REVISTA PORTUGAL DEZEMBRO 114

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Ciência e atualidade do setor dentário - ano XVI

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Tema de capa

Prótese dentária Objetiva clínica

Crónica

OMD quer destinar à saúde oral 30% do imposto sobre os refrigerantes

Bruno Seabra explica a relevância da escolha da lente correta

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A derradeira edição deste ano da Maxillaris é dominada pelos contornos da prótese dentária. Neste contexto, publicamos uma entrevista com José Eduardo Ribeiro e os testemunhos de João Carlos Roque, Tiago Santos e João Paulo Rodrigues Martins. O tema de capa completa-se com casos clínicos de João Mouzinho e Vinicius Coronado Barros.



dezembro 2020 no 114 P

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G

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destaques

Ciência e atualidade do setor dentário - ano XVI

CRÓNICA

Tema de capa

Prótese dentária

Ordem dos Médicos Dentistas quer destinar à saúde oral 30% do imposto sobre os refrigerantes.

A derradeira edição deste ano da Maxillaris é dominada pelos contornos da prótese dentária. Neste contexto, publicamos uma entrevista com o veterano representante da classe dos protésicos José Eduardo Ribeiro e registamos testemunhos dos também técnicos de prótese dentária João Carlos Roque, Tiago Santos e João Paulo Rodrigues Martins. O tema de capa completa-se com casos clínicos de João Mouzinho e Vinicius Coronado Barros.

OBJETIVA CLÍNICA

CED adverte que consultas preventivas de Medicina Dentária são essenciais para evitar complicações futuras.

Academia americana da área do sono atribui título a médica dentista portuguesa.

Bruno Seabra retoma a sua habitual secção dedicada à fotografia oral, desta vez, com a abordagem ao tema: “Qual a importância da escolha da lente correta?”.

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26 Tiago Santos, técnico de prótese dentária e

experto em gestão e liderança: “A revolução digital na contratação de técnicos de prótese dentária”.

sumário

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❏ Crónica 10 OMD quer destinar à saúde oral 30% do imposto sobre os refrigerantes. 12 CED adverte que consultas preventivas são essenciais para evitar complicações futuras. 13 American Board of Dental Sleep Medicine atribui título a médica dentista portuguesa.

Vinicius Coronado Barros, médico dentista: “Minimizando a Síndrome da Combinação: moldagem funcional pela injeção de elastómero”. João Mouzinho, médico dentista: “Digital e analógico – a mão da tecnologia nas facetas feldspáticas”. Dossier

42 João Paulo Rodrigues Martins, técnico

de prótese dentária e professor na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa: “O futuro da prótese removível na era digital”.

❏ Objetiva clínica 48 Bruno Seabra retoma a sua habitual secção com a abordagem ao tema: “Qual a importância da escolha da lente correta?”. ❏ Quiz de Medicina Oral 52 Demonstre os seus conhecimentos no teste elaborado para a Maxillaris por Germán Esparza Gómez. ❏ Calendário 54 Agenda de cursos para os profissionais e calendário de congressos, simpósios, jornadas, encontros e exposições industriais. ❏ Novidades 60 Produtos e equipamentos.

❏ Tema de capa (PRÓTESE DENTÁRIA)

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Ciência e prática

Falamos com...

José Eduardo Ribeiro, técnico de prótese dentária e presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Técnicos de Prótese Dentária: “Um elevado número de profissionais continua a exercer ilegalmente a atividade em Portugal”. Ponto de vista

24 João Carlos Roque, técnico de prótese dentária e professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa: “Os desafios para o ensino do digital na área da prótese dentária”.

A Maxillaris é uma marca registada a nível europeu pelo Departamento de Harmonização do Mercado Interior Europeu de Marcas e Desenhos com o Nº 003098449. Proprietário: Grupo Asís Biomedia. Coordenador Edição Portuguesa: João Drago. portugal@maxillaris.com Publicidade: Maria João Miranda. comercialportugal@maxillaris.com Colaboradores: Gilberto Ferreira. João dos Santos. Maria Inês de Matos. Nuria Mauleón. Valéria Baptista Ferreira.

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Comissão Científica: Jaime Guimarães (diretor científico). Ana Cristina Mano Azul. Francisco Brandão de Brito. Francisco Teixeira Barbosa. Gil Alcoforado. Isabel Poiares Baptista. José Bilhoto. José Pedro Figueiredo. Paulo Ribeiro de Melo. Rui Figueiredo. Susana Noronha. Consultor para a América Latina: Pérsio Mariani.

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Editorial E assim chegamos a dezembro, portanto, à reta final de um ano que deixa poucas saudades; pior do que isso, deixa profundas mazelas, à escala global, em praticamente todos os quadrantes da atividade humana (social, cultural, financeira, económica, política...) que se traduzem, desde logo, na súbita alteração de hábitos sociais bem enraízados, na imposição de emergências e regras inéditas (pelo menos em democracia), na consequente restrição de direitos consagrados, já para não falar na forçosa privação do exercício de múltiplas atividades comerciais/ económicas – no caso português, por sinal, em boa parte decisivas para o crescimento do país – com as inevitáveis e (im)previsíveis consequências que, mais cedo ou mais tarde, daí advirão. Mas é no domínio da saúde pública que o devastador coronavírus, que se instalou progressiva e inesperadamente em todo o planeta desde o início deste 2020, se impõe com mais impiedade, tendo provocado desde o início da pandemia cerca de 60 milhões de infetados e mais de 1,4 milhões de vítimas mortais em todo o mundo. Nunca é demais lembrar e louvar o empenhado, incansável (e certamente desgastante) papel da maioria dos profissionais de saúde no combate ao flagelo da Covid-19, muitas vezes colocando em risco as suas próprias vidas ao estarem na linha da frente do tratamento desta doença altamente contagiosa e cujas sequelas pós-infeção a médio-longo prazo, de resto, ainda estão por determinar e não deixam de ser uma preocupação para a comunidade científica. No contexto da difícil conjuntura que enfrentam os múltiplos protagonistas do setor da saúde, é justo não esquecer a resiliência dos médicos dentistas e de outros representantes da saúde oral – também eles, todos eles, fortemente fustigados pelos efeitos nefastos da Covid-19, em particular no plano económico – ao manterem as suas práticas, consultas de rotina e tratamentos sempre com elevados (e comprovados) índices de higiene/segurança e dentro da normalidade possível nos dias que correm, assegurando assim a continuidade dos cuidados fundamentais para uma boa saúde oral e prevenir intervenções mais complicadas no futuro. Em época de “presentes no sapatinho”, não será demais pedir que também esta classe possa ser integrada nas investidas do governo destinadas aos protagonistas da saúde, porque o seu contributo no âmbito do combate à pandemia tem sido manifestamente solidário e cooperante. Numa altura em que se antevê já para o próximo mês de janeiro o início do processo de vacinação contra o infame coronavírus, resta-nos desejar a todos os leitores e anunciantes desta revista sinceros votos de Boas Festas – por muito atípicas que possam vir a ser nesta quadra natalícia – e sobretudo uma auspiciosa (e rápida) entrada nesse bem-vindo 2021!

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Bendito 2021!



Coordenador Edição Espanhola: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com

índice

Diretora Comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com Redatores: María Santos e Diego Ibáñez. redaccion@maxillaris.com

BTI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

Serviços Administrativos: administracion@maxillaris.com

EMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 a 59

REDAÇÃO ESPANHA: Plaza de Antonio Beltrán Martínez, 1, 50002 Zaragoza Tel.;976 46 14 80

Fotoreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Edição online espanhola: www.maxillaris.com Comissão Editorial: Nacho Rodríguez Ruiz. Miguel Roig Cayón. Raúl Ferrando Cascales. Beatriz Giménez González. Rafael Flores Ruiz. Daniel Rodrigo Gómez. Fernando Durán-Sindreu.

Invisalign . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Laboratorio Europeo de Ortodoncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández (diretor científico). Armando Badet de Mena. Baoluo Gao. Blas Noguerol Rodríguez. Carlos Fernández Villares. Emilio Serena Rincón. Esther Nevado Rodríguez. Francisco Teixeira Barbosa. Germán Esparza Gómez. Héctor Tafalla Pastor. Jaime Jiménez García. Jaume Janer Suñé. José Manuel Navarro Martínez. Juan López Palafox. Luis Calatrava Larragán. Manuel Cueto Suárez. Manuel V. de la Torre Fajardo. Marcela Bisheimer Chemez. María Rosa Mourelle Martínez. Rafael Martín-Granizo López. Rui Figueiredo.

Nobel Biocare . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 e 17

Orisline . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Systhex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

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crónica OMD quer destinar à saúde oral 30% do imposto sobre os refrigerantes A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) vai propor ao Governo que 30% da receita do Imposto Acrescentado sobre as Bebidas Açucaradas seja destinada a cuidados de saúde oral. No discurso da cerimónia de abertura do 29° congresso da OMD, celebrado nos dias 27 e 28 de novembro passado, o bastonário Miguel Pavão defendeu que é preciso “criar uma rubrica específica no Orçamento de Estado para a saúde oral. Assiste aos portugueses o direito de saber quanto é investido em saúde oral. Nessa rubrica deverá ser integrado o valor de 30% do Imposto Acrescentado sobre as Bebidas Açucaradas”. A receita total deste imposto rondará, de acordo com o Orçamento de Estado para este ano, 84,9 milhões de euros, ou seja, 25 milhões de euros seriam alocados à saúde oral e serviriam também “para a reformulação do cheque-dentista e estabelecer uma carreira especial para os médicos dentistas que participam no programa Saúde Oral para Todos no SNS”. Sendo que, sublinhou o bastonário da OMD “é também preciso contemplar os cuidados de saúde oral aos portadores de diabetes e estimular a prevenção e literacia junto dos estratos populacionais socialmente mais desfavorecidos”. Esta edição do congresso da OMD decorreu exclusivamente online, fruto das condicionantes impostas pela pandemia. O congresso contou com 51 conferencistas e 26 moderadores, estando inscritos perto de 3.000 médicos dentistas e mais de 400 assistentes dentários. Na plataforma digital dedicada ao congresso mantém-se, até ao final de janeiro, uma área de exposição que alberga os 22 stands virtuais da Expodentária. Tempos difíceis Está a ser um ano sem precedentes para a Medicina Dentária, em que, pela primeira vez na história, os médicos dentistas viram a sua atividade suspensa. Miguel Pavão alertou que “devemos estar preocupados com o futuro, pois é de prever sem margem para muitas dúvidas uma grave crise económica, financeira e social, não podemos deixar de ser realistas e de perceber que os tempos difíceis são também tempos de mudança. Mudanças que se impõem e que precisam de ser realizadas.” O bastonário da OMD considera que 2021 “será um tempo de recuperação de um ano difícil, que também nos vai deixar muitas lições. Não

Miguel Pavão considera que 2021 será um ano de recuperação, que também vai suscitar muitas reflexões.

podemos continuar a agir como se nada tivesse acontecido. Não podemos deixar escapar esta oportunidade. Precisamos de líderes fortes, que estejam dispostos a este desafio. Que sintam e percepcionem que os médicos dentistas fazem parte da solução, estando disponíveis para ajudar a construir uma sociedade melhor e mais desenvolvida. Para tal, devem ser tratados como profissionais de saúde, com direitos iguais e ter prioridade na vacinação da gripe sazonal e na muito aguardada vacina da Covid-19”. Miguel Pavão enalteceu “a capacidade de reação, preparação e colaboração dos médicos dentistas, que tem sido exemplar”, referindo ainda “os apoios que os médicos dentistas fizeram chegar desde a primeira hora com a doação de equipamentos de proteção individual aos cuidados de emergência hospitalar do SNS, também pela forma como mais de 500 colegas integraram a linha SNS 24 e mais recentemente na colaboração ao combate ao surto que se vive a norte do País com a ajuda de 258 colegas a apoiarem a ARS-Norte”. Tendo em conta a complexidade da atual conjuntura, o bastonário da OMD lembra que “os impactos que esta pandemia trouxe para o ensino e para os colegas mais jovens, que estão a dar os seus primeiros passos na profissão não estão ainda quantificados”. Neste sentido, a OMD em parceria com a Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária lançou o Fórum Ensino e Profissão Médico-Dentário, onde se pretende a participação e envolvimento de todos os principais atores do Ensino em Medicina Dentária. Este Fórum irá refletir sobre o que se está a passar na recente evolução da profissão. Destacou ainda que, apesar das dificuldades vividas e sentidas por todos ao longo deste ano, o 29º congresso “surge num modelo virtual e imersivo, demonstrando vitalidade, reação e capacidade de adaptação não tendo deixado que o negativismo se sobrepusesse à nossa capacidade de união e vontade de vencer. E é isso que pretendemos continuar a fazer: seguir a nossa jornada, neste caminho da mudança”.

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Crónica

OMD e Conselho Nacional da Juventude ponderam formas de cooperação Com o intuito de promover a discussão e dar resposta às preocupações dos membros que estão a dar os primeiros passos na profissão, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, e o Conselho dos Jovens Médicos Dentistas da Ordem (CJMD) estão em conversações com o Conselho Nacional da Juventude (CNJ), no sentido de explorarem sinergias e eventuais projetos comuns. A OMD quer consciencializar esta plataforma representativa das organizações de juventude de âmbito nacional para as dificuldades que a Medicina Dentária enfrenta e que afetam particularmente os mais novos. O CJMD, órgão consultivo da OMD em fase de restruturação, pretende debater os temas que afetam os jovens médicos dentistas, como a questão da empregabilidade e posicionamen-

to na área da saúde pública. Missão partilhada pelo CNJ, que defende o debate sobre as aspirações, realidades e problemáticas dos jovens. As duas estruturas estão a avaliar um conjunto de linhas e medidas de atuação conjunta, nomeadamente em matéria de formação e do primeiro contacto com o mercado de trabalho. Envolver as outras ordens profissionais num debate mais abrangente, com o intuito de encontrar caminhos comuns para quem está ou vai ingressar no mercado de trabalho, é outra das ações a estudar. Na primeira reunião, a Ordem ficou a conhecer um dos projetos do CNJ. A presidente, Rita Saias, e o vogal da direção do CNJ, Lucas Martins, apresentaram a bolsa de Formadores e Facilitadores, através da qual são disponibilizadas várias ações de formação e facilitação a organizações juvenis e outras entidades.

