAREZ, seguramente o Brasil teria níveis nórdicos e nota azul de avaliação. Completando 30 anos na presidência da Fundação Bradesco, a neta mais velha de Amador Aguiar, fundador da instituição financeira, é responsável por colocar em prática o sonho do avô de criar acesso à educação gratuita e de qualidade para formar crianças, jovens e adultos. Uma revolução pedagógica, criada em 1956, que passa por 40 escolas espalhadas em comunidades carentes por todos os estados e que capacitou quase 2 milhões de alunos. Na zona rural de Formoso do Araguaia, a 320 km de Palmas (TO), está a Fazenda Canuanã, uma escola em regime de internato na qual 900 estudantes, entre 7 e 18 anos, vivem 24h por dia. É a menina dos olhos de fundação. “Foi a terceira escola, toda pensada e desenvolvida pelo meu avô. Ele adorava, tinha um carinho, e mesmo tendo morrido há muito tempo [em 1991] a presença dele por lá é marcante, com fotos nas paredes, homenagens”, conta Denise, que é pedagoga. “Sempre que eu chego os [alunos] pequenos me perguntam se eu sou a Amadora. Digo que sim”, ri. Em março, depois de uma grande reestruturação, a escola recebeu o prêmio de Melhor Edifício de Arquitetura Educacional do mundo na Building of the Year. O designer Marcelo Rosenbaum foi quem assinou o projeto, mas antes ouviu a opinião dos principais envolvidos para transformar o espaço num “lugar para chamar de seu”.
“Conversamos com os alunos para entender as necessidades. Algumas crianças passam dez anos morando lá, indo para a casa dos pais uma vez por mês ou com menos frequência, mas, mesmo assim, não reconheciam aquilo como sendo a casa deles. Era apenas a escola”, explica o arquiteto. “Foi um processo bem ousado, mas que a diretoria da fundação recebeu com muita coragem, respeito e suporte.” Entre os pedidos dos estudantes alguns consensos foram aplicados: para que os prédios fossem mais frescos, que houvesse uma área de convivência com televisão, abajures individuais ao lado das camas e uma pequena lavanderia no fundo dos quartos “porque os adolescentes preferem lavar as roupas íntimas”, lembra Denise. As acomodações, que antes eram para 40 alunos, agora instalam seis jovens. “As meninas me disseram que com isso se tornaram mais amigas porque hoje podem ‘compartilhar segredos’. Achei tão bonito.” O próximo plano da entidade é reformular o internato da Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul. O projeto, também em cocriação com Marcelo Rosenbaum, está em andamento e tem prazo de dois anos para execução. “A educação, se melhor cuidada, resolveria diversos problemas do país e formaria cidadãos críticos. Por isso que precisamos tê-la como foco. Esse é o nosso objetivo”, completa Denise, a Amadora. Ao menos para os 100 mil alunos da Fundação Bradesco, este novo Brasil idealizado por seu avô já está em fase de construção. n
por dado abreu foto paulo freitas
BÚSSOLA
FUTURO, PRESENTE Em seu livro Obrigado pelo Atraso, o jornalista e comentarista político americano Thomas Friedman propõe uma reflexão sobre o futuro, ou o que sobrar depois de conseguirmos domar o presente
por paulo vieira
V
ocê já ouviu a história muitas vezes: vivemos em plena revolução tecnológica, a tal quarta revolução industrial, em que a inteligência artificial é protagonista, mas não só: entram aí também os avanços da engenharia genética, a longevidade crescente da vida humana e os rigores do aquecimento global. Enfim, um cardápio de novidades que vão se desdobrando em alta velocidade, sem dar folga para que os viventes possam refletir direito o que está a se passar. Predizer o que virá é ainda mais temerário: ora ouvem-se previsões funestas, em que milhões de empregos serão ceifados e cidades ficarão embaixo d’água, ora os otimistas ganham os microfones para atestar sua visão de um mundo mais igualitário, feliz, melhor compartilhado e mais eficiente à frente. O jornalista americano e colunista político Thomas Friedman, há duas décadas titular do jornal The New York Times, deu-se ao trabalho de fazer uma parada para reflexão. Contou com um golpe de sorte, pois suas ideias sobre o assunto começaram a tomar corpo
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com o tempo livre que ganhava de seus entrevistados, que invariavelmente se atrasavam. O resultado é o livro Obrigado pelo Atraso, lançado no ano passado no Brasil pela editora Objetiva. Para o autor, nunca houve, como hoje, uma “alteração no ritmo da mudança em tantos campos diferentes ao mesmo tempo”. É o que chama de “era das acelerações”. Há a aceleração tecnológica, com o poder computacional dobrando de tamanho a cada dois anos, a globalização e o impacto provocado pelo aquecimento global. Começando pelo poder computacional, se a tão falada inteligência artificial vai, como se prevê, eliminar postos de trabalho, mais grave é constatar que diversas competências vão simplesmente desaparecer. Para os que irão precisar navegar nesse mar revolto melhor desenvolver as habilidades sociais – cooperação, empatia e flexibilidade –, algo com que os cérebros eletrônicos (ainda) não são capazes de lidar. Mas tem mais: habilidade técnica também deve vir no pacote.
FOTO KRIS CONNOR/GETTY IMAGES
Citando artigo da colega do New York Times Claire Miller, Friedman escreve que “as únicas ocupações cujos salários têm mostrado um aumento constante desde 2000 exigem habilidades tanto cognitivas como sociais”. Afinal, se é “apenas uma questão de ter empatia e se mostrar flexível, há uma oferta infinita de pessoas”. Para Friedman, no novo cenário corporativo, “os patrões terão de aprender a contratar as pessoas com base no que elas podem comprovadamente fazer, e não apenas em seu pedigree, e proporcionar aprendizagem contínua no interior da empresa. O funcionário, por sua vez, precisará se tornar senhor do próprio aprendizado e do cons-
tante reaprendizado”. Já sobre a globalização, ou simplesmente “mercado”, como o autor prefere, o momento é zenital. Friedman vê a globalização como “capacidade de qualquer indivíduo ou companhia de competir, conectar, trocar ou colaborar globalmente”. E num mundo mais “hiperconectado do que nunca”, na frase de um estudo, de 2016, do McKinsey Global Institute, que pinçou, “a globalização está explodindo”. Há no livro copiosos exemplos de como a hiperconectividade vem ajudando a prover recursos materiais e intelectuais a pessoas nos pontos mais remotos da Terra. Porém – há sempre um porém –, se pode ser “incri-
O jornalista e colunista político americano Thomas Friedman, autor de Obrigado pelo Atraso
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O QG da Infosys, em Bangalore, na Índia, em que Friedman viu cenas explícitas de globalização, e o novo livro do autor americano
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pessoas do que em qualquer outra época – e os próximos 25 anos do século 21 poderão ser uma época fantástica para se viver.”
