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#1

o problema é ser tratado diferente Ano I |

Formato A4 | internet livre

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Setembro/2021 - #1

Fundação Selma Reabilitação Física e Social Páginas 4 a 8

A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


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Fechamento desta Edição Jornalista Responsável

GENTIL GIGANTE j o r n a l i s m o

Desde 1993

15/9/2021

Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP

Distribuição Gratuíta pela Internet

Periodicidade mensal CONTATO - contihq@hotmail.com | cel. (11) 9.88906403 *Todas as colunas são de inteira responsabilidade daqueles que a assinam


Editorial

seja bem-vindo Manoel Carlos Conti Jornalista

Fotos - gstatic.com/licensed-image

Amo filmes e cinema. Tenho um DVD que já está até gasto de tantas vezes que o assisti. Chama-se “Mente Brilhante” inspirado em John Nash, um matemático sensacional que desenvolveu e trabalhou teorias inovadoras, uma delas usada hoje e chamada Tabela Price. Numa parte do filme, ele conversa com um colega que sempre o ameaçava fisicamente e disse “talvez seja bom ter uma mente bonita, mas um dom ainda maior é descobrir um coração bonito”. Temos visto, principalmente aqui no Brasil, uma total falta de respeito e de consideração àqueles que tem algum tipo de, digamos diferenças; sejam negros, idosos, deficientes visuais, cadeirantes, homossexuais, índios e mais um monte de gente que muitas vezes não encontra oportunidade de participação da vida comum, como a de outros muitos cidadãos. O Bullyng é especialmente o preferido por maldosos pela rede social, uma forma covarde de não dizer cara a cara aquilo que pensa da vida. Eu me trato de câncer e tive uma parte do meu peito retirada numa cirurgia. Não consigo ir para a piscina ou praia sem uma camiseta e isso acaba se tornando uma espécie de ‘praxe’ uma vez que percebemos durante nossa vida o que fazem ou dizem desse tipo de coisa que aconteceu comigo e acontece com tantos outros. Fico admirado com os atletas paraolímpicos que superaram esse ‘mal estar’ e hoje, sorriem, ganham medalhas e vibram com o que podemos chamar de heróis o que eles conseguem fazer de ‘façanha com aquilo que chamamos de problema’, com todo respeito. Essa revista foi criada para mostrar soluções e tudo aquilo que pode ser feito para solucionar todos problemas àqueles que citamos acima. Não é possível que nossos governantes não consigam acordar para tudo isso que acontece. Agradeço de coração a gentileza dos colunistas que não podemos pagar, o que seria o mais correto. Eles também são heróis especializados em transmitir a ajuda proposta. Procurando textos para adicionar em um roteiro que estou escrevendo vi uma frase bem importante, coincidentemente de outro John, muito acertada como a acima citada de Nash: “lutar pelos direitos dos deficientes é uma forma de superar as nossas próprias deficiências” - John Kennedy. Uma boa leitura a todos!

John Nash 1928 - 2015

John F. Kennedy 1917 - 1963

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Nosso time de Colunistas

Miguel Ângelo Rododeguro

Fundação Selma

Selma Bethânia

Aceitação

7e8

Maryana Moraes

Capacitismo

9 e 10

Thays B. Lima

Rumo a uma sociedade inclusiva

11 e 12

Sandra R. Shewinsky

A vida

13 a 15

Armando Fantini

A cura pelo mar

16 e 17

Ricardo Mesquita

CAPA

Acessibilidade já

4a6

19 a 21

Thaissa Alvarenga

Nosso Olhar

22 e 23

Malu Navarro

Diferentes, contudo iguais

24 a 26

sou Bruno Agá

27 e 28

Bruno dos Santos

Edson Defendi

Diversidade em pauta

29 e 30

Rodrigo Bueno

Bengala Verde

32 e 33

Jane Barreto

... meu braço parou, minha vida não

34 a 36

Difi culdade de acesso

37 a 39

Fabíola Furlan

Malu Alencar

O direito de agir ou caminhar 43 e 44

Noticias

O que rolou no whatsapp

45 a 50

A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


FUNDAÇÃO SELMA Reabilitação Física e Social

Fotos enviados pelo colunista

Miguel Ângelo Rodeguero Diretor Geral

Missão: Atuar com precisão e de forma humanizada no atendimento e reabilitação física e social de pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e com dores de origem postural, para melhor adaptá-las à vida social dentro de suas possibilidades físicas. A Fundação Selma - www.fundacaoselma.org.br - é uma entidade sem fins lucrativos fundada em 1993. Teve início com a necessidade de reabilitação da menina Selma Bethania, vítima de acidente automobilístico. Idealizada por José Carlos Gonçalves, pai da Selma, e pelo médico fisiatra Luiz Antonio de Arruda Botelho, contou com a participação de empresários, amigos e colaboradores que se cotizaram para tornar realidade o projeto. A Fundação Selma foi pioneira no Brasil em equipamentos e tratamentos hoje disponíveis em alguns hospitais e entidades voltadas à reabilitação. Ao trazer ao país novas técnicas e tecnologias, a Fundação, além do pioneirismo, estabeleceu modelos de atendimento a pessoas com problemas de mobilidade, sequelas neurológicas, dores de origem postural e outros tipos de necessidades especiais, sempre tendo em vista o restabelecimento da melhor condição possível ao paciente, com a melhora da qualidade de vida tanto dos pacientes

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quanto de seus familiares. Em sua trajetória, a Fundação Selma proporcionou mais de 160 mil atendimentos nas diversas modalidades de terapia. A entidade realiza um atendimento transdisciplinar, que conta com fisioterapia, terapia ocupacional de solo e aquática, pilates clínico, equoterapia, hidroterapia, psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia, quiropraxia, medicina fisiátrica e antroposófica, terapia artística, reorganização neurofuncional, mecanoterapia, reorganização postural global (RPG) e acupuntura. Realiza ainda um trabalho para o tratamento da dor nas costas, atualmente uma das principais doenças incapacitantes e um dos maiores motivos de afastamento do trabalho. Hérnia de disco, escoliose, lordose, espondilolistese – tudo isso precisa de tratamento e fisioterapia especializada. Independentemente da gravidade da situação, o tratamento é imprescindível para reabilitar, para manter o organismo funcionando – sem dor ou com a dor sob controle – e para retornar às atividades da vida diária e profissional, afirma a Dra. Adnamare Tikasawa, coordenadora técnica da entidade. Ao lado das terapias, a Fundação Selma oferece suporte junto às empresas no âmbito da medicina do trabalho para o cumprimento da norma regulamentadora 17 (NR17) da CLT/ MT que trata de ergonomia visando a saúde do trabalhador. A entidade tem algumas parcerias, dentre elas a PUC – SP: os alunos do último ano de graduação em fisioterapia da Universidade Católica de São Paulo realizam o estágio profissional na Fundação Selma. Sob a supervisão da Universidade e da Fundação, os estagiários atendem pessoas carentes num programa exclusivo da execução da parceria. Igual a outras atividades, a Fundação Selma vem sofrendo com a pandemia. Alguns projetos estão em compasso de espera, aguardando melhores dias. Por exemplo, o projeto EMPRESA AMIGA, através do qual uma empresa “adota” alguns pacientes, à sua escolha, e lhes patrocina o tratamento. Aceita doações através de conta bancária: Banco Bradesco, ag 0495-2, conta corrente 72.3029, CPF 68.149.947/0001-00 (ninguém está autorizado a pedir ou arrecadar qualquer doação em nome da Fundação Selma). “Os pilares que sustentam toda a estrutura

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de nossa entidade têm a solidez que dermos a eles. Dessa forma, todos são importantes. Todos são responsáveis pelo bom atendimento, zelo, cuidado e dedicação que nossos pacientes merecem e têm recebido. Palavras que devem orientar cada um de nós: amor, dedicação, respeito, ética, responsabilidade, profissionalismo, tolerância. Elas formam o arcabouço do que entendemos ser a estrutura sólida, firme, reconhecida e valorizada da Fundação Selma”, diz Miguel Ângelo Rodeguero, presidente da entidade. A sede fica na capital paulista, na Rua Acruás, 169, no bairro Campo Belo, telefone (011) 50341566 e whatsapp (11) 989573055.

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Aceitação Selma Bethania

Aceitar-se uma pessoa com deficiência é um dos trabalhos psicológicos mais difíceis, mas é a partir daí que a vida começa a melhorar, a realmente “andar pra frente”. Precisamos nos aceitar, acima de tudo, para sermos felizes. E essa auto confiança adquirida a partir da aceitação é que faz toda a diferença para uma auto estima elevada e conseguir ir atrás dos seus sonhos, é o que dá a coragem de se jogar... Eu me aceitei, sou cadeirante muito bem resolvida, e nem por isso sou melhor que ninguém,mas vivo tão bem, tão bem, que estou escrevendo agora para estimular quem ainda não chegou a esse nível, a ter essa ousadia. Se permita. Gostaria que todos sentissem o que eusinto, a força e a auto confiança que dá ao se aceitar uma pessoa com limitações, mas nem porisso pior como ser humano. Nós todos somos diferentes e únicos, cada um na sua essência, cada um na sua identidade, cada um tem as suas características, as suas angústias, as suas felicidades, enfim, os seus sentimentos, e se aceitar é o primeiro passo para a auto realização. O problema é que a gente vive numa sociedade que muitas vezes não aceita a gente como a gente é, pode ser por preconceito, ignorância, e até

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Foto: Arquivo

mesmo porque a gente foge do padrão dito “normal”. As pessoas esquecem que ser diferente não é ser pior ou melhor que ninguém, é ser apenas diferente, simples assim. Muita gente tem uma vida diferente do modelo comum, conforme a sociedade, e é marginalizada, sofre com o isolamento e a discriminação, perde seus direitos, perde sua auto estima. Nesse mundo que a gente vive, tão desigual, onde alguns tem mais chances do que outros, precisamos ter acesso a dignidade, nessa luta frenética e incansável para que nossos direitos sejam respeitados, se torna ainda mais necessária essa aceitação, para nos munir de todas qualidades necessárias que essa luta exige. Quando passamos por conflitos internos, já é difícil se aceitar, com uma deficiência, se torna mais difícil ainda, e como o mundo está hoje, com todas as mudanças, fica ainda mais urgente e preciso que nos aceitemos, porque só mudando o mundo interno é que conseguimos mudar o mundo externo. Eu sei o peso que é não se sentir aceito, e o estrago que isso provoca em nós, por isso nesse processo, não lute contra você, ame sua deficiência, suas dificuldades, sei também que isso exige coragem e amor. Seja vc, acredite que sua deficiência não te define, só te faz diferente, e isso nunca será um problema. Se reconheça como capaz, e assim o mundo te enxergará.

