ISSN 2236-1022 A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
R$30,00 - novembro 2021 Ano 11 Número 65 Edição Digital São Paulo
CLÍNICA
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Isadora Flores O papel da Nutrição n o p ré - n at a l d o s é c . X X I
Juliana Gonçalves F i tote ra p i a e e s tét i c a
Ruan Santos N u t r i ç ã o Es p o r t i va d e A l to Re n d i m e nto Jo g o s O l í m p i co s
editorial
por Sibele B. Agostini
Adequação dos Nutricionistas que Utilizam a Rede Social Instagram® ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista Com o advento das redes sociais, a disseminação de informações sobre saúde intensificou-se de modo desordenado e sem controle quanto à qualidade de conteúdo. Tornou-se então fundamental a participação de profissionais da saúde nesse novo campo para que o conteúdo repassado seja seguro e fidedigno. A comunicação e a informação do nutricionista ao seu público, por meio de redes sociais, devem obedecer e respeitar integralmente o Código de Ética e de Conduta do Nutricionista. O Código tem o objetivo de garantir que os princípios da nutrição sejam respeitados e valorizados, e que a soberania e a segurança alimentar e nutricional sejam premissas na atuação dos nutricionistas. Diante do exposto, o objetivo foi avaliar a adequação dos nutricionistas que utilizam rede social ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2022, englobando o 23o Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, 23o Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição, 10o Congresso Multidisciplinar de Nutrição Esportiva, 18o Fórum Nacional de Nutrição, 17o Simpósio Internacional da American
NOVEMBRO 2021
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nesta edição NOVEMBRO 2021
5. Adequação dos Nutricionistas que Utilizam a
Rede Social Instagram® ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista
12. Câncer de Mama e Linfedema: Papel do Ômega 3 23. O Consumo Alimentar e a Auto Culpabilização entre Universitários de uma Instituição Privada em Duque de Caxias- Rio de Janeiro 30. Influências do aleitamento materno no cuidado e desenvolvimento de indivíduos com Síndrome de Down 35. Elaboração de Hortas Domésticas e sua Influência na Qualidade de Vida 40. Desenvolvimento e Análise Sensorial de um Novo Produto Alimentar: Snack de Folha de Brócolis 48. Hipovitaminose D em Gestantes: uma Análise em Estudos de Coorte
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52. Bisque de Crustáceos
A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
ISSN 2236-1022
Ano 11- número 65 - novembro 2021 - edição digital
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Chef Patrick Martin Chef Fabiana B. Agostini Alexandre Agostini assinaturas@nutricaoempauta.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP Produzida em novembro de 2021
NUTRIÇÃO EM PAUTA
matéria de capa
Adequacy of Nutritionists Using the Instagram® Social Network with the Nutritionist’s Code of Ethics and Conduct
Adequação dos Nutricionistas que Utilizam a Rede Social Instagram® ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista RESUMO: Nem sempre informações divulgadas na mídia agregam conhecimentos positivos, pois há criadores de conteúdo que utilizam seus canais de comunicação para influenciar comportamentos tendenciosos e pouco saudáveis ao convívio real, dentre eles o nutricionista. O presente estudo objetivou avaliar a adequação dos nutricionistas que utilizam a rede social Instagram® ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista. Trata-se de um estudo observacional, descritivo, transversal, retrospectivo, com abordagem quantitativa. Foram pesquisados os perfis de 500 nutricionistas na rede social Instagram®, que atuassem no Brasil e que tivessem pelo menos dois mil seguidores. Verificou-se que 73% dos pesquisados descumpriu pelo menos um dos artigos vedados à sua prática profissional, sendo o artigo 60 o mais infringido (46%), por divulgarem marcas de produtos em seus perfis. Nesse sentido torna-se preocupante a atuação dos nutricionistas como influenciadores digitais, pois seu poder de persuasão torna-se ainda maior pelo fato de serem profissionais da saúde. ABSTRACT: Information disseminated in the media doesn’t always add positive knowledge, as there are content creators who use their communication channels to influence biased and unhealthy behaviors in real life, including the nutritionist. This study aimed to assess the adequacy of nutritionists using the InstagramTM social network to the Nutritionist’s NOVEMBRO 2021
Code of Ethics and Conduct. This is an observational, descriptive, cross-sectional, retrospective study with a quantitative approach. The profiles of 500 nutritionists on the InstagramTM social network, who worked in Brazil and had at least two thousand followers, were searched. It was found that 73% of those surveyed did not comply with at least one of the articles prohibited to their professional practice, with Article 60 being the most infringed (46%), for disclosing product brands in their profiles. In this sense, the role of nutritionists as digital influencers becomes worrying, as their power of persuasion becomes even greater because they are health professionals.
.................
Introdução
. . . . . . . . . . ........
Após vários anos de evolução de práticas tecnológicas e táticas para aperfeiçoamento da comunicação e do convívio social, houve uma ascensão recente na era das redes sociais. Seu uso e sua influência sobre a percepção e ação dos indivíduos tornaram-se preocupantes (WEI; LU, 2013). Nessa sociedade contemporânea e fortemente tecnológica, percebe-se a produção de uma nova população, que faz das redes sociais um espaço de visibilidade, onde a prática naturalizada é “seguir” o outro, sujeitando-se e NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Adequação dos Nutricionistas que Utilizam a Rede Social Instagram® ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista sendo sujeitado por ele (ROCKEMBACH et al., 2018). Nesse contexto, os famosos influenciadores digitais, estão causando um grande desconforto no que diz respeito ao comportamento e a saúde do seu público. Essas novas mídias reforçam o narcisismo e os padrões de beleza vigentes (LIRA et al., 2017). Esses líderes de opinião, que atuam principalmente na rede social Instagram®, têm o poder de influenciar atitudes e comportamentos por meio da sua popularidade, percebidos como autoridades digitais (PEREIRA, 2017). Diante disso, expressam uma força nas redes sociais como formadores de opinião, acerca de produtos e serviços, criando mensagens que podem persuadir os indivíduos a formar atitudes (NUNES, 2018). Especificamente no Brasil, é no Instagram® que formadores de opinião exercem o papel de influenciadores digitais ao reunirem seguidores em torno de um perfil individual, onde anunciam produtos e serviços (ALMEIDA et al., 2018). Com o advento das redes sociais, a disseminação de informações sobre saúde intensificou-se de modo desordenado e sem controle quanto à qualidade de conteúdo. Tornou-se então fundamental a participação de profissionais da saúde nesse novo campo para que o conteúdo repassado seja seguro e fidedigno (SANTOS et al., 2017). Em contraponto, alguns profissionais de saúde utilizam as redes sociais, incluindo o Instagram® publicando informações sobre suas rotinas profissionais, visando à obtenção de vantagens comerciais. Dentre estes, existem nutricionistas que utilizam desse artifício, expondo imagens demonstrativas sobre a evolução da estética corporal e sobre marcas de produtos, por exemplo, a fim de captar novos clientes. Para Martorell et al. (2016), assim procedendo acabam, em muitas situações, se arriscando a quebrar o sigilo e a confidencialidade que devem a seus pacientes. A comunicação e a informação do nutricionista ao seu público, por meio de redes sociais, devem obedecer e respeitar integralmente o Código de Ética e de Conduta do Nutricionista (CFN, 2018). O Código tem o objetivo de garantir que os princípios da nutrição sejam respeitados e valorizados, e que a soberania e a segurança alimentar e nutricional sejam premissas na atuação dos nutricionistas, conforme a Resolução CFN nº 599/2018 (CFN, 2018). Esse documento norteador serve para estabelecer princípios, responsabilidades, direitos e deveres, que devem ser reconhecidos como única forma de atuação legal do nutricionista perante a lei. O profissional deve seguir as orientações de acordo com seu Código de Ética e de Conduta, de forma que não infrinja nenhum dos aspectos
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vedados ao exercício de sua função. A relevância desse tema é observada no momento em que grande parte da população brasileira possui acesso às redes sociais, porém, em determinados assuntos, há dificuldade de discernimento em relação ao que de fato é correto e o que seja marketing digital. Por meio de observações empíricas, percebe-se, em alguns casos, o descumprimento do Código de Ética e de Conduta profissional, fato este que motivou o desenvolvimento dessa pesquisa. Diante do exposto, o objetivo foi avaliar a adequação dos nutricionistas que utilizam rede social ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista.
. . . . . . . . . . . . . . . . Me to d ol o g i a . . . . . . . . . . . . .......
Este estudo caracterizou-se como transversal, retrospectivo, com abordagem quantitativa e descritiva. A população envolvida na pesquisa abrangeu nutricionistas que trabalham no Brasil e que utilizam a rede social Instagram®, com perfil público e pelo menos dois mil seguidores. Os nutricionistas foram identificados por meio do mecanismo de busca da própria rede social, incluindo @nutri e @nutricionista no campo “pesquisar” e de acordo com a subdivisão de pesquisa Tags, seguindo as orientações de utilização oficial do Instagram® por meio das hashtags: #nutri, #nutricionista e #nutricao. coleta de dados se deu entre os meses de março e abril de 2020, utilizando um smarthphone com sistema operacional iOS 13.3.1. Foram analisadas as publicações de cada perfil dos nutricionistas, a partir de 25 de abril de 2018, quando entrou em vigor o novo Código de Ética e de Conduta do Nutricionista (CFN, 2018), no intuito de avaliar a adequação das publicações em relação ao documento, a partir do “Feed” e dos “Destaques”. Para compilação dos dados coletados foi utilizada uma lista de verificações desenvolvida a partir dos aspectos vedados ao nutricionista pelo Código de Ética e Conduta do Nutricionista (CFN, 2018). Para tabulação e análise dos resultados foram utilizados os programas Microsoft Office Excel® e Stata®13.0. As variáveis categóricas foram expressas por meio de frequências absolutas (n) e relativas (%). NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Adequacy of Nutritionists Using the Instagram® Social Network with the Nutritionist’s Code of Ethics and Conduct
Tabela 1: Perfil de nutricionistas avaliados na rede social Instagram® a partir dos aspectos vedados aos profissionais pelo Código de Ética e de Conduta do Nutricionista, 2020. Variáveis
n
%
Sudeste
235
47
Sul
117
23
Nordeste
79
16
Centro Oeste
39
8
Norte
30
6
Sim
363
73
Não
137
27
Sim
47
9
Não
453
91
Sim
63
13
Não
437
87
Sim
200
40
Não
300
60
Sim
231
46
Não
269
54
Sim
25
5
Não
475
95
Sim
209
42
Não
291
58
Sim
65
13
Não
435
87
Região onde atua no Brasil
Cometeu alguma infração
Infração do Artigo 56
Infração do Artigo 57
Infração do Artigo 58
Infração do Artigo 60
Infração do Artigo 61
Infração do Artigo 63
Infração do Artigo 64
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Adequação dos Nutricionistas que Utilizam a Rede Social Instagram® ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista
. . . ....... R esu lt a do s e Dis c uss ã o . .. . . . . . . Foram avaliados os primeiros 500 nutricionistas enquadrados nos critérios de inclusão da pesquisa. Destes, 80% (n=402) eram do sexo feminino e 20% (n=98) do sexo masculino, com média de 29.563(±8.181) seguidores. A Tabela 1 demonstra o perfil dos profissionais avaliados em relação aos aspectos vedados pelo Código de Ética e de Conduta do Nutricionista. Conforme a Tabela 1, a região com maior núme-
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ro de profissionais analisados foi a sudeste (47%). Dos perfis pesquisados, verifica-se um grande percentual de infrações (73%, n=363) frente aos artigos do código em análise. A maior ocorrência se deu em relação ao Artigo 60, com 46% (n=231) dos nutricionistas avaliados descumprindo um aspecto vedado à sua prática profissional. O Artigo 60 veda ao nutricionista “prescrever, indicar, manifestar preferência ou associar sua imagem intencionalmente para divulgar marcas de produtos alimentícios, suplementos nutricionais, fitoterápicos, utensílios, equipamentos, serviços, laboratórios, farmácias, empresas ou indústrias ligadas às atividades de alimentação e nutrição,
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de modo a não direcionar escolhas, visando preservar a autonomia dos indivíduos e coletividades e a idoneidade dos serviços” (CFN, 2018). O segundo mais descumprido foi o Artigo 63 (42%, n=209), que veda ao nutricionista “fazer publicidade ou propaganda em meios de comunicação com fins comerciais, demarcas de produtos alimentícios, suplementos nutricionais, fitoterápicos, utensílios, equipamentos, serviços ou nomes de empresas ou indústrias ligadas às atividades de alimentação e nutrição” (CFN, 2018). Esses resultados corroboram com Mota et al. (2019) que analisaram diversas postagens de três influenciadoras digitais brasileiras no Instagram®, sendo uma nutricionista. Os autores destacam que por alcançarem milhares de indivíduos, usam de sua fama digital para proporcionar mais valor a uma marca ou serviço. Uma das hashtags de destaque publicadas no perfil da nutricionista analisada recomendava o uso de determinados produtos de marca relacionada a alimentos. Os formadores de opinião são importantes para o marketing, porque fornecem recomendações e comentários considerados mais realistas, além de proporcionar conhecimento profissional adicional, que ajudam empresas a divulgar produtos ou serviços (LI; DU, 2011). O endosso desses indivíduos transfere o reconhecimento, confiança e respeito do endossante para o produto anunciado (ALMEIDA et al., 2018). O marketing de influência impulsiona 31% das vendas (terceiro lugar de vendas na Internet) e 65% das marcas aplicam o marketing de influência como uma estratégia (MOTA et al., 2019). Magalhães, Bernardes e Tiengo (2017) destacam que a mídias e tornou uma grande loja de departamentos; empresas investem em blogueiras para levar seus produtos ao maior número de pessoas possíveis, pois elas conquistam a confiança de seus seguidores. O Artigo 58 teve 40% (n=200) de descumprimento por parte dos nutricionistas avaliados. Ele menciona que “é vedado ao nutricionista, mesmo com autorização concedida por escrito, divulgar imagem corporal de si ou de terceiros, atribuindo resultados a produtos, equipamentos, técnicas, protocolos, pois podem não apresentar o mesmo resultado para todos e oferecer risco à saúde” (CFN, 2018). Apesar de os códigos de ética profissionais orientarem sobre a exposição de pacientes e necessidade de sigilo, tem-se notado nas redes sociais um número considerável de publicações indevidas (BENEDICTO; MARTINEZ; JORGE, 2019). No tocante a exposição de imagens e ética, verifica-se que outras categorias de profissionais da área da saúde também divulgam imagens de pacientes na rede. Em uma pesquisa com 765 fonoaudiólogos, em NOVEMBRO 2021
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2017, evidenciou-se que 5,1% divulgaram imagens de pacientes sem autorização por escrito; 21% divulgaram com autorização verbal; e quase a totalidade (95,2%) já viu fotografias ou vídeos de pacientes em redes sociais virtuais postadas por colegas de profissão (BENEDICTO; MARTINEZ; JORGE, 2019). Em um outro estudo, Martorell et al. (2016) analisaram 39 imagens de pacientes promovidas por 17 profissionais médicos e cirurgiões dentistas, compartilhadas no Facebook®, e identificaram diversas situações de quebra de privacidade e confidencialidade nas postagens. Mota et al. (2019) alertam que a exposição de imagens, práticas e orientações sobre alimentação também podem contribuir para adoção e fortalecimento de relações disfuncionais com a comida, associadas, em geral, a práticas restritivas de alimentação. O Artigo 57, que veda ao nutricionista “utilizar o valor de seus honorários, promoções e sorteios de procedimentos ou serviços como forma de publicidade e propaganda para si ou para seu local de trabalho” (CFN, 2018), teve 13% (n=63) de descumprimento. Isto demonstra o que Martorell et al. (2016) observaram em seu estudo: uma crescente popularização do uso de redes sociais virtuais entre os profissionais de saúde, que passam a usar tal ferramenta publicando na internet informações sobre suas rotinas profissionais, com intuito publicitário, infringindo preceitos éticos. Em se tratando do Artigo 64, também houve 13% (n=63) de descumprimento do aspecto que veda “receber patrocínio ou vantagens financeiras de empresas ou indústrias ligadas à área de alimentação e nutrição quando configurar conflito de interesses” (CFN, 2018). Wimmer e Greggianin (2018) também observaram em um estudo que os diversos posts, publicados por uma influenciadora digital, conhecida como blogueira fitness, que estes recebiam algum tipo de patrocínio e que a influenciadora em questão utilizava como estratégia de marketing a associação de produtos à sua imagem e ao seu corpo. Mota et al., (2019) observou em seu estudo, uma prática similar à descrita no estudo acima. O estudo ressalta que as celebridades virtuais utilizam a plataforma online como meio de trabalho, criando vínculo com diversas empresas a partir da obtenção de patrocínio. Almeida et al. (2018) destacam que influenciadores digitais recebem ofertas de empresas para produzirem postagens patrocinadas que são visualizadas por seguidores localizados em suas redes. O Artigo 56, que foi descumprido por 9% (n=47) dos avaliados, estabelece que “é vedado ao nutricionista, na divulgação de informações ao público, utilizar estratégias NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Adequação dos Nutricionistas que Utilizam a Rede Social Instagram® ao Código de Ética e de Conduta do Nutricionista que possam gerar concorrência desleal ou prejuízos à população, tais como promover suas atividades profissionais com mensagens enganosas ou sensacionalistas e alegar exclusividade ou garantia dos resultados de produtos, serviços ou métodos terapêuticos”. A Resolução nº 301/2003 do Conselho Federal de Nutricionistas considera a prescrição dietética como ato privativo do nutricionista, e que este, ao elaborá-la, utiliza métodos e técnicas terapêuticas específicas, ou seja, o nutricionista é o único profissional apto a realizar diagnóstico clínico e avaliação nutricional, para assim prescrever um tratamento dietoterápico individualizado (ALMEIDA et al., 2018). Neste sentido, para a orientação do profissional, o novo Código de Ética e de Conduta estabelece que é dever do nutricionista, ao compartilhar informações nos meios de comunicação, respaldar sua abordagem no conhecimento técnico-científico, de forma crítica e contextualizada, reforçando que resultados de certa prática podem não ocorrer da mesma forma para todos (CFN, 2018; MOTA et al., 2019). Por fim, o Artigo 61, que veda aos profissionais “exercer ou associar atividades de consulta nutricional e prescrição dietética em locais cuja atividade fim seja a comercialização de alimentos, produtos alimentícios, suplementos nutricionais, fitoterápicos, utensílios ou equipamentos ligados à área de alimentação e nutrição” (CFN, 2018) foi descumprido por 5% (n=25) dos avaliados. Em seu estudo, Mota et al. (2019) observaram uma postagem realizada por influenciadora digital nutricionista, onde ela associou a sua imagem à local de comercialização de alimentos, reforçando uma preferência pela empresa, tendo esta postagem caráter publicitário. Ao mesmo tempo que os influenciadores propagam um estilo de vida, as empresas comercializam mercadorias e dão relevância ao assunto abordado (MOTA et al., 2019). Conforme Helm e Jones (2016), as ferramentas de mídia social, incluindo blogs, redes sociais e sites de compartilhamento de mídia, ajudam nutricionistas a alcançar um público mais amplo e a se conectar diretamente com ele. As mídias sociais abriram novos meios para comunicar informações sobre alimentação e nutrição. Assim, nutricionistas podem utilizá-las para trabalhar em rede e colaborar com colegas, realizar pesquisas de emprego, manter-se atualizados com novas pesquisas, defender uma causa e construir um negócio. Contudo, há diretrizes relevantes a seguir frente à ética e ao profissionalismo. Ao usar as mídias sociais, é preciso lembrar que a profissão é regida por um Código de Ética e de Conduta, a fim de que “sua prática seja exercida em consonância com as múltiplas dimensões da realidade em que atua, em
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benefício da sociedade” (CFN, 2018).
. . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . ....... A avaliação de 500 perfis de nutricionistas na rede social Instagram®, que atuam no Brasil, demonstrou que 73% da amostra pesquisada descumpriu o Código de Ética e de Conduta do Nutricionista, percentual expressivo, que reforça a necessidade de aprofundamento destes profissionais em relação ao cumprimento do Código de Ética e de Conduta da profissão. Evidenciou-se por meio do estudo que os principais pontos que precisam ser revistos estão relacionados à exposição de marcas e produtos como forma de marketing digital, além da violação da intimidade, com a frequente exposição de imagens de pacientes atribuídas a resultados. Nesse contexto, torna-se preocupante a atuação dos nutricionistas como influenciadores digitais, pois seu poder de persuasão torna-se ainda maior pelo fato de serem profissionais da saúde, reforçando padrões de beleza e induzindo consumo de determinados produtos e preferências. Ao usar as mídias sociais, os profissionais de nutrição devem se lembrar de que são regidos pelo mesmo Código de Ética e de Conduta que guia todos os outros aspectos da prática. O conhecimento e aplicação do regramento, especialmente nas redes sociais, desenvolve práticas mais coerentes e éticas na atuação profissional. Os conselhos de classe que fiscalizam as diferentes profissões de saúde devem estar atentos para as condutas realizadas por seus inscritos, especialmente nas redes sociais, promovendo atividades de orientação e fiscalização.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores
Profa. Dra. Rosana Henn – Nutricionista. Mestre em Ciência dos Alimentos. Docente e Pesquisadora do Curso de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Dra. Mariana Garcia – Nutricionista pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. . NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Adequacy of Nutritionists Using the Instagram® Social Network with the Nutritionist’s Code of Ethics and Conduct
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Ética profissional. Códigos de ética. Rede social. Nutricionistas. KEYWORDS: Ethics. Professional. Codes of Ethics. Social Networking. Nutritionists.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 18/9/21 – APROVADA: 8/10/21
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS
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NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Breast Cancer and Lymphedema: Role of Omega 3
Câncer de Mama e Linfedema: Papel do Ômega 3
RESUMO: O câncer é uma doença multifatorial, que envolve várias doenças distintas, dentre as quais se destaca o câncer de mama, por ser o que mais acomete as mulheres mundialmente. São fatores relacionados à maior incidência desse tipo de câncer: envelhecimento, má alimentação, excesso de peso, dentre outros. O linfedema é uma das complicações mais comuns do tratamento do câncer de mama pela mastectomia. Essa revisão bibliográfica narrativa visou verificar a indicação do uso de ácidos graxos ômega 3 na prevenção e assistência de pacientes com câncer de mama e linfedema. O estudo se baseou em 41 artigos (15 nacionais e 26 internacionais), divulgados no período de 2015 a 2020 nos bancos de dados Pubmed, Cochrane e Lilacs. Os resultados encontrados apontaram a alimentação saudável com ingestão adequada de ômega 3 pode favorecer a prevenção e o tratamento do câncer de mama. Contudo, ainda não há evidência científica sobre o uso para auxiliar no controle do linfedema. ABSTRACT: Cancer is a multifactorial disease, which involves several distinct diseases, among which breast cancer stands out, as it is the one that most affects women worldwide. Factors related to the higher incidence of this type of cancer are aging, poor diet, overweight, among others. Lymphedema is one of the most common complications of breast cancer treatment by mastectomy. This narrative lit-
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erature review aimed to verify the indication of the use of omega 3 fatty acids in the prevention and care of patients with breast cancer and lymphedema. The study was based on 41 articles (15 national and 26 international), published from 2015 to 2020 in the Pubmed, Cochrane and Lilacs databases. The results found pointed out healthy eating with adequate omega 3 intake may favor the prevention and treatment of breast cancer. However, there is still no scientific evidence on the use to assist in lymphedema control.
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Introdução
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De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2021), câncer é um nome genérico que envolve cerca de 100 doenças distintas, que possuem em comum o célere crescimento celular, com consequente desenvolvimento de tumores que podem se espalhar por outras regiões do corpo, rapidamente ou lentamente, dependendo de suas características individuais, podendo invadir tecidos e órgãos. Ele pode surgir em qualquer região do corpo (INCA, 2021). A Agência Internacional de Pesquisas sobre Câncer (IARC, 2021) apontou a ocorrência de 18,1 NUTRIÇÃO EM PAUTA
Câncer de Mama e Linfedema: Papel do Ômega 3
milhões de novos casos e 9,6 milhões de mortes causadas pelo câncer. Estimativas dizem que um a cada cinco homens e uma mulher a cada seis no mundo todo desenvolvem a doença (BRAY et al., 2018). No Brasil, em 2018 a incidência de câncer foi de 300.140 novos casos no sexo masculino e 282.450 no feminino (INCA, 2021). O câncer é a segunda principal causa de morte no mundo, sendo somente menos representativo do que as doenças cardiovasculares. Seu quadro epidemiológico, em 2010, onerou os custos em saúde pública em cerca de 1,16 trilhões dólares (OPAS/OMS, 2021; INCA, 2021). Os tipos de câncer de mama são: Carcinoma ductal in situ ou conhecido também como carcinoma intraductal; carcinoma invasivo (antigo carcinoma ductal invasivo) e carcinoma lobular invasivo, triplo negativo e o câncer de mama inflamatório, doença de Paget da mama, angiossarcoma e tumor de Phyllodes (INCA, 2021). São considerados como fatores de risco de desenvolvimento do câncer de mama: gênero, idade, histórico pessoal, fatores genéticos e hereditários, período que se inicia a menstruação, número de gestações, idade da menopausa (ALI, 2019) e terapias de reposição estrogênica a longo prazo (RODRIGUES; LATINI; CELLA, 2018). Atualmente, a realização do rastreamento mamográfico é a forma mais eficiente utilizada para a detecção prévia do câncer de mama. A mamografia é considerada padrão ouro para o rastreamento no Brasil, sendo recomendada sua realização regularmente para mulheres de 50 a 69 anos a cada 2 anos (AZEVEDO; RAMOS; GONÇALVES, 2019). O diagnóstico precoce do câncer de mama, conhecido por Down-Staging, é essencial para a redução do primeiro estágio de apresentação da doença. Contudo, todos os profissionais e pacientes devem estar informados sobre o assunto, não podendo faltar facilitação do serviço de saúde (INCA, 2021). Já o atraso entre o diagnóstico e tratamento pode comprometer as chances de cura e de tempo de sobrevida (PAIVA; CESSE, 2015). É preciso, garantir-se acesso a um serviço de saúde com equidade e integralidade e em momentos propícios (ARRUDA, 2020) e ações educativas e positivas feitas pelo governo brasileiro (ENDRIGO; TRALDI, 2017). Dentre os tratamentos para o câncer de mama destacam-se as mastectomias podendo ser realizada em ambos os sexos fazendo-se a retirada parcial ou total da mama (SILVA; ANJOS, 2017; VASCONCELLOS; SORMUNEN; CRAFTMAN, 2018). Atualmente, se realiza a cirurgia conservadora, que consiste em retirar somente parte do tecido sadio ao redor NOVEMBRO 2021
clínica
do tumor como margem de segurança. A escolha dessa técnica visa minimizar os efeitos da cirurgia na autoestima (especialmente das mulheres) e ter menor impacto negativo na vida dos indivíduos (INCA, 2021; SANTOS; SILVEIRA; NEVES, 2017). O linfedema, é uma manifestação clínica, que quando relacionado ao câncer é considerado uma doença crônica, consiste em um desequilíbrio entre a demanda linfática e a capacidade do sistema de drenar a linfa, caracterizando-se pelo acúmulo de líquido nos membros inferiores e superiores, desenvolvendo-se após alguns dias ou semanas da mastectomia (GUGELMIN; REGINA, 2018). As causas são: edema indolor, sensação de braços ou pernas pesadas, marcas na pele quando pressionadas, hiperqueratose, pele similar a casca de laranja, desenvolvimento de pequenas bolhas (SILVA; ANJOS, 2017); além de falta de mobilidade do membro, dificultando atividades rotineiras, também afetando a autoestima e gerando problemas psicológicos (GOZZO; AGUADO; TOMADON, 2019). Esse estudo visa identificar o papel do ômega 3 na prevenção e assistência de indivíduos com câncer de mama, bem como no linfedema. Sua relevância se embasa na alta prevalência e mortalidade do câncer de mama no mundo e na incidência do linfedema, afetando especialmente a população feminina e gerando vários impactos negativos tanto pessoais quanto na política econômica e de saúde.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . Mé to d o s . . . . . . . . . . . . . . . . .......
Essa revisão bibliográfica narrativa foi realizada por meio da busca de materiais, divulgados no período de 2015 a 2020, nos idiomas português, espanhol e inglês, nos seguintes bancos de dados: Pubmed, Cochrane e Lilacs. Para tanto, empregou-se a técnica booleana, com os conectores “and e or” e os seguintes descritores de saúde: Câncer de mama, Ômega 3, mastectomy, lymphedema. Excluíram-se artigos que: abordassem crianças e idosos com câncer de mama, discorriam sobre outros tipos de câncer, bem como os realizados com ensaios biológicos. A busca inicial resultou em 80 artigos (30 nacionais e 50 internacionais). Após a leitura de seus resumos, foram excluídos 29, por não atenderem aos objetivos do estudo. Assim, a amostra final correspondeu a 41 artigos (15 nacionais e 26 internacionais), os quais foram lidos na NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Breast Cancer and Lymphedema: Role of Omega 3
íntegra para confecção de seus respectivos fichamentos e registro em uma planilha construída no Excel, contemplando as informações: Autor/ ano/local de publicação; tipo de pesquisa; objetivos; análise estatística; resultados e conclusão. (APÊNDICE A)
Os peixes marinhos e de água fria contêm maiores quantidades de Ômega 3 do que os cultivados, por terem uma dieta baseada em Fitoplâncton e zooplâncton que são ricos em Ômega 3 (ANDERSON; MILNE; SANDLER, 2016). Além dos peixes, carnes também fornecem EPA, DHA, DPA e ARA. (VANNICE; RASMUSSEN, 2014). O quadro 1 apresenta as recomendações quantitativas e qualitativas para o consumo de ácidos graxos ômega 3, segundo algumas referências e o quadro 2 mostra fontes alimentares e suas quantidades de EPA, DHA e ALA.
ômega 3
O ômega 3 é obtido a partir da biossíntese dos ácidos graxos EPA (eicosapentaenoico) e DHA (docosahexaenóico), sendo considerado um aliado na busca por um organismo saudável, pois auxilia em diversas de suas funções (INNES; CALDER, 2018). Os ácidos graxos ômega 3 (ácido alfa-linolênico, ácido eicosapentaenoico e o ácido docosa-hexaenoico) são ácidos carboxílicos polinsaturados, em que a dupla ligação está no terceiro carbono a partir da extremidade oposta à carboxila. Muitos deles são chamados de “essenciais” porque não podem ser sintetizados pelo corpo e devem ser consumidos sob a forma de gorduras (HUERTA; TIRADO; HANKINSON, 2016; FERRAZ, CARNEIRO, 2017; ANDERSON; MILNE; SANDLER, 2016; VANNICE; RASMUSSEN, 2014). Sabe-se que a inflamação aguda descontrolada e ativada impropriamente devido ao acúmulo de estímulos inflamatórios fornece um ambiente ideal para a formação de tumores e a incessante inflamação está associada ao risco de câncer e metástase (INNES; CALDER, 2018; ANDERSON; MILNE; SANDLER, 2016; VANNICE; RASMUSSEN, 2014). Há evidências de que o DHA reduz o crescimento tumoral quando combinado a quimioterapia, por participar da modulação da função imunológica sistêmica, favorecendo a resposta ao tratamento. Segundo alguns estudos, o DHA na membrana tumoral favorece a redução do aumento de células cancerígenas da mama, respondendo também à diminuição do desenvolvimento do tumor em pesquisas com animais. Estudos clínicos apontam que a suplementação de n-3 LCPUFA em doses 0,6 a-8,6g/dia agregam maior suporte à medicação antineoplásica, mas em especial nos cânceres de: pulmão, pâncreas e colorretal (CAMPOS; RABELO, 2019). Outros também relatam os benefícios do EPA na prevenção de câncer. Assim, indica-se que se contemple esses ácidos graxos na alimentação (ANDERSON; MILNE; SANDLER, 2016)
Estudo realizado por Dydjow (2020), no período entre janeiro de 2015 a junho de 2017, avaliou 201 mulheres com média de idade de 58 anos diagnosticadas com câncer de mama incidente, primário e histologicamente confirmado, hospitalizadas na Clínica de Cirurgia Oncológica da Universidade Médica de Gdansk, por meio da aplicação por entrevista direta, de um questionário padronizado contemplando as seguintes variáveis: sociodemográficas, clínicas, estilo de vida e dietéticas. O estudo visou investigar as associações da gordura dietética, ácidos graxos dietéticos, ingestão de peixe e câncer de mama em mulheres. Observou-se: melhor resposta à quimioterapia em pacientes com câncer de mama com altos níveis de w-3 no tecido adiposo; que ingestão de pufa maior de 10% da quantidade diária total de energia se relacionou com um risco menor de 60% para câncer de mama. Constatou-se também que mulheres que moram em áreas rurais apresentaram menor risco de desenvolvimento de câncer de mama e que não houveram diferenças em relação ao consumo de álcool, tabagismo, prática de atividade física e menopausa, bem como com o consumo de gorduras totais da dieta, colesterol, proteínas, fibras e vitaminas da dieta. Em contrapartida, o alto consumo de vitamina B12 foi associado com um alto risco de formação do câncer de mama e o baixo consumo de ômega -3 e ômega-6, juntamente com o excesso de peso (IMC ≥30 Kg/m2), se relacionam com um aumento de 3,37 vezes no risco para o câncer de mama. Concluiu-se que há relação significante entre câncer de mama e consumo de PUFA, ômega 3 e 6 na dieta, bem como com o excesso de peso. Outro estudo, realizado no ano de 2013, incluiu 26 publicações com 20.905 casos de câncer de mama e teve como objetivo investigar a associação entre o consumo de peixes e ácidos graxos poli-insaturados w-3 (n-3 PUFA), risco de câncer de mama e avaliação da potencial dose-resposta (ZHENG; HU; ZHAO, 2013). Os resultados apontaram
. . . ....... R esu lt a do e Ds c uss ã o . . . .. . . . . . . .