APLAINANDO O TERRENO
Descontado o elemento de futurologia, em Obrigado pelo Atraso Friedman volta a um terreno que conhece bem. Em O Mundo É Plano, um de seus livros anteriores, ele já tratava desse planeta hiperconectado, que viu se desenhar à sua frente numa viagem que fez a Bangalore, na Índia. Lá, um exército de trabalhadores resolvia problemas para empresas de muitas outras partes do mundo, e não faziam parte desse contingente apenas programadores, engenheiros e técnicos de informática, como ele imaginava, mas também, por exemplo, contadores. Um desses contadores, aliás, ofereceu-se para cuidar da declaração de imposto de renda do jornalista. Friedman ainda ouviria do CEO da Infosys, a multinacional de tecnologia indiana que visitava, a frase que fermentaria em sua cabeça e serviria de mote para o livro: “Estamos aplainando o terreno”. Tempos mais tarde, o autor perceberia que havia mais a ser aplainado: entre 2006 e 2007 o mundo iria conhecer o iPhone, o Facebook, o Twitter, além da tecnologia que democratizou o big data, criações que multiplicariam exponencialmente a hiperconexão. n
FOTOS DIVULGAÇÃO
velmente democratizante”, a globalização também pode “concentrar um poder fantástico nas mãos de gigantescas multinacionais”. Além disso, num momento em que ainda não havia o presidente Trump no horizonte, o autor indicava: “Na era das acelerações, se uma sociedade não constrói pisos sob as pessoas, muitas sairão em busca de um muro”. “Piso”, para ele, é saber aprender e se adaptar a alguns fatores que impulsionam a globalização: imigração, comércio e fluxos digitais. No campo da “mãe natureza”, o cenário é sombrio. Friedman mostra como em duas gerações extrapolamos a capacidade da Terra de “continuar a suportar nosso mundo de forma estável”, na frase do cientista sueco Johan Rockström. “Passamos da condição de um pequeno mundo num grande planeta para a de um grande mundo num pequeno planeta.” Ainda há tempo de reverter o dano, mas não muito. “Se não agirmos rapidamente para amenizar essas tendências, seremos a primeira geração de seres humanos para a qual mais tarde significará tarde demais”, conclui o jornalista. Com tudo isso, Friedman tem uma palavra otimista para os que seguirão – ou teimarão – por aqui. “Se conseguirmos atingir um nível mínimo de colaboração para manter nossas economias abertas e para continuar a aumentar o nível da educação para todos, uma vida melhor estará ao alcance para um número maior de
PODER INDICA
FOTOS TIÃO SIQUEIRA/DIVULGAÇÃO
NORDESTE PEDE PASSAGEM Comandar a maior agência de eventos, RP e branded content do Nordeste valeu, além de muito prestígio, um apelido curioso para CARLA BENSOUSSAN. Com mais de 1,3 mil eventos realizados pela Lead!, a pernambucana vem sendo carinhosamente chamada de “embaixadora da terra do frevo”. A brincadeira é explicada pelo sucesso de suas parcerias e o portfólio diversificado com marcas fortes como Petrobras, Ambev, Coca-Cola, Nestlé, Prada, Moët & Chandon, Claro, Vivo, Uber, CowParade Brasil, entre outras. “Sinto que as pessoas dão atenção especial e têm interesse em tudo que a Lead! está envolvida. E isso é muito gratificante”, avalia. “O que alcançamos nesses 12 anos foi fruto de muito amor e dedicação dos envolvidos, que sonharam junto e ajudaram a tornar nossos projetos em realidade.” Atualmente, a Lead! é um grupo bem estruturado
e com atuação 360 graus no que diz respeito à presença dos clientes digitalmente e off-line. Para 2018, a empresa pretende continuar a expansão da agência no Sudeste, onde já atua no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo, além de levar seu know-how para o mercado internacional. Entre as apostas está ainda o fortalecimento da Dreams, braço da companhia que investe no formato wedding destination, oferecendo estrutura para quem sonha em se casar em um lugar paradisíaco, longe dos espaços comuns. O crescimento orgulha Carla Bensoussan, porém o que a deixa mais feliz é ver que seu espírito agregador e visão empreendedora deram frutos: “Aperfeiçoar a prestação de serviços e oferecer aos clientes uma agência completa, que trabalha com excelência e resultados positivos, essa é minha grande satisfação”. @LEAD_ASSESSORIA | + LEADPORTAL.COM.BR
ENSAIO
De Michael Jackson a Djalminha, Rincon Sapiência encarna seus vários ídolos para driblar o preconceito com a música de quebrada e injetar estilo e ginga no outrora sisudo hip-hop nacional – sem despolitizá-lo por fábio dutra fotos pedro dimitrow styling cuca ellias (odmgt)
Terno e camisa Ricardo Almeida, relรณgio IWC
uem não acompanha tanto a cena musical se assustou ao ver o prêmio Multishow 2017 de artista revelação ser entregue a um jovem de dreadlocks e nome artístico chamativo: Rincon Sapiência. O laureado, aliás, também estava surpreso. “Fui confiante para outras categorias, como produção, que levei, mas foi especial ser reconhecido como revelação, subi sem nem saber a quem agradecia de tanta coisa que tinha na cabeça. Não sabia se agradecia ao público, ao pessoal da produção do disco, à quebrada...” De lá pra cá, qualquer um que tenha ligado o rádio ou a TV já escutou a batida suingada com rimas sobre o estilo das ruas e o orgulho da cultura negra e do povo brasileiro. Mas ele continua sendo peixe fora d’água, ao menos em seu bairro natal, Itaquera. Lá é reduto do Corinthians, e o cantor é palmeirense fanático, fã de Djalminha e Alex (mesmo admitindo que esse jogador viveu seu melhor momento no Cruzeiro) e sempre acaba citando a equipe alviverde mesmo quando o assunto é outro. Ah!, sempre bom lembrar: ele deve o apelido à semelhança com o volante colombiano Freddy Rincón, ídolo tanto do Palmeiras quanto do Corinthians. No festival Lollapalooza deste ano, camisa azul da seleção brasileira, a mesma usada nos protestos pró-impeachment, fruto de uma ação de marketing da Nike, ele cantou com um grande painel com a foto de Marielle Franco ao fundo (a vereadora carioca, ativista do movimento negro, havia sido assassinada dias antes). A apresentação foi das mais comentadas e reproduzidas nas redes sociais, uma consagração. O público, para surpresa do rapper, dançava o “passinho do manicongo”, criação sua. A dança, muito divertida, consiste em cruzar e descruzar as mãos no ritmo da batida, levando do peito ao ombro e daí à cintura. Uma macarena do hip-hop. “A música preta naturalmente é dançante, nos EUA teve o harlem shake, o snap, o jerkin, mas aqui só vinha rima e protesto, então me sinto na vanguarda com esse passinho.” Conta que nas ruas – e ele frequenta os mesmos lugares de sempre, a pé, de transporte público ou de bicicleta – as pessoas muitas vezes nem falam com ele, só olham de longe e fazem o gesto do manicongo, para deleite do criador. Único artista agenciado full time pela Boia Fria, produtora engajada em levar ao público artistas alternativos, principalmente os ligados à música negra e de protesto, Rincon Sapiência admite que há alguma rejeição pelos puristas, que veem no rap violento dos anos 1990 de grupos como Racionais MC’s e Facção Central, a única possibilidade para o estilo. “A linguagem da rua muda e eu procuro trazer isso, as novas gírias, e tem espaço pra todo mundo se for algo legítimo e não forçado”, reflete. Ele vê com bons olhos o espaço que a música de quebrada, como sempre diz, tem ganhado na mídia, mas acha que há mais coisa ainda nas sombras e um longo caminho a percorrer. “Tem artista que lota qualquer auditório, mas não tem reconhecimento da crítica ou dos meios de comunicação, falta um programa de TV sobre hip-hop. Quero conseguir dar mais voz e poder pra quebrada”, reivindica. Para o cantor ainda existe o senhor de engenho, e a política reflete isso na medida em que a vontade popular não é respeitada: “As armas da casa-grande são maiores, têm o controle da comunicação, das marcas, do dinheiro, e ela dá esses golpes quando percebe que não consegue emplacar privilégios para a minoria no jogo democrático”, diz. Mas ressalva: “Tem muita coisa florescendo nas ruas, muita ideia nova e boa, sou otimista”. Rincon Sapiência se vê, depois de tanto tempo, num momento de reconhecimento e equilíbrio financeiro. Ele só estourou depois dos 30 (hoje tem 32 anos). Diz que vive realizando sonhos, mas que a vida é dinâmica e ele sempre precisa sonhar pra seguir em frente. Tal qual seus vários ídolos: Mano Brown, Gilberto Gil, Alex e Djalminha, Jimi Hendrix, Leandro Lehart. “E tem muitos mais, vou lembrar quando for embora. Não são mitos, mas pessoas que eu admiro no que fazem.” De fato, ao sair, ele volta e diz à reportagem: “Michael Jackson! Esse é importante”. n
Terno, camisa, gravata e tênis Ricardo Almeida, relógio IWC, meia e óculos acervo
Costume, blusa e lenço Ricardo Almeida, tênis Converse, relógio IWC
Terno, camisa e gravata Ricardo Almeida, relógio IWC Direção de fotografia: David Nefussi Produção executiva: Ana Elisa Meyer Beleza: Liege Wisniewski Assistente de fotografia: Adrian Ikematsu
A P R E S E N TA
BRINDE
FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS
C
hegar aos dez anos de atividade e sucesso no mercado editorial é um marco expressivo que merece ser celebrado. Por isso, no mês passado, PODER reuniu altos executivos e personalidades que ajudaram a escrever a história da revista para um almoço no restaurante La Tambouille, em São Paulo. João Doria, Denise Aguiar, Verônica Serra e Sergio Zimerman estavam entre os poderosos. O menu, criado pelo chef Anderson Laranjeira, trouxe três opções de prato principal, como o delicioso linguado ao molho chardonnay, um clássico da casa. Durante pouco mais de duas horas o que se viu foram bate-papos, trocas de cartões, sorrisos, abraços e muitos brindes aos próximos dez anos de PODER.