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Deficiência descomplicada

Capacitismo

um preconceito velado e marcante Maryana Moraes Psicóloga Clínica

Antes de explicar o significado exato desse termo, eu gostaria de contar uma história curtinha lá dos meus tempos de escola, em meados dos anos 90. Eu devia estar na primeira ou segunda série do ensino fundamental. A nossa professora estava de licença e veio uma professora substituta. Nesse dia específico havia uma atividade de colagem e nós precisávamos recortar algumas figuras. Eu tenho agenesia do antebraço direito, uma condição de má-formação, que me fez nascer sem o antebraço e a mão direita. A professora oficial sabia que eu conseguia usar uma tesoura. Mas, a substituta não. E ela fez toda a atividade daquele dia pra mim. Resultado: eu me lembro de ter achado engraçado, mas ao mesmo tempo, de não ter coragem de falar pra ela me deixar fazer a tarefa, pois não a culpava por ter pensado que eu não conseguiria. Naquela época, com 7 anos, eu já sabia que muitas pessoas esperavam menos de mim por causa da minha deficiência. Eu já conhecia o capacitismo. O meu objetivo ao contar essa história é explicar que Capacitismo é a discriminação por motivo da condição de deficiência. É também o preconceito que envolve o julgamento da capacidade e da aptidão de alguns seres humanos, em virtude da sua condição de deficiência. É um conceito que está associado à ideia de padrão corporal perfeito. Na visão capacitista (que vamos combinar, é a presente na sociedade) a ausência de qualquer deficiência é vista como o normal, e pessoas com alguma deficiência são entendidas como exceções, como pessoas que não seriam capazes de exercer uma profissão e se manter no mercado de trabalho, que não socializam com freqüência, que não têm vida sexual, que não podem se casar ou ter filhos.

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O capacitismo é uma forma de preconceito velada, pois são conjuntos de idéias e atitudes que estão tão enraizadas no imaginário da população que passam despercebidas. Exemplo de postura capacitista é dirigir-se ao acompanhante de uma pessoa com deficiência física para falar algo sobre ela em vez de dirigir-se diretamente à própria pessoa, julgando que esta última não tenha capacidade de falar por si. Outro exemplo é quando se trata uma pessoa com deficiência de forma infantilizada, usando termos como: “sua perninha, seu bracinho, sua cadeirinha, etc.” Tratar um adulto de maneira infantil é imaginar que ele é uma eterna criança, que não consegue fazer nada sem ajuda e que pode ter sua privacidade invadida ou negada. Isso é capacitismo. O problema é que, além dessa discriminação, o capacitismo também se apresenta como um problema social. Na prática, não envolve apenas termos ofensivos e olhares de julgamento. Ele está ligado à ausência de pessoas com deficiência em diversos espaços da sociedade. Quantas pessoas com deficiência trabalham com você? Quantas estão na sua sala de aula? Você tem amigos que sejam pessoa com deficiência? Só essas perguntas já nos levam a uma reflexão. Os dados atuais do IBGE mostram que pelo menos 45 milhões de pessoas no Brasil possuem algum tipo de deficiência, quase 25% da população do país. Mas esse número, nem de longe, representa os espaços ocupados pelas pessoas com deficiência no mercado de trabalho. E quando a pessoa com deficiência decide ingressar no mercado, exercer sua independência e autonomia, uma realidade bastante contraditória do capacitismo também acontece. Ela passa a ser vista como uma verdadeira guerreira, exemplo de heroísmo e inspiração para o resto do mundo. Mas porque esse é um pensamento capacitista? A verdade é que quando a expectativa é baixa, qualquer coisa que fazemos parece ser grande. Expressões do tipo: “não posso reclamar da minha vida, porque fulano não anda e faz de tudo” ou “que exemplo ver uma pessoa cega estudando.” São só algumas que muita gente reproduz sem nem perceber. Uma pessoa com deficiência que trabalha, estuda, pratica esportes, namora, não faz isso com a intenção (ou obrigação) de inspirar ninguém. Tratá-las como guerreiras da vida é só uma forma “bonitinha” de dizer: “eu não esperava muito de você”. Foto: TSE

Telefone: 31 983510361 Email: maryanacmoraes@gmail.com Instagram: @maryanapsi

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Benefícios

Rumo a uma sociedade inclusiva às pessoas com demência Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

Em julho de 2021 conversamos sobre a importância de falarmos sobre demência (https://metodosupera.com.br/vamos-falar-de-demencia/), hoje daremos continuidade ao assunto discutindo acerca da importância de vivermos em uma sociedade amiga da pessoa idosa diagnosticada com demência. Para iniciarmos a discussão, precisamos saber: você vive em uma sociedade amigável às pessoas idosas diagnosticadas com demência? Provavelmente, muitos responderão não, devido a estereótipos negativos, estigma e discriminação que existem e envolvem o tema. Pensando nisso, neste mês de agosto de 2021, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou o documento intitulado de “Rumo a uma sociedade inclusiva com demência: ferramentas da OMS para iniciativas favoráveis à demência” com o intuito de minimizar os impactos psicológicos, sociais, emocionais e financeiros que a demência tem sobre os indivíduos, seus cuidadores, familiares e comunidades. Tal documento faz parte do plano de ação global sobre a resposta de saúde pública (de 2017–2025) que dedica uma área de ação à conscientização e importância da inclusão das pessoas idosas diagnosticadas com demência. Segundo o documento, a demência é um desafio mundial que atualmente afeta cerca de 50 milhões de pessoas. Por isso, enquanto o mundo espera por uma cura, precisamos de mais pessoas que abracem e envolvam aquelas que vivem nesta situação, ao invés de isolar e excluí-las. Para isso é necessária uma abordagem que se centra nos direitos humanos e nas pessoas. Por meio da sensibilização e conscientização acerca da demência. Isso ajudará a educar a sociedade para melhor entender as pessoas diagnosticadas, bem como suas famílias e cuidadores.

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Defende-se, portanto, que deve ocorrer uma mudança do tratamento da demência como puramente uma condição médica que leva a deficiência e dependência, para entendê-la como uma condição adquirida e progressiva que afetará a pessoa cognitiva e psicossocialmente. Esta mudança traz consigo a necessidade de capacitar as pessoas com demência para viverem suas vidas da maneira que escolherem e valorizarem. Além disso, é importante lembrarmos que as pessoas diagnosticadas possuem direitos, assim é necessário a mitigação dos mitos e estereótipos entre a população, bem como profissionais da saúde e assistência social. Pois os estereótipos negativos podem levar alguém a julgar injustamente outra pessoa e consequentemente atribuir características negativas, resultando em estigma. O estigma, por sua vez, pode causar discriminação e violações dos direitos humanos contra as pessoas com demência. Alguns exemplos que geram as violações dos direitos humanos incluem a coerção e institucionalização indevida da pessoa idosa com demência, desconsiderando sua capacidade legal de decidir, privando-os de sua dignidade e autonomia. Violações que podem ter graves consequências na saúde e qualidade de vida da pessoa diagnosticada. Por fim, segundo a OMS, a participação é a chave para adotar uma abordagem humanizada baseada em direitos e centrada na pessoa. No nível mais básico, refere-se ao envolvimento das pessoas com demência e seus parceiros de tratamento em todas as fases do desenvolvimento e gestão de iniciativas favoráveis à demência (IFD). Participação significativa, no entanto, implica que as pessoas com demência estão posicionadas de forma única e com poderes para planejar e implementar as iniciativas favoráveis à demência e atividades relacionadas. Isso irá garantir que as atividades planejadas e os resultados esperados reflitam com precisão as preferências, necessidades, prioridades e escolhas das pessoas com demência. Então, o que vocês acharam do assunto abordado? A Organização Mundial de Saúde (OMS) conseguirá que o mundo seja mais amigável às pessoas idosas diagnosticadas com demência até o ano de 2025? Fonte: https://www.who.int/publications/i/item/9789240031531 Assinam este artigo: Gerontóloga- Manuela Lina da Silva Gerontólogo- Tiago Nascimento Ordonez Foto: Método Supera

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.