Dirigentes do Conselho Nacional da Juventude foram recebidos, na sede da OMD, pelo bastonário Miguel Pavão.

O bastonário da OMD, Miguel Pavão, aproveitou para evidenciar que a profissão se debate com um rácio de médicos dentistas por habitante muito superior às necessidades do país, falar do papel das faculdades nesta matéria e dos indicadores de saúde oral dos portugueses. O responsável salientou que a direção está atenta às necessidades dos jovens, tendo inclusive um membro do Conselho dos Jovens Médicos Dentistas no Conselho Diretivo, enquanto os representantes do CJMD, Mónica Lourenço e Telmo Ferreira, apresentaram as metas e atribuições desta equipa.


Crónica

CED recomenda continuidade dos cuidados de saúde oral

Consultas preventivas são essenciais para evitar complicações futuras As crescentes evidências de que os consultórios e clínicas de Medicina Dentária europeus são espaços seguros, no que concerne à transmissão da Covid-19, levaram o Conselho Europeu de Médicos Dentistas (CED) a recomendar publicamente a continuidade das consultas e dos tratamentos médico-dentários. Preocupado com o facto de as populações estarem a adiar as visitas regulares ao médico dentista e com as consequências que isso acarreta para a saúde oral, o presidente do CED, Marco Landi, vem reforçar que estes profissionais “sempre estiveram empenhados em fornecer cuidados atualizados, seguros e de alta qualidade, bem como em minimizar os riscos relacionados com os cuidados orais”. Daí que o CED aconselhe os europeus a não adiarem os tratamentos por causa da pandemia, incluindo as consultas preventivas e os cuidados não urgentes, uma vez que são essenciais para uma boa saúde oral e para evitar complicações futuras. Na linha da frente Desde que se registaram os primeiros casos de Covid-19, os governos europeus aplicaram uma série de medidas, que tiveram particular impacto no setor da Medicina Dentária que em vários países ficou limitado aos atendimentos urgentes e inadiáveis. No entanto, ao longo dos últimos meses verifica-se que o exercício da profissão é seguro, em virtude do uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e do segui-

O presidente do CED, Marco Landi, mostra-se preocupado com o facto de os europeus estarem a adiar as visitas regulares ao médico dentista.

mento de todos os protocolos necessários para proteger o paciente e a equipa médico-dentária. Por isso, esclarece Marco Landi, “os médicos dentistas estão na linha da frente, ao lado de outros profissionais de saúde, oferecendo tratamentos seguros, ao mesmo tempo que se mantêm comprometidos com o bem-estar dos seus pacientes”. Razões que levam o responsável a recomendar a continuidade da prestação dos habituais cuidados de Medicina Dentária, “apesar das circunstâncias”. Recorde-se que, recentemente, também a Associação Americana de Medicina Dentária (ADA) publicou um relatório que indica que, nos Esta�dos Unidos da América (EUA), a taxa de médicos dentistas infetados com a Covid-19 é de 0,9%. Já um inquérito realizado a nível nacional pela Ordem dos Médicos Dentistas, em agosto passado, mostrou que 99,5% dos médicos dentistas que participaram no estudo não se contaminaram em ambiente clínico.

CNOP define rumo em período de pandemia O Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP) reuniu no passado dia 12 de novembro, por videoconferência, para definir a estratégia que irá levar a cabo nos próximos meses e as linhas de atuação para 2021. O papel das ordens em tempos de pandemia foi um dos temas em destaque neste encontro, no qual participou, em representação da Ordem dos Médicos Dentistas, a vice-presidente do Conselho Diretivo, Teresa Canadas.

relativa a um teste de proporcionalidade a realizar antes da aprovação de nova regulamentação das profissões.

Na agenda de trabalhos esteve também a análise da alteração do estatuto do CNOP. Os responsáveis das várias associações públicas profissionais debateram ainda o documento de pronúncia deste conselho à Pro�posta de Lei n.º 57/XIV/2.ª (Gov), que transpõe a Diretiva (UE) 2018/958,

O CNOP é a associação que agrega as profissões liberais regulamentadas, cujo exercício exige a inscrição em vigor, numa ordem profissional ou em associação de natureza jurídica equivalente. Representa mais de 300.000 profissionais regulados.

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Crónica

American Board of Dental Sleep Medicine atribui título a médica dentista portuguesa A médica dentista Susana Falardo Ramos foi recentemente reconhecida com a Certificação Internacional pelo American Board of Dental Sleep Medicine (ABDSM), culminando um longo processo que iniciou há cerca de oito anos. Foi em 2013 que despertou o interesse em aprofundar conhecimentos na Medicina do Sono, ao frequentar um curso de aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento das apneias. Seguiu-se a pós-graduação em Cronobiologia e Medicina do Sono, a residência universitária em Medicina do Sono no Hospital Universitário de Antuérpia, o curso de Medicina Dentária do Sono no Colégio Belga de Medicina Dentária do Sono e a acreditação europeia em Medicina Dentária do Sono pela European Academy of Dental Sleep Medicine (EADSM), na qual é hoje board member e vice-presidente.

Em outubro de 2018, concluiu o mestrado em Terapia Miofuncional e em janeiro do ano passado ingressou no Dental Sleep Medicine Mastery da American Academy of Dental Sleep Medicine (AADSM), o qual concluiu em julho passado com sucesso e que lhe permitiu o acesso ao exame do American Board of Dental Sleep Medicine. Em declarações à Maxillaris, Susana Falardo Ramos considera que ser simultaneamente membro do comité científico da AADSM e certificada internacional pela ABDSM, a acumular com os cargos da EADSM e acreditação europeia, “coloca sobre mim não só uma enorme responsabilidade na implementação e divulgação da Medicina Dentária do Sono em Portugal, mas também não deixa de ser uma honra e um orgulho imenso, como mulher, portugue-

Susana Falardo Ramos integra as duas academias de maior destaque mundial nesta área.

sa e médica dentista, integrar as duas academias de maior destaque mundial nesta área”. A médica dentista diz estar obviamente “muito feliz e realizada no percurso académico que tracei e que me permitiu alcançar marcos importantes na minha carreira profissional”, concluindo que reserva muita esperança no futuro e “estou certa de que o melhor ainda está para vir”.


Crónica

Associação Moçambicana dos Médicos Dentistas tem nova equipa presidida por Mauro Bregueje A Associação Moçambicana dos Médicos Dentistas (AMMD) tem oficialmente nova liderança desde o passado dia 28 de setembro, data em que se celebrou a respetiva tomada de posse, em cerimónia celebrada no auditório do Instituto Superior de Ciência e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM). A equipa da AMMD que saiu vencedora das eleições que tiveram lugar no dia 16 de agosto passado é composta por Mauro Bregueje (presidente), Suemma Issá (vice-presidente), Domingos Pilale (secretário-geral), Arla de Jesus (primeira secretária), Paulo Chihale (tesoureiro geral), Aleksander Spassov (presidente do Conselho Fiscal), Pascoal Cumbe (vice-presidente do Conselho Fiscal), Águeda Costa (secretária do Conselho Fiscal), Adolfo Sinai (presidente da mesa da Assembleia Geral), Nuria Miquidade (vice-presidente da mesa da Assembleia Geral), Neusa

Baptista (primeira secretária da mesa da Assembleia Geral) e Ivan Chauque (segundo secretário da mesa da Assembleia Geral). O ato contou com a presenca do bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, Gilberto Manhiça, da representante do ministro da Saúde daquele país, Amália Mepatia, bem como do elenco cessante presidido pelo médico dentista Gerónimo Brilão.

A partir da esquerda, o novo presidente da AMMD, Mauro Bregueje, e os seus antecessores Gerónimo Brilão e Paula Ahing.

Durante a sua intervenção o novo presidente da AMMD reafirmou aquelas que foram as suas bases durante a campanha eleitoral, concretamente a inclusão e adesão dos médicos dentistas na associação, realização de congressos durante a vigência do mandato e a formação contínua de cada vez mais médicos dentistas.

Mundo A Sorrir renova cooperação com governo de São Tomé e Príncipe No passado mês de outubro, a organização não governamental Mundo A Sorrir renovou o protocolo de cooperação com o Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe, que visa contribuir para a construção de uma estratégia de saúde oral naquele país africano de língua oficial portuguesa, para os anos vindouros. Esta iniciativa surge no âmbito do projeto “Saúde A Sorrir em São Tomé e Príncipe”, desenvolvido pela Mundo A Sorrir desde 2013, com o objetivo de contribuir para a melhoria da saúde da população são-tomense socioeconomicamente vulnerável, através da promoção da saúde, bem-estar e qualidade de vida e reforço das competências técnicas dos profissionais. Na sequência da visita institucional a São Tomé e Príncipe, a equipa de coordenação do projeto reuniu com o Governo Regional do Príncipe e os parceiros não-governamentais para delinearam a atuação da Mundo A Sorrir, de forma a que a saúde oral seja acessível a toda a população do país. O projeto “Saúde A Sorrir em São Tomé e Príncipe” já beneficiou 32.219 pessoas em São Tomé e Príncipe, realizou 5.904 tratamentos, ofereceu 35.231 escovas e pastas e promoveu 1.020 ações de capacitação.

Mundo A Sorrir renovou o protocolo de cooperação com o Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe, que visa contribuir para a construção de uma estratégia de saúde oral naquele país.

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Crónica

Cascais tem novo Centro de Apoio à Saúde Oral No passado dia 29 de outubro foi inaugurada pela Câmara Municipal de Cascais a Academia da Saúde de Alcabideche, onde se insere o Centro de Apoio à Saúde Oral (CASO), desenvolvido pela organização não governamental Mundo A Sorrir.

de mais um Centro de Apoio à Saúde Oral, desta vez, em Cascais”, destacou a médica dentista Mariana Dolores, presidente da Mundo A Sorrir.

O projeto CASO Cascais visa a disponibilização de tratamentos médico-dentários e acompanhamento psicossocial às populações em situação de vulnerabilidade socioeconómica.

A clínica dentária social, situada nas instalações da Academia da Saúde de Alcabideche, será responsável pela prestação de cuidados de saúde oral à população socioeconomicamente vulnerável do município, sendo financiada na totalidade pela Câmara Municipal de Cascais.

“Desde 2010 que a Mundo A Sorrir e a Câmara Municipal de Cascais são parceiras e tem sido um orgulho enorme trabalhar com uma autarquia inovadora, que se envolve de forma exemplar com a comunidade. A saúde oral e a inclusão social estão de mãos dadas na inauguração

“Esta foi a quarta Academia da Saúde do concelho para dar apoio à comunidade, mas é um espaço mais abrangente, que tem outras valências e parceiros, nomeadamente a Mundo A Sorrir com um gabinete que vai servir a população mais carenciada e que não tem ren-

O novo centro será responsável pela prestação de cuidados de saúde oral à população mais vulnerável do município de Cascais.

dimentos, com o apoio da Câmara”, referiu Frederico Almeida, vereador com o pelouro da Saúde da autarquia de Cascais.

IDS reforça meios digitais para evitar aglomerações A organização do salão internacional dentário de Colónia (IDS 2021), agendado para o próximo mês de março, tem vindo a encontrar formas de garantir a segurança dos participantes que irão deslocar-se ao recinto de feiras (Köelnmesse) da emblemática cidade alemã. Uma delas passa pela deteção dos fluxos de visitantes mediante uma aplicação anónima smartphone (eGuard), evitando as aglomerações. A Köelnmesse e a Samsung SDS desenvolveram, assim, um novo produto que tornará ainda mais segura a participação com presença física de expositores e visitantes em certames como a IDS também nesta época de pandemia. Conjuntamente, desenvolveram um Indoor-Positioning-System (IPS) que vigia o volume de pessoas e o comportamento dos visitantes nos pavilhões, pondo estes dados à disposição dos participantes na feira em tempo real. A nova aplicação eGuard, adequada de forma individual às exigências de Köelnmesse, é uma parte do pacote completo de medidas para garantir uma segurança profissional ao mais alto nível, criando um ambiente em que os contactos e negócios possam voltar a crescer. Nela utiliza-se uma combinação de campos electromagnéticos e beacons sem registar dados pessoais. Os dados obtidos anonimamente através do IPS contribuirão para registar os fluxos de movimentos, a frequência de visitantes, os tempos de permanência e outros dados referentes às posições a fim de mostrar na aplicação, por exemplo, a frequência de visitantes em cada pavilhão. Para isso, apresentar-se-á a relação existente entre o tamanho de cada pavilhão e o número de pessoas que se encontrem nele, marcando-a com cores na aplicação. Por outro lado, mostrar-se-á aos utilizadores a sua situação individual de forma dinâmica. Com esta base, qualquer participante pode

Para a feira de Colónia (Köelnmesse), a transformação digital tem carácter de alta prioridade.

adequar de forma individual a sua visita à feira, evitando pavilhões com mais visitantes e visitá-los num momento em que estejam mais vazios. A fim de que a aplicação possa prestar informações exatas sobre a densidade de visitantes, o seu uso é obrigatório para todos estes durante a sua presença no recinto de feiras e tem que ser mantida ativa em segundo plano no smartphone. Para a Köelnmesse, a transformação digital tem carácter de alta prioridade como base para novos modelos de negócio asim como para a melhoria dos processos próprios. A nova tecnologia IPS e a aplicação eGuard serão utilizadas pela primeira vez na retoma dos certames presenciais e constituirão também parte integrante do conceito de segurança e higiene da IDS 2021.

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PUBLIRREPORTAGEM

REFORMULANDO A IMPLANTOLOGIA

Nova solução para reduzir as suposições na preparação do leito Quando se trata de inovações na implantologia, uma melhor preparação do leito tem ficado em segundo plano comparando com os avanços no desenho do implante. O Prof. Stefan Holst, Vice-Presidente dos Implantes Premium na Nobel Biocare e coautor de um estudo de investigação original com a Universidade de Stanford sobre o desenho e benefícios biológicos do OsseoShaper™, descreve algumas das dificuldades e desafios que surgem com os protocolos de fresagem convencionais e explica como este novo dispositivo foi desenhado para superar estes problemas. Prof. Holst, em que consiste o novo dispositivo OsseoShaper™? OsseoShaper™ é uma abordagem completamente nova para a preparação do leito que expõe alguns dos desafios dos protocolos convencionais de fresagem. Em vez de ser utilizada alta velocidade para criar uma osteotomia, o OsseoShaper™ vai dando forma suavemente e de forma controlada. Foi desenvolvido como parte do nosso recentemente anunciado sistema de implantes Nobel Biocare N1™.