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O ômega 3 e o câncer de mama
NUTRIÇÃO EM PAUTA
Câncer de Mama e Linfedema: Papel do Ômega 3
clínica
Quadro 1-Recomendações para consumo de W-3 segundo várias referências REFERÊNCIA
Gordura
Dietary Guidelines for 20-35 % Americans (2010)
PUFA (n-3) Usar óleos para substituir as gorduras sólidas onde possível.Aumentar a quantidade e variedade de frutos do mar, os escolhendo no lugar de carne e aves AI para ALA é 1,1-1,6 g /dia ou 0,6% -1,2%, do consumo; até 10% pode ser EPA+ DHA 0,6% -1,2% do consumo como ALA; 500 mg de EPA + DHA /dia
US Dietary Reference intake (2002) Academy of Nutrition and Dietetics (2007) American Heart Association (2013) WHO/FAO (2010)
20-35 %
EFSA (2012)
25-35 %
Comer peixe (peixe particularmente gordo: salmões, arenques, bacalhaus, anchovas), pelo menos 2x / semana 0,5% -2% de consumo; mínimo de 0,5% a partir de ALA; 250 mg de EPA AI para ALA é de 0,5% do consumo;250 mg de EPA + DHA / dia
ISSFAL (2004)
25-35 %
ALA 0,7% do consumo; mínimo 500 mg de EPA + DHA / dia
20-35 % 25-35 % 25-35 %
*Percentuais baseados no consumo total de energia que atende às necessidades individuais. ABREVIAÇÕES: PUFA - ácido graxo polinsaturado. EPA - ácido eicosapentaenoico DHA – ácido docosapentaenoico. AI - ingestão adequada ALA - ácido linolênico WHO/FAO - Organização Mundial da Saúde / Organização de Alimentação e Agricultura. EFSA - Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos. ISSFAL - Sociedade Internacional para o Estudo dos ácidos gordos e lipídios
que o PUFA n-3 esteve associado a 14% da redução de risco de câncer de mama, mas não se encontrou nos estudos avaliados associação entre o câncer de mama e a ingestão diária de 15g/ dia de peixe marinho (DYDJOW-BENDEK; ZAGOŹDŹON, 2020). Em ensaio clínico randomizado feito por Mantovani (2010), acompanhou 332 pacientes com câncer e perda de> 5% do peso corporal, por 4 meses, sendo suplementadas com 2,2g/dia de EPA via oral. Os resultados apontaram melhora da caquexia e diminuição da toxicidade dos tratamentos em conjunto com medicamentos. Percebe-se pelos estudos avaliados que, dentre os nutrientes da dieta, os ácidos graxos ômega-3 têm merecido atenção especial, por desempenharem importantes funções na estrutura das membranas celulares e nos processos metabólicos e inflamatórios. Há evidências de que a melhoria dos padrões alimentares pode impedir um terço da morbimortalidade do câncer de mama (MANTOVANI; MACCIÒ; MADEDDU, 2010; NOVEMBRO 2021
SANTOS; GAGLIARDI; XAVIER, 2013; CASTELLI; MACHADO; BASSO, 2015). Cabe considerar que mesmo ingerindo fontes alimentares de PUFA n-3 pode-se não atingir as quantidades diárias necessárias, apesar disso, ainda não existem evidências científicas que comprovem a necessidade de sua suplementação medicamentosa e sua real ação frente ao câncer de mama (SANTOS; GAGLIARDI; XAVIER, 2013; CASTELLI; MACHADO; BASSO, 2015)
Linfedema e ômega 3
Podemos modificar alguns fatores para a prevenção e controle do linfedema como: estresse oxidativo, hidratação, higiene, segurança alimentar inadequação ponderal, hipercolesterolemia e dieta pobre em fibras. E alguns não modificáveis são: cirurgias e procedimentos para o tratamento da doença (quimioterapia/radioterapia). Dessa forma, a nutrição é um aparato essencial para o êxito na prevenção da doença e sucesso de seu tratamenNUTRIÇÃO EM PAUTA
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Breast Cancer and Lymphedema: Role of Omega 3
QUADRO 2. Quantidades de EPA, DHA e ALA por 100 gramas de alimento fonte EPA (mg)
DHA (mg)
ALA (mg)
1210
1220
400
440
1160
840
840
260
170
Salmão sem pele 720 grelhado Sardinha enlatada em 440 óleo Salmão sem pele cru 430
750
330
460
990
460
30
Atum enlatado em óleo Bacalhau cru
30
190
290
20
60
80
Lambari frito
30
230
780
Merluza filé frito
190
600
360
Linhaça
0
0
19810
Noz crua
0
0
8820
Óleo de canola
0
0
6780
Óleo de soja
0
0
5720
Pão de aveia de forma 0
0
590
Alimento (100g) Salmão com pele grelhado Manjuba empanada frita Curimbatá assado
Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA). Universidade de São Paulo (USP)
to (SILVA; ANJOS, 2017). Segundo Silva (2017) a nutrição exerce um papel de prevenção e controle no linfedema, sendo o excesso de peso considerado o principal fator associado ao desenvolvimento da doença em pacientes com câncer de mama. (SILVA; ANJOS, 2017). Segundo as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), para o alcance de uma alimentação saudável e diminuição de DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis) deve-se manter o equilíbrio energético e peso saudável, ingerindo alimentos com baixo teor de gorduras, limitando o consumo de industrializados e incluindo na alimentação diária: frutas, verduras, legumes, grãos inteiros e oleaginosas (MALTA; GOSCH; BUSS, 2014). A alimentação mediterrânea é considerada, por al-
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NOVEMBRO 2021
guns estudiosos, medida de intervenção e prevenção do linfedema (BRANDT; SCHULPEN, 2017) Estudo de Oliveira (2008), realizado na universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, São Paulo, na Clínica de fisioterapia, avaliou 10 mulheres com linfedema de membro superior pós mastectomia, com média de idade se 65,9 anos e Índice de massa muscular (IMC) de 26,8 kg/m2. As participantes foram divididas em dois grupos: controle e grupo TCM. O grupo controle recebeu tratamento fisioterapêutico três vezes na semana, associado ao consumo de óleo vegetal de milho, contendo em sua maioria TCL e traços de TCM, durante um período de quatro semanas. Já as do grupo TCM, além do protocolo fisioterapêutico realizaram a ingestão de óleo de TCM (Trigliceril CM) 40 ml (oito colheres de sobremesa cheias) por dia, durante o mesmo período. Foram utilizados recordatórios alimentares, medidas antropométricas, bioimpedância e dados coletados no início, no final da pesquisa observou-se que no grupo TCM houve uma redução significativa do volume do linfedema do membro superior quando confrontado com o grupo controle. Concluiu-se, assim, que o tratamento com fisioterapia somado a um acompanhamento nutricional adequado, incluindo a ingestão de TCM, auxilia na regressão do linfedema em mulheres com câncer de mama e submetidas a mastectomia. Estudo observacional descritivo e transversal realizado entre julho de 2013 e agosto de 2014, no ambulatório de fisioterapia do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) visou analisar a prevalência de linfedema em 100 mulheres mastectomizadas. Os resultados mostraram que mulheres com sobrepeso ou obesidade têm seis vezes mais chances de desenvolver a doença (PAIVA; DUTRA, 2016). A relação entre obesidade e o risco para o linfedema também foi observado no estudo de Fu (2015) realizado na faculdade de enfermagem da universidade de Nova York. A pesquisa avaliou e acompanhou 140 mulheres pós mastectomia, por 12 meses. O estudo observou que mais de 60% das participantes eram obesas ou apresentavam sobrepeso (32,4%). Somente 2 participantes estavam com baixo peso e 35% estavam como peso normal. Concluiu-se, então, que um IMC maior que 30 kg/m2 é um fator de risco para o desenvolvimento do linfedema (FU; AXELROD; GUTH, 2015).
NUTRIÇÃO EM PAUTA
Câncer de Mama e Linfedema: Papel do Ômega 3
clínica
. . . ....... C ons idera çõ es Finais . . . . . . . . . . . .
A alimentação é considerada o segundo fator de influência no surgimento de qualquer tipo de câncer e, ao mesmo tempo, sua adequação pode ser uma ótima ferramenta para a prevenção e controle da doença e de suas complicações e eventos adversos dos seus tratamentos. Dessa forma, a medicina complementar e o acompanhamento nutricional, com adoção de alimentação saudável, incluindo o uso de antioxidantes em quantidades apropriadas, auxilia na prevenção e controle do câncer de mama e do linfedema.
Mais estudos precisam ser desenvolvidos para se entender os mecanismos de ação do w-3 e se conhecer a quantidade e forma adequada para sua administração. Além disso, ainda não foi comprovado se somente a inclusão do uso de ômega 3 na dieta e em qual quantidade, junto às técnicas fisioterapêuticas é suficiente para se obter o resultado no controle do linfedema ou se ainda se deve associá-lo a outros nutrientes. O cuidado e acompanhamento nutricional, portanto, devem ser individualizados e focados na prevenção de complicações, saúde nutricional e qualidade de vida dessa população.
Anexo A Autor/ Desenho Objetivos ano metodológico Anderson Estudo transversal C, Milne de caso-controle GL, Sandler DP, Nichols HB. 2016. Gozzo TO et al. 2019.
Investigar se a atividade 912 mulheres física e a ingestão de frutas / do ano 2003 a vegetais, nutrientes antioxi- 2009 dantes, subgrupos de gordura na dieta e álcool estão associados às concentrações de F 2 -isoprostano e do principal metabólito F 2 -isoprostano
Estudo descritivo, Identificar o perfil de mulheretrospectivo e res com linfedema após traquantitativo tamento do câncer de mama com dados de prontuários de mulheres com linfedema
Anderson Estudo transversal C, Milne de caso-controle GL, Sandler DP, Nichols HB. 2016.
NOVEMBRO 2021
População/ Intervenção Duração
Foram incluídas 235 mulheres com média de idade de 56,8 anos havendo associação entre linfedema e idade (p =0,016). Iniciaram atendimento entre 2010 e 2015 em um núcleo de reabilitação.
Investigar se a atividade 912 mulheres física e a ingestão de frutas / do ano 2003 a vegetais, nutrientes antioxi- 2009 dantes, subgrupos de gordura na dieta e álcool estão associados às concentrações de F 2 -isoprostano e do principal metabólito F 2 -isoprostano
Resultados e conclusões
Realizado um questionário de medidas que referiu a ingestão médica diária nos 12 meses anteriores de nutrientes e atividade física.
Nossos resultados sugerem que menor ingestão de nutrientes antioxidantes e maior ingestão de gorduras trans podem estar associadas a maior estresse oxidativo entre mulheres na pré-menopausa.
Para coleta de dados foi utilizado instrumento para a caracterização das participantes e análise por meio de estatística descritiva e teste de Qui-Quadrado e Fisher.
Observou-se que 76,6% da amostra apresentou alguma comorbidade associada ao câncer de mama com destaque para hipertensão (48,1%). Foram submetidas a cirurgia radical (60%), linfadenectomia axilar (77,9%), biopsia do linfonodo sentinela (16,6%) e radioterapia (74%). Os tratamentos para cuidados com o linfedema foram terapia descongestiva e tratamentos complementares com adesão de 95,7% das mulheres às terapias
Realizado um questionário de medidas que referiu a ingestão médica diária nos 12 meses anteriores de nutrientes e atividade física.
Nossos resultados sugerem que menor ingestão de nutrientes antioxidantes e maior ingestão de gorduras trans podem estar associadas a maior estresse oxidativo entre mulheres na pré-menopausa.
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Breast Cancer and Lymphedema: Role of Omega 3
Anexo A Autor/ Desenho Objetivos ano metodológico
População/ Intervenção Duração
Gozzo TO et al. 2019.
Estudo descritivo, Identificar o perfil de mulheretrospectivo e res com linfedema após traquantitativo tamento do câncer de mama com dados de prontuários de mulheres com linfedema
Foram incluídas 235 mulheres com média de idade de 56,8 anos havendo associação entre linfedema e idade (p =0,016). Iniciaram atendimento entre 2010 e 2015 em um núcleo de reabilitação.
Zheng JS, Hu XJ, Zhao YM, Yang J, Li D. 2013.
Meta-análise e revisão sistemática de estudos de coorte prospectivo.
MANTO- Ensaio clínico VANI, G. randomizado et 2010.
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Investigar a associação entre a ingestão de peixes e ácidos graxos poliinsaturados n-3 (n-3 PUFA) e o risco de câncer de mama e avaliar a relação potencial dose-resposta.
o objetivo de estabelecer o tratamento mais eficaz e seguro capaz de melhorar as variáveis “chave” identificadas (desfechos primários) de CACS - um aumento em LBM, uma diminuição de REE, uma melhora na fadiga - e alguns desfechos secundários relevantes, como uma melhora no apetite, uma melhora na QV (conforme medido pelo EORTC QLQ ‐ C30 e EuroQoL [EQ] ‐5D), um aumento na força de preensão, uma diminuição no prognóstico de Glasgow Score (GPS), e uma diminuição nas citocinas pró-inflamatórias.
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Trezentos e trinta e dois pacientes/4 meses (abril de 2005 e dezembro de 2008)
Resultados e conclusões
Para coleta de dados foi utilizado instrumento para a caracterização das participantes e análise por meio de estatística descritiva e teste de Qui-Quadrado e Fisher.
Observou-se que 76,6% da amostra apresentou alguma comorbidade associada ao câncer de mama com destaque para hipertensão (48,1%). Foram submetidas a cirurgia radical (60%), linfadenectomia axilar (77,9%), biopsia do linfonodo sentinela (16,6%) e radioterapia (74%). Os tratamentos para cuidados com o linfedema foram terapia descongestiva e tratamentos complementares com adesão de 95,7% das mulheres às terapias
Estudos de coorte prospectivos com risco relativo e intervalos de confiança de 95% para câncer de mama de acordo com a ingestão de peixe, ingestão de PUFA n-3 ou biomarcadores de tecido.
O maior consumo de PUFA n-3 marinho na dieta está associado a um menor risco de câncer de mama. As associações de ingestão de peixe e ácido alfa-linolênico com risco garantem uma investigação mais aprofundada de estudos de coorte prospectivos. Essas descobertas podem ter implicações para a saúde pública no que diz respeito à prevenção do câncer de mama por meio de intervenções dietéticas e de estilo de vida.
Suplemento nutricional A toxicidade foi insignificante e enriquecido com ácido foi comparável entre os braços. eicosapentaenóico oral (EPA) (2,2 g / dia), em dosagens prescritas de duas caixas / dia para ambos ProSure (Abbott Laboratories, North Chicago, IL) e Suporte Resource® (Novartis Medical Nutrition, Saronno, Itália) ou 3 caixas / dia para Forticare® (Nutricia, Lainate, Itália); braço 3, L-carnitina (Carnitene®; Sigma Tau, Roma, Itália) (4 g / dia)
NUTRIÇÃO EM PAUTA
Câncer de Mama e Linfedema: Papel do Ômega 3
clínica Anexo A
Desenho Autor/ metodo- Objetivos ano lógico Castelli TM et al. 2015.
Descritivo transversal
Analisar o perfil nutricional de mulheres com câncer de mama submetidas à radioterapia.
População/ Intervenção Duração 70 pacientes, a idade média encontrada foi de 56,9 ±13,1 anos.
Oliveira J, Estudo cego Verificar a influ- Participaram César T. e randomi- ência da utiliza- deste estudo 2008. zado ção da fisiotedez mulheres rapia complexa mastectomizadescongestiva das com linfeassociada à dema de MS dietoterapia com homolateral à triglicerídeos de cirurgia, com cadeia idade média média (TCM) de 65,9 ± 10,4 como forma de anos intervenção no linfedema de membro superior (MS)
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Resultados e conclusões
Avaliar o estado nutricional verificou-se a idade, índice de massa corporal, dobra cutânea tricipital e alteração de peso. O perfil dietético foi analisado pelo recordatório de 24 horas.
64,3% apresentaram excesso de peso, já em relação à dobra cutânea tricipital 44,2% e 25,7% apresentaram risco nutricional e desnutrição, respectivamente. Considerando a alteração de peso pós-diagnóstico, 55,7% ganharam peso, 30% perderam peso, e 14,3% não apresentaram alteração. Em relação à alteração do apetite, 80% demonstraram apetite preservado. Quanto ao consumo alimentar, a média de calorias ingeridas foi de 1339,7 ±303,9 kcal e de proteína 51,3 ±17,4 g, atingindo um percentual de adequação de 80,2 ± 20,5% de calorias e 71 ± 25,1% de gramas de proteínas. A grande parte das pacientes apresentou risco nutricional pela dobra cutânea tricipital, isto se justifica pelas necessidades energéticas e proteicas diárias recomendadas não terem sido atingidas. Ressalta-se a importância da interpretação adequada da avaliação nutricional dessas pacientes, a fim de melhorar a qualidade de vida e a efetividade do tratamento.
Para a avaliação do linfedema, foram utilizadas cirtometria, volumetria, pregas cutâneas e quantidade de água corporal total. A Escala Visual Análoga (EVA) foi utilizada para avaliar as sensações de desconforto, peso e dor no MS. Após avaliação nutricional, foram divididas aleatoriamente em dois grupos: Grupo Controle (n= 5), submetido ao tratamento fisioterapêutico constando da terapia complexa descongestiva (massagem clássica, drenagem linfática manual, bandagem compressiva e cuidados com a pele) três vezes na semana, durante quatro semanas; Grupo TCM (n= 5), submetido ao mesmo protocolo fisioterapêutico somado ao tratamento dietético diário com ingestão de TCM, por quatro semanas.
Ao final da intervenção, a análise da cirtometria e da volumetria mostraram diferenças significativas entre os grupos (p≤ 0,05), com maior redução do linfedema no Grupo TCM. Não houve diferença significativa nos valores das pregas cutâneas e da quantidade de água corporal total. A sensação de peso no membro superior, antes e após a intervenção, foi significativamente menor (p≤ 0,05) no Grupo TCM. Conclusões: O tratamento fisioterapêutico somado à dietoterapia com ingestão de TCM em mulheres portadoras de linfedema de MS pós-cirurgia e tratamento de câncer de mama foi efetivo na involução desta condição.
NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Breast Cancer and Lymphedema: Role of Omega 3
Anexo A Desenho Autor/ metodo- Objetivos ano lógico Paiva CB de, Dutra CM da S. 2016.
Estudo descritivo, observacional, transversal
Estudo Fu MR, Axelrod prospectivo e longitudinal D, Guth AA, Fletcher J, Qiu JM, Scagliola J, et al. 2015.
População/ Intervenção Duração
O objetivo deste estudo foi verificar a incidência de linfedema em mulheres mastectomizadas com sobrepeso e obesidade.
100 mulheres mastectomizadas e em tratamento fisioterapêutico, realizado no período de julho de 2013 a agosto de 2014.