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Divã

A vida Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

As pessoas vivem a rotina frenética, de casa para o trabalho, levando os fi lhos para escola e a todos os lugares, correndo atrás do tempo. Acham-se felizes, com o lazer obrigatório, sexo programado, consumo desproporcional do conforto tecnológico e “imprescindível” e, escravas da estética. Buscam sentir-se poderosas e potentes com suas vidas. De repente, em ínfi mos minutos, o inusitado ... a defi ciência. Atuações preconceituosas e cruéis em relação às pessoas com defi ciência perpassam pela história. Mas, nos dias de hoje, qual a realidade que se impõe? Ao acompanharmos o movimento histórico da concepção e atuação com o defi ciente é fácil pensar: Como as coisas melhoraram! De fato, é inegável a evolução, mas não podemos nos deixar cegar pelas mudanças e não fazermos uma refl exão crítica sobre o preconceito vigente. O preconceito está em nós! Todos somos algozes e vítimas dele, aprisionados na violência das ideias pré-concebidas e conceitos impostos sem refl exão. A pessoa com defi ciência pode suscitar no preconceituoso, afetos diversos relacionados aos mais diferentes conteúdos psíquicos. Da mesma forma, que ela própria traz consigo preconceitos oriundos da cultura. Na nossa sociedade, em que o indivíduo “vale” pela sua produção e riqueza, no momento em que fi ca impossibilitado de exercer papéis profi ssionais que lhe conferem o status

Foto: mil

O SUPERA é um curso diferente de tudo que você apenas uma aula semanal de duas horas, você con te saudável, com mais concentração, raciocínio, mem e autoestima. Estas habilidades melhoram o desem alavancam a carreira e garantem mais qualidade de desafi o e experimente uma forma incrível de viver. N não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta

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lbijus.com.br - divulgação

ê já conhece. Com nquista uma menmória, criatividade mpenho na escola, e vida. Encare este Nossa metodologia a emoção.

quo, recai sobre ele a imagem de inutilidade e de menos-valia. Não raro, há a dor daqueles que se apercebiam como bem-sucedidos, vida social agitada e “bem-queridos por amigos” e após a instalação da deficiência, encontram-se isolados e excluídos. A civilização prega o apego às coisas materiais em detrimento as espirituais. Para adquirir tudo o que é imposto trabalha-se mais do que as próprias forças, a vitória da sociedade é a derrota do indivíduo, o qual se sacrifica para sobreviver, na ilusão de que tal sacrifício pode levar ao bem viver. Instala-se a moral do trabalho, seguindo-se a racionalidade do sistema para aprender as suas regras. Desta feita, todos passamos a ser meros executores de papéis, sendo que nos perfis profissionais já estão embutidos as características pessoais para sermos aceitos. A engrenagem é massacrante, instaura-se o impulso desmedido para o lucro e o fetiche da mercadoria, que não são naturais do homem, mas sim talhados pela sociedade que se mantém de forma violenta, pois a ameaça de não poder suprir a auto conservação é declarada de várias formas. O desespero causado pela possibilidade de não ter trabalho é mascarado pelo consumo irracional, prazeres sem sentido, obediência, acreditar em mentiras manifestas que não enganam a ninguém e a ideologia do sacrifício. O engodo que está por trás do discurso de que o sacrifício é necessário, vem a serviço de manter a ordem e o poder. A pessoa sacrificada e subjugada imputa a si mesma a culpa do infortúnio sofrido A pessoa se torna um instrumento facilmente substituível, ela despreza os próprios interesses e sente-se obrigada a desempenhar comportamentos irracionais para se adaptar a sociedade desumana e injusta, não se vislumbra a possibilidade de discutir o assunto. A sociedade esmaga o indivíduo que não lhe apraz e impinge a corrupção do ego pela fragilidade. A pessoa com deficiência passa a ser uma ameaça, mesmo que imaginária, para os outros, pois nele está contida a frágil natureza da humanidade, a possibilidade das limitações, o sofrimento que se quer negar e ocultar a qualquer preço. A ele é negada a possibilidade de trabalho, seu corpo não condiz à estética preestabelecida, ainda hoje, é considerada por muitos como sucata humana. O terror de não ter valor de produção e não poder suprir a auto conservação leva os preconceituosos ao asco. São tantas obrigações, tantos sacrifícios e regras a serem cumpridas, que a mesma dureza que a pessoa deve ter consigo mesma, leva-a ser dura com o outro. Desencadeia o ódio ao mais fraco e a necessidade de julgar-se melhor, para assim, não entrar em contato com as próprias dificuldades e achar-se potente na sua impotência. A pessoa que se pensava poderosa e depara-se com a instalação da deficiência em sua vida adulta, passa a ser objeto de discriminação não só dos outros, mas de si mesma. Sofre pelos preconceitos que imputava ao ver um deficiente. Sente vergonha! O estímulo da vergonha é o olhar do outro, da comunida-

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de, do público. O sentimento de vergonha é provocado pelo afastar-se das normas sociais: o olhar do outro condena quem se afastou ou pensa ter se afastado das normas; por isso, a vergonha é a reguladora da moralidade, é sempre um instrumento do processo da socialização... não raro, a pessoa que adquire uma deficiência ao longo da vida sente-se culpada por este fato, como também, não raro lhe é outorgada essa culpa. Fantasias de que está pagando por pecados, que é merecimento por má conduta e maus sentimentos, ainda vigoram nos dias de hoje; e são sutilmente veiculados pelos meios de comunicação. Paira no ar a insinuação de que se a pessoa deficiente tivesse morrido seria melhor, seu crime é a própria vida! Embora atualmente o discurso é da valorização do homem a todo preço, mesmo assim, os deficientes são desprezados e sucumbem a várias formas de morte. A morte física propriamente dita, o suicídio silencioso, o sofrimento psíquico, o confinamento social, a falta de acesso aos cuidados à saúde, educação e trabalho. Não é mera semelhança com outras fases da história, principalmente no tocante aos pobres. A contradição social vigente precisa ser superada, para que a vida siga seu caminho com sentido, com condições de enfrentamento e findar a exclusão. Para tal, é necessária atenção à dança dos preconceitos de todos e de ninguém, dança envolta na música do social e na melodia da mentira manifesta. Preciso, eu própria, olhar para meus preconceitos, desencantar-me comigo, reconhecer minha prisão e desconhecimento para buscar a reflexão. Na rotina frenética, é fácil submergir a ideologia sem atentar para o que está acontecendo. Cultuar o frívolo, passar por cima das emoções, ignorar o sofrimento e continuar sorrindo! A barbárie não está só naquele que puxa o gatilho, ou assina as leis, ou vende as drogas. Ela está na frieza das ações e não ações, no julgamento do outro, na falta de afeto, de acessibilidade e de solidariedade. Ressalto, que muitas vezes somos nossos carrascos, qualquer pessoa pode sofrer um infortúnio e ter como sequela uma deficiência. Impossível negar o sofrimento real que as limitações impingem, mas se vitimar e destituir a vida de sentido não precisa ser a penalidade. Obviamente, não se podem mudar as questões objetivas imediatamente, mas não é preciso compactuar com aquilo que sabidamente é injusto e discriminatório. Olhar para si próprio, reconhecer os limites e inadequações, buscar a reflexão crítica e o esclarecimento, podem fortalecer o indivíduo e este, assim contribuir para uma sociedade melhor. Enfim, a barbárie do preconceito contra todos e de todos pode findar, quando for extirpada a crueldade contra os homens e descortinada a escuridão que encobre o esclarecimento, para que a VIDA de fato tenha valor Muito agradecida pela honra de fazer parte de uma revista tão importante para todos!

Foto: representação da solidariedade - Wikipédia

Revista Livre Acesso #1 - Setembro/2021 - pág.15


Talassoterapia

A cura pelo mar

Fotos enviados pelo colunista

Armando Fantini

Do grego: “thálassa” = mar + “therapeia”= terapia, cura. Estudos, pesquisas e prática comprovam que os benefícios do contato com o ambiente marinho faz muito bem para a saúde física e emocional, seja nas propriedades químicas da água, da brisa, dos raios solares, da variedade de cores e dos sons presentes, afinal temos uma combinação de sol, paisagem, clima, brisa, ar e água. Em verdade, ao se divertir, está ao mesmo tempo cuidando da saúde, sem medicamentos, pois, naturalmente, temos na água do mar cerca de 75 elementos químicos naturais, identificados e comprovados, todos benéficos e necessários para o funcionamento harmonioso e saudável do corpo humano. A praia é um lugar ideal para se desconectar dos problemas do dia a dia: primeiro porque você dispensa o uso de roupas pesadas, ficando com o corpo a mostra para “respirar”, absorver vitamina D, se locomover mais livremente; segundo, o contato com a brisa refrescante e os raios de sol; terceiro, banhando-se na água, boiando e relaxando livre, leve e solto...e por aí vai com diversas situações prazeirosas, inclusive uma deliciosa “caipirinha”!