FERVE
JOYCE PASCOWITCH E JOÃO DORIA
MAIORIDADE EDITORIAL Joyce Pascowitch, diretora-geral do Grupo Glamurama e anfitriã da festa, fez um breve discurso de agradecimento, lembrou dos apoiadores e ressaltou os desafios para triunfar no mercado editorial. "Dez anos com o cenário que enfrentamos no Brasil, muitas vezes inóspito, prova que viemos mesmo para sermos desafiados."
VERÔNICA SERRA E JOSÉ VICENTE MARINO
FILIPE SABARÁ
MIGUEL SROUGI
AUGUSTO DE ARRUDA BOTELHO
DENISE AGUIAR
MOSHE SENDACZ
JOÃO CIACO E SERGIO ZIMERMAN
PAULO GIOVANNI
FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS
MARISTELA MAFEI
FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS
ARNALDO DANEMBERG
BETE ARBAITMAN
CONVERSAS ANIMADAS NO LA TAMBOUILLE
MARCO AURÉLIO DE CASTRO
FOTOS BRUNA GUERRA; PAULO FREITAS
FABIO CAJAZEIRA
MELISSA WISNIK
PARCERIA AFINADA Um dos charmes da tarde foi o presente oferecido
pela PwC, uma das maiores prestadoras de serviços profissionais nas áreas de consultoria, auditoria e consultoria tributária. Foi uma elegante ecobag com alças de couro contendo um conjunto de tábuas para servir, em formato de quebra-cabeças. A lembrança simboliza a parceria entre PwC e PODER durantes esses 10 anos e, também, reforça a ideia de que momentos compartilhados geram novas leituras. FEDERICO SERVIDEO
FOTOS PAULO FREITAS
JOSÉ VICENTE MARINO
CELIO ASHCAR E MAURICIO MAGALHÃES
ERH RAY
LUIZ SANDLER
PRIMEIRA CLASSE EM CASA
A cordialidade da Air France foi outro ponto alto do almoço de PODER. Quem passou pelo evento levou para casa um divertido boneco criado em parceria com a Playmobil que imita uma comissária de bordo. Além disso, a KLM ofereceu o seu conjunto de saleiro e pimenteiro igual aos usados no setor World Business Class das aeronaves da companhia.
JEAN-MARC POUCHOL
JEAN-MARC POUCHOL DANIELA SCHMITZ E JULIA DE MEDEIROS
FERNÃO SILVEIRA
JULIA BOCH E RODRIGO SOARES
MAIS EM GLAMURAMA.COM/FOTOS
RESPIRO
JOGO DE CENA
O multipremiado ator, diretor, poeta, crítico, escritor e, ufa!, homem chegado a dar seus pitacos na psiquiatria, Fauzi Arap foi um dos grandes nomes no apogeu do teatro nacional por fabio dutra
Quem nunca viu corre pro YouTube: Maria Bethânia bem novinha sentada no centro de um palco a declamar: “Eu vou te contar que você não me conhece! / E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve / A sedução me escraviza a você / Ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei / E não a mim”, e aí emendando lindamente a canção “Um Jeito Estúpido de Te Amar”. O poema é de Fauzi Arap, que, além de rabiscar os versos, é também o grande responsável por criar as antológicas apresentações de Bethânia: mais saraus do que meros shows musicais. Em 1971, foi ele quem concebeu o espetáculo Rosa dos Ventos, trampolim da cantora para o reconhecimento nacional. Mas a essa altura Fauzi Arap já era bamba: protagonista do apogeu das artes cênicas tupiniquim, tinha encantado plateias como ator em montagens históricas no Oficina e no Teatro de Arena. Ele saiu da frente das cortinas precocemente, aos 29 anos, para se dedicar exclusivamente à direção em textos como Dois Perdidos Numa Noite Suja e Navalha na Carne, petardos de Plínio Marcos, sucessos estrondosos nos incendiários anos 1960. E como ser pioneiro na direção de espetáculos musicais, ator e diretor não parecesse suficiente, a partir dos anos 1970 também passou a escrever peças e pensatas sobre o teatro nacional: mais uma tonelada de aplausos. Mas as cortinas sempre descem: Fauzi Arap morreu em 2013. Foi-se o homem, fica a obra. E a lembrança de que ele foi pura poesia. n
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FOTO REPRODUÇÃO
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PODER VIAJA POR ADRIANA NAZARIAN
SELEÇÃO
Aberto em 1873, o Bürgenstock tornou-se um hotel lendário por conta, entre outros atributos, da vista para os Alpes e para o Lago Lucerna, na Suíça. Audrey Hepburn e Charles Chaplin eram habitués. A boa notícia agora é que, depois de repaginado, o espaço foi incorporado a outras propriedades vizinhas para se tornar o complexo Bürgenstock Resort Lake Lucerne. São 383 quartos, além de residências privadas, sete restaurantes e um spa de primeiríssima linha. Nesse último, aliás, é impossível resistir à extensa lista de atrações que inclui sauna aromática, banhos Kneipp e uma piscina aquecida com borda infinita ao ar livre. BUERGENSTOCK.CH
ARTE POR TODA PARTE
Mais um programa que comprova a vocação além compras de Miami. Depois de ocupar algumas locações temporárias, o ICA (Instituto de Arte Contemporânea) ganhou um endereço à altura de seu acervo – artistas como Hélio Oiticica, Nancy Kienholz e Chris Ofili, entre outros. Assinado pelo escritório espanhol Aranguren + Gallegos Arquitectos, o projeto impressiona: são três andares repletos de painéis geométricos de metal e paredes de vidro com vista para o jardim de esculturas. O ICA é só mais uma das atrações do Design District, bairro que reúne cada vez mais galerias, restaurantes e lojas legais na cidade. A entrada é gratuita o ano todo. ICAMIAMI.ORG
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FUGA PARA FIJI
Boa notícia para os viajantes: a ilha de Malolo, em Fiji, foi escolhida para receber a nova unidade da rede Six Senses. Com abertura prevista para este semestre, o hotel desfruta de 650 metros de praia particular. Como é costume desse grupo hoteleiro, o spa é grande destaque. Nele, os tratamentos utilizam plantas medicinais da região transformadas em ativos em um bar de alquimia. Tem ioga e meditação, além de “advisors” que analisam aspectos como sono e alimentação. São 24 vilas com piscina, 60 residências, três restaurantes focados em ingredientes locais e estutura para desfrute de muitos esportes aquáticos. Importante: todas as instalações são 100% alimentadas por energia
GUARDA-SOL
FOTOS DIVULGAÇÃO; CAROL CARQUEJEIRO/DIVULGAÇÃO
Para viajantes que não resistem à dobradinha sombra e água fresca: hora de partir para Belize. Isso porque o vilarejo de Placencia ganhou um hotel que faz jus ao cenário paradisíaco da região: praias de água cristalina, corais e ruínas maias. Decorado por Samuel Amoia, o Itz’ana tem quartos e vilas de até cinco quartos – todos com energia solar – marina, fazenda de orgânicos e spa. Dois pontos merecem ser sublinhados: o bar especializado em rum e outro focado em ceviche e com vista para o mar. ITZANABELIZE.COM
LÁ EM CIMA
O ano mal começou, mas já é hora de planejar 2019. O grupo Four Seasons anunciou os roteiros de seu avião privado para a próxima temporada e os itinerários prometem. A novidade é a rota batizada de Latin Escape, que desvenda por 16 dias paisagens das Américas Central e do Sul – Miami também entra no programa. O viajante faz uma expedição em barco privado por Galápagos, celebra sob as estrelas na Costa Rica, passeia pela cena artsy de Bogotá e é recepcionado em jantar de gala na mansão de Gianni Versace de Miami.