Os protocolos de preparação de leito não alteraram muito em mais de 50 anos. O que o inspirou a focar-se em métodos tão bem consolidados? O nosso primeiro passo no desenvolvimento de um novo sistema de implantes foi examinar cada fase do tratamento, baseando-nos na nossa experiência clínica de 50 anos. Quais são os principais problemas ou desafios clínicos que temos? Como podemos tentar evitar mais erros? Como podemos otimizar os fluxos de trabalho? Tornou-se evidente que os protocolos de fresagem podem ser melho-

único protótipo do OsseoShaper™. Esta abordagem tornou possível esta nova e fascinante tecnologia.

Como é que esta investigação influenciou o desenho?

O Prof. Stefan Holst é coautor de um estudo de investigação original com a Universidade de Stanford sobre o desenho e beneficíos biológicos do OsseoShaper™.

rados, tanto em termos práticos como biológicos. Assim sendo, financiámos uma nova investigação básica para melhor compreender a biologia da cicatrização óssea, que é relevante para integração precoce e desempenho a longo prazo. Com este conhecimento aperfeiçoado, pudemos desenvolver características que abrangem a biologia antes mesmo de se ter feito um

A investigação na Universidade de Stanford mostrou como a fresagem convencional de alta velocidade gera calor, levando à morte de células ósseas em redor da osteotomia 1 e que esta “zona de morte” leva à reabsorção e remodelação óssea. A forma comum de reduzir o calor é com irrigação. No entanto, este sistema tem outro inconveniente: elimina fragmentos ósseos que podem acelerar a formação de osso periimplantar, o qual pode favorecer a osteointegração precoce e a estabilidade. Foi por este motivo que desenvolvemos o OsseoShaper™, para fresar a baixa velocidade, o que reduz a “zona da morte” em comparação com um protocolo de alta velocidade e elimina a necessidade de irrigação. O OsseoShaper™ foi também desenhado para que os fragmentos ósseos permaneçam dentro a osteotomia, cujos benefícios já foram demonstrados em dados pré-clínicos.


FIG.1. Na maioria dos casos, a preparação do leito, para o sistema de implantes N1™, implica apenas dois passos cirúrgicos: criar profundidade e angulação com o OsseoDirector™, e depois moldar a osteotomia com o OsseoShaper™. O OsseoShaper™ cria um leito do implante que reflete o desenho macro do implante N1™.

Que tipo de problemas práticos está associado aos protocolos de fresagem convencionais? A qualidade e quantidade óssea são únicas em cada paciente. A tomada de decisões pode ser um desafio e sabemos que os clínicos às vezes desviam-se das recomendações dos fabricantes e alteram a sequência da fresagem de acordo com os seus critérios e preferências. Por isso, apercebemo-nos que alterar o procedimento de preparação de leito poderia ajudá-los a tomar estas decisões importantes e evitar suposições, sobretudo dado que o segmento de médicos dentistas de mais rápido crescimento coloca entre 20 a 50 implantes ao ano. Queríamos um instrumento que respeita a necessidade de facilidade na utilização, que ofereça um indicador da qualidade do osso e que crie um leito de implante que refletisse a forma do implante. A preparação do leito deve ser uma parte integral do sistema de implantes.

FIG.2. O OsseoShaper™ foi também desenhado de forma a que os fragmentos do osso permaneçam dentro da osteotomia.

Como é que o OsseoShaper™ ajuda os médicos dentistas a tomar decisões ao preparar a osteotomia?

Os médicos dentistas que utilizam o sistema de implantes Nobel Biocare N1™ verificaram outras vantagens?

Os torques do OsseoShaper™ determinam os passos cirúrgicos, pelo qual reduz as suposições e a toma de decisões. Isto é possível graças a uma velocidade de rotação muito lenta de 50 rpm e sem irrigação. Em segundo lugar, o leito do implante reflete o desenho macro do implante N1™, permitindo uma distribuição ideal do estrés para o osso circundante e estabilidade do implante para uma carga precoce e imediata. Por fim, na maioria dos casos, a preparação do leito envolve apenas dois passos cirúrgicos: primeiro, criar a profundidade e angulação cruciais com o OsseoDirector, e depois formar a osteotomia com o OsseoShaper. Agora temos dois anos de experiência clínica com este conceito e, até agora, foi possível colocar quase 80% de todos implantes com apenas dois passos na preparação do leito.

Sem dúvida. Os médicos dentistas disseram-nos que os pacientes apreciam realmente a redução do ruído e da vibração em comparação com a fresagem convencional. Portanto, a comodidade do paciente aumenta consideravelmente. E, para os médicos dentistas, a baixa velocidade na preparação do leito dá-lhes um controlo muito maior sobre este processo. Nota do autor: O OsseoShaper™ faz parte do sistema de implantes Nobel Biocare N1™ apresentado no Global Symposium 2019, realizado em Madrid.


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Falamos com...

José Eduardo Ribeiro

técnico de prótese dentária e presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Técnicos de Prótese Dentária

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Um elevado número de profissionais continua a exercer ilegalmente a atividade em Portugal José Eduardo Ribeiro, que tem a seu cargo desde 2017 a presidência da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Técnicos de Prótese Dentária (APTPD), alerta para a falta de operacionalidade dos órgãos fiscalizadores desta atividade e denuncia a facilidade com que se ingressa na profissão sem qualquer formação ou entrave. O também diretor técnico do laboratório LABDEPRO e docente da Escola Superior de Saúde Egas Moniz (especialista na área científica de Ciências Dentárias) revela que uma parte substancial dos técnicos de prótese dentária - em conjunto com outras 14 associações profissionais da área das tecnologias da saúde - reclama a criação de uma entidade de inscrição obrigatória, com o perfil de uma Ordem. O desejável reforço do ensino nesta vertente da saúde oral e a concorrência desleal na produção de dispositivos médicos feitos por medida, são outros temas em destaque na entrevista que publicamos com o experiente e veterano técnico de prótese dentária.

Tanto quanto sei, a regulação da profissão e as competências legais dos técnicos de prótese dentária continua a ser uma preocupação para o setor. Qual é o ponto da situação neste domínio Deixe-me, em primeiro lugar, fazer o enquadramento da profissão de técnico de prótese dentária (TPD) em Portugal nas últimas décadas, para podermos compreender melhor a situação atual. A profissão de TPD é, desde há muito, “regulamentada” o que quer dizer que, por decreto-lei, esta é uma atividade cujo exercício se processa a coberto de um título, no caso uma cédula profissional, que está reservada a quem satisfaça certas condições de qualificação.

A partir do ano 2000, com a entrada em vigor do decreto-lei 320/99 de 11 de Agosto e com o ensino da prótese dentária a ser ministrado ao nível superior, foi decretado que o acesso à profissão seria exclusivamente feito por via académica. Com a publicação deste decreto-lei foi também extinta a carreira de técnico de prótese dentária, carreira esta constituída por níveis, onde os profissionais ingressavam após alguns anos de prática em laboratório, no nível básico de “ajudante de prótese dentária”, podendo evoluir na carreira, sujeitando-se a avaliações de nível conjuntamente com anos de serviço e atingir o nível de “técnico de prótese dentária”, sendo este o topo da carreira.

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As instituições de ensino da prótese dentária têm o dever de melhorar o seu corpo docente, criando condições para formar mais doutores, mestres e especialistas neste domínio Ao ser criada uma nova profissão de “técnico de prótese dentária” e extinta a anterior carreira, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), entidade responsável pela regulação, das profissões na área da saúde, atribuiu a cédula profissional de “técnico de prótese dentária”, a todos os portadores de carteira profissional de “técnico de prótese dentária”, que a esta se candidataram. Quais foram as consequências dessa alteração? Todos os profissionais que na altura da entrada em vigor do decreto lei 320/99 exercessem a atividade a coberto de carteira profissional de nível inferior a técnico de prótese dentária, viram impossibilitada a manutenção da sua atividade, ficando sujeitos a obtenção de novas competências, por via de formação profissional, que os equiparasse a TPD para obtenção da cédula profissional.

Cerca de 700 profissionais, nas condições anteriormente descritas, registaram-se na então Direção Geral de Recursos Humanos do Ministério da Saúde, com o propósito de poderem obter a qualificação profissional suficiente para a obtenção da cédula profissional, mas esta possibilidade nunca foi disponibilizada, apesar da Associação Portuguesa de Técnicos de Próteses Dentária (APTPD) ter apresentado à ACSS em 2006 uma proposta de plano de formação. Com esta iniciativa pretendia-se resolver o problema dos 700 candidatos inscritos (e de muitos outros que, por desconhecimento, não se inscreveram), criando assim um verdadeiro ano zero para a profissão. Dito isto, posso afirmar que o panorama da prótese dentária em Portugal em termos legislativos em relação à sua regulação é bastante positivo, no entanto a incapacidade do regulador impor as regras e medidas instituídas legalmente, e a falta de operacionalidade dos órgãos fiscalizadores, permite que um elevado número de profissionais continue a exercer ilegalmente a atividade em Portugal, uns pela falta de vontade da ACSS em resolver a situação criada em 1999, outros pela facilidade com que se ingressa na profissão sem qualquer formação ou entrave. No plano do associativismo, e tendo em consideração que a APTPD é a única associação que defende os interesses dos profissionais desta área, acha que existe suficiente representatividade para “levar a bom porto” os diversos desígnios que estão em jogo? A APTPD representa cerca de 600 associados, e reconheço um grande esforço por parte da direção que tem na sua atividade permanente a preocupação de atrair mais profissionais, identificando as mais valias, para a profissão, da participação de todos na atividade associativa. Não só é importante que uma associação represente um grande número de profissionais, como também é importante a existência de outras associações, permitindo uma mais ampla intervenção. A APTPD está, essencialmente, vocacionada para a área da regulação da profissão, se houvesse associações que se dedicassem a áreas como a laboral e ou a industrial, que não têm neste momento representação associativa específica, seria uma mais-valia significativa.

O técnico de prótese dentária e também docente da Escola Superior Egas Moniz considera que se surgissem novas associações do setor, mais vocacionadas para as áreas laboral e industrial, “seria uma mais-valia significativa”.

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É conhecido o número de técnicos de prótese dentária a exercer em Portugal? Neste momento, não sei quantos profissionais exercem em Portugal, no entanto, se considerar o número de laboratórios de prótese registados na autoridade tributária, posso afirmar com grande probabilidade que existem mais de 3.000 profissionais. Tendo sido apenas emitidas cerca de 1.200 cédulas profissionais pela ACSS, isso pressupõe que mais de metade dos profissionais, que exercem nos laboratórios de prótese, fazem-no sem serem portadores do documento que os habilita ao exercício da mesma. Esta é uma preocupação para os profissionais, que apontam a incapacidade do estado para a regulação da profissão, e uma parte substancial considera como alternativa a criação de uma entidade de inscrição obrigatória, com o perfil de uma Ordem, à imagem do que aconteceu com várias outras profissões da área da saúde, aliás as profissões da área das tecnologias da saúde são as únicas que de entre as que exercem na saúde, não dispõem de auto-regulação. Que passos foram (ou estão a ser) dados no sentido de criar essa entidade com perfil de uma Ordem? Tendo em consideração esta situação de desregulação, a APTPD desde 2009, em conjunto com as outras 14 associações profissionais da área das tecnologias da saúde iniciaram um processo, baseando-se num estudo realizado por uma entidade imparcial, que mostrava o estado da regulação destas profissões em Portugal e indicava a criação da uma Ordem como forma de resolução. As 15 associações elaboraram um documento que deu origem à proposta de lei n.º 636/XIII/3.ª, que foi apresentada, discutida, votada e rejeitada na Assembleia da República, em Outubro de 2017. Apesar de ter sido chumbada a proposta da criação da Ordem, as associações que representam as profissões das tecnologias da saúde, considerando que este é um caminho que não tem retorno, têm manifestado uma grande coesão e determinação em levar por diante este objetivo. Que estratégia(s) defende para se alcançar uma maior convergência no seio da classe? Uma regulação eficaz é determinante para unir os profissionais, contudo, esta convergência terá de começar muito antes. A formação é uma fase determinante na consolidação de uma profissão que se quer de qualidade, e se o papel das universidades e politécnicos na criação de profissionais altamente qualificados é de grande relevância, não é menos importante a sua influência sobre os indivíduos para a cidadania. É fundamental o contacto das associações com os alunos, mostrando a importância das instituições para a profissão e proporcionando, desde logo, a interação dos estudantes com a atividade associativa dando a conhecer um pouco da realidade da profissão e evidenciando a necessidade da participação na atividade e comunitária. Se a qualidade da formação dos técnicos tem grande relevância para o futuro da profissão, motivar os docentes das instituições para a obtenção de mais graus académicos melhorando e aumentando a massa crítica, dentro e fora da classe, garantindo a seu desenvolvimento e auto-defesa, é indispensável.

José Eduardo Ribeiro considera que Portugal ainda é um país a várias velocidades em inúmeras áreas, e a prótese dentária não foge a esta regra.

As instituições de ensino da prótese dentária têm o dever de melhorar o seu corpo docente, criando condições para formar mais doutores, mestres e especialistas neste domínio. Apoiar e incentivar atividades que tenham como base a partilha de informação, onde todos beneficiam e contribuem para mais e melhor conhecimento, deve ser também uma das prioridades, não só das instituições de ensino como também das associações. Ao nível da regulamentação e/ou correta utilização de dispositivos médicos, qual é o atual panorama nos laboratórios? Em termos legais, existem duas grandes vertentes no garante da qualidade do produto em prótese dentária. Por um lado, a regulação da profissão que está a cargo da ACSS, como já referimos, por outro, a regulação dos Dispositivos Médicos Feitos por Medida (DMFM), que está a cargo do INFARMED e neste aspeto posso afirmar que estamos exatamente como na regulação da profissão, a legislação que existe é bastante completa mas a sua implementação é muito deficiente. Com a aprovação do Regulamento 2017/745 do Parlamento Europeu, com carácter vinculativo, este veio alterar significativamente a regulação dos Dispositivos Médicos (DM), no entanto, não acrescentou grandes alterações à regulação dos DMFM, aplicando-se a estes legislação idêntica desde 2009. No que diz respeito ao fabrico dos DMFM, estes têm que, por obrigação da lei, ser feitos em local licenciado para a atividade industrial.

