7. Mito no teatro de Artaud
O termo “mito” pode compreender vários significados, inclusive contraditórios e inconciliáveis. Para alguns, mito tem o sentido de conto, de lenda, entendido como ficção, uma inverdade. Outros compreendem o mito como uma etapa pré-científica do homem, como uma etapa na evolução humana (Nader, 1997), algo antecedente à filosofia e à ciência. Desta maneira, supõe-se que o mito tenha tido seu valor em um determinado momento e que, posteriormente, tenha sido superado por outras formas mais evoluídas de pensamento. Para a Hermenêutica Simbólica, o mito é o relato da irrupção da ação do sagrado: “O mito é uma ‘história sagrada’, é também um ‘elemento da estrutura da consciência’ e não um estágio na história da consciência humana.” (Nader, 1997, p. 147). O mito é uma narrativa dramática ou histórica, na qual imagens arquetípicas ou simbólicas se ligam umas às outras, formando um relato que possui características do sagrado. Artaud fez referência ao mito em vários momentos. Criticava o teatro de sua época dizendo que ele não criava mais mitos. O mito, segundo Mircea Eliade, é uma história verdadeira, um relato do verdadeiramente real, que afeta a existência do homem e lhe atribui um sentido. E parece ser por esse caminho que seguia a crítica severa de Artaud, pois para ele, o objetivo do teatro “não é resolver conflitos sociais ou psicológicos e servir de campo de batalha para paixões morais, mas expressar objetivamente verdades secretas, trazer à luz do dia através de gestos ativos a parte de verdade refugiada sob as formas em seus encontros com o Devir.” (Artaud, 1993, p. 66). O mito, tanto para Artaud
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