JornalCana 338 (Junho 2022)

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MERCADO

Junho 2022

Centro de Excelência em bioenergia será criado por Brasil e Índia Uso de etanol será incentivado para reduzir níveis de emissões A cooperação bilateral entre o Brasil e a Índia para a promoção do etanol e suas misturas no setor auto− motivo terá um Centro Virtual de Ex− celência (CoE). A iniciativa está pre− vista no Memorando de Entendi− mento assinado no dia 21 de abril, em Nova Deli, pela União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA) e a As− sociação dos Fabricantes dos Auto− móveis Indianos (SIAM). “O CoE será um portal de conhe− cimento, um hub que reunirá infor− mações importantes e atualizadas so− bre avanços tecnológicos, normas téc− nicas, regulamentos, políticas públicas e sustentabilidade relacionados à bio− massa e bioenergia”, adiantou o presi− dente da UNICA, Evandro Gussi. O documento prevê uma série de iniciativas focadas em políticas para reduzir os níveis de emissão de gases de efeito estufa a partir do uso de eta− nol. Para isso, será utilizada avaliação do ciclo de vida da fonte energética, desde o cultivo ao produto que chega ao consumidor. Também estabelece o intercâmbio de informações sobre biomassa para bioenergia e acesso ao mercado e sustentabilidade dos bio− combustíveis. O diretor−geral da SIAM, Rajesh Menon, disse que o Memorando de Entendimento abrirá o caminho para aprofundar a colaboração não só en− tre as duas organizações, mas também dará apoio e complementará os esfor− ços dos governos na promoção da bioenergia, biocombustíveis, e outros combustíveis de base biológica para a mobilidade com baixo teor de carbo− no na Índia e no Brasil. “É de fato um privilégio e uma honra para a SIAM assinar um Me− morando de Entendimento com a UNICA para trabalhar em conjunto no sentido de alcançar o objetivo co− mum de mobilidade com baixo teor de carbono por meio da mistura de etanol, tecnologia e investimento”, declarou Menon. A parceria está pautada em cinco pilares: tecnologia, normas, políticas públicas, comunicação e sustentabili− dade. Eles têm como pano de fundo temas vinculados à qualidade do combustível, compatibilidade de ma−

dos, porque estamos falando em ações para reduzir os impactos da mudança do clima”, afirmou Gussi.

incentivo ao uso

teriais, regulamentação do mercado, distribuição e armazenamento, além da utilização de veículos flexfuel, com motores a combustão que funcionam tanto com gasolina como com etanol, a qualquer proporção.

Mobilidade Sustentável O Brasil é o segundo maior pro− dutor de etanol do mundo, depois dos Estados Unidos, e abriga a maior fro− ta mundial de carros que utilizam eta− nol como combustível. A Índia tam− bém tem um forte foco na área de biocombustíveis e antecipou em cin− co anos, para 2025, a meta de atingir 20% de mistura de etanol na gasolina. O país é o segundo maior produtor de açúcar do mundo, depois do Brasil, e tem potencial para converter o esto−

que excedente de açúcar em etanol. Em janeiro de 2020 os dois países assinaram, no âmbito governamental, um Memorando de Entendimento em bioenergia. Entre outros aspectos, concordaram em trabalhar juntos pa− ra promover e fomentar a economia de baixo carbono, tendo por objetivo as metas estabelecidas na Conferência do Clima da ONU. O documento as− sinado pela UNICA e pela SIAM, ambas da iniciativa privada, está em li− nha com o Memorando de Entendi− mento firmado há dois anos. “O futuro está se mobilizando em direção a um mercado mundial de etanol, e nossa parceria pode benefi− ciar todos os países, globalmente, com a descarbonização do setor de trans− portes. É um tema que interessa a to−

Atualmente, mais de 60 países no mundo já possuem mandatos que es− tabelecem algum nível de mistura de etanol na gasolina. No Brasil, o uso de etanol por quase 50% dos carros do Ciclo Otto (veículos leves) evitou a emissão de 600 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Na Guatemala, com uma política efetiva que implemente a mistura de 10% de etanol na gasolina é possível evitar a emissão de aproximadamente 250 mil toneladas de CO2 anualmen− te. A medida contribuiria para o país centro−americano atingir os com− promissos assumidos no Acordo de Paris. A meta dos guatemaltecos é di− minuir 11% de suas emissões globais de CO2 até 2030. “A Guatemala é uma país que es− tá pronto para iniciar um programa de etanol. Há muito interesse do gover− no em ter uma matriz energética, uma matriz de transportes mais limpa”, disse Eduardo Leão de Sousa, diretor− executivo da UNICA. Segundo ele, a primeira edição do Sustainable Mo− bility: Ethanol Talks Guatemala, rea− lizada no início de maio, na Cidade da Guatemala, teve resultado muito po− sitivo e deve redundar em um proces− so contínuo de colaboração entre os dois países, de estreitamento e forta− lecimento da nossa relação. “É o iní− cio de uma longa caminhada, que es− peramos que será muito bem−suce− dida”, ressaltou.


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