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A legislação atual obriga os fabricantes de DMFM a inscreverem-se no portal do INFARMED e fazerem o seu registo como fabricantes, processo onde se identificam e informam o INFARMED de que preenchem todos os critérios que garantem as devidas competências para o fabrico dos DMFM, entre elas a existência do licenciamento para a atividade e a formação académica do diretor técnico. Para conclusão do processo os fabricantes identificam os DMFM que fabricam, ficando estes disponíveis numa base de dados, que é de consulta pública. Finalizado este processo, o proponente fica autorizado a fabricar os DMFM que são acompanhados na sua comercialização, obrigatoriamente, por uma declaração de conformidade emitida pelo fabricante onde declara, entre outras coisas, que estes cumprem com todos os requisitos gerais de segurança e desempenho. A declaração de conformidade dos DMFM, é um documento que é obrigatório e deve ser exigido, pelos médicos dentistas, pois é a única garantia de estarem a adquirir um produto que cumpre com todos os requisitos legais. Esta declaração constitui também, uma ferramenta importante na defesa do seu fabricante, pois identifica a existência de um sistema de qualidade montado no processo de fabrico do DMFM e a sua rastreabilidade. Deduzo que este procedimento não se cumpre com a devida regularidade... A ausência deste procedimento é uma constante, mas se, por um lado, é necessário que se exija que as autoridades competentes fiscalizem com mais eficácia a atividade dos laboratórios, por outro, é preciso que os

reguladores trabalhem em conjunto com os técnicos de prótese dentária num plano que motive e incentive os fabricantes a cumprir com os requisitos legais. Não vale a pena ter uma boa legislação se esta não proteger os fabricantes legais inscritos no INFARMED, contra uma concorrência desleal dos fabricantes ilegais, não sujeitos a fiscalização. Partilha da opinião de que, hoje em dia, uma estreita interligação entre técnicos de prótese dentária e médicos dentistas é determinante para garantir os melhores resultados nos tratamentos em Medicina Dentária? Sem dúvida, a dependência mútua na atividade de cada um é inquestionável, esta é uma área cada vez mais trabalhada por ambos. Com a evolução da prótese dentária, quer ao nível das técnicas e materiais usados quer ao nível da transição digital, também a relação entre os profissionais tem ganho em termos de qualidade. A criação de equipas multidisciplinares com grande sucesso nos seus resultados, tem mostrado a vantagem de quem trabalha desta forma e tem consolidado a importância da participação dos TPD nas equipas de saúde oral. Acha que esse conceito de multidisciplinaridade já é uma realidade em Portugal ou ainda há (muito) caminho a percorrer neste campo? Em Portugal ainda temos um país a várias velocidades em inúmeras áreas, e a prótese dentária não foge a esta regra. Apesar de haver ainda muito trabalho por fazer, o conceito de interdisciplinaridade está cada vez mais enraizado e não só é importante a criação de equipas inter-

O presidente da Assembleia Geral da APTPD revela que a associação prepara um conjunto de atividades que possam prosseguir com o seu objetivo sem colocar em causa as novas regras de higiene e segurança.

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A criação de equipas multidisciplinares com grande sucesso nos seus resultados tem consolidado a importância da participação dos técnicos de prótese dentária nas equipas de saúde oral disciplinares como também é importante a relação entre as associações profissionais, criando condições para que cada profissional contribua de forma harmoniosa com as suas competências para o trabalho comum. Há técnicos de prótese dentária, devidamente credenciados, suficientes para dar resposta às necessidades do setor em Portugal? Estou em crer que o número de TPD portadores de cédula profissional que estão registados na base de dados ACSS estará muito aquém do número total de técnicos que reúnem, em Portugal, condições para obter a habilitação para o exercício da profissão. A habilitação profissional é, como já referimos, obrigatória para o exercício da profissão. Esta não só dá o direito ao seu portador de poder exercer a atividade, como também lhe confere regalias profissionais exclusivas. Este documento permite definir as competências de cada profissional, bem como estabelecer uma relação laboral, com os devidos direitos e deveres. A quantidade prevista de técnicos formados nas instituições de ensino é suficiente para as necessidades do país, no entanto, quando foi extinta a carreira de TPD em 1999, algumas lacunas foram criadas com a ausência de auxiliares nos laboratórios. Hoje em dia, existe um curso de auxiliares de protésico (AP) que, sendo formação profissional, pode vir a colmatar tal lacuna. Contudo, este curso padece de dois graves problemas: em primeiro lugar, a inexistência desta profissão, sem a qual não existe enquadramento profissional para os alunos formados; em segundo, os conteúdos programáticos do curso apresentam frequentemente matérias que são da exclusiva competência dos TPD, criando nos alunos a ilusão de estarem a ser formados para determinadas funções que não correspondem à realidade. Em que medida este problema influencia a atividade profissional? Os laboratórios de prótese dentária, frequentemente, estão a contratar profissionais que vêm destes cursos de formação e os colocam a exercer atividades que são da competência exclusiva dos TPD, porque estes indivíduos têm alguma formação, mas fundamentalmente porque são mão de obra barata. Mais uma vez, a atividade fiscalizadora é importante para que estes trabalhadores não exerçam uma atividade para a qual não têm competência e que o empregador não possa tirar vantagem económica, remunerando o trabalhador de forma injusta. Uma vez que os laboratórios têm necessidade de ter auxiliares de protésico nos seus quadros, para realizarem as tarefas intermédias na prótese dentária, é necessário o seu enquadramento criando essa profissão,

bem como corrigir o plano curricular deste curso para que seja claro nas suas competências e saídas profissionais, definindo, sem dúvida, as competências específicas e não criando expectativas falsas aos seus participantes. A uma escala global, ou pelo menos europeia, como classificaria a qualidade das técnicas que se praticam nos laboratórios nacionais de prótese dentária? Hoje em dia, não tenho qualquer tipo de dúvida sobre o nível de qualidade da prótese dentária que se consegue praticar em Portugal. No entanto, relativamente ao resto da Europa e do mundo, estamos ainda aquém de poder oferecer um bom serviço a todos, quer pela dificuldade que a população em geral tem em aceder a serviços de qualidade na área da saúde oral, quer pelo custo das reabilitações, que obriga muitas vezes a recorrer a tratamentos alternativos e de baixa qualidade. Para quando está previsto o próximo congresso da APTPD e que mudanças se anteveem no figurino do encontro, tendo em vista a atual conjuntura de pandemia? Este ano estava prevista a realização de mais um congresso da APTPD no mês de maio, no entanto, devido às circunstâncias este foi adiado para o mesmo mês do próximo ano. O seu figurino e a forma como vai decorrer ainda não foi definido pela comissão organizadora. Porém, a direção da APTPD tem estado a planear um conjunto de atividades que possam prosseguir com o seu objetivo sem colocar em causa as novas regras de higiene e segurança. Na sua qualidade de profissional da área da saúde oral, como encara o presente e o futuro da classe, em geral, face à inédita crise de saúde pública que estamos a atravessar? A atual crise sanitária veio, como para muitas outras atividades, evidenciar as dificuldades e lacunas na nossa profissão. Estando incluída na área da saúde e sujeita às novas regras de higiene e segurança, estas trouxeram uma adicional necessidade de organização e rastreabilidade. O futuro será aquilo que nós, profissionais, conseguirmos implementar em conjunto de forma consistente e organizada, deixando de lado o oportunismo egoísta do “desenrascanço” que tantas vezes nos carateriza. Acredito que é possível, aproveitando a situação atual, que nos obriga a alterar os nossos comportamentos e nos ajuda a recriar a sustentabilidade, criarmos uma sociedade melhor e como tal uma profissão mais digna se tivermos uma participação ativa na vida profissional, melhorando o conhecimento e a formação, exigindo mais fiscalização e cumprimento legal, criando mais trabalho em equipa e partilha de informação.

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ponto de vista Os desafios para o ensino do digital na área da prótese dentária

João Carlos Roque Técnico de prótese dentária. Professor do curso de Prótese Dentária da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa.

Passados 40 anos, sim, quatro décadas, sobre o surgimento da tecnologia digital na área da reabilitação protética, como está esta realidade espelhada ao nível do ensino na área dentária? Conseguiram as instituições de ensino acompanhar e espelhar nos seus currículos o ritmo de desenvolvimento tecnológico a que vimos assistindo? Estamos hoje a praticar um ensino de tecnologias digitais ao mesmo nível do que tem sido feito ao longo dos anos no ensino das técnicas tradicionais (analógico)? O acesso das instituições de ensino à tecnologia digital, que evolui a um ritmo vertiginoso, é satisfatório e de vanguarda? Existe conhecimento e preparação do corpo docente para esta nova realidade? Estarão os jovens licenciados, na entrada do mercado de trabalho, preparados para as novas exigências profissionais, alicerçadas num novo paradigma de fluxo de trabalho digital? Que contributo estão os cursos a dar para o conhecimento científico no domínio do digital? As questões são infindáveis e urge olhar para as respostas atuais para preparar o futuro, que é hoje!

Aos poucos, porque a prática profissional o vai impondo, os docentes vão evoluindo no seu conhecimento do processo digital, no entanto, existe um desfasamento geracional que ainda vai ditando alguma resistência ao processo de transformação

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Todos temos presente os slogans, que constantemente nos são buzinados aos ouvidos, de que o digital é mais fácil, rápido e de melhor qualidade. Acredito que sim, mas para tal temos de saber utilizá-lo, potenciá-lo e melhorá-lo, conforme fizemos durante outras tantas décadas com os métodos tradicionais. É aqui que entram as instituições de ensino, que em Portugal na área da Medicina Dentária e também da prótese dentária são de nível superior, universitário ou politécnico. Afinal, é suposto a universidade ser o local de vanguarda, investigando novas alternativas e apontando novos caminhos, funcionando como um polo agregador de novas ideias e tendências na prática quotidiana. Está isso a acontecer? Concretizando as minhas dúvidas, aponto três situações que devem merecer alguma reflexão. Primeiramente a questão do modelo de ensino. Na realidade portuguesa, os cursos de licenciatura em prótese dentária existem em paralelo com os de mestrado integrado em Medicina Dentária, lecionados nas mesmas instituições. Sendo um modelo que não é transversal na Europa, porque o ensino da prótese dentária ainda acontece ao nível da formação técnico/profissional em alguns países, existe também pontualmente em outros continentes. É um modelo que tem inúmeras vantagens, entre as quais destaco a sinergia de recursos humanos e técnicos, a partilha de conhecimento técnico/científico mais abrangente e um enorme potencial para investigação científica conjunta, em áreas que são indissociáveis como seja a da reabilitação oral. Contudo, não tem sido explorada convenientemente. Olhando para os vários curricula dos cursos das duas áreas e para as práticas instituídas, de que tenho algum conhecimento, não é


PRÓTESE DENTÁRIA tema de capa ponto de vista

ainda percetível que exista uma componente de formação no digital que reflita a prática corrente a nível profissional. Não quer dizer que não exista, mas assenta em formação de introdução teórica de base ou de prática apenas ao nível de cursos de pós-graduação. Uma forma de potenciar o modelo de ensino integrado, é definir áreas de conhecimento transversais aos vários grupos profissionais e estabelecer domínios de partilha entre cursos. Ao nível de congressos temos assistido a conferências conjuntas de médicos dentistas/protésicos que são enriquecedoras pela partilha de pontos de vista e por elucidarem sobre as distintas abordagens entre clínica e laboratório. O mesmo deveria ser aplicado na formação básica universitária, para que o conhecimento seja mais transversal e se entendam os domínios de atuação, os processos e procedimentos que concorrem para o sucesso da reabilitação oral. Esta partilha não deve ser guiada por objetivos economicistas, que assentam na utilização de unidade curricular transversais aos cursos de pouco interesse comum e diminuição do número de docentes, mas sim assente em objetivos de partilha de conhecimento relevante para a área de atuação profissional de interseção entre os dois cursos. Relacionar com o digital temáticas de digitalização intraoral e transposição para os softwares de desenho CAD, utilização de softwares de planeamento de colocação de implantes e produção de guias radiológicas e/ou cirúrgicas, escolha de materiais de reabilitação indireta e processos laboratoriais de produção, são exemplos de áreas que podem beneficiar largamente de uma formação teórico/prática transversal, que deveria ser planeada em conjunto para integração nos curricula base dos dois cursos. O modelo que temos no nosso país tem tudo para que seja implementado. Do que estamos à espera? A importância da indústria De seguida a questão do acesso à tecnologia. Se a integração teórica se afigura de fácil realização, e só depende da estratégia institucional e do corpo docente para ser posta em prática, a implementação do ensino prático das tecnologias digitais encerra maiores desafios. Uns relacionados com a formação do corpo docente e outros relacionados com os meios técnicos à disposição. Aos poucos, porque a prática profissional o vai impondo, os docentes vão evoluin-

do no seu conhecimento do processo digital, no entanto, existe um desfasamento geracional que ainda vai ditando alguma resistência ao processo de transformação. Contudo, ela é maioritariamente imposta pelos recursos financeiros, que são cada vez mais escassos nas instituições de ensino, em particular nas públicas. Por isso, as parcerias com a indústria assumem uma importância crucial para a transformação do ensino prático. É sabido que existe uma curva de aprendizagem dos procedimentos técnico/práticos e que esta se relaciona também com o domínio dos equipamentos utilizados. Quanto mais cedo se inicia a aprendizagem, feita com apoio e conhecimento académico, mais rápido é a interiorização de conceitos e procedimentos que se transportam depois para a vida profissional. Atualmente, os equipamentos digitais e as licenças de software são ainda bastante caros, e evoluem rapidamente, representando um custo que as instituições de ensino, pelo menos as públicas, não têm capacidade para suportar. É pois crucial que a indústria assuma um papel de facilitador desta mudança, disponibilizando equipamentos e formando os docentes para que efetivamente a utilização destas tecnologias entre no dia a dia dos estudantes e seja a via prioritária de aprendizagem, antes do início da vida profissional. Até agora esta colaboração tem acontecido apoiada em colaborações pontuais, em ações de formação específicas e implementadas por docentes de forma autónoma. Ficam por isso visíveis a públicos restritos, havendo pouco retorno. Se estas parcerias assumirem um papel institucional, apoiadas em protocolos de colaboração com uma extensão temporal que permita a inclusão de objetivos educacionais permanentes e transversais a vários cursos e dentro destes a várias unidades curriculares, serão mais abrangentes e podem potenciar melhor, com menos recursos envolvidos. Recursos que não necessitam de ser os de última geração da marca, mas que sejam substituídos, refletindo a evolução dos sistemas. É por isso importante que as políticas para implementação do ensino do digital sejam bem estruturadas e apresentadas de forma objetiva e coerente, integradas de forma incremental ao longo dos anos de curso e disseminadas nas várias unidades curriculares, de modo a que os equipamentos tenham uma utilização permanente e as horas de contacto de cada aluno sejam significativas para a aprendizagem. Assim sendo, serão uma ferramenta mais con-