Foi realizado avaliação antropométrica e elaborado um formulário de avaliação para a seleção dos pacientes. A avaliação do linfedema foi realizada por meio da perimetria das taxas de morbidade dos membros superiores.
O risco de linfedema em mulheres com sobrepeso e obesidade foi quatro vezes maior (Odds Ratio, OR = 3,887). Quanto maior o índice de massa corporal, maior a probabilidade de linfedema, com aumento do risco relativo de 40% para obesidade II.
Investigar os padrões de obesidade e nível de fluido linfático em pacientes no primeiro ano de tratamento do câncer.
Participamos prospectivamente de 140 mulheres e acompanhamos as participantes por 12 meses após a cirurgia
Foram utilizadas estratégias que auxiliassem na manutenção do peso pós-operatório e equilíbrio nutricional. Dispositivos de bioimpedância elétrica foram usados para medir peso, IMC e porcentagem de gordura corporal, bem como o nível de fluido linfático. Instruções gerais foram dadas aos participantes sobre a manutenção do peso pré-operatório.
Entre os 140 participantes, 136 completaram o estudo com atrito de 2,9%. Mais de 60% dos participantes eram obesos (30,8%) ou com sobrepeso (32,4%), enquanto apenas dois participantes apresentavam baixo peso e cerca de 35% tinham peso normal. Este padrão de obesidade e sobrepeso foi consistente em 4–8 semanas e 12 meses após a cirurgia. Aos 12 meses pós-cirurgia, a maioria das mulheres (72,1%) manteve o peso pré-operatório e 15,4% tiveram perda de peso> 5%; 12,5% das mulheres aumentam> 5% de seu peso. Significativamente mais pacientes no grupo de obesidade tiveram linfedema definido pela razão L-Dex> 7,1 do que aqueles no grupo normal / abaixo do peso e com sobrepeso no pré-cirurgia e 4-8 semanas após a cirurgia. Houve uma tendência de mais pacientes no grupo de obesidade apresentarem relação L-Dex> 7,1 em 12 meses após a cirurgia.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores
Dra. Karoline Teles de Menezes - Técnica em Nutrição pela Retec. Graduada em Nutrição Universidade nove de julho. Especializada em Nutrição Clínica pela Universidade São Camilo. Especialista em Materno Infantil pelo Hospital das clínicas da FMUSP. Nutricionista clínica e gestora de saúde. Dra. Layara Santos Pereira - Graduada em Nutrição Universidade nove de julho. Especializada em Nutrição Clínica pela Universidade São Camilo. Nutricionista da Ultrafarma.
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Resultados e conclusões
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Profa. Dra. Vera Silvia Frangella - Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo- São Paulo. Mestre em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Especialista em: Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia; Nutrição Clínica pela ASBRAN; Administração em Serviços de Saúde pela Faculdade de Saúde Pública da USP e em Terapia Nutricional Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. Docente da disciplina supervisão de estágios na área de Nutrição Clínica do curso de graduação em Nutrição do Centro Universitário São Camilo. Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Nutrição Clínica do Centro Universitário São Camilo. NUTRIÇÃO EM PAUTA
Câncer de Mama e Linfedema: Papel do Ômega 3
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS CHAVES: Câncer de mama. Ômega 3. Mastectomia. Linfedema. KEYWORDS: Breast cancer. Ômega 3. Mastectomy. Lymphedema.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 24/6/21 – APROVADO: 15/9/21
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS
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Breast Cancer and Lymphedema: Role of Omega 3
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NUTRIÇÃO EM PAUTA
Food Consumption and Self-Blame among University Students at Private Institution in Duque de Caxias-Rio de Janeiro
esporte
O Consumo Alimentar e a Auto Culpabilização entre Universitários de uma Instituição Privada em Duque de Caxias- Rio de Janeiro RESUMO: Com a imposição de um padrão corporal pela sociedade, atrelado a distorção de imagem, um indivíduo pode desenvolver transtornos alimentares que, consequentemente, afetarão a sua vida de diversas maneiras. Considerando a importância dessa temática tanto para a área da Nutrição quanto para a de Saúde Pública, o objetivo desta pesquisa foi analisar a concepção de auto culpabilização em relação ao consumo alimentar de universitários dos cursos de Administração, Biomedicina, Direito, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Fisioterapia, Nutrição, Logística, Medicina Veterinária, Pedagogia, Psicologia e RH de uma instituição privada em Duque de Caxias- Rio de Janeiro/Brasil. Antes da coleta de dados, o projeto foi devidamente aprovado pelo Comitê de ética e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para coleta dos dados foram realizadas perguntas objetivas, por meio de um questionário online, disponibilizado pela plataforma Google Forms, para 276 discentes, entre agosto e outubro de 2020 e os dados foram tabulados em uma planilha da Microsoft Excel 16.0. Os estudantes apresentavam idades entre 18 e 39 anos, independentemente do sexo. Quando questionados sobre sentir culpa ao comer algo que consideravam não saudável ou não planejado, 55,6% declararam que sim, sendo 117 do sexo feminino e 32 do sexo masculino. 61,1% declararam que evitam, NOVEMBRO 2021
propositalmente, comer alguns alimentos, como fonte de gorduras, carboidratos ou calóricos, sendo 130 do sexo feminino e 39 do sexo masculino. Após a análise dos dados, constatou-se que a maioria dos participantes do sexo feminino sentiam culpa ao ingerir determinados alimentos, apesar de alguns participantes do sexo masculino também relatarem esse sentimento. Embora o sentimento de culpa possa estar relacionado a diversos fatores, sendo um deles a influência da mídia com relação a um padrão de beleza, mais estudos nessa área são necessários. ABSTRACT: With the imposition of a body standard by society, linked to image distortion, an individual can develop eating disorders that, consequently, will affect their life in different ways. Considering the importance of this theme both for the field of Nutrition and for Public Health, the objective of this research was to analyze the concept of selfblame in relation to the food consumption of university students in the courses of Administration, Biomedicine, Law, Physical Education, Nursing, Civil Engineering, Production Engineering, Physiotherapy, Nutrition, Logistics, Veterinary Medicine, Pedagogy, Psychology and HR of a private institution in Duque de Caxias- Rio de Janeiro/Brazil. Before data collection, the project was duly approved by the Ethics Committee and the participants signed the Free and Informed Consent Term (TCLE). For data collection, objective NUTRIÇÃO EM PAUTA
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O Consumo Alimentar e a Auto Culpabilização entre Universitários de uma Instituição Privada em Duque de Caxias- Rio de Janeiro questions were asked through an online questionnaire, made available by the Google Forms platform, to 276 students, between August and October 2020, and the data were tabulated in a Microsoft Excel 16.0 spreadsheet. Students were aged between 18 and 39 years, regardless of gender. When asked about feeling guilty about eating something they considered unhealthy or unplanned, 55.6% said yes, 117 females and 32 males. 61.1% stated that they purposely avoid eating certain foods, such as a source of fat, carbohydrates or calories, 130 females and 39 males. After analyzing the data, it was found that most female participants felt guilty when eating certain foods, although some male participants also reported this feeling. Although the feeling of guilt can be related to several factors, one of them being the influence of the media in relation to a standard of beauty, further studies in this area are needed.
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Introdução
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O avanço tecnológico, atrelado a globalização, propiciou diversos benefícios, pois é possível a comunicação e a interação, em tempo real, entre pessoas geograficamente distantes. Entretanto, pode-se constatar que o atual uso massivo das redes sociais, principalmente entre os jovens, faz com que as pessoas busquem por determinados padrões estéticos para se sentirem aceitos na sociedade (COPETTI et al., 2018) o que pode ocasionar, por parte do indivíduo, um desejo, independente do sexo ou idade, por reproduzir os padrões estéticos observados nas fotos de suas redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter) que, não rara às vezes, foram manipuladas por programas, como o Photoshop, que distorcem a imagem real, criando um padrão de beleza inalcançável. Para muitas pessoas, a saúde está correlacionada somente ao se ter uma boa forma corporal, dentro de um corpo pequeno e que tenha o mínimo de gordura corporal possível, tornando-se um forte indicador de saúde e beleza. Porém, quando um indivíduo está obcecado por manter um corpo com as características mencionadas, pode desencadear transtornos alimentares (TA) tais como Anorexia Nervosa (AN), Bulimia Nervosa (BN) e Transtornos da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), além de uma possível distorção da autoimagem. (ABREU et al., 2004) Em um entendimento mais superficial dos distúrbios alimentares a AN é definida como uma rejeição de
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alimentos, onde o indivíduo inicia uma dieta, buscando uma alimentação saudável e carente de gorduras e carboidratos, ocasionando a diminuição das quantidades de refeição. (ABREU et al., 2004) Os sintomas físicos mais comuns são: perda de peso, medo descomedido de ganho de peso, utilização de técnicas para perda de peso e distorção de imagem. (SCHMIDT et al., 2008) O processo de BN inicia-se a partir de uma ingestão excessiva e acelerada de alimentos, seguido pela sensação de fracasso no controle da alimentação. (ABREU et al., 2004) Indivíduos que sofrem desse transtorno tendem a sentir vergonha de falar ou demonstrar alguma relação com a doença. A autoestima sofre oscilações e o indivíduo por fim acaba se penitenciando por ter comido além da quantidade ingerida. (FERREIRA al., 2018). O TCAP é definido pela presença de algumas práticas como: consumir quantidades maiores de alimentos, de modo que o indivíduo se sinta indisposto e bem mais cheio, mesmo sem estar com fome, alimentar-se muito mais rápido do que é constante e finalmente a sensação de culpa ou vergonha, o que faz com que o indivíduo se isole para realizar suas refeições. (NARDO JUNIOR et al., 2016) Os transtornos alimentares comumente são marcados por recaídas que podem levar ao agravamento dos casos. A insatisfação com o próprio corpo pode ser observada em ambos os sexos e em diversas faixas etárias. Entretanto, os resultados sempre apontam fortemente para os fatores sociais, justamente a respeito de uma específica forma física. Os padrões estéticos se tornam cada vez mais evidentes, conforme o avanço da faixa etária, tendo início na fase da adolescência. (VIANA et al., 2020) Fisiologicamente, o organismo produz a grelina, um hormônio que promove a sensação de fome no indivíduo, a qual é sintetizada pelo estômago. Quando ocorre a privação alimentar por diversos fatores, como o jejum, ou antes das refeições, sua concentração fica mais elevada. Do mesmo modo, sua concentração diminui sucessivamente a ingestão de alimentos, o qual configura um processo de mecanismos de controle neural. Os níveis de grelina são reduzidos quando se tem a presença de carboidratos e os níveis aumentam com a ingestão de proteínas e lipídios (BERNARDI et al., 2009). A fome passa a ser constatada no esvaziamento gástrico, movimento esse que constrói a elevação da vontade de comer. No momento em que o alimento é detectado no estômago, ocorre a diminuição da liberação de grelina e acontece à saciedade. O alimento que foi digerido através do estomago percorre até o intestino delgado, faNUTRIÇÃO EM PAUTA
Food Consumption and Self-Blame among University Students at Private Institution in Duque de Caxias-Rio de Janeiro
zendo com que ocorra a estimulação do hormônio GLP-1, que atua como uma trava, para que o cérebro possa interromper a fome naquele momento (DE FREITAS MELO et al., 2013). Quando se trata de um indivíduo compulsivo, os desejos se tornam muito mais frequentes, pois ocorre a falha da saciedade, de modo que o indivíduo consuma altas calorias, além do necessário (DE FREITAS MELO et al., 2013). Por outro lado, temos a leptina que é o hormônio que propicia a diminuição da quantidade de ingestão de alimentos. Mutações nesses hormônios, que se encontram em casos de obesidade podem interferir e desencadear comportamentos específicos atribuídos a ingestão alimentar, tanto na BN quanto na CA e nos TCAP (CARNIER, 2008). Ao analisar os transtornos alimentares, é relevante identificar o que está ocasionando o quadro, se tal situação é decorrente do desconhecimento sobre escolhas alimentares saudáveis, se são questões psicológicas, se estão relacionados com alguma questão fisiológica ou se o indivíduo apresenta todos os itens mencionados previamente. Estudos que tenham como priori observar a percepção que os indivíduos possuem sobre as suas escolhas alimentares e como o padrão estético imposto pela sociedade interfere em suas escolhas alimentares faz-se relevante e, por isso, este trabalho é justificado. O objetivo do trabalho foi analisar a concepção de auto culpabilização em relação ao consumo alimentar de universitários dos cursos de Administração, Biomedicina, Direito, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Fisioterapia, Nutrição, Logística, Medicina Veterinária, Pedagogia, Psicologia e RH de uma instituição privada em Duque de Caxias- Rio de Janeiro/Brasil.
. . . .......... Me to dol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Trata-se de um estudo exploratório, realizado com discentes de uma instituição privada localizada na região de Duque de Caxias, Rio de Janeiro - Brasil, devidamente matriculados, entre agosto e outubro de 2020. Para a coleta de dados, optou-se por questões objetivas cujo objetivo foi a identificação dos participantes quanto ao curso, idade e sexo, bem como a percepção que tinham sobre o consumo alimentar e o sentimento de culpa dos cursos de Administração, Biomedicina, Direito, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, NOVEMBRO 2021
esporte
Fisioterapia, Nutrição, Logística, Medicina Veterinária, Pedagogia, Psicologia e RH. A princípio, a obtenção das informações aconteceria pessoalmente, mas devido ao afastamento social, em decorrência da pandemia (COVID-19), foi enviado um questionário online criado na plataforma Google Forms para os potenciais participantes por e-mail e WhatsApp. Além dos meios diretos de comunicação previamente mencionados, foram utilizadas as redes sociais da instituição (Facebook e Instagram). Antes de iniciar efetivamente a pesquisa, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética e, somente após a sua aprovação, o projeto foi iniciado. Todos os alunos participantes tiveram que assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que pudessem ter acesso as perguntas e, dessa maneira, as suas respostas serem contabilizadas e, posteriormente, analisadas.
