Edição 43, novembro / 1989

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rendo uma proliferação de canais regionais em pequenos povoados, mas de grande potencialidade em termos de comunicação e de acesso das organizações populares a estes canais. Eles são constitu fdos basicamente pelas igrejas e ·pelas universidades (existem oito canais universitários no país). Qualquer produção realizada no âmbito popular tem acesso imediato a estes canais, e embora não sejam muito utilizados por esta produção é necessário aprofundar a discussão e a luta para ocupar de forma crescente os espaços televisivos dos "canais abertos". Esta é uma batalha que temos capacidade para travar e acredito que lentamente vamos aumentar a ocupação dos canais abertos, inclusive dos canais privados, porque as condições são competitivas e a produção do vídeo popular tem boa qualidade, e pode competir com as produções realizadas por estes canais, nossas produções são muitas vezes superiores à deles.

~ claro que esbarramos com o boicote à produção popular por parte destes canais, que não pagam pelas transmissões e exibem nossos vídeos em horários pouco convenientes (6h ou à noite, depois do futebol). ~ necessário ressaltar que existem canais mais democráticos que outros, há pessoas que estiveram vinculadas ao vídeo popular e que agora trabalham em canais de TV, e fazem com que cada vez se abram melhores perspectivas para o uso destes canais. ~ uma combinação que estamos fazendo, onde não excluímos nenhuma frente de comunicação das batalhas para a utilização do vídeo. Creio que o vídeo, que tem funcionado meio marginalmente, o vídeo local, o vídeo feito por comunidades para intercambiar informações com suas organizações ou com outras comunidades, e também o vídeo pensado e realizado para uma abrangência maior, tem que combinar seus esforços na mesma orientação de ir ocupando cada vez mais os espaços de comunicação audiovisual no país.

A capacitação ea multiplicação dos meios CIMCA Entrevista ~

Entrevista realizada com Alfonso Gumucio, diretor do Cimca (Centro de lntegración de Medidas de Comunicación Alternativa - Bolívia), por Alberto López Mejía (FASE) e Paulo Martins Teixeira (CECIP).

Proposta - Como o Cimca vem desenvolvendo seu trabalho de comunicação a Iter nativa? Alfonso Gumucio - O Cimca é uma instituição que nasceu com o objetivo de promover o desenvolvimento e multiplicação de instâncias de comunicação alternativa na Boi ívia. Desenvolvemos nosso trabalho através de vários instrumentos e, principalmente, pautados por uma concépção integral da comunicação. Acreditamos que a comunicação deve intervir de uma maneira adequada em cada contexto social específico. Ou seja, a situação social, econômica e cultural é que vai determinar o instrumento de capacitação que utilizaremos, e para tal nos aproximamos dos grupos sem idéias preconcebidas. Proposta - A quem se destinam os cursos de capacitação dados pelo Címca?

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Alfonso - Somos uma instituição prestadora de serviços e, portanto, não trabalhamos com um grupo limitado de comunidades e instituições. Entre nossas atividades temos o programa de capacitação de 50 cursos anuais e alguns desses cursos já foram fechados previamente com determinadas instituições, como por exemplo as rádios mineiras, que vimos apoiando com cursos periódicos de capacitação. Desenvolvemos também um trabalho mais regular de capacitação com algumas entidades que atuam no campo da mulher, meio ambiente e direitos humanos. Mas, nossos outros cursos são abertos a vários grupos e instituições. Geralmente, procuramos ter nesses cursos pessoas pertencentes a grupos que se identifiquem, por exemplo grupos de jovens de diferentes bairros. Nos· so objetivo é que estas pessoas voltem a seus grupos e entidades e reproduzam a experiência adquirida.

Proposta - O processo de capacitação é único em relação a todos os grupos ou existem diferenças metodológicas entre cada um dos cursos? Alfonso - Um dos primeiros pontos a destacar é que a realização destes cursos conta também com instrutores externos ao Cimca, e que são especialistas em cada um dos temas dos cursos. Contamos ainda com três consultores para cada curso. Em termos metodológicos, trabalhamos basicamente em duas vertentes: numa vertente, priv il egiamos o instrutor que além de especialista tenha conhecimento e afinidades com a realidade sócio-cultural da população que participará do curso. Por exemplo, ao darmos um curso para promotores sociais de uma entidade aymara, escolhemos um professor que fala aymara, de origem camponesa e que conhece muito bem n região, além de conhecer os con-


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Catálogo de vfdeo

6min
pages 69-72

ANEXO o

3min
page 66

Glossário de termos técnicos e siglas mencionadas

4min
pages 67-68

A leitura de imagem Um novo conceito de comunicação:

9min
pages 57-58

o destinatário é o sujeira

27min
pages 59-65

Pensando a videosfera no 3? Mundo Entrevista com Manuel Calvelo

27min
pages 50-54

A capacitação e a multiplicação dos meios: CIMCA Entrevista com Afonso Gumucio

8min
pages 48-49

imagens

7min
pages 55-56

O espaço da imagem

5min
pages 46-47

D'América Imagem Latina

8min
pages 42-44

Proposta n9

2min
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O olhar cotidiano dos bairros

32min
pages 14-23

Mandacarú: Um projeto audiovisual

20min
pages 24-27

As histbrias de vida nos meios eletrõnicos

7min
pages 37-38

Construindo uma mldia sindical: TVB

11min
pages 4-7

Câmera aberta

7min
pages 34-36

A expansão do vldeo popular e a atuação da A BVP

8min
pages 39-41

A comunicação como mediadora do conhecimento

2min
page 13

TVT: uma rede sindical em expansão

13min
pages 8-12
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