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sistente do que o atual modelo utilizado pela indústria, apoiado em minicursos de formação, que muitas vezes deixa ao abandono os profissionais no início da curva de aprendizagem. Nas áreas de engenharia estas parcerias institucionais estão muito desenvolvidas, não só com a indústria, mas também com o tecido empresarial, e é importante olhar para as melhores práticas e aplica-las na área dentária, numa altura em que se avança rapidamente para a fase de industrialização 4.0, alicerçada precisamente em processos digitais. Existem já bons exemplos de empresas como a Nobel Biocare, Zirkonzahn, Straumann e 3D System que fazem investimentos significativos, em Portugal, no ensino da vertente digital na área da prótese dentária. Estas parcerias podem e devem ser aumentadas. Para tal é fundamental e decisivo implementar maior capacidade de produção e desenvolver a investigação científica, aproveitando todo o potencial da tecnologia digital. Para concluir, devo assinalar a lacuna existente ao nível de cursos de mestrado na área da prótese dentária, não só a nível nacional mas também a nível internacional. Os cursos de licenciatura existem em Portugal há mais de uma década e existe também um programa de doutoramento nesta área específica, não sendo compreensível que não exista esta oferta intermédia. Como é sabido, o contacto dos estudantes com novas áreas de conhecimento fomenta a curiosidade e estimula a criatividade, requisitos essenciais para desenvolver investigação científica. E alguns já o têm feito noutras áreas do saber por não terem essa oportunidade na sua área de licenciatura. É essencial que a evolução da profissão não fique apenas dependente do contributo dos médicos dentistas e dos engenheiros, mas que dê um salto em frente na criação de conhecimento próprio. O digital é uma ótima oportunidade para alargar horizontes, e uma formação base forte neste domínio do saber será muito aliciante para desenvolver áreas de investigação que elevem o contributo científico dos protésicos para a área dentária. Ficará então fechado o ciclo que tornará a prótese dentária uma ciência autónoma, relevante para a indústria e para as empresas, capaz de gerar cadeias de valor acrescentado em muitas dimensões profissionais. O caminho é longo, mas faz-se andando! O importante é ter objetivos e ser perseverante.


tema de capa PRÓTESE DENTÁRIA

ponto de vista A revolução digital na contratação de técnicos de prótese dentária Estes tempos de pandemia têm permitido fazer algumas reflexões sobre várias temáticas, uma delas, naturalmente, aquilo que tem acontecido ao setor da prótese dentária.

Tiago Santos

Técnico de prótese dentária. Experto em gestão e liderança. Diretor do Laboratório de Prótese Dentária HiTec.

Num desses momentos de confinamento social, recordei-me dos meus tempos de escolha de curso, uma das decisões mais importantes a tomar à altura. A minha opção foi por uma licenciatura bietápica em prótese dentária. Um curso inovador, que poucas pessoas conheciam e algumas associavam ainda a um curso técnico-profissional. Muito mudou desde esse tempo! Nos últimos 14 anos, os laboratórios têm sofrido várias alterações estruturais com impacto na maneira como os técnicos de prótese dentária (TPD) trabalham e interagem com os seus clientes. Claro está que muitas dessas alterações são devidas ao conhecimento técnico-científico adquirido pelos profissionais, assim como a introdução de novas tecnologias na produção de trabalhos e comunicação com a equipa médica. O facto de estar há 12 anos a trabalhar num dos maiores laboratórios de prótese dentária do país tem-me permitido interagir com diver-

Só há bem pouco tempo os currículos de prótese dentária incluem na sua formação de base as novas tecnologias ligadas à reabilitação oral. Foi um passo enorme!

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sas instituições públicas e privadas ligadas ao setor da saúde oral. Esta convivência, tanto com universidades e escolas como com a indústria, possibilitou-me criar uma rede de contactos, tornando o laboratório do qual sou diretor numa empresa que tem contribuído para colocar no mercado de trabalho vários jovens talentos. Acredito profundamente numa ligação de cooperação entre escolas e universidades permitindo aos alunos estágios curriculares e estágios profissionais em contexto real de trabalho. Esta interação de décadas tem possibilitado perceber e contribuir para a revolução digital que tem acontecido nestes últimos anos de profissão. Só há bem pouco tempo os currículos dos cursos de prótese dentária incluem na sua formação de base as novas tecnologias ligadas à reabilitação oral. Foi um passo enorme! Hoje é indiscutível que para além das competências técnicas os novos profissionais têm de ter uma formação sólida em CAD (computer-aides design). De acordo com a minha experiência em receber várias dezenas de jovens licenciados, uma


PRÓTESE DENTÁRIA tema de capa ponto de vista

mais facilidade de aprendizagem e otimização destas tecnologias. Mesmo que o técnico de prótese dentária tenha apenas umas “luzes” no software de desenho, a sua curva de aprendizagem é cada vez mais rápida. Esta geração (a geração z, também conhecida por centennials) é a primeira geração digitalmente nativa, que tem muita facilidade em adquirir e reforçar conhecimentos através de webinars, YouTube, Google e que já não está à espera que os mais velhos lhe ensinem. Estas características fazem com que o processo de aprendizagem seja mais rápido.

Algirdas Gelazius/shutterstock.com

Para além do conhecimento técnico e científico, ou seja, as hard skills, o TPD ainda será mais completo quando adquire outro tipo de competências, cada vez mais valorizadas pelos líderes, as conhecidas soft skills, inteiramente relacionadas com a inteligência emocional. As competências comportamentais relacionadas com uma comunicação eficaz, pensamento criativo, resiliência, empatia, liderança e ética do trabalho são para mim tão ou mais fundamentais que o conhecimento/ capacidade técnica.

das áreas mais atrativas tem sido justamente o departamento de CAD-CAM. É todo um novo mundo que se abre, onde se consegue aliar a tecnologia, a previsibilidade, os conhecimentos técnicos e a produtividade. É sem dúvida um setor que irá continuar a crescer num ritmo cada vez maior e que ocupará mais espaço nos nossos laboratórios. Os jovens profissionais estão cada vez mais aptos a trabalhar com os softwares de desenho e nota-se que as novas gerações têm ainda

O mundo atual está impelido pela tecnologia e assim irá continuar e, como tal, a profissão de técnico de prótese dentária será obrigada a acompanhar esta evolução

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É também importante destacar o papel fundamental que a indústria tem tido. Atualmente a relação de cooperação entre indústria, escolas/universidades e empresas tem permitido colocar no mercado novos materiais que requerem menos expertise dos TPD, obtendo resultados bons sem que para tal sejam necessários anos e anos de experiência. Dou como exemplo os materiais monolíticos com multicamadas. A maneira como os profissionais e a indústria se têm comportado também sofreu uma enorme revolução, muitas vezes é a própria indústria que cria programas de reforço de competências para os TPD, sejam eles relacionados com materiais ou software. À semelhança de outros setores, a indústria dentária tem patrocinado salas de aulas com as mais recentes tecnologias. O mundo atual está impelido pela tecnologia e assim irá continuar e, como tal, a profissão de técnico de prótese dentária será obrigada a acompanhar esta evolução.


tema de capa PRÓTESE DENTÁRIA

Minimizando a Síndrome da Combinação: moldagem funcional pela injeção de elastómero

Vinicius Coronado Barros Médico dentista. Especialista em Prótese Dentária pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Brasil). Igor Coronado Barros Médico dentista. Especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Irineu Gregnanin Pedron Médico dentista. Especialista em Periodontia e Implantologia Mestre em Ciências Odontológicas pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Professor das Disciplinas de Periodontia, Implantologia, Estomatologia e Clínica Integrada, Universidade Brasil (São Paulo).

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Ciência e prática

Resumo A síndrome da combinação é determinada pela reabsorção óssea mais acentuada na região anterior do processo alveolar superior, extrusão óssea das tuberosidades maxilares, discrepância do plano oclusal, hiperplasia papilar da mucosa do palato duro. Isso conduz ao aumento de força funcional dos contactos anteriores e pode causar reabsorção do processo alveolar anterossuperior, o que torna a área da mucosa espessa e flácida, permitindo os movimentos laterais e a consequência de perda da retenção principalmente na área do selado posterior. Diferentes propostas de tratamento foram apresentadas e descritas ao longo dos anos, e todas convergem para a necessidade de restabelecer contacto oclusal posterior e minimizar os efeitos adversos do contacto anterior entre dentes naturais inferiores e dentes artificiais em resina acrílica da prótese total superior. Este relato de caso clínico tem por objetivo demonstrar as características clínicas e apresentar uma forma de tratamento, por intermédio da moldagem por injeção de elastómero. Palavras-chave: moldagem, prótese total, Síndrome da Combinação. Introdução O indivíduo edêntulo (total ou parcialmente) pode ser considerado um deficiente bucal, já que além de vulnerável, também está privado de várias funções, como mastigatória, postural, fonética e estética. O edentulismo total, considerado uma deficiência física incapacitante pela Organização Mundial de Saúde (OMS), suscita um decréscimo na qualidade de vida dos desdentados totais. Uma solução satisfatória, para minimizar esta baixa qualidade de vida, é a reabilitação protética1,2.

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Alguns distúrbios sistémicos podem ocasionar alterações no sistema estomatognático, como reabsorção óssea maxilomandibular; deficiências nutricionais, motivadas pela dificuldade de mastigar alimentos consistentes; problemas neurológicos e de relacionamentos interpessoais, causando impacto negativo na qualidade de vida4,5. Na patologia denominada como Síndrome da Combinação são características a perda óssea anterior do processo alveolar superior, extrusão óssea das tuberosidades maxilares, discrepância do plano oclusal, hiperplasia papilar da mucosa do palato duro. Essas características conduzem ao aumento de força funcional dos contactos anteriores, podendo causar ainda a reabsorção do processo alveolar anterossuperior o que torna a área da mucosa espessa e flácida, permitindo os movimentos laterais e, subsequentemente, a perda da retenção principalmente na área do selado posterior. Adicionalmente, outras características ainda podem estar relacionadas, pela presença de próteses mal confecionadas, como a perda da dimensão vertical de oclusão, discrepância do plano oclusal, reposição espacial anterior da mandíbula e pobre adaptação da prótese. Estima-se que esses pacientes representam cerca de 26% dos pacientes reabilitados com prótese total superior. Dessa percentuagem, 24% desenvolvem alterações que caracterizam a síndrome6-8. A hiperplasia fibrosa inflamatória, também denominada epúlide fissurada, epúlide causada por dentadura ou ainda tumor de dentadura, é uma lesão frequentemente encontrada na clínica odontológica. Entretanto, o termo epúlide está em desuso, por referir-se a qualquer tumor da gengiva ou mucosa alveolar. A hiperplasia é constituída por massa tumoral de tecido conjuntivo fibroso, causada por traumatismo de bordo de prótese total ou prótese parcial removível com adaptação ina-


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dequada. Caracteriza-se clinicamente por prega única ou múltiplas de tecido hiperplásico no vestíbulo alveolar, ocorrendo frequentemente adaptação com o bordo da prótese9. A utilização de uma técnica de moldagem funcional diferenciada, juntamente com um desenho da prótese e esquema de oclusão bilateral balanceada, como forma de amenizar os problemas decorrentes da Síndrome da Combinação, deve ser considerada10. Quando uma prótese total superior oclui com dentes anteriores inferiores por um longo periodo, devido à ausência de suporte posterior, a dissipação da pressão na região anterior promove uma excessiva reabsorção da crista do osso alveolar anterossuperior, levando à sua substituição por tecido mole. Em resposta à distribuição imprópria da carga oclusal, ocorre uma ruptura do selamento, seguida pela perda de retenção. Consequentemente é fundamental eleger uma técnica de moldagem que permita variações de acordo com a compressibilidade da mucosa, particularmente para regiões que apresentam tecido flácido anterior6. O propósito deste trabalho é apresentar uma técnica para moldagem de rebordo anterossuperior com tecido flácido em um paciente edêntulo superior, portador da Síndrome da Combinação. Relato de caso Paciente feoderma, de 57 anos, compareceu na clínica para a confeção de prótese total superior. Clinicamente, o paciente apresentou-se edêntulo total superior, com tecido flácido anterior e classe lll de Kennedy inferior, caracterizando a Síndrome da Combinação (fig. 1).

Selecionou-se uma moldeira de estoque pré-fabricada do tipo TT e realizou-se moldagem anatómica com duas barras de godiva do tipo 2 (Lysanda®, Godibar, Brasil), conduzidas a um banho de água a temperatura indicada pelo fabricante (fig. 2). Após a obtenção do modelo de estudo, delimitaram-se as áreas chapeáveis da prótese e de tecido flácido na maxila anterior. Contornaram-se e aliviaram-se as zonas de freios e bridas, cuja linha delimitou 3 a 4 mm abaixo da inserção da fibromucosa móvel. Uma linha reta invadindo 2 mm atrás das fovéas palatinas e a porção anterior do palato também se delimitou para posteriormente ser feito um alívio (fig. 3), que se realizou com cera número 7, de modo que a moldeira fique expulsiva para não danificar na remoção. Subsequentemente, realizou-se uma muralha anterior na região de tecido flácido com cera número 7 (fig. 4). Confecionou-se a moldeira individual sobre o modelo de estudo (fig. 5) e ajustou-se em boca, aliviando-se nas regiões isquémicas. A cera remanescente removeu-se da cavidade formada na moldeira individual. Confecionaram-se dois pequenos orifícios de acesso a esta cavidade, para posterior inserção do material de moldagem por meio de seringa de moldagem e outro para favorecer o escoamento do material de moldagem. Posteriormente, procedeu-se a moldagem de trabalho, com a aplicação de um adesivo (adesivo para moldeira universal Tray, Zhermack) para aumentar a retenção do material de moldagem sobre ela. A moldagem realiza-se em três fases: 1. Manipulação do material de moldagem - pasta base com pasta catalisadora (silicone de condensação Indurent Gel – Zhermack; silicone de condensação Oranwash L

Fig. 1. Paciente apresentando-se edêntulo total superior, com tecido flácido anterior, caracterizando a Síndrome da Combinação.