Foto: Armando Fantini

Revista Livre Acesso #1 - Setembro/2021 - pág.16


Frequentar a praia é democrático, é como frequentar um mundo a parte, livre, de graça, simples e sem preconceitos, seja magro ou obeso, alto ou baixo, rico ou pobre, branco ou negro, bonito ou feio, deficiente ou não. Comprovadamente, todos os órgãos dos sentidos do corpo humano são ativados involuntariamente na praia, provocando sensações prazeirosas e de alívio de tensões, sem nenhum esforço. Note por exemplo a influencia das cores na visão, ora verde azulado ora azul esverdeado da água do mar, do azul do céu, como do verde das matas que o ladeiam, do branco e da fofura da areia, como também das cores mais variadas dos trajes de banhos, agradando aos olhos. Perceba, também os benefícios para a audição, seja com o silencio ou com o som agradável do quebrar natural das ondas ou do choque delas nas pedras, como também do canto das gaivotas e demais aves. Convém observar o tato, através da brisa, com o tocar do sopro refrescante da maresia no corpo, e ao mesmo tempo, a aspiração como benefício para as vias respiratórias. Todos estes benefícios e muito mais prazer, provam que o mar é um grande aliado e fonte inesgotável de saúde como um todo, em todas as partes do corpo humano, inclusive na saúde mental e emocional. São inúmeras informações úteis que esta série levará ao conhecimento dos leitores, acompanhe-nos nas próximas matérias nas quais terão informações mais detalhadas e de grande valia para todos, seja na prevenção, na cura de enfermidades, no relaxamento, ou até simplesmente por curiosidade. Voce vai se encantar! É prá Voce! É de Graça! É Útil! É Saúde! Armando Fantini – CEO da Refresh Brazil Assessoria em Acessibilidade e Sustentabilidade

Foto: M.Luiza Conti

Praia de Santos - SP | Canal 3

Revista Livre Acesso #1 - Setembro/2021 - pág.17


Fundação Selma

Reabilitação Física e Social FISIOTERAPIA – EQUOTERAPIA – HIDROTERAPIA TERAPIA OCUPACIONAL SOLO E AQUÁTICA – PILATES CLÍNICO ACUPUNTURA – FONOAUDIOLOGIA – PSICOLOGIA PSICOPEDAGOGIA - MÉDICO FISIATRA E ANTROPOSÓFICO 28 ANOS REABILITANDO PCDs TRATAMENTO DE COLUNA - ERGONOMIA

CUIDANDO DA SAÚDE DO TRABALHADOR

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Revista Livre Acesso #1 - Setembro/2021 - pág.18


Arquitetura e Urbanismo

Acessibilidade já Ricardo Tempel Mesquita Arquiteto e Urbanista

“Acessível: A que se pode chegar, de fácil acesso, que se pode alcançar, obter ou possuir.” “Acessibilidade: Qualidade de acessível, facilidade na aproximação, no trato, na obtenção”. Com base nestas definições de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, poderíamos refletir sobre as condições de acessibilidade de nossa sociedade, nos aspectos físicos, de transporte, de comunicação, atitudinal, metodológico e digital, este último referente à parafernália eletrônica e sites que não oferecem interfaces diferenciadas, por exemplo, ao usuário com deficiência visual ou auditiva, sendo que aqueles não conseguem navegar numa tela sem um aplicativo adequado e estes entendem apenas a Libras, Língua Brasileira de Sinais. Nosso atual modelo social é excludente, na medida em que é planejado para uma parcela da população dentro do estereótipo vitruviano, com 1,75m de altura, dois braços, duas pernas, é dotado de fala, visão e intelecto íntegros. Uma sociedade inclusiva e empática, é aquela que reconhece, respeita e valoriza a diversidade humana, submetendo-se às normas e leis necessárias à convivência em comunidade, oferecendo condições de igualdade a todos, independente de suas diferenças ou necessidades especiais. O mesmo Aurélio define Lei como sendo: ”uma obrigação imposta pela consciência e pela sociedade, uma condição imposta pelas coisas e pelas circunstâncias, uma regra de direito ditada pela autoridade estatal (que são nossos representantes) e tornada obrigatória para manter numa comunidade a ordem e o desenvolvimento. ”. Constitucionalmente, todos somos iguais perante a Lei e temos o direito de ir e vir. Uma cidade, um ônibus e ambientes acessíveis

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Fiz este sketch inspi chal Cândido Rondo único das ciclovias e tre, principalmente e sentidos reduzidos vessias, iluminação p árvores de pequeno escala humana, sina ros, paraciclos e equi um dentro de seu es ros e

“As Cidades são a ilustração da cidade Ricardo


irado na cidade de Mareon. Reparem no sentido na preferência ao pedesaqueles com mobilidade s. Abas redutoras de trapara pedestres e ciclistas, porte compatíveis com a aleiros luminosos e sonoipamentos urbanos, cada spaço e funções, até care ônibus.

as Pessoas”(Sófocles) e Acessível e Sustentável o Mesquita

são condições imprescindíveis na promoção da Inclusão Social, porém Acessibilidade não se restringe à mera eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, mas sim, e principalmente, às barreiras atitudinais. Em nosso Código de Ética, “são deveres do profissional ante o ser humano: oferecer seu saber para o bem da Humanidade, harmonizar os interesses pessoais aos coletivos, empenhar-se junto aos organismos profissionais no sentido de consolidação da cidadania e da solidariedade”. Também constitui obrigação do profissional, “manter-se informado sobre as normas que regulamentam o exercício da profissão”. Se todos observassem as Normas, não seriam necessárias as Leis para torná-las obrigatórias e, se as Leis fossem observadas, não seriam necessárias as Regulamentações e Penalizações para o caso do descumprimento das Normas. Basta ver a Lei Federal nº. 10.098/00, que se baseia na NBR-9050/94 nos quesitos de acessibilidade que, mesmo depois de regulamentada pelo Decreto 5296/04, que estabeleceu prazos e penalidades, inúmeros edifícios públicos e particulares continuam inacessíveis. Mais recente, com a Lei Brasileira de Inclusão – LBI (13.146/15) que preconiza a obrigação da União, estados e municípios em relação à construção e manutenção de bens públicos, entre eles as calçadas, passeios, praças, terminais e demais atividades geradoras de tráfego de pessoas, prioritariamente a pé, que representa mais de 40% dos deslocamentos em centros urbanos e mesmo assim a quase totalidade dos municípios empurra essa obrigação para os contribuintes, cuja propriedade começa do muro para dentro e não do meio-fio. Muitas são as leis referentes à Acessibilidade, porém elas não devem ser vistas como elementos obrigatórios e inflexíveis, mas observadas principalmente pelas autoridades, com Bom Senso e Boa Vontade, como diretrizes adaptáveis a cada caso. Um fator importante no cumprimento das leis de acessibilidade é a vontade política para viabilizar os recursos econômicos e a fiscalização da correta aplicação dos mesmos em soluções pragmáticas, duradouras e de fácil manutenção. Muitas das vezes, temo-nos deparado com impedimentos de ordem econômica ou técnica, como por exemplo, uma determinada entidade que alega não ter condições financeiras para aquisição e manutenção de um elevador, não percebendo que ao lado poderia ser executada uma rampa de custo e manutenção reduzidíssimos. Também no comércio, percebe-se que não existe uma consciência de que na medida em que se

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Foto: Ricardo Mesquita

Reparem que quando oferecemos a segurança necessária temos mais bikes que carros nas ruas... torne acessível, o volume da clientela aumenta, pois além das pessoas com deficiências físicas e sensoriais, outros segmentos percebem seu acesso facilitado, como os obesos, as gestantes, as pessoas idosas, as pessoas com deficiência temporária, convalescentes, principalmente em tempos após pandemias, enfim uma parcela significativa da população com mobilidade reduzida e com o tempo a todos que tivermos a sorte de ficar idosos. A título de demonstração, nos EUA existem estatísticas de que, para cada dólar investido em acessibilidade, há um retorno de sete. Por fim, e talvez os dois principais óbices ao cumprimento das normas e leis pertinentes à acessibilidade, sejam a desinformação a respeito delas e a falta de união entre as entidades de classe representantes dos interesses e ações das pessoas com deficiência e os representantes políticos. A quebra de paradigmas acadêmicos, incluindo na formação os conceitos de Desenho Universal, Acessibilidade e Inclusão Social nos cursos de Arquitetura, Desenho Industrial, Engenharia Civil, Mecânica e da Computação entre outros, formaria profissionais preparados para desenvolver projetos, equipamentos, mobiliários, veículos e ambientes adequados às diferentes necessidades e formas de uso, pois se sabe que quando um elemento é pensado de forma a ser adequado às diferenças antropométricas de uso, o custo é praticamente o mesmo de um elemento convencional, ao passo que, quando é necessário executarem-se adaptações posteriores, encontram-se diversos entraves, principalmente os de ordem econômica. “Posso aceitar que a pessoa com deficiência seja vítima do destino, só não posso aceitar que seja vítima também da nossa indiferença” JFK. Arquiteto e Urbanista Ricardo Tempel Mesquita CAU A78906-2 (41)3277-5299 / 98536-6059 (WhatsApp) arqmesquita@gmail.com

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nosso olhar

É a pessoa com deficiência que precisa se adaptar à instituição de ensino ou é a escola que deve estar pronta para recebê-la? Thaissa Alvarenga Fundadora da ONG Nosso Olhar e empreendedora social

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Educação inclusiva é muito mais do que rampas, elevadores, carteiras adaptadas, piso tátil direcional ou placas em braille nas portas Este rapaz nas fotos é o Gil, um estudante universitário no curso de jornalismo. As fotos foram tiradas em frente à instituição onde ele estudava. A rampa fica ao lado dessa grande escada. Bom, então talvez você possa pensar: problema resolvido para uma pessoa com deficiência que usa cadeira de rodas, certo? A realidade é que na prática, não é tão simples assim. Para chegar até a faculdade, Gil percorreu um longo trajeto de ônibus, depois nas ruas e calçadas e após subir pela rampa, entrou em um elevador que tem um adesivo indicando que é somente para pessoas com deficiência, mas que é usado por pessoas que não têm deficiência. Gil então, saiu do elevador e entrou na sala, porém sua carteira adaptada não estava lá. Mais uma vez, ele teve que chamar um funcionário para solicitar algo que nem devia ter sido retirado do lugar. Os desafios do ensino inclusivo, no Brasil, vão muito além de rampas, elevadores, carteiras adaptadas, piso tátil direcional ou placas em braile nas portas. Recentemente Gustavo, de 9 anos,

