Habitação Social e Mutirão Autogestionário: O Caso COPROMO

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3. Caracterização do município de Osasco

Em termos territoriais, Osasco esteve vinculado ao processo de crescimento econômico do estado de São Paulo do século XX, a partir do estabelecimento de sedes do novo ciclo de expansão (OLIVEIRA, 1973), materializados na instalação de parques industriais que abrangiam empresas de caráter tanto nacional quanto multinacional vinculadas aos mais diversos ramos de atividade (OLIVEIRA, 2011). A escolha pelo município de Osasco para a instalação de um parque industrial em ascensão residia nas vantagens encontradas pelos investidores na localidade. Entre os aspectos vantajosos, Osasco se destacava das demais localidades da RMSP pela sua localização estratégica, a poucos quilômetros do centro de São Paulo, além de contar com a Estada de Ferro Sorocabana, o que facilitava seu acesso da capital (OLIVEIRA, 2011). Contudo, a nova dinâmica de expansão industrial trazia consigo não só a exigência de infraestrutura e de serviços para os quais essa territorialidade não estava previamente dotada (OLIVEIRA, 1973, p. 26), como também atraía um contingente de mão de obra popular que passaria a residir no município. Sendo assim, observa-se o crescimento dos fluxos migratórios internos impulsionados pelo surto industrial que atingiu tanto a capital paulista quanto sua região metropolitana a partir da primeira metade do século XX.

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Territorialmente, o contingente de trabalhadores migrantes se estabeleceria em bairros operários localizados às margens do triângulo central de Osasco, consolidando-se nas cercanias do parque industrial formado no município. Ademais, enquanto era caracterizado como distrito de São Paulo, Osasco não era contemplado por serviços de transportes públicos, o que dificultava o deslocamento dos trabalhadores residentes dos bairros operários, assim como se mantinha à margem dos investimentos urbanos aplicados na capital, marcadamente expressos a partir da gestão de Prestes Maia ao final da década de 1930 (OLIVEIRA, 2011). Dessa forma, o acelerado crescimento industrial da região de Osasco convivia com a precária urbanização do distrito, onde faltava água encanada, escolas, hospitais e problemas relacionados à segurança pública (OLIVEIRA, op.cit.). Como resultado, Osasco passou a contar com regiões precariamente urbanizadas e periféricas, reproduzindo o fenômeno citado por Langenbuch (1971) de “suburbanização residencial” (LANGENBUCH, 1971 apud BONDUKI, ROLNIK, 1979). Ademais, a região passou a abranger uma formação espacial resultante do fenômeno de “proletarização do espaço” (MARICATO, 1976), compreendendo vastas áreas residenciais construídas por meio da autoconstrução, com poucos ou sem qualquer tipo de serviço público, à exceção do transporte precário e pequenos comércios.


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