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Fig. 2. Moldagem de estudo realizada com moldeira de estoque pré-fabricada e godiva do tipo 2.


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Fig. 3. Obtenção do modelo de estudo, com delimitações particularizadas.

Fig. 4. Confeção da muralha anterior na região de tecido flácido.

Fluido – Zhermack); 2. Segunda moldagem para uniformizar a primeira camada (fig. 6); 3. Terceira moldagem para reproduzir o tecido flácido por injeção do material com seringa de moldagem (fig. 7). Obtida a moldagem de trabalho (fig. 8), os passos laboratoriais para a confeção da prótese total superior, bem como os passos clínicos de ajuste, são os habituais até à entrega ao paciente (fig. 9). Vale a pena enaltecer que, mesmo após a instalação e do uso da prótese, as consultas de avaliação e possíveis ajustes se tornam necessários.

Fig. 5. A moldeira individual foi confecionada sobre o modelo de estudo.

Fig. 6. Primeiro passo da moldagem de trabalho, excluindo-se a área do tecido flácido anterior.

Fig. 7. Segundo passo da moldagem de trabalho, incluindo-se a área do tecido flácido anterior, injetando o material de moldagem por meio da seringa num dos orifícios.

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A

Fig. 8. Moldagem de trabalho angariada.

B

Fig. 9. Caso inicial (A) e entrega e instalação da prótese total superior (B).

Discussão Os achados clínicos referidos neste caso relatado condizem com a maioria dos dados apresentados na literatura. As características clínicas correspondem a um quadro típico de Síndrome da Combinação. O “Glossary of Prosthodontic Terms” define a Síndrome da Combinação, abrangendo os aspetos caraterísticos que ocorrem quando a maxila edêntula tem como antagonista dentes naturais mandibulares anteriores, incluindo a perda óssea da parte anterior do rebordo maxilar, crescimento excessivo das tuberosidades, hiperplasia papilar da mucosa do palato duro, perda óssea alveolar e de altura do rebordo posterior mandibular. Considere se o início da perda óssea anterior da maxila a chave para as outras alterações e verifique que, à medida que a reabsorção da pré-maxila avança, ocorrem também danos aos tecidos e instabilidade da prótese. Normalmente, outras características ainda podem estar relacionadas, pela presença de próteses mal confecionadas, como a perda da dimensão vertical de oclusão, discrepância do plano oclusal, reposição espacial anterior da mandíbula e pobre adaptação da prótese7. Além disso, o trauma oclusal crónico causado pelos dentes mandibulares anteriores pode gerar mudanças nos tecidos moles e duros da pré-maxila e muitas vezes conduzem à reabsorção lenta da crista alveolar anterior a aos poucos é substituída por tecido fibroso, comummente descrito como hiperplasia papilar. O tecido hiperplásico na região anterior da maxila pode ser exten-

so e também comprometer o suporte e retenção da prótese total superior7. As hiperplasias fibrosas inflamatórias são as lesões que mais frequentemente aparecem em função, especialmente da ação dos bordos das dentaduras no fórnix dos vestíbulos. Elas representam uma resposta frente à compressão dos tecidos moles, formando grandes massas teciduais que, mesmo indolores, promovem incómodo ao paciente. Uma das principais causas deste acontecimento são as moldeiras sobreextendidas cujos bordos comprimem excessivamente no ato da moldagem, e que assim continuarão comprimindo após as próteses totais serem instaladas. Além deste facto, com a redução da tábua óssea externa, as próteses tendem a desajustar-se nestas zonas, surgindo a hiperplasia compensadora. A remoção cirúrgica é a melhor solução para o caso. Na região do palato duro, as hiperplasias inflamatórias papilomatosas, que se caracterizam pela formação de pequenos glóbulos, são as que mais ocorrem e estão frequentemente relacionadas com irregularidades das próteses, especialmente as antigas, higiene deficiente e baixa renovação salivar sob a prótese. O seu tratamento consiste na remoção do tecido hiperplásico e reembasamento11. Neste contexto, a hiperplasia fibrosa inflamatória trata-se de uma neoplasia benigna de tecido conjuntivo que ocorre nos bordos e flanges dos rebordos maxilares e/ou mandibulares

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decorrentes de um trauma constante, causada pela pressão dos bordos desadaptados da prótese perante força de oclusão desequilibrada. Caracteriza-se clinicamente como massa tumoral ou dobras de tecido flácido exofíticos, de crescimento lento, base séssil ou pediculada, de coloração semelhante à mucosa adjacente ou levemente eritematosa9,12,13.

Essa técnica específica de moldagem funcional para pacientes portadores da Síndrome de Combinação pode ser denominada como moldagem funcional pela injeção de elastómero. O importante, independentemente da denominação empregada, é que o material de moldagem não deforme a região da fibromucosa móvel.

Conclusão A confeção de prótese total superior em pacientes com Síndrome da Combinação ainda é um desafio para os técnicos de prótese, no que respeita à moldagem deste tecido flácido. É extremamente importante para o médico dentista, diagnosticar e reconhecer clinicamente as características da Síndrome da Combinação, e propor um tratamento reabilitador, restabelecendo função, fonética e estética ao paciente com a técnica apropriada. A técnica por nós apresentada mostrou-se menos complexa e satisfatória.

Bibliografia 1. Paraguassu ÉC, Figueira KS, Lacerda JP, Guimarães UG, Gomes CE. Qualidade de vida e satisfação em usuários de prótese total no estado do Amapá, Brasil. Revista Eletrônica Acervo Saúde 2019; 27: e876. 2. Bernal ECD, Corrêa GO, Contreras EFR, Souza Júnior JA. Estética em prótese total. Revista UNINGÁ 2005; 5: 107-123. 3. Ministério da Saúde do Brasil. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Geral de Saúde Bucal. Pesquisa Nacional de Saúde Bucal SB Brasil 2010: resultados principais. Brasília, 2011c. 4. Barros VC, Mori M, Barros IC. Visão laboratorial e clínica da prótese total. Revista FFO/Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia 2018; 24: 16-17. 5. Cabrini J, Fais LMG, Compagnoni MA, Mollo Junior FA, Pinelli LAP. Tempo de uso e a qualidade das próteses totais - uma análise crítica. Cienc Odontol Bras 2008; 11(2): 78-85. 6. Nakamae AEM, Tamaki R, Gomes FAP, Guarnieri TC, Furuyama RJ, Nishyama R. Uma nova técnica de moldagem para maxilares edentadas com tecido flácido anterior, através de injeção de silicone. Rev Inst Cienc Saude 2005; 23(2): 151-5. 7. Marin DOM, Paleari AG, Rodriguez LS, Leite ARP, Pero AC, Compagnoni MA. Reabilitação oral de paciente com Síndrome da Combinação: relato de caso. Rev Assoc Paul Cir Dent 2014;68(1):75-78.

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Digital e analógico – a mão da tecnologia nas facetas feldspáticas

João Mouzinho Médico dentista. mouzinhojoao@gmail.com Mestre em Periodontologia pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte (CESPU). Docente da Pós-graduação de Reabilitação Oral Biomimética Avançada (CESPU). Coordenador clínico e docente da Pós-graduação de Implantologia – CESPU (2012-2016). Curso de Capacitação em Implantologia e Enxertos Ósseos pela Faculdade de São Leopoldo Mandic (Brasil) Pós-graduado em Reabilitação Intra e Extra Oral com Implantes Osteointegrados pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Pós-graduado em Reabilitação Oral Biomimética Avançada pelo Instituto Universitário Egas Moniz. Responsável do Departamento de Reabilitação Oral e Implantologia da Molar Clinic. Pedro Brito Técnico de prótese. CEO do laboratório Pedro Brito Biomimetik LAB.

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Ciência e prática

Introdução A filosofia atual das facetas cerâmicas insere-se num conceito de Medicina Dentária Biomimética, ou seja, uma filosofia minimamente invasiva. Durante muitos anos o gold standard das facetas foram as facetas feldspáticas sobre refratário ou folha de platina. Talvez essa continue a ser uma das técnicas mais validadas, mas nos últimos anos houve uma integração do planeamento digital em todas as fases do processo, que é quase em exclusivo analógico. A evolução de novas técnicas digitais vieram ajudar no planeamento, preparação e diagnóstico dos casos de facetas. Os meios de planeamento digitais vieram dar um contributo na produção de facetas baseadas em formas de dentes muito aproximadas do natural devido às bibliotecas de dentes naturais que os programas associados ao CAD-CAM contêm. Permitem ainda simular as formas dentárias na face, a partir de um clone digital (recolha de face em 3D com scanner facial, e recolha das formas dentárias com scanner intraoral). Podemos ainda produzir guias impressas em 3D para correção de margens gengivais ou para testar a posição, forma e

Fig. 1. Fotografia extraoral inicial.

tamanho das facetas, antes da colocação das facetas finais em cerâmica. Neste artigo iremos apresentar um caso clínico onde se efetuaram facetas cerâmicas, mas todo o planeamento se fez digitalmente. Caso clínico Paciente do sexo masculino, de 27 anos, sem nenhum problema de saúde relevante, procurava um tratamento conservador para melhorar a estética dos dentes anteriores. Após avaliação inicial, entendemos que podia ser um caso feito com facetas cerâmicas feldspáticas. Na primeira consulta, após avaliação clínica e radiográfica, efetuaram-se fotografias e vídeos iniciais para poder fazer um planeamento digital. Para este planeamento usamos um scanner facial (Bellus 3D) e um scanner intraoral (Trios 3, 3shape). Realizou-se um enceramento virtual que permitiu fazer um mock-up ao paciente, que foi aprovado na segunda consulta. Nesta consulta efetuou-se a gengivectomia, os preparos dentários e as impressões definitivas. Na terceira consulta procedemos à adesão de facetas feldspáticas em 10 dentes (de 15 a 25).

Fig. 2. Fotografia intraoral inicial.

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Fig. 3. Fotografia intraoral inicial.

Fig. 4. Modelo superior e inferior resultante do scanner intraoral.

Fig. 5. Modelo 3D da face do paciente resultante do scanner facial.

Fig. 6. Modelagem da face do paciente em programa informático.

Fig. 7. Fotos faciais iniciais frontais.

Fig. 8. Fotos faciais iniciais laterais.

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Fig. 9. Fotos faciais iniciais frontais com retrator para matching com o scanner intraoral.

Fig. 10. Comunicação com o laboratório (facial).

Fig. 11. Comunicação com o laboratório (intraoral).

Fig. 12. Simulação virtual das formas dentárias em 2D.

Fig. 13. Modelo stl de mock-up para imprimir.

Fig. 14. Simulação facial em 3D do rock-up.

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Fig. 15. Simulação da gengivectomia frontal.

Fig. 17. Mock-up em boca – facial.

Fig. 16. Simulação da gengivectomia lateral.

Fig. 18. Facetas de teste – prova de forma, tamanho e posição.

Fig. 19. Guia de gengivectomia efetuada com bisturi elétrico.

Fig. 20. Preparações dentárias sobre o mock-up.

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Fig. 21. Facetas no modelo de refratário.

Fig. 22. Facetas cerâmicas – imagens laboratoriais em contraluz (visualização do bordo incisal).

Fig. 23. Facetas cerâmicas – imagem frontal.

Fig. 24. Facetas cerâmicas – imagem lateral.

Fig. 25. Facetas cerâmicas – imagem lateral.

Fig. 26. Foto facial final.

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Fig. 27. Fotografia extraoral final.

Fig. 28. Fotografia intraoral final.

Fig. 29. Fotografia intraoral final.

Discussão/conclusão A escolha das cerâmicas feldspáticas sobre refratário deve-se à sua elevada estética. A maior vantagem do planeamento digital é a cópia da forma, tamanho e textura de dentes naturais que são sempre reprodutíveis desde o enceramento virtual até à confeção das restaurações finais. A utilização de guias de gengivectomia permite ter um controlo na posição final das margens, e a impressão de facetas de teste em 3D, permite ao paciente testar a forma, tamanho e posição das facetas finais. A utilização de princípios biomiméticos permite obter resultados biológicos, estéticos e funcionais nos procedimentos médico-dentários.

Bibliografia 1. Layton DM. A systematic review and meta-analysis of the survival of the feldspathic porcelain venners over 5 and 10 years. Int J Prosthodontics, 2012, vol 25 Issue 6, p.590-603. 2. Peumans B. Porcelain veeners: a review of the literature. Dentistry, 28 (2000) 163-177. 3. Magne P, Belser U. Bonded porcelain restorations in the anterior dentition: a biomimetic approach. 2003, quintpub.com.

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O futuro da prótese removível na era digital

João Paulo Rodrigues Martins Técnico de prótese dentária. Professor Auxiliar da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa - Curso de Prótese Dentária. Regente da Unidade Curricular de Técnicas Laboratoriais de Prótese Removível e coordenador da Unidade Curricular de Técnicas Laboratoriais de Implantologia. jpmartins@fmd.ul.pt

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ossier

Introdução Os sistemas CAD-CAM (computed aided design-computed aided manufacturing ou, em português, desenho assistido por computador-fabrico assistido por computador) na área da Medicina Dentária têm mais de três décadas. No entanto, a implementação de sistemas in house, e difundidos de uma maneira mais abrangente em Portugal, teve início nos primeiros anos deste século.

O objetivo deste artigo é divulgar um pouco do estado da arte da prótese removível digital, numa perspetiva prática do dia a dia, e tendo em consideração o trabalho que desenvolvo tanto na Faculdade como em laboratório. Irei assim debruçar-me sobre algumas técnicas existentes no mercado para o fabrico das próteses esqueléticas e de próteses totais convencionais.

