M ATER IAL D IGITAL D O PROF ESSOR DE Z DI AS NO MANIC Ô MIO
nos e mais eficientes, criando e patenteando produtos para a indústria, e colocou em prática suas reformas sociais na empresa. Ela se preocupava com o bem-estar dos funcionários, mas não com as finanças, que deixava nas mãos dos “homens de confiança”. Após diversas fraudes, esses mesmos homens, um deles seu irmão, levaram a empresa à falência. Algum tempo depois de se aposentar do jornalismo, e com dificuldades financeiras, Nellie teve que voltar à atividade e, em 1914, voou para a Áustria e se tornou a primeira mulher correspondente de guerra, atuando na linha de frente na Primeira Guerra Mundial. Nellie Bly foi e segue sendo inspiração para muitas jovens. Seus relatos já foram traduzidos ao redor do mundo, assim como já foram escritas diversas biografias sobre sua vida e obra. Acreditamos, portanto, que a leitura do relato de Dez dias no manicômio irá contribuir para o conhecimento do mundo atual através do estudo do passado. Por se tratar de um tema tão sensível, é bom que os alunos e alunas já possuam um certo grau de maturidade para que possam conversar abertamente sobre saúde mental, entrando em contato com uma realidade que já não é mais assim, mas que ainda persiste em muitos preconceitos e estigmas sobre os transtornos mentais.
NELLIE BLY E O “PROJETO DE VIDA”
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Nellie Bly era o pseudônimo de Elizabeth Cochrane Seaman, nascida nos Estados Unidos em 1864. Quando ela tinha apenas 20 anos, leu um artigo no jornal local dizendo que as mulheres que não se casavam ou tinham filhos eram um “problema” para a sociedade. Ela (que tinha ficado órfã de pai e lutava para manter a família) prontamente respondeu com uma carta inteligente e mordaz, defendendo que as mulheres tinham o mesmo direito de trabalhar dos homens, e que deveriam ser remuneradas igualmente. O público discordou, mas a carta era tão bem escrita que o editor do jornal a contratou como jornalista. Nessa primeira redação, no entanto, Nellie ficava confinada a escrever sobre moda e “cuidados do lar”. Não se sujeitando a isso, partiu para Nova York, sozinha e sem dinheiro, e candidatou-se a repórter do principal jornal da época, o Time. O editor fez-lhe um desafio: investigar os abusos em um hospital psiquiátrico para mulheres. Ela não só aceitou o desafio, como o fez de maneira ousada: fez-se passar por louca, convenceu médicos e juízes e foi internada no dito manicômio. Corria o risco de ficar para sempre trancafiada, já que declarar que não era louca, naquele lugar, era um atestado de insanidade. Ao fim de dez dias, ela conseguiu sair e o resultado foi a reportagem Dez dias no manicômio, que conseguiu conscientizar a opinião pública