A Sirene - Ed. 87 (Julho/2023)

Page 3

APARASIRENE NÃO ESQUECER

Julho de 2023 Mariana - MG

3

Opinião Foto: Larissa Pinto

Papo de cumadres: Quando nós garimpávamos Por Sérgio Papagaio

Consebida e Clemilda , numa conversa, lembram com muitas saudades antes do rompimento da Barragem da Samarco. Época que o garimpo era trabalho, diversão e constituía seus modos tradicionais de vida. — Cumadre Clemilda, já tive muitas tristezas e também aligria por dentro dessa vida, antonte eu tava mexendu nas caxinhas da minha cabeça, onde que eu guardu minhas lembrança. Lá, cumadre, tem de tudu, tristeza, aligria, esperança.... — Pois é cumadre, vira e mexe tô eu rivirandu essa caixa, pamode nunca esquecê quem nois semus nem de onde viemus. — A cumadre prestenção, eu revirei caixa por caixa e cê sabe undé eu incontrei a maior quantidade di felicidade ? — Sei não, cê num me falou ainda, cumé que eu vou adivinhá? — Pois então vou te falá, a maioria das minha felicidade tá na caixa du garimpo, guardadas todas com data de antes do rompimento da barrage da samalco, du ladu da caixa da sardade, porque cumadre, u garimpu num era só trabaiu, tinha satisfação nu modu simples de nois com prazer exercê uma profição, era família, aligria e diveusão, num modu de trabaiu que sempre nus deu u pão. — Intonse cumadre, quandu nois luta por reparação, ês pensa que nois só quer dinheiru, num sabenu eles que nossa maior riqueza sempre foi a aligria de juntu dus amigu e de nossa famia constitui nossos modu de vida, sempre com muitu zelu, quase sem lugar pru dinheiru.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.