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um estudante autista que vive em Porto Velho (Rondônia), foi retirado da sala de aula por uma alegação de que a escola não tinha ninguém para cuidar dele. Sua mãe Mabel Colares fez uma gravação do momento e compartilhou na web. O desabafo chegou até o apresentador Marcos Mion, que usou seu Instagram para dar voz à mãe. Infelizmente o caso dessa família não é único. Milhares de pais e mães diariamente encontram desafios similares. Mas como isso aconteceu, se existe a lei Berenice Piana, que garante a educação de estudantes com TEA (Transtorno do Espectro Autista), em qualquer rede de ensino? Assim como dito pela mãe de Gustavo, a inclusão, em 99% do tempo, está apenas no papel. Quem tem filho com alguma deficiência sabe que é muito comum chegar em uma escola e perguntar: vocês fornecem material adaptado? E a resposta da escola é: - Sim, nós temos. Porém, o que se vê na prática é que a instituição usa o material do 1° ano para ensinar a criança com deficiência no 3° ano. Isto não é material adaptado, isto não é inclusão. Por mais que o cenário da inclusão tenha evoluído ao longo das décadas, os estereótipos criados em nossa sociedade, atitudes capacitistas, falta de preparo de educadores, falta de estrutura dentro dos prédios das instituições de ensino em todos os níveis, do infantil até a graduação, só aumentam a distância entre alunos com deficiência dos outros alunos e diminuem grandemente sua capacidade de viverem em um mundo que pertence à eles também. O impacto não é só na escola, pois a criança um dia se tornará um adulto que não encontrará um ambiente de trabalho que atenda às suas necessidades, diminuindo assim seu potencial de contribuir na sociedade. Uma capacidade diminuída não por causa da deficiência e sim por causa da falta de inclusão. Então não seria mais fácil colocar todos os alunos com deficiência em uma escola específica para eles? A pergunta é: mais fácil para quem? Esse é um caminho curto e confortável para alguns, apenas por um breve momento, que apenas trará transtornos irreversíveis para uma sociedade. Na área da educação, o protagonismo deve ser do aluno e não da instituição. Uma escola só existe porque tem alunos. Sem eles, ela é apenas um lugar vazio. Para finalizar, gostaria de fazer uma reflexão e uma troca de palavras. Desta vez vou escolher a palavra alteridade no lugar de empatia. Alteridade vem do latim, em sua origem “alteritas”. O radical alter significa “outro”, enquanto itas remete a “ser”, ou seja, em sua raiz, alteridade significa “ser o outro”. Ser o outro na escola, Ser o outro no trabalho, Ser o outro no ponto de ônibus. Ao perceber que o “eu” deve conviver com outros, podemos alcançar sim, uma inclusão em todos os setores da sociedade. *Thaissa Alvarenga é criadora da ONG Nosso Olhar, do portal de conteúdo Chico e suas Marias e do canal do youtube Inclua Mundo.

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Aprendizagens

Diferentes, contudo iguais Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade

Olá! Sou Malu Navarro Gomes, pedagoga, psicopedagoga, neuropedagoga, mestre em Psicologia. Prefiro me apresentar como educadora. Minhas ações sempre estiveram ligadas à educação, à aprendizagem e ao modo de trabalhar o ensinar e reconhecer o aprender. Durante a maior parte de meu percurso profissional atuei como coordenadora pedagógica em diversas instituições. Assim, conheci realidades diferenciadas, desde a condição educativa escolar prestada a crianças institucionalizadas e em fase de alfabetização, a jovens que cometeram atos infracionais, queriam e deviam frequentar escola e o ensino profissionalizante, a adultos trabalhadores em usina de açúcar que pretendiam se alfabetizar, a crianças, filhas de funcionários dessa empresa que tinham na usina um espaço destinado para a Educação Infantil, a profissionais das áreas da educação e da saúde que queriam expandir seus conhecimentos sobre a aprendizagem, a pessoas com deficiência – PcD – a maioria com paralisia cerebral, crianças, jovens, adultos e suas famílias e, finalmente, a pessoas com mais de sessenta anos, consideradas idosas, no exercício ativo de suas funções cognitivas. A experiência adquirida junto a essa diversidade de pessoas veio provar o que no íntimo já sabemos: que todos, sem exceção, todos somos iguais independentemente de idade, gênero, descendência familiar, amizades, profissão, aspecto físi-

Foto: Christopher Ott - unsplash.com

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co, condição intelectual e outras tantas características que possuímos e que nos diferenciam dos demais. Quando lecionei em cursos de especialização em Psicopedagogia, lembro-me de o que pedia aos alunos, antes de iniciarmos o trabalho prático de diagnóstico clínico a estudantes do Nível I do Ensino Fundamental encaminhados para atendimento psicopedagógico e seus pais. Pedia para observarem o que eu havia colocado sobre uma mesa. Naquelas aulas, os alunos dispunham suas cadeiras em semicírculo, de forma que todos pudessem ver os demais. Combinávamos formar um círculo com as cadeiras, sendo que a mesa ficaria no centro. Todos deviam permanecer em seus lugares e, à medida que distinguiam os objetos ali dispostos, iriam listar o que viam em uma folha de papel. Após um tempo, solicitava que parassem o exercício para propor uma alteração: agora, eles poderiam aproximar-se da mesa, e sem tocar nos objetos notar quais os que não haviam sido percebidos durante a primeira observação. A nova lista seria feita ao lado da primeira de forma a completá-la. No terceiro momento, solicitava que os alunos dissessem o que aqueles objetos tinham em comum. Na mesa havia uma série de objetos como caderno, livro, lápis, caneta, borracha, vaso de flores, frigideira, sabonete, pente, tesoura, copo, guardanapo, régua, ferro de passar roupa, vassoura, lupa, tintas e pinceis e muitos outros objetos. A discussão que se seguia era sempre muito rica. A conclusão a que chegávamos era que todos os objetos eram feitos pelo homem a partir de elementos encontrados na natureza, para facilitar seu trabalho e perpetuar suas ações. A possibilidade de transformar algo em um instrumento facilitador e mantê-lo próximo para usar quando necessário, exigiu muita observação, curiosidade, ousadia, habilidade, iniciativa, persistência e criatividade. A aprendizagem e a disseminação do conhecimento de modo a beneficiar toda

Malu Navar

Especialista em Psicoped

Atenção, concentração e memória. Práticas psicopeda Troca de informações, orientações sobre din

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O BLOG DA FELIZ IDADE FOI CRIADO PARA AJ VEM RECEBENDO EMAILS E PEDIDOS DE CONSE ACHA IMPORTANTE QUE TODOS LEIAM. PODE SE DO COM

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Perguntas e Respostas


rro Gomes

dagogia e Neuropedagogia

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e qualquer pessoa, assim como o prazer resultante desses atos passam a ser um dos principais objetivos a se conquistar – mas isso é fruto de um processo, de vivências. As relações sociais caracterizam a espécie humana pelo modo como influenciam o comportamento pessoal. Inicialmente pela relação familiar, por meio da atenção amorosa dos pais e demais parentes, cria-se um primeiro contorno, tanto em termos físicos quanto principalmente, de ordem afetiva e será sobre essa base que as crianças desenvolverão suas potencialidades. Depois, pelo contexto escolar e envolvimento com outros grupos sociais, cada um vai se moldando conforme o que julga ser adequado. Ensaio e erro, aprovação e rejeição, verdades e mentiras, segredos, intuições, desejos, raiva, bondade, maldade, temor, vergonha, orgulho, prazer, dor, compaixão, empatia, fé, força de vontade etc., qualificam a pessoa a ser, pensar e agir de uma determinada forma. Refletíamos que o ser humano possui uma gama de qualidades, umas já afloradas e outras, muitas vezes embotadas, aguardando germinar e, se bem cultivadas, se tornam visíveis. Todos iguais, embora diferentes. Concluíamos que, colocar-se a serviço das pessoas demonstrando, com carinho, paciência, interesse e a real convicção de que elas podem transformar suas realidades para melhor e assim contribuir para a evolução do todo social, é missão de vida. A iniciativa do Manoel Carlos Conti em criar uma revista juntamente com esta equipe de profissionais das áreas da saúde, educação, arquitetura, engenharia, urbanismo, mecânica, sociologia e outras mais, propõe-se a divulgar ideias, exemplos de vida, descobertas e avanços obtidos junto aos segmentos da população tidos como minorias diferenciadas – pela cor de sua pele; por alguma alteração física, mental ou emocional que apresenta; pelo gênero que possui e ao qual não se adapta; pela imigração etc. – por acreditarmos ser esta uma forma de propagar a certeza de que somos todos iguais apesar das diferenças.

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Conversa de Amigo

Sou Bruno Agá...