CHRISTIAN GEBARA
COO DA VIVO
“Morei mais de dez anos em Madri. Meus filhos nasceram lá e visito a cidade a trabalho e lazer algumas vezes ao ano. A capital espanhola é, sem dúvida, um grande centro gastronômico e com a melhora da economia a cidade voltou a florescer, ganhando novos restaurantes e ruas cheias de espanhóis e de turistas que adoram sair para comer. Uma das minhas dicas é o restaurante ‘natureba’ Floren Domezain. Localizado na calle de Castelló, em Salamanca, pertinho do parque do Retiro, esse pequeno restaurante tem produtos que vêm diretamente da horta do proprietário. São imperdíveis o tomate, a salada de alface, as alcachofras e o jamón ibérico cortado na hora. Na saída, todos levam um pé de alface para casa. No mesmo bairro (Salamanca), próximo às melhores lojas da capital, vale caminhar pela calle Jorge Juan, que se converteu em via gastronômica. Entre as opções, sugiro para o almoço o La Bien Aparecida, restaurante tradicional com toques inovadores. Com uma excelente comida asturiana e uma terraza descolada, o El Paraguas também merece uma visita na hora do almoço. Para o jantar, sugiro o animado Amazónico. Em seu grande salão com decoração que remete à floresta tropical, aproveite o saboroso menu internacional e não deixe de pedir um gim-tônica no bar do subsolo.”
FOURSEASONS.COM
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É DE PODER POR ANA ELISA MEYER
BETTY E FRANÇOIS CATROUX
Com seu cabelo platinado e vestindo um icônico look total preto, Betty Catroux, hoje aos 73 anos, é uma figura andrógina e minimalista desde pelo menos a década de 1960. Modelo da Chanel quando jovem, musa e melhor amiga do estilista Yves Saint Laurent, Betty se tornou um símbolo maior da liberdade de expressão desde aqueles tempos. Em 1968, casou-se com o decorador François Catroux usando um casaco de pele preto e branco, um short e uma bota longa de couro. Juntos até hoje, Catroux, agora com 81 anos, ainda é o preferido dos poderosos na hora de decorar suas casas e Betty continua a influenciar a moda.
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BEACHWEAR DE ALTA-COSTURA
Ainda bem que por aqui faz calor. A primeira coleção de beachwear de Ermenegildo Zegna acaba de chegar às lojas da marca no Brasil. Sungas, roupas e acessórios traduzem o estilo italiano na linha elaborada em parceria com a ISA, especializada em seda. Para o lançamento, o diretor artístico da marca Alessandro Sartori aposta em materiais como microlite e ultralight seersucker em uma coleção definida por ele como elegante, fresca e versátil. ZEGNA.COM
BLAZER Ermenegildo Zegna preço sob consulta zegna.com
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FOR ALL
O luxo acessível veio para ficar. A novidade agora é o lançamento da coleção assinada por Tomas Maier, diretor criativo da Bottega Veneta, em parceria com gigante japonesa Uniqlo, que chega às lojas em julho. O estilo de Maier entrega peças minimalistas, elegantes e com poderosas padronagens, características da marca italiana. Tem tudo para dar certo. Maarten van der Horst, Stella McCartney, Versace, Carolina Herrera, Karl Lagerfeld, Givenchy e Louis Vuitton são outros que já entraram para o hall das parcerias bem-sucedidas com redes de fast-fashion. BOTTEGAVENETA.COM / UNIQLO.COM
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MOTOR
O AMANHÃ VEM DE MOTO Máquinas com inteligência artificial capazes de interagir com o condutor já são uma realidade. Algumas opções futuristas estão chegando ao mercado; outras não tardam em chegar FOTOS DIVULGAÇÃO
por aline vessoni
NIKEN - YAMAHA
É um triciclo? Não! A Yamaha jura que é uma moto, pois, apesar das três rodas, as duas dianteiras estão muito próximas e podem se inclinar nas curvas, tal qual motocicletas comuns. Mas, ao mesmo tempo, é incomparável com uma motocicleta padrão na capacidade de curvar, o que garante ao piloto maior sensação de confiança em razão de uma melhor aderência frontal e travagem. Vale atentar para o fato de que apesar do modelo arrojado e moderno, ele não impede quedas. A Niken utiliza como base o motor de três cilindros, com 847 cc e já pode ser encomendado na Europa.
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MOTOROID - YAMAHA
O futuro não para de ser reinventado pelos japoneses da Yamaha. Lançada no CES 2018, em Las Vegas, a Motoroid tem motor elétrico e conjunto de baterias de íons de lítio. Outro recurso eletrônico é o Active Mass Center Control System (Amces), um sistema responsável por estabilizar a moto, reajustando constantemente o centro de gravidade para ajudar no equilíbrio homem-máquina. Os atrativos não param por aí. Por meio de inteligência artificial, ela também faz reconhecimento facial e gestual, podendo ir até o condutor. Suas belas rodas de carbono são impressas em 3D.
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A motorização já rendeu à humanidade um belo conceito de liberdade: o de ir e vir. Mas, no futuro, ser livre será sinônimo de experimentar o seu entorno de maneira intensa, sentindo a força centrífuga, a aceleração e o vento. De preferência, sem capacete e roupas especiais. Itens que a Vision Next 100 dispensa, pois a ela soma-se um “companheiro digital”, que, segundo a montadora, garantiria um alto grau de segurança. Ela é toda moderna, mas, quando sentado, o piloto se sente como se estivesse numa roadster. O quadro é bastante similar ao da primeira moto BMW da história, a R 32, de 1923. Com exceção, é claro, de seu funcionamento, que hoje é mais flexível tornando-a mais manobrável.
