Edição 43, novembro / 1989

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VfDEO POPULAR

A expansão do vídeo popular e a atuação da ABVP

No futuro, possivelmente, os anos oitenta ficarão marcados pelo processo de redemocratização, com suas esperanças e desesperanças, pela gíavidade da crise econômica, assustando o nosso cotidiano com a possibilidade de h iperinflação no day after, assim como pelo acelerado desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação que revoluciona as possibilidades de informação, de notícias, de intercâmbio e muito mais. Neste último item, acreditamos que o vídeo popular, ou seja, o acesso que os grupos e os movimentos populares estão tendo a este meio, as possibilidades de usar equipamentos portáteis mais leves, mais baratos e mais ágeis como instrumento de registro, de análise crítica, de divulgação de suas imagens-mensagens e de reforço da ação política, também terá o seu lugar na história, assim como tiveram os documentaristas do cinema novo no movimento popular da década de sessenta. Hoje, os movimentos sociais se defrontam com um país que possui cerca de 80 milhões de telespectadores, servidos por 30 milhões de aparelhos e a quarta maior rede de TV do mundo. As políticas adotadas pelos governos nas últimas décadas concentraram os meios de comunicação nas mãos de poucos grupos econômicos e excluíram a expressão de alternativas propostas pelos setores populares. Esta realidade tem impulsionado nos movimentos sociais a necessidade de elaborar e

Diretoria da ABVP

implementar estratégias de comunicação mais avanç<Jdas, visando a democratização rla informação nos grandes veículos, no país como um todo, e a utili zação dos mais diversificados meios, que potencializem a circulação e os processos de comunicação, entre eles o vídeo. Isto parece estar fazendo com que, no atual período, o vídeo se torne um meio da maior importância nas mãos destes movimentos, subvertendo estruturas e monopólios de comunicação com a diversidade incontrolável de imagens que são difundidas em novos e crescentes circuitos. Esta nova fase da imagem em movimento, via vídeo, nas mãos dos grupos populares, teve seu início no Brasil a partir de 1982, contando inicial mente com o apoio de alguns setores da Igreja, de centros de educação popular e de sindicatos de trabalhadores. Em 1984, o vídeo popular ganha novo impulso quando cerca de 40 grupos, até então existentes no país, se reúnem no I Encontro Nacional do Vídeo do Movimento Popular, em São Bernai·do do Campo. Neste fórum, os debates refleti ram o papel do vídeo, sua postura crítica frente aos conflitos sociais, suas possibilidades enquanto instrumento de intervenção e denúncia. Aí também foram identificadas as precariedades: dificuldades de produção, pequeno nível de formação dos real izadores, programas sem circulação entre os grupos e na sociedade e falta de troca de experiências e de informação.

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