. . . . . . . . . R e su lt a d o s e D is c uss ã o . . ........ Ao total foram 276 participantes dos cursos de Administração, Biomedicina, Direito, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Fisioterapia, Nutrição, Logística, Medicina Veterinária, Pedagogia, Psicologia e RH com idades entre 18 e 39 anos dos sexos feminino e masculino. Entre as perguntas que foram trabalhadas, observou-se que a maioria das pessoas que participaram da pesquisa evitam certos tipos de alimentos, como: carboidratos, alimentos calóricos ou alimentos que são fontes de gordura e sentem-se culpadas pela sua alimentação. Do mesmo modo que se sentem culpadas por comer algo que as vezes possa fugir da sua rotina ou dieta. Quando questionados sobre “Você se sente culpado ao comer algo que considera não saudável ou não planejado?”, obtive-se o total de respostas em que 42,39% das mulheres afirmaram se sentirem culpadas e 11,59% dos homens afirmaram o mesmo. Já na pergunta “Você evita propositalmente, comer alguns alimentos, como fonte de gorduras, carboidratos ou calóricos?”, identificou o total de 47,10% de mulheres que afirmaram esquivar-se desses alimentos e 14,13% dos homens afirmaram o mesmo. Os resultados de ambas as perguntas que foram utilizadas para estudo deste artigo mostraram que a maior parte dos entrevistados que apresentaram um sentimento de culpa ao comer foi do sexo feminino. Com isso podeNUTRIÇÃO EM PAUTA
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O Consumo Alimentar e a Auto Culpabilização entre Universitários de uma Instituição Privada em Duque de Caxias- Rio de Janeiro -se atrelar a outros estudos que comprovam que mulheres são mais propensas a desenvolverem depressão e ansiedade devido a auto culpabilização em não se “encaixar” nos padrões sociais e serem muito mais cobradas em estarem sempre magras. (CORREIA et al., 2011) Ao analisar as duas perguntas apresentadas para o estudo deste artigo observou-se que quase 50% do público alvo para essa amostragem foram do sexo feminino, as quais se culpam por comer algum alimento considerado não saudável e evitar consumir alimentos que tenham fonte de calorias, gorduras e carboidratos, um dos fatos do sexo feminino estar em maior ênfase pode estar relacionado ao uso excessivo das redes sociais já que, segundo PEDROSA et al., 2015, o uso das redes sociais vem se intensificando cada vez mais e o conceito de saudável está sendo relacionado a padrões de rotinas e corpos de outras pessoas que na internet são consideradas muitas vezes como ideais fazendo com que essa cobrança do “corpo magro” seja muito maior para elas. Percebe-se ao analisar a pergunta “Você evita propositalmente, comer alguns alimentos, como fonte de gorduras, carboidratos ou calóricos?” o quanto isso está atrelado e pode gerar transtornos alimentares já que 47,10% responderam que evitam e com isso é valido con-
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siderar que muitas vezes essas pessoas podem encarar as escolhas alimentares como fuga para um padrão considerado “aceitável”, seja ele profissional, social ou familiar. Ainda sobre a análise acima faz-se relevante destacar que estudantes e profissionais de outras áreas também passam por essa cobrança. Ainda hoje existem empresas que no primeiro contato telefônico anterior à entrevista com o participante da vaga buscam saber seu peso, altura, cor de pele e pedem fotos para comprovação das informações. Isso tem sido bastante prejudicial para a população, além de desencadear diversos fatores e questionamentos sobre si mesmo, deixando de lado todo o tempo de dedicação e estudos e sendo avaliados por essa métrica. O corpo muitas vezes, principalmente para as mulheres, acaba sendo uma “prisão” onde sua única preocupação é um corpo sem marcas de estrias, celulites ou flacidez. O estudo desse artigo mostra que a insatisfação pelo próprio corpo e a forma como o hábito de escolha alimentar que evite o consumo de alimentos que podem trazer malefícios a saúde tem a maior porcentagem do sexo feminino e com isso faz-se referência a outros estudos que mostram como a imagem está interligada ao modo em como o indivíduo idealiza esse corpo em seus pensamen-
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tos e em como ele realmente se sente em relação a isso (ALVARENGA et al., 2010). Foi observado que ao total 61,23% das pessoas evitam propositalmente a ingestão de alimentos, como fontes de gorduras, carboidratos e calóricos, e o que causa espanto é o motivo dos carboidratos serem as principais fontes de energia no organismo, o que pode acarretar, principalmente em universitários que demandam de bastante disposição, o cansaço, tonturas, irritação, ansiedade e insônia. Quanto a ausência de lipídios, se tornam danosos, pois também são fontes de energia e possuem vitaminas A e D que afetam diretamente no sistema imunológico, Vitamina E que tem função oxidante e Vitamina K que é essencial para a coagulação sanguínea e manutenção dos ossos. Indivíduos que mantem uma alimentação desabastecida de carboidratos possuem maiores dificuldades quanto á sensação de saciedade, justamente pelos alimentos que são à base de proteínas e lipídios e que demandam de um alto gasto energético, para que ocorra a sua degradação, o que leva um certo tempo e apenas são feitos em última instância. (DE SOUZA et al., 2011). Segundo Moreira e colaboradores (2017) não é psicologicamente saudável que 55,6% das pessoas considerem aceitável ter a sensação de culpabilização ao comerem algo que não foi planejado. Esse sentimento pode desencadear facilmente transtornos alimentares. Os maiores gatilhos para que ocorra esses sentimentos são de causas emocionais, onde o que já não anda muito bem, vem trazendo outra coisa. Essas transformações podem levar a esse indivíduo o desenvolvimento de um transtorno alimentar por não ver no espelho aquilo que ele tem acesso todos os dias na tela do celular como meta de corpo ou corpo saudável (MOREIRA et al., 2017). O estresse diário, quadros de depressão e ansiedade podem ser fatores que desencadeiam esses sentimentos, e até mesmo as “dietas milagrosas”, onde é deixado de lado a individualidade de cada ser humano e apenas se torna visado os resultados. Nessas horas faz-se necessária a intervenção de equipes multidisciplinares que vão auxiliar a nutrição em uma rotina mais saudável, humanizada e “sem culpa”. Um profissional que auxilie nas atividades físicas, melhorando a saúde e a disposição, um psicólogo para que as cargas emocionais e culpas sejam tratadas de modo consciente e que o sujeito consiga ao final de tudo estar em sintonia com seu corpo e sua saúde, tendo uma rotina mais saudável e mais equilibrada. A alimentação precisa ser prazerosa, sem culpa e NOVEMBRO 2021
esporte
sem receios. Trata-se de uma relação de culturas, relações pessoais e sociais. (LEONARDO, 2009).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . ...... Considerando o que foi exposto anteriormente, é importante que já na época da faculdade existam ações sobre relação do consumo alimentar e um possível sentimento de culpa visto que se obteve um alto número de respostas que mostram que os universitários, independente do curso e do sexo, apresentam um processo de culpabilização pelo que comem e como se veem fisicamente, podendo gerar transtornos alimentares graves. Apesar de não ser o único motivo, um aspecto relevante a ser analisado quando se aborda questões relacionadas a culpa na ingestão de alimentos é a influência da mídia ao impor um padrão de beleza que pode acarretar transtornos alimentares. Neste estudo, observou-se que a maioria dos participantes se sentiam culpados ao consumirem determinados alimentos e constatou-se que a maioria era do sexo feminino. Por ser um campo de estudo relativamente novo, faz-se necessário mais pesquisas na área que abordem a temática sobre transtornos alimentares, culpa ao ingerir determinados alimentos e padrão de beleza.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores
Profa. Dra. Anete Souza Mecenas – Nutricionista. Mestra e Doutora. Docente, pesquisadora e coordenadora do curso de Nutrição e da pós-graduação. Atendimento em consultório. Ariane Alves Santos - Acadêmica do curso de Nutrição. Participou como monitora da disciplina Farmacologia Aplicada a Saúde. Integrante do projeto de iniciação científica. Evelyn Xavier Dias Pereira - Acadêmica do curso de Nutrição. Renata dos Santos Guarnieri - Graduanda em Nutrição. Atuou como monitora de diversas disciplinas desde 2018. Integrante Projetos Científicos e de Extensão na UNESA e no Laboratório de Morfometria, MetabolisNUTRIÇÃO EM PAUTA
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O Consumo Alimentar e a Auto Culpabilização entre Universitários de uma Instituição Privada em Duque de Caxias- Rio de Janeiro mo e Doenças Cardiovasculares (LMMC/UERJ). Samara Barreto Dutra - Acadêmica de Nutrição. Atua como colaboradora em Projeto de Iniciação Científica. Profa. Dra. Zoraia Moura da Silva - Nutricionista e Mestra formada pela Universidade de São Paulo (FSP/ USP). Consultora na área de alimentos desde 2010, atuando em eventos e estabelecimentos comerciais, e docente em instituições privadas desde 2016.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Alimentação. Universitários. Nutrição Comportamental. KEYWORD: Food. College Students. Behavioral Nutrition.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 10/8/21 – APROVADO: 20/9/21
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS
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The importance of breastfeeding as an influencer in the care and development of individuals with Down Syndrome
Influências do aleitamento materno no cuidado e desenvolvimento de indivíduos com Síndrome de Down RESUMO: Tendo em vista os benefícios do aleitamento materno, a formação orgânica e a desenvoltura de indivíduos com Síndrome de Down, o presente estudo objetivou revisar na literatura por meio das bases de dados LILACS, SCIELO, PubMed e literatura cinzenta, a influência do aleitamento materno no cuidado e no desenvolvimento desses indivíduos a partir da primeira via oral de alimentação, evidenciando a importância do aleitamento materno como a primeira ação estimulatória promovida; a importância de uma rede de apoio efetiva; a necessidade do levantamento de pesquisas sobre a amamentação no contexto da Síndrome de Down; e a necessidade do aperfeiçoamento e da difusão de diretrizes sobre cuidados na Síndrome de Down com um alcance substancial. ABSTRACT: In view of the benefits of breastfeeding, the organic formation and resourcefulness of individuals with Down Syndrome, this study aimed to review the literature through the LILACS, SCIELO, PubMed and gray literature databases, the influence of breastfeeding on the care and development of these individuals from the first oral feeding route, highlighting the importance of breastfeeding as the first stimulatory action promoted; the importance of an effective support network; the need to survey research on breastfeeding in the context of Down Syndrome; and the need for improvement and dissemination of guidelines on
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care in Down’s Syndrome with a substantial reach.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o
. . . . . . . . . . ........
No século XIX a Síndrome de Down foi erroneamente descrita como idiotia mongoloide (MOREIRA; EL-HANI; GUSMÃO, 2000) e somente em 1965 foi reconhecida pela OMS como síndrome (SILVA; DESSEN 2002), precedida pela descoberta de sua causa genética, caracterizada pela trissomia do cromossomo 21 (SCHWARTZMAN, 1999). Sendo essa uma exceção cromossômica interferente nas características morfológicas do indivíduo, independentemente de sexo, raça ou classe social (KOZMA, 2009). Segundo dados do Ministério da Saúde a Síndrome de Down representa aproximadamente 25% de todos os casos existentes de atraso intelectual e estima-se que no Brasil a cada setecentos nascidos vivos, um possua a síndrome, enquanto no mundo a cada mil nascidos vivos, um possua a síndrome (BRASIL, 2019). A Síndrome de Down é considerada um dos distúrbios genéticos mais comuns e uma condição definitiva e sem cura mas que se intervinda de forma precoce e em NUTRIÇÃO EM PAUTA
Influências do aleitamento materno no cuidado e desenvolvimento de indivíduos com Síndrome de Down
ambiente adequado torna-se possivelmente interferente na melhora da qualidade de vida desses indivíduos (LIMONGI, 2002) que embora apresentem limitações voltadas para seu desenvolvimento motor ou intelectual são capazes de se desenvolverem positiva e significativamente (PORTO, 2018), além do que, segundo González (2002), hábitos alimentares criados durante a infância podem contribuir para uma melhor qualidade de vida de indivíduos com Síndrome de Down. Uma característica comum diretamente ligada às implicações da Síndrome de Down é a hipotonia muscular; uma diminuição do tônus e da força, que corrobora para a má formação do sistema estomatognático, quando não estimulado precocemente e de forma adequada (HENDGES; GRAVE; PÉRICO, 2021). O sistema estomatognático é composto por estruturas ligadas com atividades da cavidade oral, propostas por nervos, glândulas, ossos, músculos e articulações, que têm como alcance funções como, respiração, sucção, mastigação e deglutição; todas elas funcionalmente específicas, porém com ações síncronas, demonstrando que alterações e estimulações inadequadas dessa estrutura podem interferir e defasar o desenvolvimento do indivíduo sindrômico (CASTRO et al., 2012). O aleitamento materno é a primeira ação importante que a mãe pode promover a seu filho de modo natural através do seu leite, fazendo com que a criança receba o aporte adequado para um bom desenvolvimento nutricional, físico e emocional (WIECZORKIEVICZ; SOUZA, 2009), sendo o leite materno a primeira via de alimentação ideal para todas as crianças, por conferir proteção e promoção à saúde e reunir características nutricionais essenciais, assim como benefícios imunológicos que vão auxiliar na redução da mortalidade e morbidade infantil (NETO, 2015), além de ser amplamente recomendado e indicado (BENEDETTI, 2012). Como preconizado por órgãos de saúde, o aleitamento materno deve ser administrado de forma única e exclusiva até os seis primeiros meses de vida da criança, podendo ser extensível a esse período em conjunto a introdução alimentar, uma vez que o leite materno em exclusividade já não supre o aporte nutricional adequado na continuidade do desenvolvimento da criança após os seis meses de vida (BRASIL, 2015). É também importante ressaltar que neste período de amamentação a rede de apoio familiar e de profissionais capacitados da área da saúde se torna essencial para promover à criança uma alimentação adequada e saudável e oferecer à mãe a assistência devida desde a gestação. NOVEMBRO 2021
pediatria
Levando em conta os benefícios do aleitamento materno, a formação orgânica e a desenvoltura de indivíduos com a Síndrome de Down, o presente estudo objetivou revisar na literatura a influência do aleitamento materno no cuidado e no desenvolvimento desses indivíduos.
. . . . . . . . . . . . . . . Mé to d ol o g i a . . . . . . . . . . . . . .......
Para a composição de revisão bibliográfica foram utilizados artigos científicos e livro, compreendendo os anos de 2009 a 2020, nos idiomas inglês e português, através das bases de dados, LILACS, SCIELO, PubMed e literatura cinzenta, com os descritores, Síndrome de Down aleitamento materno sistema estomatognático e hipotonia. Como critério de inclusão foram utilizados temas como: Síndrome de Down e as implicações que a acompanham, a composição do sistema estomatognático, a importância do aleitamento materno e sua influência no desenvolvimento de indivíduos com Síndrome de Down e o cuidado multidisciplinar integrado. E como critério de exclusão, os temas que não se enquadram aos já citados e comorbidades associadas à Síndrome de Down impeditivas do aleitamento materno.
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Tendo em vista a importância do aleitamento materno e a melhora do desenvolvimento de indivíduos com Síndrome de Down, o presente estudo teve como proposta elencar trabalhos que apresentassem dados sobre a possível relação do desenvolvimento do indivíduo sindrômico a partir do aleitamento materno. Entre as características associadas à síndrome, estão as interferências no sistema estomatognático ocasionadas pela hipotonia muscular, uma vez que indivíduos com Síndrome de Down têm dificuldade em realizar o exercício de sucção devido a fragilidade de músculos orofaciais (GLIVETIC et al., 2015). Provocadas por achados de outros autores na literatura, Evangelista e Furlan (2019), buscaram identifiNUTRIÇÃO EM PAUTA
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car em seu estudo, pontos facilitadores e dificultadores do processo de amamentação, assim como meios utilizados para aprimorar o aleitamento materno de indivíduos com Síndrome de Down. As autoras apontaram em seu estudo a importância da amamentação para esses indivíduos como fator primordial para a evolução do sistema estomatognático, pois além de todos os benefícios conferidos pelo aleitamento materno, ao sugar o seio a criança aplica uma força que contribui para o bom desenvolvimento e funcionamento de órgãos fonoarticulatórios, demonstrando que independente dos obstáculos enfrentados no mecanismo de sucção é necessário o contato com o exercício de estimulação promovido pela amamentação a fim da melhora da musculatura e do desempenho funcional desses indivíduos. Fazendo um comparativo entre indivíduos com e sem a Síndrome de Down em relação ao estudo estrutural do palato duro (estrutura óssea de separação das cavidades oral e nasal) Andrean et al. (2013) provocaram uma discussão acerca de anomalias oclusivas passíveis de
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acometimento do sistema gastrointestinal serem uma característica genética ou adquirida dos indivíduos sindrômicos, levando em conta critérios como, amamentação, funcionalidade respiratória, sistema estomatognático, tipo de alimentação e hábitos orais deletérios. O estudo identificou que modificações ósseas e musculares podem ocorrer a partir da estimulação, da transição e da adequação de hábitos correlacionados à fundamentalidade do aleitamento materno e entre as considerações apontadas estava a essencialidade e importância da amamentação para indivíduos com Síndrome de Down, tendo em vista a fragilidade e suscetibilidade a infecções, assim como o desenvolvimento e estimulação correta da musculatura orofacial, uma vez que respiração, sucção, mastigação, deglutição e fonoarticulação dependem da integridade operacional e anatômica do sistema estomatognático para uma boa funcionalidade. Além de pontualidades acerca de desenvolvimento estrutural, os autores constataram ainda que indivíduos sem a Síndrome de Down, quando entre outros critérios
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Influências do aleitamento materno no cuidado e desenvolvimento de indivíduos com Síndrome de Down
não forem amamentados de forma adequada, também podem apresentar alterações estruturais ditas como características de indivíduos com a Síndrome de Down, reforçando assim a importância do estímulo. Ainda em comparação entre crianças com e sem a Síndrome de Down, Aguilar-Cordero et al. (2019) realizaram uma pesquisa abordando a periodicidade do aleitamento materno e o método utilizado no processo, demonstrando que o aleitamento materno pode ser prolongado quando as mães recebem orientações corretas por parte de profissionais da área de saúde. Os autores apresentaram em seu estudo que as dificuldades apontadas acerca da amamentação tanto na literatura quanto em relatos de prática, são razões relevantes para a interrupção precoce da amamentação. A pesquisa de Aguilar-Cordero et al. (2019) foi composta por 80 indivíduos, sendo 40 sindrômicos e 40 não sindrômicos, e apontou que 47,5% dos indivíduos com a Síndrome de Down obtiveram o aleitamento materno exclusivo por mais de três meses, enquanto o grupo sem a síndrome obteve exclusividade em 60% da amostra, demonstrando que a pequena diferença entre as amostras evidencia o fato de que a prática do aleitamento materno é possível para indivíduos com a Síndrome de Down, mas para que isso aconteça de forma positiva é importante que os profissionais da área da saúde estejam capacitados a auxiliar as mães a superarem as dificuldades em torno da amamentação. Ainda em relação aos cuidados prestados aos indivíduos com Síndrome de Down e sua rede de apoio, o estudo de Wieczorkievicz e Souza (2009) teve como objetivo propor temas subjetivos como: “O querer da mulher/ mãe; A mulher e sua rede de apoio efetiva; e o (re)conhecimento da Síndrome de Down como facilitador do aleitamento materno”; a fim de provocar relatos experienciais de mães de crianças com Síndrome de Down como forma de analisar as ocorrências no processo do aleitamento materno. Diante dos temas citados, os autores exaltaram relatos maternos sobre a importância da persistência no processo do aleitamento materno e as consequências geradas na melhora do desenvolvimento da criança sindrômica, além da contribuição na relação afetiva entre mães e filhos, promovendo o aumento das chances de sucesso na amamentação e ainda a importância de se conhecer técnicas adequadas sob acompanhamento prévio ao nascimento do filho de forma a sobrepor aceitação à fases de culpa e/ou negação. NOVEMBRO 2021
pediatria
Entre outras observações feitas no estudo de Wieczorkievicz e Souza (2009) associadas aos relatos coletados, a rede de apoio formada pela família e pelos profissionais de saúde no processo de amamentação de indivíduos sindrômicos foi um ponto valiosamente levantado como fundamental para a superação dos desafios enfrentados pelas mães em suas vivências. Por fim, estudando as interferências no estado nutricional de indivíduos com a Síndrome de Down, Haack, Vieira e Santos (2020) realizaram uma pesquisa com lactentes acompanhados em um centro público de Brasília-DF, especializado no atendimento à Síndrome de Down. O estudo apontou que todos os indivíduos pesquisados foram alimentados via oral, sendo 50% amamentados de forma complementar e os outros 50% de forma exclusiva, mas não ultrapassando o período de 5 meses de aleitamento materno. Em relação às doenças e as interferências associadas à síndrome, o estudo apontou que a maioria dos pacientes viviam com alguma doença associada à Síndrome de Down e que quase metade da amostra foi classificada com déficit ponderal sob avaliação em curva específica. Possibilitando a percepção de que além da carência de uma intervenção nutricional precoce para melhora estrutural e qualitativa desses indivíduos, se faz necessário o aperfeiçoamento de protocolos sobre a assistência prestada no cuidado desse público.
. . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . .......