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FOTOS DIVULGAÇÃO
VISION NEXT 100 - BMW
ARCIMOTO
Tem cara de carro, mas está mais para o conceito de moto utilitária. Ótima opção para cidades engarrafadas porque, além do conforto de um automóvel para duas pessoas e da capota que evita se molhar na chuva, a Arcimoto pode escapar das longas filas, já que é apenas um pouco mais larga que um modelo comum de duas rodas. E assim como nas motocicletas, tanto o condutor quanto o passageiro conseguem se conectar com o exterior com mais intensidade. Sem contar a facilidade para estacionar.
MOTORRAD CONCEPT - AUDI
Como é esperado nos modelos conceituais, a moto da Audi em parceria com a Ducati tem um visual bastante futurista. Unindo o que há de mais moderno nas duas montadoras, ela tem motor Ducati Desmodromic L-Twin de 850 cilindradas, com câmbio de dupla embreagem. Já a carenagem foi estruturada com a tecnologia ultraleve da Audi, em uma combinação de fibra de carbono e ligas leves. Bem como os veículos da marca alemã, a Motorrad Concept também deve receber a versão híbrida E-tron, com motor elétrico e bateria de íons de lítio.
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COZINHA DE PODER POR FERNANDA GRILO
F O T O S G I O VA N N A B A L Z A N O
AROMA NUMA CASCA DE NOZ A noz-moscada veio da Indonésia para encher os pratos de sabor e aromas com aquele gosto adocicado que lembra uma mistura de pimenta-do-reino com canela
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outono chegou e está na hora de aproveitar as especiarias que dão um toque delicioso ao paladar. A começar pela noz-moscada, que invade as páginas da PODER com seu aroma inconfundível e uma montanha de benefícios. Rico em gorduras e óleos essenciais, o condimento atua positivamente no sistema nervoso central, acionando as atividades relacionadas aos neurotransmissores serotonina e dopamina, principais responsáveis pelas sensações de felicidade e bem-estar. Contém ainda boas doses de amido, celulose, vitaminas A, C e do complexo B, e uma série de outros compostos como cálcio, potássio, ferro e fósforo. “Além disso, a noz-moscada melhora a circulação do sangue, já que seus componentes proporcionam o relaxamento da musculatura e promovem vasodilatação com aumento do fluxo sanguíneo levando mais nutrientes e oxigênio para as células. Também é utilizada para aliviar problemas digestivos”, explica a nutricionista Cynthia Antonaccio, da consultoria Equilibrium. Obtida a partir da semente da moscadeira, a especiaria é originária da Indonésia e chegou ao Ocidente pelos árabes para nunca mais ir embora. Seu sabor é semelhante à mistura de pimenta-do-reino com canela, com uma determinada sutileza e muito aroma. Na cozinha, a dica é aproveitar os sabores da noz-moscada para temperar massas, molhos brancos e à base de queijo, e carnes de sabor suave, como as aves. Outro toque gastronômico é sempre ralar a casca, a parte usada nas receitas, no momento de servir o prato para preservar as características do ingrediente. Mas, com certa moderação: mais do que duas colheres de chá ao dia podem ser prejudiciais, causando intoxicação e até alucinação. n
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• Pimenta-do-reino a gosto • 60 g de manteiga • 100 ml azeite • Sálvia a gosto
NHOQUE ALLA ROMANA
RODRIGO QUEIROZ, CHEF DO ETTO RESTAURANTE
INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
• 1 kg de semolina • 2 litros de leite • 750 ml de caldo de carne • 3 gemas • 250 g de parmesão • Noz-moscada a gosto • Sal a gosto
Aqueça o caldo de carne e quando levantar fervura acrescente manteiga, sal, noz-moscada e a semolina, mexendo com um fue para não empelotar. Em seguida coloque o parmesão, as três gemas e cozinhe por 30 minutos em
BANDEJAS BY ALEXANDER GIRARD VITRA R$ 574 (média) e R$ 680 (grande) micasa.com.br
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fogo bem baixo, sempre mexendo. Finalize com azeite. Na segunda etapa, a massa deve ser colocada em uma forma untada com azeite para esfriar. Depois, corte com faca (ou cortador) e molde no tamanho desejado. Feito isso, coloque em uma assadeira com manteiga, polvilhe parmesão por cima e leve ao forno para gratinar. Para finalizar, doure o nhoque na manteiga com a sálvia e acrescente noz-moscada ralada por cima antes de servir.
BALDE PARA BEBIDAS BY JORGE ELIAS St. James R$ 4.200 luxe4home.com.br
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SORBET DE ABACAXI COM CAMBUCI E NOZ-MOSCADA RENATO CALEFFI, CHEF DO LE MANJUE INGREDIENTES
• 2 xícaras de abacaxi em cubos • 3 bananas maduras • 3 cambucis • Folhas frescas de hortelã • 1 colher (café) rasa de noz-moscada • 1 colher (sopa) de pimenta-dedo-de-moça picada sem semente • Fio de azeite MODO DE PREPARO Congele o abacaxi em cubos por no mínimo quatro horas. Descasque as bananas, corte em rodelas e leve para congelar pelo mesmo tempo. Se as frutas estiverem muito duras após esse período, espere descongelar um pouco para ser mais fácil de processar. Bata no liquidificador (ou processador) as frutas congeladas com a noz-moscada, cambuci e a hortelã. Com auxílio de uma espátula ajude a misturar para ficar homogêneo. Sirva numa taça regada com fios de azeite.
CAÇAROLA REFINATTA Tramontina R$ 349 tramontina.com.br
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HIGH-TECH POR FERNANDA BOTTONI
UM SPA PARA CHAMAR DE SEU
Acredite: produtos sofisticados e inteligentes podem transformar o banheiro no melhor lugar da casa
KOHLER VERDERA VOICE LIGHTED MIRROR
Se você acha que espelho é espelho e ponto, certamente não conhece esta novidade capaz de mudar completamente seu jeito de começar o dia. Equipado com microfone duplo para aumentar a precisão do controle de voz, ele tem alto-falantes estéreo e obedece a comandos sonoros. Basta pedir para ajustar as luzes, tocar uma música durante o banho ou atualizar informações de clima e trânsito enquanto você faz barba ou se maquia. O espelho ainda tem luzes LED especiais para cuidados com a pele e iluminação noturna ativada por movimento. Ponto negativo: não está disponível no Brasil. KOHLER.COM | R$ 4.400
DYSON SUPERSONIC
Se ouvir músicas, receber informações do trânsito e ter a iluminação perfeita parece pouco para o seu banheiro, talvez você precise de um espelho inteligente. Este obedece a comandos de voz e possui tela touch embutida. Nela você pode acessar agenda, e-mails, notícias e aplicativos. Além disso, o smart mirror transforma o banheiro em um hub para controlar a casa inteira, assim é possível acessar câmeras de segurança, apagar luzes ou abrir a porta da garagem, por exemplo. O produto vem com 27 conectores, incluindo USB.
Finalmente alguém inovou no design do secador de cabelo. E a mudança não está apenas no visual. Este produto promete ser mais eficiente e menos danoso para os fios do que seus antecessores. A inovação começa pela ausência de lâminas, o que diminui o risco de acidentes. Com tecnologia air multiplier, que triplica o fluxo de ar, também seca os cabelos com mais agilidade. Outra novidade muito bem-vinda é o silêncio. Sim, o ruído do Supersonic é praticamente nulo. Como se não bastasse, acessórios magnéticos mantêm a superfície fria. Tem potência de 1.600 watts, três velocidades e quatro níveis de temperatura.
