Ponto de Reunião 2022

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O PAPEL DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS NO TEATRO DE OPERAÇÕES DO KOSOVO FOE Ricardo Vieira SAj Inf

As Operações Especiais Portuguesas no Kosovo As Operações Especiais, nomeadamente na figura dos seus destacamentos que foram projetados para o TO do Kosovo, assumiram, desde o primeiro momento até ao último, diversas estruturas e quadros orgânicos, de acordo com o contexto vivido no TO, mas também de acordo com a missão que lhe ia sendo atribuída. Em 1999, após aprovação da resolução 1244 do Conselho de Segurança da ONU, dá-se a projeção para este TO, através do primeiro Destacamento de Operações Especiais (DOE). Assim, quando Portugal decidiu participar neste TO, usou uma força de Operações Especiais em apoio à sua entry force – um Agrupamento (Agr BRAVO) com base num Esquadrão de Cavalaria e numa Companhia de Paraquedista, que se encontrava em aprontamento em Território Nacional (TN). O DOE entrou em teatro, fazendo parte da Força de Entrada Inicial da NATO – a KFOR, ocupando a sua base de operações em Banjë, num antigo hotel (hotel ONIX) destruído pelo conflito, em 7 de julho. A par dessa missão muito específica e temporária, uma vez que o Agr BRAVO chegou ao TO um mês depois, o Destacamento tinha como principal tarefa efetuar um reconhecimento de área em todo o território dentro do setor que lhe estava atribuído, fazer um levantamento da situação demográfica e de segurança, uma vez que o Kosovo, no pós-confrontos, encontrava-se com um elevado nível de destruição estrutural e desorganizado socialmente, sem uma rede de infraestruturas institucionais que tivessem um real conhecimento do que se passava no terreno. Para além desse trabalho, foi ainda desenvolvida uma rede de contactos, com o objetivo de aumentar o situational awareness do sector, o que obrigou a uma gestão delicada por parte dos militares do Destacamento, uma vez que, no seio de uma população martirizada por vários anos de conflito interétnico, esta prática não era por vezes bem interpretada no terreno.

Para fazer face às suas missões, o DOE estava estabelecido numa base operacional, integrada fisicamente num Batalhão Logístico italiano, que apoiava o sector e servia de “casa” às unidades de Operações Especiais da Brigada Multinacional, nomeadamente uma espanhola e uma italiana, respondendo diretamente ao Comando da Brigada, que tinha à sua responsabilidade o Sector Oeste. Contando com um efetivo de 2 Oficiais e 10 Sargentos (numa orgânica que não se viria a repetir no DOE seguinte) este destacamento já possuía um leque de equipamento mais diferenciado do que a generalidade do Exército usava, principalmente no que diz respeito ao armamento, equipamentos e optrónicos de proteção individual e, pela utilização de viaturas para mobilidade terrestre. Este DOE constituiu um marco para as Forças de Operações Especiais do CTOE, pois foi a primeira força organizada que foi projetada para operações, com uma missão primária no âmbito da doutrina das operações especiais, fora do território nacional.

Meios aéreos para projeção das FOEsp da KFOR


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