Diante do exposto, ficou evidenciada a importância do aleitamento materno como a primeira ação estimulatória promovida a essas crianças, beneficiando-as em qualidade de vida e de desenvolvimento. A importância de uma rede de apoio efetiva e da necessidade de informações sólidas e adequadas por parte de profissionais capacitados da área de saúde, de forma integrada e multidisciplinar, com a exaltação da fundamentalidade da amamentação para formação estrutural da criança sindrômica através do correto direcionamento de prática, assim como a necessidade do levantamento de pesquisas sobre a amamentação no contexto da Síndrome de Down e do aperfeiçoamento e difusão de diretrizes sobre os cuidados NUTRIÇÃO EM PAUTA
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prestados a indivíduos sindrômicos, com alcance substancial.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores
Camila Marques Araujo; Maria Verônica Cirino da Silva - Acadêmicas de nutrição pelo Centro Universitário de Brasília (CEUB), Brasília, Brasil. Profa. Dra. Dayanne da Costa Maynard - Docente do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Brasília, Brasil. Nutricionista (UFS), Pós graduada em Obesidade e Emagrecimento (UGF). Mestre em Educação Física (UFS). Doutora em Nutrição Humana (UnB).
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Down; Aleitamento materno; Sistema estomatognático; Cuidado multidisciplinar. KEYWORDS: Down’s syndrome; Breastfeeding; Stomatognathic system; Multidisciplinary care.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 9/8/21 – APROVADO: 29/9/21
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS
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NUTRIÇÃO EM PAUTA
Making Domestic Vegetable Gardens and their Influence on Quality of Life
saúde pública
Elaboração de Hortas Domésticas e sua Influência na Qualidade de Vida RESUMO: O objetivo do presente estudo foi realizar um levante na literatura científica sobre a importância da elaboração de hortas domésticas, bem como seu impacto na qualidade de vida. A pesquisa consiste numa revisão integrativa que envolve a sistematização e publicação de resultados constituídos por referências bibliográficas envolvendo a temática de hortas domésticas, formadas a partir de buscas online como o Google acadêmico e Scielo (ScidentificEletrônic Library Online). Foram executados na análise, os dados literários obtidos no intervalo compreendido entre 2010 e 2021. A horta doméstica apresenta-se como uma das melhores alternativas para o consumo de alimentos frescos e saudáveis, além de trazer consigo a praticidade, conforto e segurança quanto a procedência dos produtos. Ademais, esta evidencia o grande desafio de convencer a população a preferir os alimentos naturais e a buscá-los diariamente. ABSTRACT: The objective of the present study was to carry out a survey in the scientific literature on the importance of the development of home gardens, as well as their impact on quality of life. The research consists of an integrative review that involves the systematization and publication of results made up of bibliographic references involving the theme of home gardens, formed from online searches such as Google academic and Scielo (ScidentificEletrônic LiNOVEMBRO 2021
brary Online). In the analysis, the literary data obtained in the interval between 2010 and 2021 were performed. The home garden presents itself as one of the best alternatives for the consumption of fresh and healthy food, in addition to bringing practicality, comfort and safety as to the origin. of the products. Furthermore, this shows the great challenge of convincing the population to prefer natural foods and to seek them daily.
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A grande demanda por escolhas que possam colaborar para o planejamento de cidades mais sustentáveis, emerge o significado da agricultura urbana, e, em especial, o de hortas domésticas (BARTHEL et al., 2010; STEWART et al., 2013). Elas não podem ser identificadas como áreas de produção complexas e dinâmicas, com uma variedade de formatos e funcionalidades, definidas, tanto pelas condições ambientais locais, quanto pelas preferências específicas em cada sociedade (SILVA, 2011). Nesse sentido, a horta doméstica consiste em um tipo de horta de pequeno porte, onde as hortaliças cultivadas são atribuídas para o consumo e sustento da própria família. Tal modalidade de implantação, bem como NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Elaboração de Hortas Domésticas e sua Influência na Qualidade de Vida
os pequenos agricultores, são potenciais produtores de alimentos não convencionais, pois têm em sua forma de produção, a capacidade de propiciar uma maior variedade de alimentos (ISOBE et al., 2008). As hortas domésticas, por sua vez, podem ser cultivadas em qualquer local, mas é preciso que este esteja ensolarado e iluminado durante a maior parte do dia. Além disso, é necessário que sejam localizadas longe de árvores ou construções que possam fazer sombra nas plantas, sendo plana ou pouco inclinada, não havendo susceptibilidade de encharque e que possa proporcionar acesso a água de boa qualidade. (MAKISHIMA et al., 2010). Ter uma horta em casa não é somente uma forma de economizar, é ter facilidades para preparar as refeições com diversos produtos, enriquecendo a mesa e variando os sabores (MAKISHIMA et al., 2010). Pensando em saúde, as hortaliças são alimentos altamente nutritivos por conter proteínas, carboidratos, sais minerais e vitaminas. Indispensáveis na formação, regulação, manutenção, equilíbrio, integridade, energia e resistência do organismo contra doenças, além de promover a prática de atividades físicas e o lazer, estimulando a terapia ocupacional, a qualidade de vida e a cidadania (ESTEVO et al., 2013). O consumo de frutas e hortaliças inadequado está entre os dez principais fatores de risco para a carga total de doenças em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo mínimo diário de 400 gramas desses alimentos ou entre 6% a 7% das calorias totais de uma dieta de 2.300 kcal diárias. (SILVA et al., 2010). Um dos grandes problemas na atualidade, envolve perdas de alimentos não utilizados, até mesmo em preparações já prontas, que não chegam a ser servidas e as que sobram nos pratos e tem como destino o lixo. Essa é uma das repercussões amplamente discutidas, pois no Brasil cerca de 39 mil toneladas de alimentos são descartadas. Dessa forma, o aproveitamento destes resíduos orgânicos, através da compostagem, promove a redução do volume final desse material destinado aos aterros. O processo de compostagem caracteriza-se por ser uma técnica biológica aeróbia, de baixo custo e boa eficiência, consistindo ainda, numa forma de tratamento de resíduos orgânicos bastante eficiente, em que ocorre a transformação destes em substâncias húmicas, ou seja, a partir da mistura de restos de alimentos, frutos, folhas obtêm-se, no final do processo, um adubo orgânico homogêneo, sem cheiro, de cor escura e estável (PIRES et al., 2018).
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Diante do exposto, o objetivo do estudo foi reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre o tema da elaboração de hortas domésticas e a sua relevância na qualidade de vida.
. . . . . . . . . . . . . . . Mé to d ol o g i a . . . . . . . . . . . . . ........ O presente conteúdo trata-se de uma revisão integrativa literária que utiliza como modalidade de consulta a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a investigação na tomada de decisões e melhoria nas evidenciações já apontadas no tema escolhido. Ademais, é considerado um método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática. A pesquisa foi constituída por referências científicas sobre a temática elaboração de hortas domésticas e sua influência na qualidade de vida. Realizada mediante a busca eletrônica de artigos indexados em bases de dados: Google acadêmico e Scielo (ScidentificEletrônic Library Online), com o intuito de identificar referências científicas em um recorte temporal compreendido entre 2010 a 2021. Nas buscas, os descritores utilizados foram: “hortas”, “alimentos saudáveis” e “qualidade de vida”. Dos estudos selecionados foram coletados os dados de relevância para análise por intermédio de um instrumento de coleta que engloba cada referência da amostra final do estudo, permitindo assim a obtenção de informações sobre identificação da alusão, autores, ano de publicação, periódico, tipo de pesquisa e a classificação da abordagem do estudo. Inicialmente, foram selecionados 12 artigos pela definição do descritor supracitado. Da leitura exploratória dos seus conteúdos, foram excluídos 5 por não se encaixarem nas categorias solicitadas, restando apenas 7 artigos que constituíram o corpus do estudo. Os mesmos foram lidos na íntegra e cujos dados alimentaram a matriz de procura. As referências foram analisadas de forma sistematizada e agrupadas em uma tabela, reunindo os estudos que traziam em sua análise a elaboração de hortas domésticas. A revisão integrativa de literatura assegura os aspectos éticos, garantindo a autoria dos artigos pesquisados, sendo os autores citados tanto no corpo do texto como nas respectivas referências deste trabalho, obedecendo as normas da Associação Brasileira de Normas – ABNT. NUTRIÇÃO EM PAUTA
Making Domestic Vegetable Gardens and their Influence on Quality of Life
. . . ..... R esu lt a do s e Dis c uss ã o . . . . . . . . . . . Na tabela 01 estão descritos os resultados referentes a elaboração de hortas domésticas e sua influência na qualidade de vida, a partir da análise dos artigos incluídos na revisão, publicados no período de 2010 a 2021. De acordo com Silva et al. (2010), o projeto de adesão das hortas domésticas deu-se conforme a motivação dos informantes da implantação, a fim de contribuir de fato, para essa colocação nas famílias em estudo. Os resultados mostraram que grande parte dos responsáveis apresenta cultura de cultivo, e, até mesmo aqueles que não possuem tal cultura, foram motivados por pessoas de suas proximidades, por indicações de médicos, e, principalmente, pela riqueza e valores que essa prática de implantação os aferia. No estudo de Estevo et al. (2013), a adoção da implementação de hortas domiciliares foi capaz de trazer a inclusão na educação nutricional para uma gama social desfavorecida, além de promover alternativas de alimentação saudável como o cultivo de hortaliças e seu consumo diário. Galhena; Freed; Maredia (2013) afirmaram em seu estudo, que as hortas domésticas apresentam implicações positivas, como: benefícios sociais, dentre eles podemos citar, o combate a insegurança alimentar e prevenção da desnutrição, a preservação do conhecimento indígena e construção de comunidades integradas e a valorização do status da mulher na implementação das hortas caseiras. Além disso, ressaltam-se os benefícios econômicos, como a oferta de alternativas melhores de renda e subsistência para famílias que possuem poucos recursos e ainda benefícios ambientais, que consistem na promoção de uma série de recursos e serviços ecossistêmicos. Taylor; Lovell (2015) realizaram uma investigação a partir de métodos mistos em famílias afro-americanas que possuíam hortas domiciliares em Chicago. Mediante os resultados, foi constatado que a criação de hortas em casa garantiu autossuficiência e resiliência para as pessoas, propiciando maior oferta de sistemas alimentares locais. Ademais, sabe-se que esses jardins são pontos de desenvolvimento cultural e que estes podem aumentar ainda mais o contato familiar, através de técnicas que auxiliam os indivíduos a enfrentarem suas crises e traumas. No estudo de Pires et al. (2018), desenvolveu-se a conscientização das crianças, dos adolescentes e dos servidores, quanto a ideia de preservar o meio ambiente, de reciclar os resíduos orgânicos, visando estimulá-los na NOVEMBRO 2021
saúde pública
realização de atividades sustentáveis. Porter (2018) após utilizar metodologias mistas para a produção de um estudo-ação com cinco comunidades que trabalham a favor da justiça alimentar, foi possível verificar vantagens no processo de jardinagem doméstica, destacando-se a vasta diversidade de serviços de ecossistema em saúde, melhoria nos aspectos de alimentação e cultura e até mesmo aquisição de conhecimento por parte dos trabalhadores para que sejam feitas alterações sociais no próprio processo de elaboração das hortas caseiras inseridas nessas comunidades. Palar et al. (2019) com o objetivo de listar os benefícios analisados em um projeto de educação nutricional e implantação de hortas domésticas urbanas numa população de alto risco cardiometabólico, certificou que um dos principais pontos benéficos foi o aumento na ingestão de produtos frescos, saudáveis e de comida caseira, em detrimento do consumo de produtos prontos, como os fast foods. Ainda nesse enquadramento, no estudo supracitado características sensoriais (frescor e sabor) também foram agregadas a essa troca, ofertando maior interesse pela saúde, bem estar e maior conhecimento quanto às propriedades nutricionais dos alimentos, além de melhorias na condução da atividade física, saúde mental e controle do estresse, reduzindo, desse modo, a incidência do surgimento de risco cardiometabólico. Segundo o estudo de Dode et al. (2021), foi possível demonstrar que a execução de projetos que incentivem pessoas no processo de implantação de hortas domésticas pode ser desenvolvida por meio de mídias sociais, de forma remota, podendo oferecer os mesmos impactos de uma atividade presencial. Dessa forma, o cultivo doméstico denominado “Microverdes” contribuiu para compor benefícios que implicam direta e indiretamente na alimentação saudável, possibilitando atividades como recreação, lazer, conhecimento, entretenimento de pessoas, garantindo bem estar, saúde e alegando que estes podem ser adquiridos mesmo com a ausência de estruturação física.
. . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . . ....... Diante do exposto, é notório que, promover hábitos alimentares como consumir frutas e hortaliças ainda é um desafio fortemente presente na sociedade. No entanto, de acordo com o estudo realizado, pode-se observar que a elaboração de hortas domésticas é uma evidência NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Elaboração de Hortas Domésticas e sua Influência na Qualidade de Vida
Tabela 1: Referências bibliográficas sobre hortas domésticas, Teresina-PI, 2021. Ano
Título do Artigo/ Autores
Métodos
Principais Resultados Conclusões
2010
Horta doméstica: Uma análise dos motivos para o cultivo de hortaliças em Cáceres-MT-Brasil SILVA, et al.
A coleta de dados se deu através de encontros individuais, realizado nas residências dos informantes.
Foi observado que há influência da tradição cultural de cultivo associado à origem da pessoa. O sexo mostrou-se marcante nesta pesquisa, evidenciando a mulher.
Os motivos que levaram a população a implantar hortas domésticas, a partir da sua adesão ao projeto, foram: o resgate da herança cultural de cultivo.
2013
Hortaliças cultivadas em hortas domésticas: prática alternativa para promoção da saúde. ESTEVO, et al.
As respostas foram catalogadas, analisadas e, posteriormente, mediante ações de educação em saúde, os grupos receberam informações por meio de palestra e material.
No grupo entrevistado há uma predominância do consumo de alimentos ricos em carboidratos, gorduras e proteínas e os alimentos protetores, como as hortaliças, têm um consumo muito limitado.
As áreas de atuação os espaços privilegiados para ações integrativas que fortaleçam a famílias, regatem as práticas tradicionais e promovem alternativas de alimentação saudável com o cultivo de hortaliças e seu consumo diário
2013
Hortas caseiras: uma abordagem promissora para aumentar a segurança alimentar e o bem-estar das famílias GALHENA; MAREDIA.
Foi realizado definições e características das hortas caseiras e, em seguida, fornece uma revisão global de suas contribuições sociais, econômicas e ambientais para as comunidades em vários contextos socioeconômicos.
A implantação de hortas domiciliares promove alternativas de alimentação saudável, como o cultivo de hortaliças em seu consumo diário.
Com a inclusão e promoção de hortas domiciliares como uma prática agrícola sustentável ecologicamente correta para melhorar a segurança alimentar.
2015
Hortas domésticas urbanas no Norte Global: Um estudo de métodos mistos de hortas domésticas étnicas e migrantes em Chicago, IL. TAYLOR; LOVELL.
Foi realizado levantamentos quantitativos com amostras aleatórias representativas, permitindo ao pesquisador determinar a configuração do terreno antes de embarcar em um estudo em grande escala.
A criação de hortas em casa proporcionou uma maior oferta de sistemas alimentares locais. Considera-se que esses jardins são pontos de desenvolvimento cultural e que estes podem aumentar ainda mais o contato familiar.
Nesse estudo, foi descoberto uma série de processos e fatores além da renda familiar - o chamado efeito luxo de maior acesso a recursos - contribuíram para a biodiversidade de lotes residenciais com hortas.
2018
Produção de compostagem para horta orgânica, visando um desenvolvimento socioeconômico e ambiental. PIRES, et al.
Confeccionou-se composteiras utilizando baldes de margarina de 15 litros. Semanalmente os resíduos in natura gerados na cozinha da Pastoral do Menor eram utilizados na produção de composto orgânico.
Diante disso, apresentou para os membros a relevância de produzir sua própria horta, pois além de reduzir nos gastos quanto a compra destes alimentos, também está consumindo alimentos mais saudáveis
Os resíduos orgânicos, a importância da ideia de reciclar e transformar, exemplificando através da compostagem, com a transformação dos restos de alimentos em adubo.
2019
Melhorias em nutrição e saúde após a participação em um programa de horta doméstica urbana PALAR et al.
Realizou-se um estudo com 32 participantes de baixa renda amostrados propositalmente em um programa urbano de horticultura doméstica.
Com a implantação de hortas domésticas comprovou-se que um dos principais pontos benéficos foi o aumento na ingestão de produtos frescos, saudáveis e de comida caseira.
A horta doméstica aprimorada pela educação pode facilitar melhorias na nutrição e saúde multidimensionais em populações marginalizadas com alto risco cardiometabólico.
2021
Microverdes: cultivo doméstico na promoção da saúde e bem-estar. DODE, et al.
Foi realizado atividades combinadas de pesquisa, ensino e extensão, onde o cultivo doméstico de hortas urbanas, através das micro hortas foi realizado pelos integrantes do projeto, localizados nas cidades gaúchas de Pelotas, Rio Grande e Capão do Leão.
O cultivo de microverdes contribuiu para compor benefícios que implicam direta e indiretamente na alimentação saudável, possibilitando atividades como recreação, lazer, conhecimento entre outros.
O presente projeto cujas ações foram apoiadas pelas estratégias implementadas através das redes sociais online, apresentou-se como uma alternativa capaz de preservar a exposição dos integrantes a riscos desnecessários.
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.
