OPINIÃO
BVM Posiciona-se Como Instrumento Alternativo de Financiamento às Empresass
O Salim Cripton Valá • PCA da BVM
A BVM já esta a ser um mecanismo efectivo de financiamento do sector empresarial em Moçambique, com casos paradigmáticos como a Oferta Pública de Venda (OPV) da HCB, em meados de 2019, que recebeu dois prémios internacionais...
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1. Notas de Enquadramento mercado de capitais e a Bolsa de Valores são importantes fontes de financiamento, tendo sido essa uma das razões pelas quais o Governo criou a BVM em 1998, visando materializar uma nova janela de oportunidade para o financiamento das empresas e do próprio Estado. Desde a criação da BVM, há mais de 23 anos, a instituição já financiou a economia em mais de 226 772 milhões de meticais (cerca de 3518 milhões USD), sendo que 79,6% (181 444 milhões Mt) foi ao sector público, e os restantes 20,4% (45 329 milhões Mt) ao sector privado. Entre 2019 e o 1º trimestre de 2022, o financiamento à economia cresceu 69,9%, com maior incidência no financiamento público (+86,4%), tendo o financiamento privado sido de +25,4%. O financiamento via mercado de capitais/Bolsa de Valores ao sector empresarial, público e privado, é em muitas praças financeiras internacionais uma das principais fontes de financiamento, podendo ser feito por recurso ao capital social da empresa, denominado “Equity”, ou por recurso a empréstimo, Dívida. No “Equity”, a empresa vende as suas próprias acções (oferta de venda de acções) ou emite novas acções para subscrição pelos investidores. O rendimento dos investidores (accionistas) fica dependente dos resultados financeiros distribuídos pela empresa aos accionistas (dividendos) ou pela valorização das suas acções. Em Julho de 2019, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) vendeu 4,0% das suas acções, mais precisamente 1099 010 704 acções próprias, arrecadando com essa operação o valor de 3300 milhões Mt (55 milhões USD). Ainda nesse mesmo ano, uma outra empresa, a Cervejas de Moçambique (CDM), angariou um total de 7793 milhões Mt (124,5 mi-
lhões USD), pela emissão de novas acções resultante do aumento de capital social de 30,19% da empresa, correspondente à emissão de 36 762 972 acções). No final de 2021, a CMH chegava ao valor de 3250 MT por acção, o que, comparado com o valor de venda em 2008 (OPV de 10% do seu capital social), representa uma valorização de 990%. Estes exemplos referidos anteriormente atestam o facto de a BVM já estar a ser um mecanismo efectivo de financiamento do sector empresarial em Moçambique, com casos paradigmáticos como a Oferta Pública de Venda (OPV) da HCB, em meados de 2019, que recebeu dois prémios internacionais (“Deal Makers Africa” e a Revista “The Banker”) pela sua abrangência, inclusividade e uso de meios remotos, e a Oferta Pública de Subscrição (OPS) da CDM, que foi a maior operação realizada pela BVM em termos de volume de recursos envolvidos. A 31 de Março de 2022, a BVM foi convidada para tomar parte na XVII CASP, com o lema “Reformando o Ambiente de Negócios para a Recuperação Económica”, participando no Painel sobre “Soluções Financeira para a Recuperação do Sector Empresarial e Criação de Resiliência”, tendo apresentado as ideias que neste artigo se apresentam em resumo. 2. Principais Tendências no Mercado Bolsista e Obrigacionista As 11 empresas cotadas na BVM actualmente são provenientes de diversos sectores de actividade, desde o sector de bebidas (9%; CDM – Cervejas de Moçambique), hidrocarbonetos (9%; CMH – Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos), energia (9%; HCB – Hidroeléctrica de Cahora Bassa), área financeira (18%; EMOSE – Empresa Moçambicana de Seguros e a ARKO Seguros), e serviços (55%; ZERO Investimentos, Touch Publicidade, Arco Investimentos, REVIMO – Rede Viária de Moçambique, 2Business www.economiaemercado.co.mz | Abril 2022