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Escola de Pais do Brasil
Geração SILENCIOSA A educação de crianças e jovens hiperconectados se torna uma tarefa desafiadora para pais e mães e cobra atenção extra para o avanço de doenças como a depressão e automutilação.
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ão 6h20min e o celular desperta. Depois de desligar o som estridente do alarme, o dedo desliza até o aplicativo do Facebook para conferir as notificações perdidas na madrugada. Chega a hora de abandonar o calor confortável da cama, trocar de roupa, pentear os cabelos. Na mesa do café da manhã, mais uma espiada: é a vez de checar o WhatsApp e o Snapchat. Na escola, entre um descuido do professor e outro, dá para atualizar a conversa no aplicativo ou jogar algum game no celular. Se a tática dá errado, o aparelho pode ser confiscado e ir parar na coordenação. Uma dura punição. Mas o smart¬phone não é só para brincadeira. Rola, às vezes, fazer
uma pesquisa no Google para um trabalho de sala de aula. Na volta para casa, depois do almoço, é a vez do notebook. Ela brinca com o gato de estimação enquanto o monitor exibe um episódio de alguma série do Netflix. Amigas do jardim de infância estão mais presentes nas mensagens do WhatsApp do que no dia a dia, já que não estudam mais na mesma escola. E o Facebook acabou se tornando a principal fonte de informação: as notícias surgem na linha do tempo, compartilhadas pelos contatos. Há tempo para tirar um cochilo, olhar para o teto e pensar na vida. Porém, no barulho dos múltiplos canais, na luz de todas as telas, nas trocas de mensagem instantâneas, sobra espaço para a solidão.
A rotina de consumo de informação é de uma menina de 13 anos, mas não fica muito distante de um jovem adulto qualquer. Em um curto espaço de tempo, o número de crianças entre nove e 17 anos que acessa a internet várias vezes ao dia triplicou. O smartphone já foi eleito o símbolo dessa geração silenciosa que digita rápido e tem olhos atentos às telas, porém escuta e fala pouco. Desde muito cedo, meninos e meninas têm acesso a grandes quantidades de informação. Muita coisa interessante, sem dúvida, mas inapropriada também. Violência, consumo, sexo e preconceito estão expostos na rede. Mas não é por estar expostas a esses temas que as crianças se tor-