SEURA.COM | R$ 19.700
DYSON.COM | R$ 1.300
SÉURA SMART MIRROR
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PAULA GALLO
Gerente financeiro e de marketing do Hospital Santa Paula “O celular é o aparelho que eu mais uso durante o dia, para as mais diversas finalidades, seja uma simples mensagem ou fechar um grande negócio. A diversidade de apps disponíveis também é outro fator. Tenho usado bastante dois deles. Um é para saber tudo o que minha filha come na escola, inclusive com quantidade de calorias e açúcar ingerido. O outro é o que me ‘lembra’ três vezes ao dia para parar e relaxar por três minutos. Faz parte da técnica de mindfulness que tenho introduzido na minha rotina.”
TOTO WASHLET S350E
PODER INDICA
LOW-TECH
GINGA EM OBJETO
Assinado pelo designer Gustavo Dias (Woo Design), o vaso Ginga recebeu esse nome pela forma cheia de expressão, movimento e irreverência. Consagradas na versão em madeira e latão, as peças ganharam agora uma nova identidade com a fabricação em mármore e cobre. As tonalidades e nuances da pedra maciça fazem com que cada exemplar do vaso seja um objeto único, com características próprias. Disponíveis nas cores verde, café e branca. INSTAGRAM @DPOTOBJETO
Para quem quer se sentir um rei, esta obra de arte da Toto é perfeita. O vaso sanitário tem tampa automática, assento aquecido, descarga com água eletrolisada (um desinfetante eficiente), ducha higiênica com ajuste de temperatura e pressão e até controle remoto.
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KOHLER MOXIE RAINHEAD
Pequeno e potente, este chuveiro smart se conecta ao telefone por bluetooth para tocar as suas playlists, notícias ou rádios favoritos. Além da ótima qualidade em áudio, oferece uma experiência de “chuva” utilizando a tecnologia air-induction spray. E tem mais: o alto-falante, que desacopla para recarregar, ainda pode ser usado como speaker sem fio, dentro ou fora de casa. KOHLER.COM | R$ 1.500
SÉURA HYDRA
Para completar o melhor lugar da casa, o que você acha de ter uma smart TV à prova d’água dentro do box? Agora isso é possível. Com a Séura Indoor Waterproof você aproveita o momento do banho para ver notícias ou atualizar o seriado do momento. E o aparelho, de acordo com a fabricante, é fog free e não embaça. SEURA.COM | R$ 5.900
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CULTURA INC. POR LUÍS COSTA
MÚLTIPLOS MARCELOS
FOTOS DIVULGAÇÃO
Com agenda de filmes, peças, musicais e novelas, o ator Marcelo Serrado faz balanço da carreira e relembra personagens inesquecíveis
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Iago e Hamlet são alguns dos vilões de Shakespeare interpretados por Serrado (acima); Carlos Eduardo, de Velho Chico (abaixo)
Em cartaz na peça Os Vilões de Shakespeare, no Teatro Eva Herz até 29 de abril, o ator Marcelo Serrado interpreta uma série de malvados criados pela pena do bardo inglês. Aos 51 anos – 30 deles na TV, nos palcos e no cinema –, Serrado acumula dezenas de personagens célebres na carreira. Mas até atingir a maturidade como ator o caminhou foi difícil. “Eu era muito inexperiente quando comecei. Tinha muita vocação para o que eu queria, mas não tinha muita ideia de como chegar ao lugar que achava que seria interessante como ator”, diz. “Errei muito no começo da carreira, tanto que vejo coisas hoje e falo: ‘Nossa!’. Com isso, fui me aprimorando para me tornar um ator mais interessante e melhor aos meus olhos.” Agora, Serrado consegue passear com desenvoltura pelos personagens do maior dramaturgo da história. “É uma peça interessantíssima. São grandes vilões, personagens fortes, icônicos, que estão no nosso inconsciente de uma certa maneira. Todo mundo bebe um pouco de Shakespeare, a gente entende mais a alma humana.”
Na TV, o elenco de personagens vividos pelo ator é extenso – alguns dos mais célebres são, aliás, vilões. Numa seleção rápida de nomes inesquecíveis, ele recorda o delegado Nogueira e Bruno Vilar, respectivamente das novelas Vidas Opostas (2006) e Poder Paralelo (2009), ambas da Rede Record. “Velho Chico [novela de 2016 da Rede Globo] foi muito legal também. Carlos Eduardo era um vilãozão maluco. A última novela, Pega Pega [de 2017, quando interpretou o vilão Malagueta], também adorei bastante fazer.” Mas foi o refinado mordomo Crô, de Fina Estampa (2011), novela de Aguinaldo Silva, o maior fenômeno de popularidade da carreira do ator. O personagem já rendeu um filme próprio, lançado em 2013, com continuação marcada nos cinemas para julho. Além do lançamento de Crô em Família, Marcelo Serrado tem agenda cheia para os próximos meses. Ele está escalado para uma novela das 9 de Aguinaldo Silva, atua em A Noviça Rebelde: o Musical e ainda tem outro filme em sequência. n PODER JOYCE PASCOWITCH 73
ARTE
CONTRA O NORMAL
Aos 70 anos, o pintor Victor Arruda se diz um “velho feliz”. Em exposição no Museu de Arte Moderna do Rio, ele agora celebra cinco décadas de carreira em uma das mais completas mostras de um trabalho marcado pela veia transgressora. “Nunca procurei o sucesso, mas sempre quis o reconhecimento. O sucesso é um bilhete de loteria, mas o reconhecimento é um direito meu”, diz Arruda. Integrante do movimento identificado como Transvanguarda – ao lado de artistas como Antonio Dias, Hélio Oiticica e Iberê Camargo –, Arruda coloca em xeque valores conservadores e discriminatórios da sociedade. Seu alvo, ele conta, é o dito “homem normal”. “O meu protesto é contra a hipocrisia social.” Homossexual, Arruda diz que desde muito cedo percebeu que setores
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da sociedade tentariam classificá-lo como um cidadão de segunda classe. “O que é o homem normal? Essa exposição mostra que ‘normais’ eram as pessoas que me apontavam o dedo. O dedo é o elo que liga tudo, o dedo indicador, o dedo perseguidor.” Nas pinturas de Arruda, o “normal” é racista, preconceituoso, machista, prepotente, que usa o poder econômico para se impor. Telas como Salário Mais Justo, de 1975, relatam temas ainda bem atuais, como assédio e exploração sexual. O recado é explícito: “Você que é tão ‘normal’, gostaria que se olhasse no espelho”, diz Arruda. A psicanálise é um dos interesses mais recorrentes na obra de Victor Arruda, que frequenta sessões desde os 19 anos: “Vou agora de 15 em 15 dias para fazer o refil”, ele brinca. A tera-
pia serviu como um divisor de águas para o então jovem artista. “Mexendo no meu universo, eu passei a tratar na minha pintura, uma pintura rápida, ligada a uma urgência pessoal, de certas questões que vinham nas sessões. Percebi que não poderia ser seguidor dos artistas modernos, que ali estava o meu caminho.” n
FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO
Em comemoração aos 50 anos de carreira, artista plástico Victor Arruda ganha mostra no MAM e ataca valores conservadores e discriminatórios da sociedade
LIVRO LETRAS DE LUTO
Morto aos 29 anos no dia 7 de março, o escritor carioca Victor Heringer é um dos artistas que compõem a mostra Rejuvenesça: Poesia Expandida Hoje, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. Na exposição, aberta até 5 de maio, são apresentadas narrativas poéticas para além do papel, a partir do uso de vídeo, desenho e instalação, por exemplo. Vencedor do Prêmio Jabuti pelo romance Glória, Heringer explorou a poesia em Automatógrafo e O Escritor Victor Heringer, ambos publicados pela 7Letras.