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Bruno Henrique dos Santos

Prazer, sou Bruno Henrique dos Santos, mais conhecido como Bruno Agá. Tenho 31 anos de idade e sou deficiente físico, paralisia cerebral. Acredito que a maioria de vocês, leitores, saiba o que isso significa. No entanto, como não os conheço, vou explicar rapidamente o que ocorreu para que eu tenha paralisia cerebral. No meu caso a falta de oxigênio no cérebro em meu nascimento, causou lesões irreversíveis na região motora impedindo-me, inclusive de falar. Inúmeros neurônios morreram pela falta de oxigênio. Assim, nasci com paralisia cerebral. Sou capaz de fazer alguns movimentos corporais, mas não ando me locomovo graças à cadeira de rodas e para chegar a isso, tive que fazer inúmeras cirurgias e tratamentos intensivos. Minha fala é ininteligível e, para me comunicar diretamente com as pessoas uso uma prancha acoplada em minha cadeira com desenhos, palavras escritas que traduzem o significado dos desenhos, além de letras e números. Para conversar, olho para esses símbolos e vou “escrevendo” o que quero falar. Isso significa que ao dialogar comigo, no primeiro momento vocês provavelmente não conseguirão me entender, principalmente se tiverem pressa porque leva um tempo para que o cérebro de vocês se habitue como meu “modo de falar”. Sobre minha vida profissional Fiz parte do Grupo Teatral Trupe Rodapé ao longo de 12 anos e ao final desse tempo fomos reconhecidos como atores pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de São Paulo. Posso dizer, com certeza, que somos os primeiros atores brasileiros com paralisia cerebral que possuem o DRT, um certificado de profissionalização. A Trupe Rodapé, infelizmente terminou sua jornada em janeiro de 2019. Com isso os atores ficaram sem opção de trabalho. Então eu precisei me reinventar. Em fevereiro daquele mesmo ano iniciei minha vida de empreendedor na área de vendas de doces caseiros, com a minha primeira empresa informal, a S&B Doces caseiros. Eram doces

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de Minas que vinham direto de Belo Horizonte. Os clientes faziam pedidos sob encomendas e quando os produtos chegavam, no outro dia se esgotavam rapidamente. A divulgação e o atendimento aos clientes eram feitos no Facebook e essa era a minha responsabilidade. Até que um dia minha ex-cunhada, Paula, levou para o serviço um daqueles doces. A partir daquele momento a S&B Doces Caseiros deixou de vender só na zona norte de São Paulo, passando a atender outras regiões porque os colegas de trabalho da Paula passaram a ser meus clientes. Tinha dias em que ela ia trabalhar com a caixa cheia de doces e voltava com ela vazia. Até que a pessoa que revendia os doces para nós parou de vir para São Paulo e ficamos sem os produtos. Eu já criara um relacionamento sério com o empreendedorismo e assim, minha sócia, Sandra Alves e eu resolvemos investir em outro campo de vendas. Entramos como consultores da Hinode, empresa de produtos de beleza. Foi um grande sucesso nas redes sociais pois já entramos com um jeito de fazer divulgação que chamava a atenção não só dos clientes como também dos outros consultores. Eles chamaram a gente para fazer parte do time de consultores e como, na época a Hinode estava patrocinando a novela das 18 horas da Rede Globo, Sol Nascente, eu pedia para usarem cenas da novela e fazer aparecer os produtos. Assim fazíamos a divulgação da Hinode. Durante esse tempo, um novo mercado de trabalho começou a chamar minha atenção: o mercado de marketing digital que coloca no universo online um negócio que está começando. Assim, o empresário não tem dor de cabeça e terá um serviço de divulgação de qualidade nas redes sociais. Eu já tinha realizado esse tipo de trabalho ao receber a responsabilidade de divulgar a Trupe Rodapé quando nos apresentávamos no Teatro Ruth Escobar; então criei um projeto de marketing para esse evento, entrei em contato com algumas pessoas famosas como Leci Brandão, Salgadinho, Marquynhos Sensação, Robson Nunes e Marcelinho Moreira entre outros. Esse projeto obteve um sucesso enorme. Então eu apresentei para a minha sócia, Sandra Alves, minha ideia que foi imediatamente aprovada. Para conseguir comprar um tablet, equipamento importante para esse trabalho de marketing digital, fiz uma vaquinha online e a divulgação em conjunto com alguns daqueles famosos. Nem foi uma divulgação muito forte. Porém, chamou a atenção do senhor Guilherme, dono da Dominium Stock, que me convidou para fazer uma palestra naquela empresa. Fiz a palestra e, ao final, recebi um valor legal que ajudou a começar minha empresa de marketing digital, a S&B Produções. O primeiro trabalho da S&B Produções relacionado à televisão foi quando a cantora Helen Cristina participou do reality show The Voice Brasil. Thiago Leifert, o apresentador desse programa, em um determinado momento parabenizou a cantora pela sua equipe de divulgação. Agora, recebi uma nova missão que aceitei com muito orgulho e respeito: estarei aqui com vocês na revista Livre Acesso escrevendo bimestralmente e também darei o meu máximo na divulgação desta revista para que ela seja reconhecida pela população, autoridades e respeitada por todos como uma grande referência.

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Enxergando o Mundo

Diversidade em pauta Edson Luiz Defendi Coordenador técnico da área de inclusão profissional da Fundação Dorina Nowill para Cegos

Atualmente o tema “diversidade” tem tomado conta de muitas agendas sociais e surgido com muita frequência em conversas e papos em nosso dia-a-dia. É cada vez mais comum e recorrente o debate sobre diversidade, seja nadas redes sociais, nos ambientes escolares, empresariais entre outros. Afinal, o que é diversidade e qual o significado no contexto atual? Quando falamos de diversidade, falamos essencialmente de todos os seres humanos, ou seja, falamos de todos nós, já que diversidade humana pode ser entendida com um conjunto de características culturais, biológicas, sociais, econômicas que fazem de cada indivíduo um ser único. A diversidade representa um importante valor das relações humanas, que preconiza a igualdade de oportunidades e o respeito à dignidade de todas as pessoas. É um principio básico da cidadania que assegura a qualquer individuo desenvolver todo seu potencial e talento em condições que lhe assegurem o respeito a suas características pessoais e profissionais e o estabelecimento de relações socialmente justas e democráticas. Trocando em miúdos: a valorização da diversidade representa um grande desafio a ser alcançado, pois considera em condições de igualdade todos os indivíduos de uma sociedade, independente, por exemplo, de suas condições socioeconômicas, de gênero, étnico-raciais, orientação afetiva- sexual, de condição de deficiência, estilo de vida,

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de origem entre outras. Apesar de avanços sociais, o Brasil, um país extremamente diverso, tem a muita a fazer para valorizar e criar condições de inclusão para determinados grupos que historicamente vem sofrendo com a estigmatização e marginalização em acessar de forma digna seus direitos, justamente por não serem reconhecidos por uma característica de suas diversidades. Movimentos para combate de discriminação ao racismo estrutural, ao LGBTfobia por exemplo dão mostra de quanto precisamos avançar para que de fato a diversidade humana possa ser reconhecida em todas as suas dimensões e que a diferenças sejam respeitadas e não rechaçadas ou discriminadas. Mais do que nunca o debate sobre diversidade precisa avançar e por isso é fundamental que iniciativas que colocam esse tema no centro são fundamentais. Parabéns aos criadores desta revista, que terá na “diversidade” a inspiração de seus conteúdos e linguagem.

Foto: comandonoticia.com.br - divulgação

Edson Luiz Defendi – Doutor e mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Especialista em Psicoterapia Familiar e de casal pela PUC-SP e Especialista em Psicologia Hospitalar e Reabilitação pela HCFM USP – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Coordenador técnico da área de inclusão profissional da Fundação Dorina Nowill para Cegos. Embaixador do comitê de Diversidade e Inclusão da ABPRH – Associação Brasileira de Profissionais de Recursos Humanos, professor e educador em temas sobre direitos humanos, diversidade, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIAP+

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Queremos que você nos veja

Bengala Verde e os desafios da baixa visão Rodrigo Bueno advogado e Vice Presidente da Bengala Verde Brasil

O que é Baixa Visão? Sem dúvida, o primeiro grande desafio de aproximadamente 6 milhões de brasileiros que convivem com a Baixa Visão é fazer com que os outros compreendam o que é a Baixa Visão e quais são suas consequências, limitações criadas e as necessidades das pessoas afetadas. Costumo definir pessoas com Baixa Visão, ou visão sub normal, como sendo aquelas que enxergam muito menos dos que as pessoas com visão considerada normal, mas que ainda detém algum tipo de visão residual, ou seja, enxergam alguma coisa. E é exatamente essa “alguma coisa” que complica tudo... Como existem várias causas que levam à Baixa Visão (desde acidentes à diversas doenças, incluindo uma série de doenças raras e ultrararas), as consequências também são diversas: alguns não têm visão periférica, outros não têm a visão central. Uns não enxergam a noite, outros não enxergam em ambientes muito iluminados. Alguns enxergam detalhes quando em situação de alto contraste de cores. Muitas pessoas com Baixa Visão possuem um olhar aparentemente normal. Algumas têm muita dificuldade para a realização de tarefas simples do dia a dia, como caminhar, ler ou reconhecer as pessoas, outras ainda conseguem realizar tais tarefas com mais destreza. Mas para todas elas o uso de lentes ou óculos não corrige o problema. Outra complicação é que na grande maio-

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ria dos casos a degradação da visão é progressiva, o que faz com que as pessoas com Baixa Visão tenham sua condição visual alterada de um ano para o outro, normalmente para pior... E é exatamente toda essa diversidade de possibilidades que causa confusão! E, muitas vezes, constrangimento, discriminação e exclusão. A compreensão, pela sociedade, da existência e consequências da Baixa Visão, é condição imperiosa para que as pessoas com Baixa Visão possam ter acessibilidade e se sentirem efetivamente incluídas. Foi exatamente nesse contexto que surgiu a Bengala Verde, o instrumento identificador da pessoa com Baixa Visão. Simples assim, pegamos a bengala branca utilizada pelos cegos e pintamos de verde! A cor verde foi escolhida como verde de esperança, de ver-de-novo, ver-de-outra-forma, e esse novo símbolo passou a identificar pessoas com Baixa Visão. A Bengala Verde criou identidade para as pessoas com Baixa Visão, fez com que a sociedade passasse a reconhecer essa deficiência e facilitou a aceitação do uso da bengala pelas pessoas com Baixa Visão, ajudando a integração a sociedade. O movimento deu tão certo e se espalhou tão rapidamente pelo país, que passou a dar nome à própria associação que o criou, que é atualmente conhecida como ‘Bengala Verde Brasil’. Muito embora a Bengala Verde já seja lei em diversos municípios e estados brasileiros, a luta ainda está apenas no começo. Precisamos comunicar muito mais e melhor, para que a sociedade compreenda e acolha, e as pessoas com Baixa Visão possam viver de forma plena e incluída. Rodrigo Bueno, é advogado, Vice Presidente da Bengala Verde Brasil, e tem Baixa Visão.

