[História II]
UNIDADE 8 O BRASIL DA DITADURA
MILITAR AOS NOSSOS DIAS O século XX no Brasil não viu muito espaço para a democracia. Na República Velha ela foi praticamente uma farsa, pois os coronéis e sua manipulação eleitoral tornaram todo o processo falho. Quando Vargas esteve no poder entre 1930-45 viram-se apenas suspiros democráticos. O país só iria conhecer a democracia, não entendida apenas como “voto”, mas sim como participação popular, organizações vindas de baixo, inclusão, próximo da metade do século. Mesmo assim esse período foi breve e interrompido em 1964 por uma violenta ditadura que deixa seus resquícios até hoje. O regime militar durou 21 anos. Depois disso se lutou e muito se tem lutado para se construir uma verdadeira democracia no Brasil, não só com liberdade de expressão, organização, voto, religião, mas também com acesso, dando voz às demandas da maioria e dando ao povo o poder que é do povo.
8.1. Ditadura civil militar (1964-85) TEXTO I - Sociólogo Herbet de Souza “(...) em 64 a Nação recebeu um tiro no peito. Um tiro que matou a alma nacional. (...) Os personagens que pareciam fazer parte da história brasileira ou da História do Brasil como nós imaginávamos, estes personagens de repente sumiram. Ou fora do poder, ou presos ou mortos. E em seu lugar surgiram outros, que eu nunca tinha visto. Idiotas que nem mereciam ser notados. De repente, eles eram mais do que donos do poder, eram donos da realidade! Ai me veio a percepção clara de que o Brasil tinha mudado para sempre. (...) Havia sido cometido um assassinato político. Ali morreu um país, morreu uma liderança popular, morreu um processo. Uma derrota política da qual você jamais vai se recuperar nos mesmos termos. (...) Não se matam somente as pessoas, também se matam os países, os processos históricos.”
TEXTO II - Editorial do Jornal O Globo de 1º de abril de1964 Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez. Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.
CARACTERÍSTICAS DO REGIME MILITAR - Autoritarismo, centralização e fortalecimento do poder do presidente - Atos Institucionais (AIs) – decretos-lei sem aprovação do Congresso - Eleições indiretas – a população escolhia membros do legislativo e estes escolhiam o executivo - Bipartidarismo – com a ARENA (partido favorável aos militares) e MDB (oposição leve) - Aparelho repressor, com censura na comunicação, espionagem, prisões, perseguições, tortura e mortes - Abertura econômica – aproximação com países capitalistas no contexto da Guerra Fria - Propaganda do regime – com “Milagre Econômico”, grande crescimento do PIB até início dos anos 1970 - Concentração de renda – houve crescimento econômico mas sem distribuição da renda - Endividamento externo – quando crescia o PIB os militares buscavam
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