OS MISTÉRIOS DE KAREN
Uma mulher prestes a fazer 25 anos acorda numa casa que não reconhece, entre pessoas que a “conhecem”, mas afirmam entender sua amnésia momentânea. Chama-se, ou pelo menos a chamam de Karen. Assim começa a história do livro que leva o nome da personagem, vencedor do Prêmio Oceanos de Literatura em 2017, e que chega ao Brasil editado pela Todavia. A autora portuguesa Ana Teresa Pereira foi a primeira mulher a vencer o tradicional prêmio de literatura de língua portuguesa.
CINEMA Adeus, Day-Lewis Pode ser a última chance de ver Daniel Day-Lewis em cena. Vencedor de três prêmios Oscar de melhor ator (um por Lincoln, de 2013), o ator britânico de 60 anos anunciou que Trama Fantasma, filme em cartaz dirigido por Paul Thomas Anderson, seria seu último trabalho como ator. Day-Lewis interpreta o estilista Reynolds Woodcock, célebre por vestir nomes da realeza britânica. O jornal The Independent classificou a atuação como “maravilhosamente bizarra”. Para o New York Times, “Day-Lewis compõe uma sinfonia de humores: sarcástico, melancólico, inspirado, impaciente”.
MÚSICA CASAMENTO ÀS ESCONDIDAS
O Theatro São Pedro abre sua temporada de óperas em 2018 com O Matrimônio Secreto (1792), considerada a obra-prima do compositor italiano Domenico Cimarosa (1749-1801). Com direção cênica de Caetano Vilela e direção musical da italiana Valentina Peleggi, as récitas serão realizadas nos dias 4, 6, 9, 11 e 13 de maio. Em dois atos, a peça cômica conta a história de um casamento às escondidas que tumultua a vida de uma rica família na Bolonha do século 18. PODER JOYCE PASCOWITCH 75
CABECEIRA
ESTANTE
por aline vessoni 76 PODER JOYCE PASCOWITCH
GRANDE SERTÃO: VEREDAS - GUIMARÃES ROSA
Este livro é um dos meus preferidos – trata-se de um Doutor Fausto do sertão.
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS MACHADO DE ASSIS
É a obra de virada de Machado de Assis, aquela que faz o leitor entender o grande autor que ele se tornou. BOUVARD E PÉCUCHET GUSTAVE FLAUBERT
Foi o primeiro livro do Flaubert que li, o último que ele escreveu e é uma obra inacabada.
AO VENCEDOR AS BATATAS - ROBERTO SCHWARZ
O autor dá a dimensão de Machado e explica a relação do escritor com a sociedade. É um tratado social sobre o Brasil tendo como fonte Machado. Uma obra preciosa.
A VIRADA - STEPHEN GREENBLATT
Você finalmente entende o que a Vênus do [pintor] Sandro Botticelli está fazendo no meio da Uffizi, em Florença, no meio de tantos meninos Jesus, Cristo crucificado e madonas.
JOSÉ E SEUS IRMÃOS THOMAS MANN
Thomas Mann reescreveu a Bíblia, ou melhor, romanceou a Bíblia. E foi minha mãe quem me deu o livro.
FOTOS BOB WOLFENSON; DIVULGAÇÃO
Tudo começou quando a atriz Fernanda Torres estava na sétima série e teve de ler O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo. “Eu pensei, ‘nossa, tem algo aqui’. Fiquei louca pela Ana Terra, pelo capitão Rodrigo, pela Bibiana. Um ano depois, tivemos que ler Dom Casmurro. Fui apresentada a Machado de Assis e achei superdifícil de ler, sombrio, muito diferente de Verissimo. Mas, ao mesmo tempo, ele tem capítulos que são tão desconcertantes, quase surreais. Eu só entenderia – se é que a gente chega a entender Machado – anos depois, com a releitura. Lembro-me que aquele livro me deixou desconcertada, desconfortável.” Não, espera. Pensando bem, tudo começou bem antes. Filha dos atores Fernando Torres e Fernanda Montenegro, ela sempre viveu em casas em que não faltavam livros. “Meus pais diziam que eles compravam livros quando mal tinham dinheiro para comer. A casa deles era um lugar com estantes abarrotadas. Eles liam muito. Então, acho que havia uma curiosidade em mim de tentar descobrir o que tinha ali dentro daquele objeto”, diz. Em todas suas conversas – que podiam ser com um amigo, com o analista ou com sua mãe –, cada vez que surgia um título que ela ainda não havia lido, o desconhecido voltava a rondar sua cabeça. “Parecia que havia um segredo ali”, conta a atriz, que de mistério em mistério leu uma infinidade de clássicos, de Guimarães Rosa a Gustave Flaubert. Mas ela também gosta de se aventurar pelas ciências – física quântica foi um tema de predileção na juventude – e de história. Depois de tanto desvendar enigmas de outros escritores, Fernanda resolveu escrever os seus próprios livros. Se diz superempolgada com o “poder” de dar vida a essas novas entidades e escolher um destino para elas. “É como se fossem uns parentes que você tem. É uma família com a qual você se ocupa muito. Eles fazem coisas, desejam coisas, negam-se a fazer outras. São pessoas que não existem e passam a existir. É um sentimento maravilhoso”, finaliza. Fernanda Torres é autora dos romances Fim e A Glória e Seu Cortejo de Horrores e do livro de crônicas Sete Anos. Obras editadas pela Companhia das Letras.
UNIVERSO PARTICUL AR POR ALINE VESSONI
FOTOS ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO
Cristiano Mascaro retrata São Paulo desde 1968, quando iniciou sua carreira como fotojornalista. Hoje um dos mais celebrados fotógrafos de arquitetura do país, classifica o que faz de hobby
Cristiano Mascaro ainda era menino quando os imponentes edifícios da avenida São João marcaram sua vida. Era para ele um verdadeiro desafio sair do bairro das Perdizes, onde morava, e chegar com seus amigos aos cinemas da famosa avenida do centro de São Paulo. Começava aí sua história como espectador da Pauliceia. “Muita gente acredita que a arquitetura me aproximou de São Paulo, mas essa relação vem da infância. Naquela
época, as famílias não tinham carro e nós andávamos a pé. A avenida São João tem a mesma configuração, e andar entre aqueles prédios me deslumbrava. Era um exercício prazeroso ver a cidade”, conta. Pedestre tem mesmo outro ritmo e outros ângulos de observação. O tempo passou e, em 1968, o flâneur por conta própria acabou numa redação, profissionalizando-se na arte de observar a rua. “A primeira foto que fiz, sem pauta, foi da Praça da
Sé, e a partir dessa imagem eu pensei que São Paulo daria um bom personagem”, lembra. De lá para cá, Mascaro diminuiu um pouco a frequência com que sai para fotografar a urbe, e assim já não dá mais razão para a sogra, que, tempos atrás, fazia troça ao dizer que ele havia arrumado uma namorada nessas andanças desacompanhadas, especialmente aos fins de semana. “Minha namorada se chamava Brás”, brinca. n
FOTOGRAFIA: algo construído com o olhar
ARQUITETURA: revela a evolução do
ARTE: frase muito repetida de Ferreira
conhecimento humano SÃO PAULO: nada bela, mas estimulante O MELHOR LUGAR DE SÃO PAULO:
minha filha. Lá fora, muitos arquitetos portugueses contemporâneos
acompanhando a multidão
E NA FOTOGRAFIA?
