Dez dias no manicômio MDP

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M ATER IAL D IGITAL D O PROF ESSOR DE Z DI AS NO MANIC Ô MIO

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES Dez dias no manicômio tange uma questão discutida ao longo da história da humanidade: a “loucura” e o que a sociedade deve fazer com as pessoas que, afligidas por doenças mentais, não conseguem prover a própria subsistência. À época de Nellie Bly, a “solução” que a sociedade encontrava para os doentes mentais era simplesmente o confinamento: mantê-los apartados do resto da população, como se tivessem alguma doença contagiosa. Ficou famoso no Reino Unido o “Bedlam” (apelido do Bethlem Royal Hospital) no século 18, quando os internos, quase relegados à própria sorte, eram visitados pelo público como uma espécie de zoológico macabro.

Damas vitorianas visitam o Bethlem Royal Hospital. Quadro de William Hogarth, 1735. Domínio Público. Wikemedia, disponível neste link.

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Na virada do século 20, pouco depois do relato de Nellie Bly, houve um desenvolvimento da psiquiatria e, em paralelo, da psicologia, que lançaram luz sobre as razões, físicas e psíquicas, da alienação mental. Em diálogo com as ciências sociais, alcançamos um tratamento mais humano dos doentes mentais. O psiquiatra italiano Franco Basaglia propôs o fim dos asilos e o movimento antimanicomial ganhou especial força no Brasil. Uma das razões para a adesão brasileira seja a tétrica experiência do Hospital Colônia de Barbacena, Minas Gerais, que chegou a abrigar cinco mil internos em condições desumanas — muitos dos quais sequer eram doentes mentais, mas meros “desajustados” de quem a família, ou mesmo os governos autoritários, querem se desembaraçar. O hospital chegou a ser comparado com um campo de concentração, dada as más condições e a imensa proporção de mortes por pacientes. A jornalista Daniela Arbex relatou essa triste história em O holocausto brasileiro, de 2013.


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