Este boom nos sistemas de CAD-CAM deveu-se principalmente à introdução da zircónia no mercado da Medicina Dentária, pois a única possibilidade de obtenção da peça em zircónio passava por sistemas de fresagem. Assim, a área da prótese fixa foi-se adaptando aos sistemas de CAD-CAM alargando a fresagem a diferentes materiais como metais, resinas acrílicas, materiais cerâmicos, ceras e outros.

Próteses esqueléticas

Hoje, com pandemia ou sem ela, os sistemas de CAD-CAM estão para ficar. Vieram tornar o trabalho mais preciso, mais rápido e com uma qualidade impossível de alcançar com os métodos artesanais, alguns com séculos, que empregávamos até aqui. Neste avanço da tecnologia e da era digital a prótese removível perdeu mais uma vez terreno, muito devido à dificuldade na execução do desenho CAD, à necessidade de diferentes materiais e cores para fresar no CAM e com um custo que é muito superior, ao método tradicional. Hoje, tanto nos esqueletos metálicos para prótese removível como para próteses totais convencionais, os sistemas digitais já oferecem um leque variado de opções que começam a ser interessantes e passíveis de serem avaliados como opção num futuro não muito longe.

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Existem muitas técnicas digitais para o fabrico das mesmas, mas tenciono aqui referir as que estão mais disponíveis, as com que estou mais familiarizado e as que já possuem resultados comprovados cientificamente. A técnica de fresagem de estruturas para prótese esquelética convencional pode ser executada, mas com custos elevados pelo que não é, na minha opinião, o caminho a seguir no futuro. No entanto, a fresagem do titânio é uma opção válida para casos de alergias dos pacientes a alguns dos componentes das ligas metálicas para esqueléticas, tais como: cromo, cobalto, berílio e níquel. Com o ouro a preços proibitivos, esta opção é talvez a mais assertiva no que diz respeito a alternativas às ligas metálicas de Co-Cr e Ni-Cr. Outra das opções que temos são os esqueletos em resina acetálica (método de injeção de resina) que, com um desenho em tudo semelhante às próteses esqueléticas metálicas, respeita o princípio biológico básico e é livre de qualquer componente metálico. Assim, os métodos aditivos são, mais uma vez na minha opinião, para além de mais amigos do ambiente, por ter um menor desperdício, as técnicas que terão mais sucesso no futuro.


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A impressão 3D e a técnica de SLM (selective laser melting/ fusão seletiva por laser) são dois dos métodos interessantes para a obtenção do esqueleto metálico. A técnica de SLM executa a deposição de pó de metal numa superfície e depois, segundo o desenho executado no software, este é fundido por um raio laser, aglomerando as partículas de pó de metal e construindo o esqueleto metálico. São técnicas sensíveis com equipamentos extremamente dispendiosos e que têm funcionado apenas em grandes centros de fresagem, que eu saiba, todos fora de Portugal. Sendo assim, resta-nos, por enquanto, desenhar em CAD o esqueleto e enviar para um centro de fresagem internacional, que nos irá fabricar e enviar o produto final. Da minha experiência, já com dois anos, os esqueletos vêm bem finalizados e com uma adaptação ótima ao modelo de trabalho, dispensando ajustes por parte do técnico de prótese. Claro que tem a sua curva de aprendizagem e é, em alguns detalhes, diferente do enceramento convencional de uma prótese esquelética convencional. Quanto à impressão em 3D com resinas calcináveis, parece-me uma solução que continua a implicar técnicas arcaicas, como a inclusão, a fundição e o acabamento de esqueletos metálicos que, como a maioria dos técnicos sabe, incluem

Fig. 1. Esqueleto impresso em material calcinável para fundição.

um trabalho pouco recompensador e com a introdução do erro humano sempre presente. No entanto, este processo elimina alguns procedimentos também passíveis de erro humano e de alterações dimensionais típico de muitos dos materiais utilizados, tais como o alívio de retenções, duplica-

Fig. 2. Esquelética impressa por SLM (selective laser melting).

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Hoje, com pandemia ou sem ela, os sistemas de CAD-CAM estão para ficar. Vieram tornar o trabalho mais preciso, mais rápido e com uma qualidade impossível de alcançar com os métodos artesanais ção do modelo de trabalho em modelo refratário e o próprio enceramento manual que é um trabalho demorado e que depende muito do técnico. Para obter um esqueleto por impressão 3D necessitamos de desenhar em CAD e posteriormente imprimir numa impressora 3D, que começam hoje a ter preços mais convidativos e que podem ser usadas ainda para modelos, guias cirúrgicas, coroas provisórias, etc. Sendo assim, é minha opinião que o caminho digital para a fabricação de esqueletos metálicos passará inevitavelmente pelos métodos subtrativos do tipo SLM e pela impressão em materiais calcináveis para fundição.

tal está muito acima do conseguido pelas técnicas convencionais, mas acredito que as empresas que desenvolvem estes tipos de materiais estão apostadas em conseguir métodos que sejam simultaneamente rentáveis e que tenham qualidade pelo menos idêntica à conseguida pelos métodos convencionais também designados por métodos analógicos. Em relação às caraterísticas estéticas os materiais fresados e impressos ainda não têm a qualidade de alguns materiais existentes para técnicas convencionais e em termos de algumas propriedades mecânicas também apresentam resultados inferiores aos seus concorrentes da técnica convencional.

Prótese total

Neste tipo de prótese temos uma base rosa e dentes em resina acrílica ou PMMA (polimetilmetacrilato) unidos quimicamente aquando da polimerização das bases das próteses em mufla.

No que respeita à prótese total a tecnologia digital está ainda mais no início. Apesar de existirem artigos científicos com mais de três anos a realidade é que estamos agora a começar a conseguir executar próteses totais com alguma qualidade estética, funcional e com propriedades mecânicas que começam a ser interessantes quando comparadas com o método convencional. Mais uma vez o custo do que é obtido no digi-

Em termos digitais temos hoje softwares que conseguem fazer um desenho da prótese dentária com alguma fiabilidade mas a obtenção da base e dos dentes de acrílico e a sua união é por si um processo moroso e ainda em fase experimental. No que diz respeito à fresagem penso que o objetivo da indústria é conseguir blocos com a parte rosa da base e a parte dos dentes no mesmo bloco tal como a Ivoclar Vivadent

Fig. 3. Esqueleto em resina acetálica obtida por injeção.

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tema de capa PRÓTESE DENTÁRIA dossier

É minha opinião que o caminho digital para a fabricação de esqueletos metálicos passará inevitavelmente pelos métodos subtrativos do tipo SLM e pela impressão em materiais calcináveis para fundição está a desenvolver, enquanto na parte da impressão 3D esse objetivo de imprimir rosa e branco simultaneamente está longe de ser algo viável neste momento. Assim, a impressão das bases em rosa e dos dentes separadamente é o que temos, por enquanto, na impressão 3D. De referir que em termos estéticos e de propriedades mecânicas os dentes fresados apresentam melhores propriedades óticas e mecânicas do que os impressos, visto que nesta últi-

Fig. 4. Base de prótese total inferior impressa e ainda no suporte.

ma técnica a cor do dente é única, ao passo que na fresagem temos blocos estratificados que melhoram a estética. Apesar de ainda não estar implementada a sua fabricação nos laboratórios comerciais, penso que devemos estar alerta para que num futuro próximo as impressoras e fresadoras estejam também disponíveis para o fabrico de próteses removíveis esqueléticas e acrílicas com qualidade e preços competitivos quando comparáveis com os métodos tradicionais.

Fig. 5. Dentes fresados para posterior colagem á base de prótese.

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Objetiva Clínica

Qual a importância da escolha da lente correta?

Bruno Seabra

Médico dentista e fotógrafo. Formador na área da fotografia em Medicina Dentária. Diretor do Light Up Studio, com sede no Lumiar (Lisboa). fotografia@maxillaris.com

Ao contrário do que muitos poderão pensar, em fotografia, a lente (ou objetiva) é a parte mais importante e nobre de todo o equipamento fotográfico que usamos.

grande no preço das lentes, mesmo dentro da mesma marca, pois quanto melhor for a qualidade dos elementos utilizados, mais cara se torna essa lente.

É nela que recaem aspetos importantes na fotografia, como o foco e a nitidez da imagem, possíveis aberrações cromáticas, a forma como a luz reflete ou difracta na sua superfície, a vinheta no limite das fotografias e até a maior ou menor distorção da imagem.

Como posso distinguir as objetivas?

São estes aspetos que definem o nível de qualidade de uma lente e estão diretamente relacionados com a qualidade dos vidros utilizados na sua construção. Desde a sua forma, a sua lapidação, o seu polimento, até à sua luminosidade. É por essa razão que existe uma discrepância tão

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As objetivas distinguem-se principalmente pelas suas distâncias focais e abertura de diafragma máxima. São informações que vêm impressas na objetiva e que nos permitem saber qual temos em mãos (fig. 1). Existem ainda outros pormenores que as distinguem, não tão importantes, e que também vêm descritos, nomeadamente se a lente é macro (e assim permite aproximar mais próximo dos objetos para focar – caso da lente usada em Medicina Dentária), se tem estabilizador de imagem – cada marca tem sua sigla, por


Objetiva clínica

Fig. 1. Esquema correspondente à informação importante descrita em cada lente e que as classifica e diferencia.

Fig. 2. Diferença entre uma lente prime (de 50 mm) e lente zoom (24-70 mm).

exemplo: CANON - IS (Image Stabilizer); NIKON - VR (Vibration Reduction); SIGMA - OS (Optic Stabilizer) –, e até tipo de motor de focagem, a título de exemplo: CANON - USM (Ultra Sonic Motor); SIGMA - HSM (Hyper Sonic Motor).

O que é a distância focal?

Que tipos de lentes principais existem?

A distância focal de uma lente pode definir-se como a distância entre o centro ótico da lente (onde a imagem fica focada) e o plano focal (que corresponde ao local onde está o sensor de imagem) quando focada no infinito (fig. 3).

Uma das principais divisões que existem entre os diferentes tipos de lentes é a sua distinção pelo facto de serem lentes zoom, em que podemos variar as distâncias focais, ou lentes prime ou fixas, com uma distância focal fixa (fig. 2). Em Medicina Dentária usamos geralmente uma lente com distância focal fixa, que pode ter 100 mm de distância focal.

É a distância focal que define o campo de visão (ângulo de visão) de uma lente. Podemos ter desde distâncias focais pequenas, com grande ângulo de visão (lente grande-angular) ou por outro lado grandes distâncias focais, com pouco ângulo de visão (lente teleobjetiva) que nos permite aproximar de objetos que estão muito afastados (fig. 4).

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Objetiva clínica

Fig. 3. Esquema explicativo da distância focal e a sua relação com ângulo de visão.

Fig. 4. Esquema da relação que existe entre distância focal e ângulo de visão.

Porque é importante controlarmos a abertura da lente? Outro aspeto muito importante das lentes é a sua abertura, que se relaciona diretamente com o diafragma, que está no seu interior, e que controla a quantidade de luz que entra para formar uma imagem. A abertura do diafragma vai controlar também a profundidade de campo existente, que é um dos fatores mais importantes a considerar na fotografia em Medicina Dentária. Podemos ter muita

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profundidade de campo e ter toda a boca focada ou ter pouca profundidade de campo e aí só o nosso modelo fica com foco, ficando o plano para cá e para lá desse modelo pouco definido. Para um bom registo de casos é essencial que saibamos como selecionar a abertura correta para obtermos profundidade de campo suficiente para termos os dentes focados desde o incisivo até ao último molar (fig. 5).


Objetiva clínica

Fig. 5. Imagem clínica com os settings ƒ22 1/125 ISO 100, com bastante profundidade de campo onde se veem focados todos os dentes da imagem (realizada durante o curso The ART Behind Dental Photography 2020).

Fig. 6. Imagem artística com os settings ƒ8 8” ISO 100, com pouca profundidade de campo onde só se veem focadas as cúspides e algumas zonas da folha e da pedra basalto. (Imagem realizada durante o curso The ART Behind Dental Photography 2020).

Por outro lado, nas fotografias mais artísticas, pretendemos salientar o nosso modelo/objeto e, dessa forma, trabalharmos com pouca profundidade de campo pode tornar a imagem mais interessante (fig. 6). Porque é que não podemos usar qualquer lente em Medicina Dentária? As lentes que utilizamos em Medicina Dentária que se acoplam às câmaras reflex ou até mirrorless que temos, permitem controlar uma série de parâmetros essenciais à fotografia na nossa área. Em primeiro lugar, como vimos, controlam a qualidade final da imagem através da qualidade dos seus elementos de construção.

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Em segundo, por terem no seu interior o diafragma, é a lente que controla também a profundidade de campo. Depois, pelo facto de serem lentes macro permitem-nos selecionar a ampliação que queremos na nossa imagem (rever fig. 2). Se queremos mais ampliação, iremos ter de nos aproximar mais da boca do nosso paciente e, por essa razão, as lentes também estão relacionadas com a distância de trabalho a que estamos a fotografar. Nesse sentido, vão controlar também a distorção resultante, uma vez que se a distância de trabalho for menor para a mesma ampliação, teremos mais distorção. Com estas bases sobre as lentes será fácil percebermos quais as lentes mais indicadas para a Medicina Dentária, o porquê da sua utilização, como tirarmos maior proveito delas e o risco de escolhermos lentes incorretas.


de Medicina Oral

Germán Esparza Gómez Médico estomatologista. Doutorado em Medicina e Cirurgia. Professor titular de Medicina Oral. Departamento de Medicina e Cirurgia Bucofacial. Faculdade de Odontologia, Universidade Complutense de Madrid (Espanha). medoral@infomed.es

Responda a esta pergunta em: https://www.maxillaris.com/ foro-20201022-Quiz-de-MedicinaOral-(17).aspx

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Qual dos seguintes fatores acha que pode ter provocado o aspeto do dorso lingual da imagem, que se observou numa mulher de 70 anos? A. Enxaguamentos com triclosan. B. Tratamento com corticóides tópicos. C. Tratamento com antifúngicos. D. Enxaguamentos com clorhexidina.