A Bengala Verde reuniu cerca de 400 pessoas e mais de 10 instituições na Av. Paulista em São Paulo (antes da Pandemia) e mostrou que as pessoas com Baixa Visão definitivamente resolveram se unir em torno da causa.

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CriativaS IdadeS

...”meu braço parou, minha vida não” Jane Barreto Reveladora de protagonistas Ms Reabilitação e inclusão

Tomaz Bueno Atleta

Esse é um dos lemas de Tomaz Bueno, 35 anos, engenheiro mecânico automobilístico, criador do projeto Vida Adaptada, que se tornou defi ciente físico num acidente de moto em 2015. Um braço paralisado não foi motivo para perder sua alegria de viver ou abandonar a busca por felicidade! Determinado, ao voltar às duas rodas, trabalhou em inúmeras adaptações em suas bicicletas, participou de diversas competições e compartilhou essas histórias, motivando e inspirando pessoas. Exemplo de superação, resiliência e criatividade, o protagonista atleta, com olhar sensível para as coisas e as pessoas ao seu redor, inicia sua missão com propósito de promover formas criativas para tormar possível a realização de sonhos daqueles que passam pela experiência de luto em vida, e tem suas vidas modifi cadas, tendo que criar novas habilidades, reabilitar-se, desenvolver novas competências no enfrentamento e na busca incansável de tornarem-se sustentável nesse mundo de inclusão e superação em vida. Vida que pulsa e nos ensina que a inclusão é um convite a mudança! mudança de ideia e de atitudes, impactando novos comportamentos, gerando habilidade de ADAPTAR-SE, aceitar-se para superar o novo, e o novo assusta. Enfrentá-lo e tratar os medos poderá resultar numa vida muito signifi cativa que encantará a si mesmo e ao próximo.

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(Jane) Tomaz, qual teu trabalho hoje, de que forma inspira as pessoas? (Tomaz)Hoje trabalho realizando adaptações para ajudar pessoas com deficiência a voltarem a praticar esportes que amam ou que têm vontade de experimentar, principalmente o ciclismo. Mantenho o site www.vidaadaptada.com.br, onde pretendo apresentar alguns adaptadores mais comuns à venda, como adaptadores de freios para pessoas com deficiência nos membros superiores, por exemplo. Sou também instrutor de ciclismo e pilotagem em São Paulo, ajudando pessoas com e sem deficiência a ganharem segurança e destreza sobre duas rodas. (Jane) Como surgiu o nome do Projeto: Vida Adaptada ? (Tomaz) A origem do nome Vida Adaptada surgiu ao Adaptar a vida, para seguir em busca da vida que sonhamos!

(Jane ) O que as pessoas buscam nesse Projeto? (Tomaz) Pouco a pouco as pessoas começaram a me procurar, pedindo ajuda para adaptarem suas bicicletas, para superarem as limitações de alguma lesão/deficiência. Hoje o Vida Adaptada é uma das referências no ciclismo adaptado . (Jane) Como você se supera convivendo com a a deficiência no cada dia; quais são os maiores desafios para ressignificação de sua vida real? (Tomaz) O mais importante no início de uma deficiência adquirida, é a ACEITAÇÃO. Experiências anteriores ajudaram a desenvolver isso dentro de mim... Não demorou muito e eu aceitei. “Tá bom, meu braço talvez não volte a mexer... Então o que farei para ser feliz e aproveitar a dádiva de ainda estar aqui, vivo, respirando, com a chance de acompanhar meu filho crescendo?” Eu resolvi adaptar a minha vida e fazer o que amo, ao lado daqueles que amo e me amam de volta. (Jane )Existe algum desejo de realizar algo que você ainda não realizou? O que seria e como pretende realizar? (Tomaz )Eu sempre gostei muito de música! Aos 14 anos comecei a tocar violão, depois guitarra, formei banda, fiz muitos shows... Era um prazer que tinha e sinto muita falta... Às vezes nos deparamos com limitações, algumas delas intransponíveis... Realmente creio que a maioria das limitações estão em nossas mentes limitadas. Com as devidas adaptações e perseverança, muita coisa é possível.

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Eu tenho consciência de que dificilmente voltarei a fazer um solo de guitarra como antes... Mas nessa minha busca por fazer o que amo, tenho planos de adaptar um violão para bater as cordas com meu pé, usando um pedal de bumbo de bateria enquanto faço acordes com minha mão direita (membro funcional). Aí está uma grande dificuldade, pois eu antes batia as cordas com essa mão e fazia os acordes com a esquerda (hoje paralisada). Vai ser como reaprender a tocar violão do zero. Se vale o esforço, quem pode dizer somos nós... Pra mim vale! (Jane) O que realmente importa na vida de uma pessoa com uma limitação causada por uma deficiência? (Tomaz) O que importa para nós é sermos aceitos e tratados como pessoas comuns, que somos. Limitações todos temos! Medos, inseguranças, traumas, fraquezas... As limitações de um PCD apenas se evidenciam mais facilmente e causam estranheza nas pessoas, em forma de capacitismo. (Jane) Como é o teu olhar para inclusão? (Tomaz) A inclusão, para mim, é a inserção das pessoas com deficiência, adaptando e criando meios de permitir que essas possam ter uma experiência o mais próxima possível da experiência de um não-PCD. Trata-se, por exemplo, de deficientes frequentando escolas ‘comuns’, mas com instrumentos e práticas que permitam um alto aproveitamento do que a escola oferece! Necessitamos adaptações que possibilitem aos deficientes irem a shows, passeios, parques, viagens, praticar esportes e viver experiências! (Jane)Tomaz também é instrutor de ciclismo e pilotagem em São Paulo, ajudando pessoas com e sem deficiência a ganharem segurança e destreza sobre duas rodas. Paraciclista amador do mountain bike, treino diariamente para participar de competições, passeios e viagens, compartilhando tudo isso em minhas redes sociais no Instagram, YouTube, Facebook, etc. (Tomaz) sim, convido a acessarem e deixarem um comentário, falando que vieram pela #RevistaLivreAcesso ! *http://www.youtube.com/VidaAdaptada *http://www.instagram.com/VidaAdaptada *http://www.facebook.com/VidaAdaptada “Eu resolvi adaptar a minha vida e fazer o que amo, ao lado daqueles que amo e me amam de volta….” Contato:janenova@terra.com.br (#janecriativa)

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Psicologizando o cotidiano

Dificuldade de Acesso:

aprendizado de casa Fabíola Furlan Onco-Psicóloga Especializada

Olá, meus queridos leitores!! É muito bom poder contribuir para esse projeto e, quando recebi o convite, inevitavelmente pensei em como poderia contribuir e – rapidamente essa história (que é real!) me ocorreu de forma imediata. Estar atento às pessoas com dificuldade de acesso sempre passou pelas inúmeras recomendações que minha mãe fazia lá em casa. Ela era enfermeira, sendo assim trabalhando em hospital, era comum no dia a dia ela se encontrar pessoas com dificuldades de locomoção – fosse temporariamente em razão de cirurgia, acidente ou doença, fosse por condições permanentes e irreversíveis. Observar, facilitar a passagem, respeitar, auxiliar entre outros ensinamentos sempre foram válidos, mas a grande verdade é que em 1970 não era tão comum ver pessoas enfrentando dificuldades para conseguir circular em cadeiras de rodas pelas ruas do bairro da Mooca, que foi onde eu passei minha primeira infância e, como os tempos eram difíceis, minha família e eu não passeávamos muito. Contudo, entendam: o fato de não ser comum ver cenas assim não representa dizer que havia facilidades de acesso, ao contrário, a maioria das pessoas com necessidades especiais viviam em ambientes controlados e extremamente protegidos (por vezes reclusos), em suas casas por exemplo. O fato é que a experiência mais próxima que tive ainda na juventude, sobre entender as dificuldades de alguém usando cadeira de rodas, foi quando um amigo de classe dos tempos do colégio sofreu um acidente de bicicleta e se quebrou em tantos lugares que somente indo