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Making Domestic Vegetable Gardens and their Influence on Quality of Life
de garantia para a melhoria de práticas alimentares, otimização das condições de renda e, principalmente para a manutenção das funções vitais do organismo, em relação a prevenção de doenças e da qualidade nutricional essencial requeridas pelo nosso sistema humano.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores
Profa. Dra. Liejy Agnes dos S. R. Landim - Doutoranda em Alimentos e Nutrição (UFPI). Mestre em Alimentos e Nutrição pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Docente do Curso Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina-PI. Prof. Cícero Tadeu Tavares Duarte - Graduado em Administração (CEUT). Especialista em Gerência de Recursos Humanos (UECE). Especialista em MBA em Gestão EmpresariaL (FGV). Mestre em Engenharia de Produção (UNIP). Diretor Administrativo da Tadeu Duarte & Consultores Associados. Docente do curso Bacharelado em Administração. Bacharelado em Nutrição. Bacharelado em Engenharia de Produção do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina-PI. Adolfo Marcito Campos Oliveira - Graduado em Farmácia (UFPB). Graduado em tecnologia de Alimentos (UFSC). Graduado em Análises Clínicas (UFPI). Mestre em Alimentos e Nutrição (UFPI). Docente dos Cursos Bacharelado em Nutrição, Bacharelo em Farmácia do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina-PI. Jéssica Éllen Alves Silva; Matheus Willian Ribeiro Sousa; Rayana Rodrigues da Silva; Tatiele Castelo de Oliveira - Acadêmicos do Curso Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina-PI.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Hortas. Alimentos saudáveis. Qualidade de vida. KEYWORDS: Vegetable gardens. Healthy foods. Quality of life.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 5/9/19 – APROVADO: 15/9/21
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saúde pública
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Development and Sensory Analysis of a New Food Product: Broccoli Leaf Snack
Desenvolvimento e Análise Sensorial de um Novo Produto Alimentar: Snack de Folha de Brócolis RESUMO: Em função da problemática do desperdício de alimentos, o objetivo deste estudo foi criar um produto alimentar sustentável, inovador, prático e saudável para ser consumido em qualquer situação. Foi desenvolvido um snack com as folhas dos brócolis, parte que geralmente é desprezada, temperando-as e desidratando-as, valorizando suas características nutricionais e sensoriais. Esse estudo caracterizou-se por uma pesquisa de natureza experimental e delineamento transversal. O seu desenvolvimento e as análises sensoriais foram realizados na Cozinha Experimental da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), no munícipio de São Paulo. A metodologia escolhida para realizar a análise sensorial do produto foi o teste de escala hedônica, do Método Afetivo, aplicado em 76 alunos de diversos cursos de graduação da UPM, que participaram de forma espontânea, estabelecendo uma faixa de nota de 1-9 para cor, odor, sabor, textura e nota global. Conclui-se que o produto teve uma ótima pontuação quanto às características sensoriais e o objetivo principal foi alcançado. Quanto à aceitação, a aprovação de compra foi de 76,8%.
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ABSTRACT: Due to the problem of food waste, the objective of this study was to create a sustainable, innovative, practical and healthy food product to be consumed in any situation. A snack was developed with the broccoli leaves, a part that is generally neglected, seasoning, and dehydrating them, enhancing their nutritional and sensory characteristics. This study was characterized by a research of experimental nature and cross-sectional design. Its development and sensory analyzes were carried out in the Experimental Kitchen of University Presbiteriana Mackenzie (UPM), in the city of São Paulo. The methodology chosen to carry out the sensory analysis of the product was the hedonic scale test, of the Affective Method, applied to 76 students from various undergraduate courses at UPM, who participated spontaneously, establishing a 1-9 grade range for color, odor, flavor, texture and overall grade. It is concluded that the product had a great score in terms of sensory characteristics and the main objective was achieved. As for acceptance, purchase approval was 76.8%.
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Desenvolvimento e Análise Sensorial de um Novo Produto Alimentar: Snack de Folha de Brócolis
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. . . . . . . . . .. . . . . . . . Principais Compostos do Brócolis
Os brócolis é um vegetal cujas folhas, flores e talos são comestíveis. Ele é um alimento rico em cálcio (importante para a formação e manutenção dos ossos e dentes), fonte de vitaminas A e C. Além disso, apresenta ácido fólico, selênio e potássio. Esse vegetal tem propriedades antioxidantes e anticancerígenas, auxiliando contra o câncer de pulmão, cólon e mama (RAMALHO, 2010). Os brócolis (Brassica oleracea var. itálica), também conhecido como brócoli, brocolo ou couve-brócolo, pertence ao mesmo gênero e espécie de todos os tipos de couve (couve-rábano, couve-flor, couve-manteiga, couve-de-bruxelas e repolho). É do grupo Itálica e divide-se em dois tipos: ramoso e “cabeça única”. O tipo ramoso, mais comum no mercado brasileiro, constitui-se de botões florais compridos e separados uns dos outros. Já o tipo “cabeça única” engloba muitas cultivares comercializadas com o nome popular de “brócolis japonês”. Em comum eles têm pedúnculos curtos e agregados num formato central e mais grosso, formando uma cabeça única e compacta, de flores miúdas e grudadas. Sua textura, coloração e características nutricionais são as mesmas do tipo ramoso, diferenciando-se apenas no que se refere à colheita (MAGRO, 2009). As partes não aproveitáveis dos alimentos poderiam ser utilizadas enfatizando o enriquecimento alimentar, diminuindo o desperdício e aumentando o valor nutricional das refeições, pois talos e folhas podem ser mais nutritivos do que a parte nobre do vegetal como é o caso das folhas verdes dos brócolis que, contêm mais ferro que a outras folhas e são mais nutritivas. De acordo com ROCHA et al. (2008), cascas, talos e folhas são boas fontes de fibras, tendo-se como exemplos talos de brócolis, de couve, de espinafre; cascas de banana, de laranja, de limão, de rabanete e folhas de brócolis (ROCHA, 2008). O impulso que a cultura dos brócolis teve nos últimos anos demonstra que existe um grande potencial de mercado para essa hortaliça. A sua importância econômica no agronegócio tem sido crescente, em razão da apreciação nos diferentes tipos de culinária, suas propriedades nutricionais e o teor de compostos relacionados à saúde. Além da importância econômica, os brócolis têm grande impacto social na geração de empregos diretos e indiretos, desde o plantio até a industrialização (MAGRO, 2009). NOVEMBRO 2021
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Cálcio - O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano, essencial para a mineralização de ossos e dentes e para a regulação de eventos intracelulares em diversos tecidos. O esqueleto é o seu principal reservatório no organismo, uma vez que abriga, juntamente com os dentes, 99% do total de cálcio, sendo um dos responsáveis pela manutenção da concentração do cálcio sérico (MARTINI, 2014). Vitamina A - A vitamina A foi a primeira vitamina lipossolúvel a ser reconhecida, o que ocorreu em 1913. É constituída por moléculas contendo 20 carbonos em sua estrutura. O termo vitamina A compreende o retinol e todos os carotenoides dietéticos que têm atividade biológica de transretinol. A vitamina A natural ocorre na forma de ésteres de retinil de cadeia longa. As formas metabolicamente ativas incluem os correspondentes aldeído (retinal) e ácido (ácido retinoico). O termo retinoides refere-se ao retinol, seus metabólitos e análogos sintéticos que têm estrutura similar (IOM, 2001). Vitamina C - Atualmente, a vitamina C é também conhecida como ácido ascórbico, L-ácido ascórbico, ácido deidroascórbico, ascorbato e vitamina antiescorbútica. Sua importância cresceu ao longo do tempo devido à descoberta de seu potencial antioxidante. A vitamina C ingerida na alimentação é absorvida rapidamente no trato gastrointestinal mediante transporte ativo dependente de íons de sódio, processo saturável e dependente da dose presente no lúmen intestinal (ROCHA, 2008). Ácido Fólico - é historicamente relacionado à vitamina B12. O ácido fólico é uma vitamina do complexo B, hidrossolúvel, cuja fonte é exclusivamente exógena (MONTEIRO, 2010). Potássio - O conteúdo corporal total de potássio é de aproximadamente 55 mmol/kg de peso corporal. Deste total, 98% encontra-se no fluido intracelular, principalmente em células musculares, hepáticas e eritrócitos, enquanto somente 2% estão no fluido extracelular. A concentração extracelular de potássio é finamente regulada e mantida numa estreita faixa entre 3,5 e 5,0 mmol/L, e a manutenção da concentração intracelular em torno de 150 mmol/L é particularmente importante para o funcionamento normal das células (ALPERN; BERRY, 1987). Quase todo o potássio ingerido é absorvido no trato gastrintestinal e transportado para o fígado através da circulação portal. Quantidades mínimas de potássio são excretadas pelas fezes e suor, sendo os rins os principais NUTRIÇÃO EM PAUTA
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responsáveis pela excreção e regulação do balanço de potássio (ROCHA, 2008). Selênio - Há duas formas de compostos de selênio na natureza: a orgânica e a inorgânica. Vegetais absorvem o selênio em sua forma inorgânica a partir do solo, a qual é convertida para a forma orgânica, gerando compostos metilados de baixo peso molecular, além de selenometionina e selenocisteína. A selenometionina é a principal fonte de compostos de selênio presente em produtos vegetais como grãos, legumes e leguminosas. Ainda, a selenometionina é o principal precursor para a síntese de selenocisteína, a forma mais abundante em produtos de origem animal. Na literatura, as principais funções atribuídas ao selênio incluem a capacidade antioxidante e o aumento da resistência do sistema imunológico (COZZOLINO, 2009).
Tecnologia de Alimentos
No presente trabalho foi utilizado o método de conservação de secagem artificial de desidratação, com a finalidade de diminuir a quantidade de água no alimento. Através desse processo, o teor de umidade, o peso e o volume são reduzidos, aumentando a conservação do alimento, sua praticidade e a facilidade na hora de embalar. O preço do transporte, o tamanho das embalagens e o custo com armazenamento também diminuem (EVANGELISTA, 2003). A desidratação é a secagem pelo calor produzido artificialmente em condições de temperatura, umidade e circulação de ar, cuidadosamente controladas. O ar quente conduz o calor ao alimento, provocando evaporação de água. O princípio corresponde a eliminação quase completa da umidade do alimento, à custa de equipamentos. O teor de umidade final normalmente resulta de 3-5% (EVANGELISTA, 2003). Esse processo tem uma grande importância tecnológica, pois diminui o peso, controla o crescimento microbiano e aumenta a shelf life (vida de prateleira). São exemplos de produtos desidratados: hortaliças, frutas, leite em pó, café solúvel e sopas desidratadas. Podem ser desidratadas em estufas ventiladas. Este é considerado o método mais comum, realizado em túneis, onde o alimento vai se deslocando pela câmara no mesmo sentido que o ar quente ou em sentido contrário ao deslocamento do ar quente. Outros métodos são por atomização (spray dryer) utilizado mais com líquidos na transformação em pós, ou na instantaneização, onde aumenta a dispersabilidade do
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pó atomizado com adição de agentes emulsificantes. A Liofilização é uma técnica de desidratação realizada através do congelamento do alimento, com posterior remoção da água por sublimação. Aumenta a vida útil do alimento e conserva melhor sua forma (EVANGELISTA, 2003). A FAO aponta que as perdas e desperdícios de alimentos correspondem a um terço da produção global de alimentos (REGO et al., 2020). A gravidade do tema tem feito com que as empresas produtoras de alimentos proponham soluções para o problema. Faz parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU a meta de até 2030 reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial (REGO et al., 2020). Com o pouco uso das folhas dos brócolis, seu descarte excessivo e pelo alto valor nutritivo dessa parte da hortaliça, a estratégia do presente estudo foi desenvolver um produto que utilizasse como ingrediente principal esse componente. Foi proposto realizar a desidratação das folhas dos brócolis, temperando-as com condimentos, transformando-as em um delicioso snack, atendendo aos desejos do mercado consumidor de alimentos que envolve saudabilidade e bem-estar, sustentabilidade e ética, sabor e prazer, entre outras categorias de produtos, conforme o documento Brasil Foods Trends 2020 (FIESP, 2010). No processo de desidratação, há uma concentração dos componentes nutritivos no alimento, o que agregou valor nutricional ao snack, além de promover seu sabor intrínseco. Por não ter origem animal e nem adição de qualquer ingrediente de origem animal, pode atender o público vegetariano e vegano, ampliando ainda mais as opções de produtos para esse nicho de mercado, adicionando um produto inovador, prático, fácil de comer, possibilitando seu consumo inclusive em trânsito, abrangendo mais esta categoria de produto. O objetivo do projeto foi criar um produto alimentício prático, de fácil consumo, saudável e sustentável, para se consumir em qualquer lugar. Como as folhas de brócolis proporcionam diversos benefícios para a saúde, assim como o próprio legume, foi decidido fazer snacks com as folhas dos brócolis, desidratando-as no forno, agregando valor e qualidade para o produto.
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Desenvolvimento e Análise Sensorial de um Novo Produto Alimentar: Snack de Folha de Brócolis
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Gráfico de notas gerais em escala
Figura 1- Satisfação de pacientes que recebiam dietas pastosas em um hospital de Blumenau-SC, maio/junho de 2019.
Elaborado pelos autores, 2018 • 1,3% Definitivamente não; • 3,9% Provavelmente não; • 17,1% Não sei; • 63,2% Provavelmente compraria; • 14,5% Definitivamente compraria.
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Development and Sensory Analysis of a New Food Product: Broccoli Leaf Snack
Ingredientes usados na pesquisa Ingredientes
Quantidade
Folha de brócolis comum
100g
Sal
0,5
Alho em pó
0,5
Cebola em flocos
0,5
Cenoura em pó
0,5
Manjericão em pó
0,5
Manjerona em pó
0,5
Salsa desidratada
0,5
Tomate em pó
0,5
Elaborado pelos autores, 2018
Quadro de Informação Nutricional Porção 25g (1 ½ xícara de chá) Quantidade por porção Valor Energético
43kcal= 181kj %VD(*)
Carboidratos
1,9g
2
Proteínas
6,2g
8
Gorduras totais
0g
0
Gorduras Saturadas
0g
0
Gorduras trans
0g
(**)
Fibra alimentar
5,0g
20
Sódio
5,2mg
0
Cálcio
148mg
15
(*) Valores Diários com base em uma dieta de 2000kcal ou 8400kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas. (**) VD não estabelecido. Elaborado pelos autores, 2018 utilizando a RDC N°360 de
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. . . . . . . . . . . . . Me to d ol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . .......
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Essa pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de natureza experimental, de delineamento transversal, tendo seu desenvolvimento e a análise sensorial realizados na Cozinha experimental do CCBS da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no munícipio de São Paulo, região central. Foram utilizados como materiais: condimentos em pó para tempero e folhas de brócolis. Os equipamentos utilizados foram: bowl e hipoclorito de sódio para higienização, papel toalha para secar e forno combinado para desidratação. Os produtos foram adquiridos em comércios varejistas locais. A elaboração de produtos foi feita através da secagem artificial do alimento durante 2 horas a 165°C. Seu modo de preparo teve início com a seleção e separação das folhas das flores dos brócolis. Elas foram higienizadas com uma solução de hipoclorito de sódio à 250ppm, imersas por 15 minutos. O talo foi cortado ao meio, a fim de que a parte mais grossa pudesse secar mais rapidamente. Depois da higienização, as folhas foram secadas com papel toalha, espalhadas em formas próprias do forno combinado, temperadas com os condimentos alho em pó (0,5g) cebola em flocos (0,5g) cenoura em pó (0,5g) manjericão em pó (0,5g) manjerona em pó (0,5g) salsa desidratada (0,5g) tomate em pó (0,5g) e sal (0,5g). Para ir ao forno foi colocado uma assadeira em cima da outra para prensar e garantir o formato liso. O forno estava regulado com umidade zero, com ventilação mediana e temperatura de 165°C, para realizar o procedimento. O método utilizado para análise sensorial foi o chamado Método Afetivo, teste de escala hedônica. Neste teste são avaliadas a aceitação ou a preferência dos consumidores por um ou mais produtos. Utiliza-se a resposta do consumidor (sem conhecimento técnico) na avaliação sensorial. São aplicados na comparação entre produtos concorrentes e desenvolvimento de novos produtos. A escala hedônica é o método mais utilizado em nível mundial, devido ao caráter informativo de seus resultados, seu longo histórico de utilização e sua eficácia em segmentar as respostas dos consumidores (DUTCOSKY, 2007). Participaram da degustação 76 avaliadores, estudantes da universidade de vários cursos, de ambos os gêneros, com idade média de 22 anos. Cada um recebeu uma amostra do produto com uma ficha de avaliação com NUTRIÇÃO EM PAUTA
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perguntas sobre sua aceitação e preferência. Foi estabelecida uma escala de nota de 1-9 para cor, odor, sabor textura e nota global. Os participantes da degustação do produto assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, no qual foram informadas as condições do teste sensorial, incluindo a lista dos ingredientes. O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética da universidade sob o CAAE N°48483015.7.0000.0084.
. . . ............ R esu lt a do s . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .
Foram obtidas as seguintes médias para cor, odor, sabor, textura e nota global, respectivamente: 7,1; 7,2; 7,8; 7,1 e 7,7. Um total de 48 pessoas responderam que provavelmente compraria o snack, 11 definitivamente compraria, 13 não soube dizer, 3 provavelmente não compraria e 1 definitivamente não compraria. As informações nutricionais complementares que foram inseridas no painel frontal da embalagem foram: “fonte de proteínas”; “fonte de cálcio”; “baixo teor de sódio”; “alto conteúdo de fibras” e “não contém gorduras totais, saturadas e trans”. Essas alegações foram possíveis, pois atenderam aos critérios estabelecidos na RDC Nº 54 de novembro de 2012, que dispõe sobre o Regulamento Técnico sobre Informação Nutricional Complementar. Para ser fonte de proteínas, é necessário o produto conter 6g desse nutriente na porção; para ser fonte de cálcio, atingir pelo menos 15% da IDR (Ingestão Diária Recomendada) para vitaminas e minerais; para ser baixo teor de sódio deve conter no máximo 80mg de sódio por porção, quando essas são maiores que 30 g ou 30 ml, para porções menores ou iguais a 30 g ou 30 ml a condição deve ser atendida em 50 g ou 50 ml; para ser alto conteúdo de fibras, deve conter no mínimo 5g de fibras na porção; para considerar que não apresenta gorduras totais, o produto deve conter no máximo 3g de gorduras totais na porção, quando essas são maiores que 30 g ou 30 ml, para porções menores ou iguais a 30 g ou 30 ml a condição deve ser atendida em 50 g ou 50 ml; para referir que não contém gorduras saturas e trans, o produto deve conter no máximo 1,5g da soma de gorduras saturadas e trans na porção, quando essas são maiores que 30 g ou 30 ml, para porções menores ou iguais a 30 g ou 30 ml a condição deve ser NOVEMBRO 2021
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atendida em 50 g ou 50 ml (BRASIL, 2012). Observando a tabela de informação nutricional do produto, nota-se que todos os critérios referidos acima foram atingidos.
. . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . ........
A partir dos resultados obtidos foi possível concluir que o objetivo de obter um produto nutritivo, saudável e de fácil consumo foi alcançado, pelo fato de que após a desidratação, as folhas de brócolis obtiveram valor nutricional agregado devido á concentração de seus nutrientes. Foi possível desenvolver um snack extremamente saboroso, com ótima aceitação e que proporciona diversos benefícios a saúde.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........
Sobre os autores
Giulia Ayako Robiatti Hirata - Cozinheira pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Tecnologia em Gastronomia. Trabalha na companhia Camil Alimentos. Clara Sofia Szankowski - Cozinheira formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Tecnologia em Gastronomia. Gerente na Adega Uffa! Te Salvei. Rebeca Cordeiro Gomes - Cozinheira formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Tecnologia em Gastronomia. Atualmente está montando uma empresa própria de cozinha Italiana na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Fernanda Gonçalvez Picinato - Cozinheira formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Tecnologia em Gastronomia. Atualmente trabalha na empresa de fast food IFood e cursa tecnologia da informação na universidade FIAP. Profa. Ana Cristina Medeiros Moreira Cabral - Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ministrando disciplinas nos cursos de Nutrição e de Gastronomia. NUTRIÇÃO EM PAUTA
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. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Desperdício. Snack. Brócolis. Sustentável. KEYWORDS: Waste. Snack. Broccoli. Sustainable.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 28/10/21 – APROVADO: 20/11/21
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
RAMALHO, A. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Vitamina A / ILSI Brasil São Paulo, 2010 MARTINI, L.A.; FRANÇA, N.A.G. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil São Paulo, 2014 MONTEIRO, T.H. ; VANNUCCHI, H. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Ácido Fólico / ILSI Brasil São Paulo, 2010. ALPERN, R. BERRY, C. Potassium homeostasis. In: Brenner B CF, Rector Jr F, ed. Renal physiology in health and disease. Philadelphia: W.B. Saunders, 1987; pp.132-52. IOM (Institute of Medicine). Dietary reference intakes for vitamin A. 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC N°360 de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre Regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados. Diário Oficial da União, Brasília, 26 dez. 2003.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC Nº54 de 12 de novembro de 2012. Dispõe sobre o Regulamento Técnico sobre Informação Nutricional Complementar. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0054_12_11_2012. html. Acesso em: 6 set. 2021. DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. 2ed. Curitiba, PR: Champagnat, 2007. EVANGELISTA, J. Tecnologia de alimentos. São Paulo: Atheneu, 2003. FIESP. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Brasil Food Trends 2020. 2010. Disponível em: <https://alimentosprocessados.com.br/arquivos/Consumo-tendencias-e-inovacoes/Brasil-Food-Trends-2020.pdf> Acesso em: 20 nov. 2020. MAGRO, F. O. Doses de composto orgânico na produção e qualidade de sementes de brócolis. 2009, 50 f, Dissertação (Mestrado), Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu REGO, R.A.; VIALTA, A.; MADI, L.F.C. (editores). Indústria de Alimentos 2030: ações transformadoras em valor nutricional dos produtos, sustentabilidade da produção e transparência na comunicação com a sociedade. 1ª ed. São Paulo: ITAL/Abia, 2020. 104p. ROCHA, S.A. et al. Fibras e lipídios em alimentos vegetais oriundos do cultivo orgânico e convencional. Revista SimbioLogias, v.1, n.2, p.1-9, 2008. COZZOLINO, S.M.F.; COMINETTI, C. Funções plenamente reconhecidas de nutrientes – Selênio / ILSI Brasil São Paulo, 2009
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Hypovitaminosis D in Pregnant Women: an Analysis in Cohort Studies
Hipovitaminose D em Gestantes: uma Análise em Estudos de Coorte RESUMO: A nutrição adequada é de extrema importância durante a gestação, afetando tanto a saúde materna, como a fetal; neste contexto, constitui-se como um dos problemas durante a gravidez a hipovitaminose D. Esta revisão bibliográfica inclui estudos dos últimos dez anos, encontrados nas bases de dados PubMed, ScienceDirect, Google Acadêmico, Scielo, LILACS e MEDLINE, com o objetivo de examinar evidências científicas sobre as repercussões da deficiência de vitamina D em gestantes e sua qualidade metodológica com aplicação da Escala Newcastle-Ottawa para estudos de coorte; foram encontrados 111.991 artigos e seis foram selecionados para os resultados. Confirmou-se a relação entre a hipovitaminose D em gestantes e desfechos negativos, dentre eles estão, baixo peso ao nascer e bebês pequenos para a idade gestacional, crianças com traços de autismo, depressão pós-parto, entre outros. Faz-se necessário um diagnóstico precoce de hipovitaminose D, uma vez que pode acarretar prejuízos na saúde materno fetal. ABSTRACT: Adequate nutrition is extremely important during pregnancy, affecting both maternal and fetal health; in this context, hypovitaminosis D is one of the problems during pregnancy. This literature review includes studies from the last ten years, found in the databases PubMed, ScienceDirect, Academic Google, Scielo, LILACS and MEDLINE, in order to examine scientific evidence on the reper-
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cussions of vitamin D deficiency in pregnant women and its methodological quality with the application of the Newcastle-Ottawa Scale for cohort studies; 111,991 articles were found and six were selected for the results. The relationship between hypovitaminosis D in pregnant women and negative outcomes was confirmed, including low birth weight and small for gestational age babies, children with autism traits, postpartum depression, among others. An early diagnosis of hypovitaminosis D is necessary, as it can harm maternal and fetal health.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o
. . . . . . . . . . ........
Uma nutrição adequada é de extrema importância em todas as fases da vida, e durante o período gestacional ela ganha um destaque especial; uma vez que a gestação impõe necessidades nutricionais aumentadas com o objetivo de permitir os ajustes fisiológicos no organismo materno. O estado nutricional equilibrado da mãe tanto antes como durante a gravidez influencia no prognóstico da gestação, com grandes impactos sobre a saúde materna e o crescimento e desenvolvimento fetal e do recém-nascido, podendo assim persistir na infância e ao largo da vida adulta (MOURA et al, 2013; BUENO; BESERRA; WEBER, 2016; VINKHUYZEN et al, 2016; GOULART; NUTRIÇÃO EM PAUTA
Hipovitaminose D em Gestantes: uma Análise em Estudos de Coorte
GOULART, 2017). Durante a gestação ocorrem profundas transformações no organismo feminino as quais tornam a gestante suscetível a mudanças fisiológicas e patológicas; a deficiência de vitamina D (25OHD) é uma dessas transformações (GOULART; GOULART, 2017). Estudos recentes sugerem que o baixo consumo de vitamina D pode ser um fator de risco para resultados negativos tanto na gravidez, quanto no pós fetal, como por exemplo, pré eclâmpsia, diabetes gestacional, depressão pós parto, bebês pequenos para a idade gestacional, baixo peso e altura ao nascer, abortos espontâneos, infecções respiratórias como asma e distúrbios neurológicos tais como transtorno do espectro autista; algumas dessas consequências patológicas perpetuam na infância e até na vida adulta (BASILE, 2014; KARRAS et al, 2016; VINKHUYZEN et al, 2016; HEYDEN; WIMALAWANSA, 2018; PLIGT et al, 2018; NANDI et al, 2020). O objetivo geral do trabalho foi examinar as evidências científicas sobre as repercussões da hipovitaminose D em gestantes. Os objetivos específicos foram: identificar as alterações metabólicas e nutricionais do baixo consumo de vitamina D durante a gestação; identificar as alterações neurológicas e comportamentais do baixo consumo de vitamina D durante a gestação; identificar quaisquer outros tipos de alterações devido ao baixo consumo de vitamina D durante a gestação e avaliar baseando-se na Escala Newcastle-Ottawa a qualidade metodológica de estudos de coorte que analisaram a relação da hipovitaminose D em gestantes e suas repercussões materno e fetal.
. . . ............ Meto dol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quanto ao procedimento técnico ela é classificada como pesquisa bibliográfica sistemática, no que diz respeito à abordagem, ela é do tipo qualitativa e em relação à temporalidade da pesquisa, ela é do tipo transversal. Procedeu-se uma pesquisa bibliográfica de artigos publicados no período de 2011 a 2021; utilizando as bases de dados eletrônicas: PubMed, ScienceDirect, Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). Os idiomas selecionados foram: português, inglês e espanhol. Os descritores usados foram: Status de vitamina D na gestação e repercussões; Status de vitamina D materna e desfechos negativos; Deficiência de NOVEMBRO 2021
funcionais
vitamina D na gestação e repercussões; Vitamina D em gestantes e repercussões; Deficiência de vitamina D em gestantes e alterações nutricionais; Deficiência de vitamina D em gestantes e alterações metabólicas; Deficiência de vitamina D em gestantes e alterações neurológicas e Repercussões da deficiência de vitamina D em gestantes. Foram selecionados artigos de acordo com os seguintes itens: primeiro: população de mulheres gestantes, sem comorbidades precedentes, em qualquer idade gestacional; segundo: intervenção da deficiência de vitamina D durante a gestação, e terceiro: desfechos negativos para o binômio mãe e/ou bebê, tanto na gravidez, quanto no pós-fetal. Para realizar a análise metodológica, os artigos finais selecionados foram submetidos à Escala Newcastle-Ottawa, para avaliação de qualidade em estudos de coorte. A escala de Newcastle-Ottawa utiliza um sistema estelar (0 a 9) para avaliar os estudos selecionados em três domínios: seleção, comparabilidade e desfecho.
. . . . . . . . . . R e su lt a d o s e D is c uss ã o . . ....... No decorrer da pesquisa foram encontrados um total de 111.991 artigos nos sites de busca a partir da aplicabilidade dos descritores. Todos os resumos dos artigos encontrados nas bases de dados foram lidos na íntegra, e as pesquisas consideradas com maior potencial de relevância, ou seja, aquelas que compreendiam estudos de coorte e que tinham relação com os critérios de inclusão, foram armazenadas para posteriormente serem submetidas a uma avaliação mais criteriosa, um total de 17 artigos foram selecionados. Após minuciosa avaliação dos artigos armazenados, foram incluídos 6 artigos científicos para composição dos resultados; sucessivamente, os selecionados foram submetidos a escala Newcastle-Ottawa para qualificação metodológica dos estudos. Os autores, o ano, o país de origem, bem como todo o delineamento metodológico, número de sujeitos (N) e critérios de inclusão, juntamente com o desfecho de cada estudo estão sendo apresentados no Quadro 1. Para a identificação da qualidade metodológica destes artigos, os mesmos foram submetidos à Escala Newcastle-Ottawa e seus resultados mostrados na Tabela 1. Os estudos 4 e 6 alcançaram 7 e 8 estrelas respectivamente, recebendo pontuação média, sendo então classificados como de qualidade moderada. Os estudos 1, 2, 3 NUTRIÇÃO EM PAUTA
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Hypovitaminosis D in Pregnant Women: an Analysis in Cohort Studies
e 5 receberam 9 estrelas, alcançando a pontuação máxima da escala, o que evidencia alta qualidade metodológica. A qualidade moderada (7 estrelas) foi atribuída ao estudo 4 por este não apresentar os elementos de comparabilidade da coorte, nos quais são ajustados os fatores de confusão. O estudo 6 também obteve uma qualidade moderada (8 estrelas), devido ao modo que foi determinado o desfecho da coorte, sendo caracterizados como autorrelato. Os estudos 1, 2, 3 e 5 atenderam a todos os critérios da Escala, indicando assim a mais alta qualidade metodológica de estudos de coorte.
. . . ............ C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Conclui-se que, os níveis adequados de vitamina D durante a gravidez são importantes não apenas para a saúde nutricional e metabólica materna e fetal, mas também para a saúde mental, neurológica e funcional da mãe e da criança; uma vez que sua deficiência traz efeitos deletérios para ambos, tanto a curta como a longa duração.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores
Vitória Luísa dos Santos Nascimento- graduanda de Nutrição pelo Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA). Monitora em tecnologia de alimentos do CESUPA. Estagiária do Centro de Especialidades Médicas do CESUPA (CEMEC). Dra. Viviane dos Santos Viana de Almeida- Graduada em Nutrição pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Nutricionista na Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (SESPA). Professora no Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA).
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Nutrição. Gravidez. Vitamina D. Doenças Fetais. KEYWORDS: Nutrition. Pregnancy. Vitamin D. Fetal Diseases
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... REFERÊNCIAS
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. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 10/8/21 – APROVADO: 20/9/21
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A gama de programas e cursos disponíveis no Le Cordon Bleu São Paulo se adapta ao tempo disponível do aluno. Vão de experiências de curta duração teóricas ou práticas - até chegar ao desejado “Le Grand Diplôme” que abrange a certificação mais completa em “Cuisine” e “Pâtisserie”. São turmas diurnas e noturnas, com ritmo intensivo ou regular. Cada área também pode ser cursada separadamente em módulos básicos, intermediários ou superiores com didática e nível técnico reconhecidos em qualquer unidade Le Cordon Bleu do mundo. O instituto também profere formação em Boulangerie e lançou em 2019 o CordonTec – programa voltado para a aplicação profissional das técnicas de cozinha, confeitaria e serviço no mercado de restaurantes. Normalmente os cursos são oferecidos a cada novo trimestre. “O aluno aprende um conjunto de técnicas, é muito mais do que seguir receitas. Por isso, um aluno de São Paulo consegue acompanhar o que se faz em Paris ou Tóquio. Temos a mesma didática e rigor no controle de qualidade”, diz o Chef Patrick Martin, diretor técnico responsável pela implantação da escola no Brasil. E agora para o público apaixonado pela gastronomia nacional, ou aqueles que querem fazer da cozinha brasileira o conceito de seu negócio, a escola oferece o curso Diploma de Cozinha Brasileira com 360 horas divididas em três módulos: básico – com história, apresentação de ingredientes por meio de técnicas de cozimento e cortes; intermediário – passeio pelas diferentes regiões brasileiras e seus preparos típicos; e superior – elaboração de receitas com toque autoral que mesclam a cozinha brasileira com influências internacionais.
Rua Natingui, 862 1º andar, Vila Madalena - São Paulo, SP, Brasil - +55 11 3185-2500 www.cordonbleu.edu/sao-paulo/home/pt-br
Técnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu
Com mais de 120 anos de experiência no ensino da Gastronomia, o Le Cordon Bleu é líder mundial com sua rede de Institutos de Ensino da Arte Culinária e Administração da Hospitalidade. Oferecendo uma ampla gama de cursos de grande prestígio como: Cuisine, Pâtisserie, Boulangerie e diversos cursos de curta duração disponíveis nas unidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A rede de 35 escolas em 20 países gradua mais de 20 mil estudantes por ano. O Le Cordon Bleu também se orgulha das suas instalações de última geração e da sua dedicação em manter seus cursos sempre atualizados com a mais recentes tecnologias, viabilizando a colocação dos seus alunos no Mercado. Estamos felizes em compartilhar nossas receitas utilizando as técnicas clássicas e modernas ensinadas nas nossas escolas. A receita do Le Cordon Bleu apresentada nesta edição é:
Bisque de Crustáceos
. . . . . . . . . . . . . . . . . . Ing re d i e nte s Ingredientes 150 g de camarões com casca e cabeça 150 g de Lagostim Mirepoix 25 g de cenoura 50 g de cebola 25 g de talo de salsão 25 g de alho poró 25 ml de azeite virgem Líquido do Cozimento 50 ml de vinho branco seco 25 ml de Cognac 300 ml de fumet de peixe + 300 ml água 15 g de extrato de tomate 1 tomates 1 dente de alho 1 bouquet garni 25 g de arroz Sal Pimenta caiena Para Terminar 50 g de creme de leite
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. . . ........ Progressão da Receita. . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre o autor 1. Descascar os camarões. 2. Suar a guarnição, adicionar as cascas dos camarões e a metade dos camarões limpos. 3. Adicionar o conhaque e o vinho branco. 4. Adicionar o arroz, o tomate e o concentrado de tomate. 5. Mouiller com o fumet e a água. Adicionar o alho, o bouquet garni e cozinhar. 6. Passar no moulin a legumes 7. Lier com o creme de leite. Adicionar os croûtons de pão branco previamente fritos com manteiga clarificada.
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Chef Patrick Martin - Executive & Technical Director Le Cordon Bleu Anima
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ PALAVRAS-CHAVE – cebola, tomate, camarão KEYWORDS – onions, tomato, shrimp
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ RECEBIDO: 10/5/2021 – APROVADO: 10/6/2021
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“L’École de la Pâtisserie” - Le Cordon Bleu® institute - Larousse.
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