A solução publicar-se-á de forma imediata no site e em formato impresso no próximo número.

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Quiz de Medicina Oral

Solução do Quiz no 16 (outubro 2020)

A resposta correta é a B: Rânula.

Rânula é um termo genérico que se utiliza para designar os mucoceles que se produzem no assoalho bucal. Geralmente utiliza-se para designar qualquer tumefacção do assoalho bucal, ainda que num sentido estrito só devería utilizar-se para os mucoceles (quistos de retenção ou de extravasação de muco das glândulas salivares). Na maioria dos casos, o detonador da lesão é a glândula sublingual, embora também possa ter origem no canal submaxilar ou inclusive nas glândulas salivares menores do assoalho bucal.

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Calendário

ORTODONTIA

ENDODONTIA Formação continuada em endodontia integral

Experto em ortodontia, pós-graduação de dois anos

O médico dentista espanhol Hipólito Fabra volta a orientar, em 2021, uma nova edição do seu curso de formação continuada em endodontia integral. Tal como em anos anteriores, o curso será ministrado em sessões de dois dias de duração cada uma, em Valência (Espanha), de acordo com o seguinte calendário: dias 15 e 16 de janeiro, 19 e 20 de fevereiro, 26 e 27 de março, 23 e 24 de abril e 21 e 22 de maio. O programa inclui sessões teóricas e práticas, realizadas sobre dentes extraídos e modelos anatómicos de acrílico, com os últimos sistemas de preparação e obturação de condutos. Também se disporá de um microscópio ótico para visualizar os tratamentos.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, agendou para os dias 25 a 27 de março próximo, em Madrid (Espanha), a 91ª edição da pós-graduação em ortodontia “Experto em ortodontia”, orientada pelo especialista espanhol Alberto Cervera. O programa, com a duração de dois anos, divide-se em nove módulos presenciais e complementa-se com sessões clínicas online. Abrange as seguintes áreas: protocolo de diagnóstico e tratamento, estudos de síndromas clínicos, práticas em simuladores com brackets metálicos, estéticos e alinhadores, e práticas clínicas tutorizadas.

hfabra@infomed.es

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

ORTODONTIA

ORTODONTIA Desenho e desenvolvimento de alinhadores

Align organiza webinário sobre ortodontia invisível

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, agendou para os dias 4 a 6 do próximo mês de fevereiro, em Madrid (Espanha), mais uma edicão do curso “Desenho de alinhadores”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação complementa o programa “Experto em ortodontia”, também com a chancela da ORTOCERVERA, e tem como finalidade transmitir conhecimentos na área do desenho e desenvolvimento das distintas fases de tratamento com alinhadores. Inclui práticas com simulador de alinhadores.

No dia 16 deste mês, terá lugar o webinário da empresa Align, líder a nível mundial em produtos de ortodontia invisível, subordinado ao tema “Integração multidisciplinar digital de clear aligners”. A sessão será orientada pela médica dentista Cláudia Costa. Após a apresentação, haverá uma parte de perguntas e respostas para que os assistentes possam colocar todas as dúvidas surgidas durante a sessão. Será uma oportunidade para poder trocar opiniões sobre estes tratamentos cada vez mais procurados nas clínicas dentárias. O webinário é gratuito e estão convidados todos os médicos dentistas interessados em conhecer um dos produtos mais cobiçados pelos pacientes na atualidade, a ortodontia invisível.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

www.webinvisalign.com

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Calendário

VÁRIOS

PERIODONTIA

IV Meeting SOPIO realiza-se em maio

EFP tem em marcha nova série de Perio Sessions

O IV Meeting da Sociedade Portuguesa de Implantologia e Osteointegração (SOPIO), que esteve agendado para o passado mês de maio, no Auditório do Fórum Tecnológico de Lisboa, mas foi adiado devido à presente situação de pandemia associada ao novo coronavírus, já tem nova data marcada: vai ter lugar no dia 22 de maio do próximo ano. A comissão organizadora do encontro, presidida pelo médico dentista Gonçalo Assis, adianta que irá tentar manter o cartaz científico que estava previsto para este ano, composto pelo seguinte leque de oradores: Liliana Silva, Pedro Moura, Stefano Parma-Benfenati, Ramón Gómez Meda, André Chen, João Mouzinho e Tiago Marques.

Webinários interativos sobre temas científicos relevantes da periodontologia e implantologia global, orientados por expertos de renome e abertos a todos os interessados a preços acessíveis – eis a oferta de EFP Perio Sessions, uma série de seminários online destinados a profissionais de todos os quadrantes da saúde oral, com a chancela da European Federation of Periodontology (EFP). A próxima sessão está agendada para dia 28 de janeiro próximo, pela mão de Iain Chapple, professor de periodontologia na University of Birmingham (Reino Unido), que abordará a mudança de comportamentos e o controlo de fatores de risco no tratamento da periodontite. www.efp.org

www.sopio.pt

VÁRIOS

VÁRIOS

Congresso da SPEMD regressa a Coimbra

Próxima IDS agendada para meados de março

O XL congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) foi adiado, devido à pandemia de COVID-19. O próximo encontro anual da centenária sociedade científica, por sinal a mais antiga do setor dentário na Península Ibérica, deverá celebrar-se no segundo fim de semana de outubro de 2021, em Coimbra. O congresso da SPEMD voltará a reunir no emblemático Convento de São Francisco da cidade dos estudantes cerca de um milhar de participantes, entre oradores e profissionais de todas as áreas da saúde oral, bem como algumas dezenas de representantes da indústria dentária.

A próxima edição da IDS, a principal feira mundial da indústria dentária que se celebra de dois em dois anos em Colónia (Alemanha), está agendada para os dias 9 a 13 de março do próximo ano. As últimas inovações em produtos, serviços e tecnologia nas diferentes áreas da Medicina Dentária vão ser, como habitualmente, exibidas durante cinco dias no amplo recinto de feiras da referida cidade alemã (Kölnmesse). Para além da vertente comercial, a IDS proporciona, ao abrigo da modalidade Speaker´s Corner, sessões formativas com oradores de renome mundial. www.english.ids-cologne.de

www.spemd.pt

VÁRIOS

VÁRIOS Expodental de Madrid adiada para 2022

XXXII reunião da SPODF celebra-se em abril

O Salão Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços Dentários (Expodental), que se realiza de dois em dois anos em Madrid, adiou para 2022 a edição que estava prevista para este ano. Esta decisão foi tomada pela comissão organizadora da Expodental no contexto atual gerado pela pandemia de COVID-19. A organização do certame decidiu manter a mesma estrutura que a prevista para este ano, pelo que a feira celebrar-se-á nos pavilhões 2, 4, 6 e 8 do recinto de feiras de Madrid. À partida, também se manterá a misma distribuição e atribuição de espaços de 2020. Em 2022, os reponsáveis da Expodental esperam atrair a atenção dos profissionais do setor, dentro e fora de Espanha, e superar os 31.000 visitantes da última edição.

A XXXII reunião científica anual da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF) vai ter lugar de 15 a 17 de abril de 2021, depois de ter sido adiada (estava prevista para abril deste ano) devido aos constrangimentos provocados pela pandemia de COVID-19. O cenário deste congresso manter-se-á o pavilhão Altice Arena de Braga, de acordo com a respetiva comissão organizadora que assegura que tudo fará para manter o excelente “cartaz” científico que tinha programado para este ano. Para já, confirma-se que a pré-reunião continuará a ter como protagonista James A. Mcnamara.

www.ifema.es

secretariado@spodf.pt

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Calendário

VÁRIOS

VÁRIOS

WCDT Lisboa adiado para junho de 2021

Congresso da APHO reagendado para janeiro

O 21º World Congress in Dental Traumatology (WCDT), que estava agendado para o passado mês de junho no Centro de Congressos de Lisboa, mas foi adiado devido à pandemia de COVID-19, vai realizar-se de 2 a 5 de junho do próximo ano no mesmo recinto lisboeta. A organização local deste evento internacional está a cargo da Sociedade Portuguesa de Endodontologia, presidida por António Ginjeira, em parceria com a International Association of Dental Traumatology (IADT) e a European Society of Endodontology (ESE).

Com os desenvolvimentos que afetam o normal panorama de saúde pública, a Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) analisou o assunto globalmente, atendendo às recomendações nacionais e internacionais, tendo decidido adiar o seu XX congresso nacional, que estava previsto realizar-se em abril passado. A direção da APHO e a comissão organizadora do congresso tomaram esta decisão com o objetivo de assegurar as melhores condições de segurança e a saúde de todos os intervenientes. A nova data prevista será os dias 29 e 30 de janeiro próximo, mantendo-se o local da sua realização (Lisboa) e o programa científico.

www.wcdt2021.com

www.apho.pt

VÁRIOS

VÁRIOS

Barcelona Dental Show é nova plataforma de negócios

Aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento do SAHS

O certame Barcelona Dental Show é a nova plataforma de negócios do setor, em território espanhol, que de 27 a 29 de maio do próximo ano reunirá médicos dentistas, técnicos de prótese, higienistas orais e estomatologistas, em busca dos parceiros clínicos que lhes ofereçam as inovações para levar os seus negócios a uma dimensão médica e empresarial. Barcelona acolherá este novo evento profissional onde se exibirão as últimas soluções para a transformação das clínicas e laboratórios, e marcarão presença os líderes e a inovação em saúde oral.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza este curso personalizado, ministrado por Mónica Simón Pardell, em Madrid (Espanha), para o correto enfoque terapêutico dos transtornos respiratórios obstrutivos do sono. Este curso obedece ao seguinte programa: introdução ao SAHS (conceitos básicos e definições), protocolo diagnóstico odontológico do SAHS, tratamento do SAHS, algoritmo do tratamento do SAHS, toma de registos e individualização de parâmetros para a confeção de um dispositivo de avanço mandibular (DAM), aplicação com casos práticos e curso personalizado e “a la carta”.

info@dentalshowbcn.com.pt

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

VÁRIOS

Este espaço pode ser seu!

IV congresso da SPDOF realiza-se em maio de 2021 Face à situação originada pela pandemia do novo coronavírus, a Sociedade Portuguesa de Disfunção Oro-Facial (SPDOF) decidiu adiar o congresso que esteve marcado para o passado mês de maio. A quarta edição do encontro transita, mantendo programa e local, para os dias 13 a 15 de maio de 2021, na Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra. Todos os compromissos da SPDOF serão mantidos no que toca a palestrantes, patrocinadores, colaboradores e congressistas. A plataforma e o site do congresso continuarão ativos, a receber inscrições e resumos para as novas datas.

Consulte as nossas tarifas de pequenos anúncios através do telefone

218 874 085 ou email

comercialportugal@maxillaris.com

www.spdof.pt

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Novidades

Pilares Ti-Base ZiaCam®, para reabilitações cerâmicas

Invisalign Go responde às exigências da era digital

www.ziacom.es Os Ti-Base ZiaCam® são pilares intermédios fabricados com titânio grau 5 ELI e acabamento nitrurado. Estão indicados para as reabilitações cerâmicas, já que permitem o ajuste passivo da estrutura protésica, e estão disponíveis para todas as conexões dos implantes do portfólio da ZIACOM e para utilização sobre os pilares transepiteliais XDrive® e Basic®, também da marca. O desenho destes pilares incorpora ranhuras para garantir a adequada retenção da estrutura protésica através do cimento; além disso, a cor dourada do seu acabamento oferece-lhe uma excelente estética. Os pilares Ti-Base ZiaCam® estão disponíveis em formato reto e para angular, Ti-Base ZiaCam® Tx30®, são adequados para os casos que requeiram correção de angulação. Ambos os modelos podem ser adquiridos com distintas alturas gengivais e incluem o parafuso protésico Kiran® correspondente.

www.invisalign-go.pt O sistema Invisalign Go é a solução de alinhadores transparentes desenvolvida por Align Technology, Inc. que nasce com a visão de conseguir que tanto os médicos dentistas como os seus pacientes beneficiem das vantagens que oferece o alinhamento dentário prévio nos tratamentos restaurativos e conservadores. Invisalign Go responde às exigências dos médicos dentistas que compreenderam esta nova era digital na Medicina Dentária e as necessidades dos seus pacientes. Esta solução beneficia da vasta experiência em alinhamento dentário oferecida através do sistema Invisalign, que já tratou mais de oito millhões de pacientes, o que se traduz em maior precisão, fiabilidade e previsibilidade. Além disso, os profissionais que dão o passo no sentido de integrar Invisalign Go nos seus tratamentos contam com planos de formação clínica e desenvolvimento de consulta personalizados para cada etapa da sua curva de aprendizagem, bem como assessoria e suporte da equipa comercial e clínica da Align Technology, Inc.

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Novidades

Scanner intraoral 3D com tecnologia NIRI

Pilares de cicatrização de PEEK personalizáveis e adaptáveis

Ticare, distribuidor oficial do scanner intraoral iTero, completa o fluxo digital e oferece aos seus clientes a última novidade desta marca: iTero Element 5D WHEELSTAND. Trata-se de um equipamento que se posiciona como o primeiro scanner intraoral 3D com tecnologia NIRI, que permite escanear a estrutura interna dos dentes dos pacientes em tempo real. No âmbito do lançamento do novo iTero Element 5D WHEELSTAND, a empresa espanhola com sede em Valladolid, oferece uma promoção combinada com produtos Ticare que permite obter este scanner intraoral por um preço menor que o seu preço de venda.

www.ziacom.es A ZIACOM põe à disposição dos profissionais do setor uma vasta gama de pilares de cicatrização, que permitem ao clínico realizar uma modelagem dos tecidos circundantes ao implante e criar um perfil de emergência ótimo para garantir a estética da reabilitação definitiva. Dentro desta linha encontra-se o pilar de cicatrização fabricado com polieteretercetona (PEEK) biocompatível, com uma estância em boca máxima de seis meses. O material de fabricação permite a personalização do pilar através do seu talhado ou mediante a adição de resina fluída, com o objetivo de adaptar o pilar de cicatrização a cada caso clínico. Os pilares de cicatrização de PEEK estão disponíveis para os implantes da ZIACOM de conexão interna Zinic®, Zinic®MT e Zinic®Shorty, e para os de conexão cónica Galaxy® e ZV2®. O pilar de cicatrização de PEEK aplica-se com parafuso incluído.

www.ticareimplants.com




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