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Foto:


com cadeira de rodas ela conseguia frequentar as aulas e, depois com os meses de recuperação, ele evoluiu para uso de muletas – acreditem, a experiência era de deixar os cabelos arrepiados, pois esse colega parecia ter uma grande vocação de desafiar os limites, tanto os dele quanto os da turma, pois ficávamos sem folego com as acrobacias e falta de controle. Mas em 1994 minha mãe, já bastante doente, e em decorrência de complicações graves do Diabetes Mellitus II, precisou fazer uma cirurgia para amputação de parte de sua perna esquerda!. Ela lutava há anos para tentar controlar a doença e evitar as sequelas mais graves, porém o fato é que se fez necessária a intervenção – de modo que após a cirurgia, o sofrimento com as dores acabou e, ela passou a ter uma melhora clínica significativa. Mas, a realidade se impunha: o que fazer agora? Porém, antes de essa decisão ter sido tomada, nossa família junto com os médicos que a acompanhavam, debatíamos as opções para o pós-operatório e recuperação. Diante de tanto sofrimento, todas as discussões sobre o caso eram importantes, mas sempre o foco era tirar minha mãe daquela situação, pois a falta de circulação gerada pelas complicações da doença causava dores dilacerantes e, já não era mais humano nem possível seguir daquela forma. E essa foi a primeira lição que aprendemos: as muitas dores, dúvidas, incertezas, medo fazem parte do início da história de pessoas com necessidades especiais – aos que nascem com essas limitações existe a superação, aos que se tornam portadores de necessidades especiais após doença, acidente existe aceitação, adaptação e para todos existe a resiliência. No caso da minha mãe a opção seria uso de uma prótese ortopédica (“perna mecânica”) e, isso nos trazia alívio e esperança. Depois fomos entender que essa ideia simplista escondia muitas etapas e grandes dificuldades, mas falarei disso mais à frente. Feita a cirurgia, como era esperado, a recuperação foi excelente. Sem dores, recebemos alta. Vamos para casa! Segunda lição: a casa precisa ser preparada, adaptada para que a pessoa tenha chance de : Lambuja/Superinteressantebril.com.br se adaptar. Como bons italianos, morávamos em um sobrado! Como fazer? Rapidamente minha mãe, muito disposta e confiante decidiu que só faria as mudanças extremamente necessárias! Meu pai, um italiano durão, falava entusiasmado ao ter minha mãe em casa, que logo ela estaria fazendo tudo o que sempre fizera, com a diferença de não sentir mais dores. E por decisão de ambos, nada de cadeira de rodas. Minha mãe usava uma cadeira de escritório daquelas com rodinhas e, se movimentava apoiando o pé e firmando para dar impulso. Terceira lição: cada pessoa é única e, voltar à “vida normal” ganha novos tons, rotinas e

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outras percepções – desejar a recuperação é importante, porém deve-se trabalhar sob novas perspectivas pois cobranças e pressões não ajudam. Muita fisioterapia, muito treino de marcha, dores, meses e meses e, finalmente ela poderia sair andando com a prótese. Aqui a expectativa também foi diferente da realidade – não havia tanta segurança no caminhar, as dores voltaram, infelizmente ela não conseguia seguir. Foi então que a cadeira de rodas surgiu, bem-vinda e com tons de liberdade, de locomoção. Foi nesse período que eu e minha família sentimos o que representa dificuldade de acesso! Posso garantir que é uma experiência no mínimo frustrante. Sempre me perguntava por que após tanto sofrimento parecia que não havia espaço para andar? Nada parecia fácil nem favorável. Mas minha mãe desenvolveu resiliência e, dona de um bom humor e docilidades únicos, foi nos ensinando o que era possível dentro das impossibilidades. Circular pelas calçadas não era uma realidade, em supermercados era um desafio (corredores estreitos, rampas muito íngremes, falta de elevadores), mas fomos nos adaptando e indo aos lugares que ela desejava ir, nem sempre era acessível, mas nós sempre tentávamos. Mas ela sempre falava: “nos lugares em que eu não mais puder chegar, meu coração irá visitar”. Hoje o olhar e o foco na reabilitação tornaram esse processo mais possível e humano, mas iniciativas que visam informar, conscientizar e contribuir para a acessibilidade são fundamentais. Um forte abraço a todos! Cuidem-se bem!! Fabíola Furlan é psicóloga clínica e da saúde, psico-oncologista, professora universitária, coautora de livros (Tratado de Espiritualidade e MOC) e palestrante. Já foi responsável serviços de psicologia em Hospitais de referência e hoje é Fundadora da Clínica de Psicologia Fabíola Furlan. Contatos: (11) 99478-5654 / e-mail: fabi_ furlan@outlook.com. Foto: pixabay - miuc.org

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60+

magazine

Variedades - Cultura - Informações Acompanhe as edições do Magazine 60+ Nela você vai encontrar assuntos atuais que podem ser lidos à qualquer hora

Todas as edições estão postadas na nossa página do facebook

Magazine 60+ Revista Livre Acesso #1 - Setembro/2021 - pág.40


Revista Livre Acesso #1 - Setembro/2021 - pág.41


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Histórias através das lentes...

O direito de agir ou caminhar Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

Mais uma vez, Manoel Carlos Conti inova com a idéia de criar uma revista falando sobre Livre Acesso. O assunto escolhido é vasto e importante mas muitas vezes esquecido, porque não se discute livremente o direito de agir, caminhar ou o viver livremente em liberdade. Afi nal o que é Livre Acesso? Segundo o Google, o mais novo dicionário do seculo XXI, o conjunto das palavras: Livre vem de Liberdade: um conjunto de ideias liberais e dos direitos de cada cidadão. É a independência do Ser Humano de ter autonomia e espontaneidade. Acesso, substantivo masculino, Acessus em latim, que signifi ca Ingresso, Caminho ou Ato de Chegar ou Aproximar. Para começar essa minha coluna, preciso contar como tudo aconteceu. De repente fi quei com difi culdade motora. Estava na Praça da Sé, pois tinha uma reunião no Fórum, caminhava tranquilamente quando minha perna falhou e quase caí. Tive que me segurar na parede. Fiquei um tempo sentindo minha perna direita e tentei andar novamente, mas não conseguia dar um passo. Pedi ajuda para um transeunte que me indicou uma loja de bengalas e fui caminhando me segurando nas paredes até que cheguei na bendita loja. Escolhi uma de metal que dobrava e poderia colocar na bolsa. No começo não foi fácil, tropeçava, tinha que andar devagar e com muita atenção, eu que sempre tive o passo fi rme e

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gostava de correr, percebi como era difi cil andar nas ruas de São Paulo, as calçadas não eram seguras todo cuidado se fazia necessário. Mas o mais interessante foi quando cheguei no Fórum, fui bem recebida e apesar de não ser idosa na época, fui para a fi la de prioridades. Foi um alívio perceber que minha perna tinha falhado mas que tinha ganho uma amiga, uma perna de metal poderosa, pois além de me apoiar no caminhar, tinha poderes até então, por mim totalmente desconhecidos: abria caminhos sem pedir “Dá licença”! Mas isso é uma longa história. Com a difi culdade motora, que com o tempo se agravou, me especializei em observar as ruas, calçadas, semáforos, escadas, lombadas, calçamentos, acessos de ônibus, metrôs, lojas, shoppings..... até a difi culdade de entrar num carro. Não sou expert no assunto, não sou arquiteta, nem engenheira de trânsito ou algo similar. Sou uma usuária das ruas, pois adoro andar a pé, e anoto os pontos críticos que a administração pública não coloca como prioridade. LIVRE ACESSO não se restringe somente ao tema de caminhar, é muito mais abrangente, trata também das minorias que não têm “livre acesso” como os Povos Indígenas, os Quilombolas, pessoas com Autismo ou outras defi ciências, as minorias que são sujeitas a preconceitos na sociedade. Espero que através desse veículo de comunicação, LIVRE ACESSO, seja possível sensibilizarmos a sociedade civil para discussões de temas que possam melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos!

Foto montagem da edição pela imagem de voyager1.net divulgação

Meu nome é Malu de Alencar, fiz História na USP e comunicação na antiga ESP, hoje Escola Superior de Propaganda e Marketing, mas sempre trabalhei com videos institucionais e comerciais, documentários e resgate de histórias de vida. Hoje conto histórias e causos, relembro fatos que presenciei, afinal o que é a vida se não tivermos o que lembrar?

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N o t í c i a s O QUE ROLOU NO WHATSAPP

Bolsa Empreendedor O Governo do Estado de São Paulo lançou o programa Bolsa Empreendedor, serão 100 mil bolsas para apoiar os empreendedores informais vulneráveis do nosso estado. O programa tem 3 ofertas aos cidadãos: qualifi cação empreendedora, formalização e bolsa-auxílio de R$ 1000, dividido em 2 parcelas de R$500. Quem pode se inscrever? Todos do Estado de São Paulo que estão atualmente desempregados e não possuem CNPJ. Mas as vagas serão priorizadas para pessoas de baixa renda, mulheres, pretos, pardos ou indígenas, jovens (18-35 anos) e pessoas com defi ciência. Inscrições abertas do dia 10 a 19 de setembro via site do Bolsa do Povo - www. bolsadopovo.sp.gov.br/portal/BolsaEmpreendedor/index

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Revista Livre Acesso #1 - Setembro/2021 - pág.47


Nova edição da Revista Autismo. Capa com arte do garoto super talentoso Lucas Ksenhuk (autista)! divulgação

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Diagramação, Reportagem, Fotografia, Desenho, Entrevistas, Propagandas, Folders, Folhetos, Identificação Visual, Montagem de livros e Revistas NOSSA REVISTA PRECISA SOBREVIVER Desde 1993

PRECISAMOS DE DOAÇÕES EM QUALQUER VALOR (pix 95608273834)

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Teremos uma página no facebook com todas nossas edições

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Pesquisa mostra problemas crônicos do varejo no atendimento a pessoas com deficiência “Uma vendedora me perguntou para que eu queria uma TV grande se não enxergo. Fui inferiorizada e senti vergonha”, diz mulher com deficiência visual que participou do estudo da consultoria Inclue. Enquete identificou as principais barreiras para consumidores com deficiência terem uma boa experiência de compra no Brasil. LEIA MAIS - COPIE O LINK E COLE NO SEU COMPUTADOR OU CEL. https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/pesquisa-mostra-problemas-cronicos-do-varejo-no-atendimento-a-pessoas-com-deficiencia/ Fonte e Foto - Estadão | Divulgação

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