A FOTOGRAFIA DA SUA VIDA: a de dois
no Brasil, Mário Cravo Neto
Gullar porque é a melhor: "A arte existe porque a vida não basta" HOBBY: fotografar CIDADE: Tóquio LIVRO: O Escritor e Seus Fantasmas, de Ernesto Sabato ARRANHA-CÉU: Dentsu Building (Tóquio), de Jean Nouvel
carregadores de sacos de farinha TRABALHO: meu hobby INSPIRAÇÃO: representa os famosos 10%. O resto é transpiração INSPIRAÇÃO NA ARQUITETURA:
aqui, a arquiteta Teresa Mascaro,
POLE POSITION por josé rubens d’elia
Exercício
PARA A VIDA TODA • 30 a 39 anos Atividades recomendadas: vale seguir a prescrição para a geração mais jovem. A musculação ajuda a prevenir males como osteoporose, artrose, diabetes e hipertensão. Atividades aeróbias também valem: elas são importantes no controle de sobrepeso e na proteção da massa óssea.
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Hoje, as opções são inúmeras e não estão apenas nas academias de ginástica. É possível se exercitar ao longo de cada etapa da vida. Veja como. SE VOCÊ TEM • 12 a 19 anos Atividades recomendadas: esportes coletivos como handebol, basquetebol e vôlei, que favorecem a sociabilização, melhoram o condicionamento físico e a capacidade cardiorrespiratória. Geram também aumento da flexibilidade, do fortalecimento muscular e da coordenação motora e perda de sobrepeso. As atividades aeróbias, como caminhada, corrida natação e ciclismo também são indicadas. • 20 a 29 anos Atividades recomendadas: um bom casamento aqui é conciliar musculação com corrida ou caminhada, natação e ciclismo, para adequação de peso e também para obter ganhos estéticos.
• Acima dos 50 anos Atividades recomendadas: natação e hidroginástica, que ajudam no condicionamento físico e promovem ganhos respiratórios e cardiovasculares; além disso, treinamento funcional, que auxilia na manutenção do tônus e da elasticidade musculares e incrementa a flexibilidade das articulações, vital para a independência diária com qualidade de vida. Para todas as idades a atividade física é crucial, mas para os mais velhos é ainda mais, como auxílio no controle da perda de massa muscular. n José Rubens D’Elia é fisiologista e treinador de pilotos, atletas profissionais, empresários e executivos. Diretor da Pilotech – Clínica de Performance de Pilotos, em São Paulo
ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM; FOTO ARQUIVO PESSOAL
Se tivéssemos vindo ao mundo com um manual de funcionamento, uma das primeiras recomendações seria fazer atividade física do início ao fim da vida. É o exercício que gera saúde, energia, autoestima e longevidade. Na falta desse manual é preciso aprender a se exercitar ao longo da vida. Para muitos, incorporar a atividade física como hábito é escolha; para outros, uma atitude de mudança. E a mudança pode ser pelo amor ou pela dor. O caminho do amor é mais consciente e duradouro. O da dor, no caso da atividade física, pode ser na sala de um médico, quando a prescrição do exercício tem o alcance de um remédio, caso a pessoa queira solucionar um mal que lhe aflige. Independentemente da idade, atividade física será sempre sua aliada. Aceite-a com bom humor e comprometa-se a fazer dela sua companheira diária. O bônus é bem maior que o ônus – falta de tempo, eventual cansaço, deslocamentos no trânsito.
• 40 a 49 anos Atividades recomendadas: musculação + atividades aeróbias. O que pode mudar é a intensidade, agora mais moderada.
CARTAS cartas@glamurama.com
PALADINO DA JUSTIÇA
Quero elogiar a lealdade do texto (PODER 114) combinado com uma inteligência arguta e observações com fina classe. Fiquei muito feliz com o resultado e a repercussão tem sido incrível, recebi manifestações de muita gente interessante. A PODER é uma revista consolidada, com prestígio e reconhecimento. Coisas da Joyce a quem amamos tanto. Parabéns e obrigado. Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay)
FOTO MAURÍCIO NAHAS
MEGAMENTE
Nunca imaginei que pudesse existir alguém mais ambicioso que o Trump [Donald, presidente dos EUA], mas existe. É o que mostra a matéria sobre o Stephen Ross (PODER 114). A única coisa que acho que faltou foi uma entrevista com o próprio. Edson Carvalho, São Paulo (SP), via e-mail
SENHORA DOS PALCOS
Nathalia Timberg não poderia ter sido descrita de
/poder.joycepascowitch
@revistapoder
maneira melhor, porque ela realmente é a “senhora dos palcos” brasileiros, ao lado de muita gente boa, como Fernanda Montenegro, Eva Wilma e tantas outras. Ela foi representada lindamente nessa matéria (PODER 114). Amei! Sylvia Cordeiro, Rio de Janeiro (RJ), via e-mail
MÉDICOS DE REPUTAÇÃO
Essa matéria (PODER 114) traz à luz o quão obscuro são as diversas esferas que permeiam o poder. Até a saúde de pessoas públicas vira objeto de barganha! Parabéns pela investigação. Cindy Gomes, Santos (SP), via e-mail
MADE IN JAPÃO
Que lugar maravilhoso em sua excentricidade! As fotos de Maurício Nahas do Japão (PODER 114) me deram tanta vontade de conhecer esse país. Quem sabe um dia... Claudia Nunes, São Paulo (SP), via e-mail
@revistapoder
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O INFERNO SÃO OS OUTROS
FOTO DIVULGAÇÃO
O jornalista e escritor italiano Eugenio Scalfari, fundador do jornal La Repubblica, deixou o Vaticano – e legiões de católicos em todo mundo – em polvorosa ao publicar uma conversa com o papa Francisco. Nela, o sumo pontífice teria decretado informalmente o fim do inferno, velho inferno, aquele local onde as almas sem redenção dos pecadores ardem por toda a eternidade após sua passagem terrena. Porta-voz do Vaticano, Greg Burke logo veio a público afirmar que o texto de Scalfari não condizia com as crenças católicas e, mais importante, que o jornalista, além de ser ateu e de esquerda, não se utiliza de gravador ou de um bloco de notas para registrar suas entrevistas. Como Scalfari tem 93 anos, Burke talvez quisesse sugerir que a memória do jornalista já não funciona tão bem como em outros tempos.
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FOTOS MAURÍCIO NAHAS; PAULO FREITAS
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MAKING OF
Veja os bastidores do ensaio de capa com LUCIANA GIMENEZ
Sucesso total! Lado B Glamurama reuniu turma das boas para bate-papo sobre moda, beleza e lifestyle
E MAIS NO GLAMURAMA.COM
• Milton Nascimento fala sobre fascínio pela Amazônia e prepara cover dos Beatles • Cazuza sessentão teria encaretado e saído do Baixo Leblon, diz Bebel Gilberto • Luan Santana faz balanço de seus 10 anos de carreira e quer filhos aos 30
ABRIL
EDIÇÃO 139
LUCIANA GIMENEZ: SEPARAÇÃO, MICK JAGGER E PLANOS PARA 2018 E MAIS: A vida da diva espanhola SARITA MONTIEL, a La Violetera; o que fazem os jovens da geração do nudes na internet; o charmoso apartamento de RENATA SCHMULEVICH, dona da FIT; e tudo sobre a primeira edição do ano do LADO B, na CASA GLAMURAMA
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