A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

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tem as chaves/ Mas prende seus heróis na marginalidade/ Vi nos olhos verdes do holandês outro país/ Caiu Palmares, liberdade não se mata na raiz”. (Anexo 136) 2003 – Acadêmicos do Engenho da Rainha: Ganga-Zumba, a raiz da liberdade: “O rufar dos tambores/ Ecoava pelos ares/ No grito de liberdade/ Do quilombo de Palmares”. (Anexo 174) 2009 – Mocidade Independente de Inhaúma: Gritos de liberdade: “É Ganga Zumba, é Zumbi Rei dos Palmares/ Seus gritos de liberdade ecoam pelos ares”. (Anexo 197) Podemos verificar que os excertos supracitados acerca de Palmares dialogam entre si, apresentam um discurso que se associa à liberdade, por meio da resistência. Comumente, Zumbi e Ganga Zumba, seus principais líderes são reverenciados como exemplos notáveis de heroísmo. É a escrita sobre a liberdade, muito provavelmente pela parcela da população que dela foi a mais desprovida, e que encontra na memória cultural a sua identidade, a sua força expressiva, o seu grito que ecoa na avenida e para além dela.

4.12.4 – ÁFRICA Apresentamos, a seguir, quatro sambas-enredos, escritos no período de 1986 a 2000, em que se inscreveu a liberdade relacionada à África. África, um lugar em que o negro tinha as suas próprias regras e era livre. África, o berço da sabedoria. África, a raiz mãe. África, Angola, navio negreiro. 1986 – Tradição: Rei senhor, Rei Zumbi, Rei Nagô: “O negro lá na África era um rei/ Foi artesão, foi caçador/ Guerreiro, feiticeiro, camponês/ Exímio dançador/ Tinha sua própria lei/ E a liberdade sem favor”. (Anexo 43) 1994 – Portela: Quando o samba era samba: “África encanto e magia/ Berço da sabedoria/ Razão do meu cantar/ Nasceu a liberdade a ferro e fogo/ A mãe negra abriu o jogo/ Fez o povo delirar”. (Anexo 77) 1998 – Império Serrano: Sou ouro negro da mãe África: “Vim da África/ Minha raiz mãe tesouro/ A liberdade é meu ouro/ Sou negro sim senhor”. (Anexo 95) 2000 – Tradição: Liberdade! Sou negro, Raça e Tradição: “Liberdade/ Sou negro, raça e Tradição/ Vim de Angola, da minha mãe África/ Num navio negreiro clamando por Zambi”. (Anexo 110)

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ANEXOS SAMBAS ENREDOS

3hr
pages 201-278

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

4.11 A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

1.4 Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

4.12.3 Palmares

1min
page 157

2.2 A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.1 Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

4.12.2 Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.12.4 África

1min
page 158

1.3.12 Os Primeiros Sambas Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 Samba Enredo

4min
pages 61-62

1.3.6 As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.8 Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.10 As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 O Samba

4min
pages 58-59

1.3.5 A Praça Onze

5min
pages 44-46

1.3.4 Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.2 O Zé Pereira

2min
pages 38-39

1.3.3 Os Cordões

3min
pages 40-41

RESUMO

1min
page 11

1.1 Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

RESUMEN

1min
page 13

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

ABSTRACT

1min
page 12
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