habitat Revista
outubro 2021 | Número 4
Sebastião salgado
A arte social e a voz do maior fotógrafo do Brasil
Mercado Imobiliário A hora e a vez da Geração Prateada
Arte Os segredos de OSGEMEOS contados em Curitiba
Cidade Um passeio ao Batel plural em companhia da A.Yoshii
Habitat editorial
Nova ordem mundial
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pirâmide populacional virou de cabeça para baixo e, em breve, o mundo terá mais velhos do que crianças nascendo. A nova ordem mundial revira nossos conceitos e nossa auto-imagem cheia de colágeno e alma jovial. Chegou, enfim, a hora de crescer e de envelhecer. E vai ficar tudo bem. O mercado imobiliário já está despertando para atender o novo público, que nada tem a ver com a imagem ultrapassada do idoso. O público senior quer mais da vida, é mais exigente, pode pagar e não está mais interessado em velhas soluções. O mercado que lute para ganhar um lugar no coração deste consumidor.
O Japão, país com mais velhos do mundo, já jogou a aposentadoria para mais tarde e aproveita a força de trabalho experiente dos idosos - uma tendência do mercado, segundo os estudos da coolhunting Paula Abbas. Não é hora de parar enquanto se faz o que gosta. Exemplo melhor não há do que nosso personagem de capa, Sebastião Salgado, que, aos 77 anos, continua a ver o mundo por trás de suas lentes e usa sua obra para tentar salvar o planeta. Ele, aliás, acaba de receber o Prêmio Imperial do Japão, considerado o Nobel das Artes, por retratar “com grande sentido estético o estado dos mais pobres e a degradação do meio ambiente”.
Expediente
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Publisher: Cíntia Peixoto, cintia.vieira.peixoto@gmail.com e (41) 99225-7610 Comercialização: Saltori Mídia Estratégica, saltori@saltori.com.br e (41) 99996-9995 Direção de arte: Igor F. Dranka Jornalista responsável: Larissa Jedyn, arevistahabitat@gmail.com Fotos: Sebastião Salgado, Sara Rangel, Eduardo Macários, Nivaldo Franco, Marcelo Stammer, Prefeitura Municipal de Curitiba, Unsplash, Patricia Klemtz, Jennyfer Franco, Daniel Katz, Marco Antônio e Eduardo Macarios. Marca registrada: Capelatto Marcas e Patentes
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Habitat índice
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Capa. A arte social de Sebastião Salgado
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Mercado. Como o marketing e o mercado de trabalho estão se adaptando aos idosos
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Mundo. O Japão é o país com mais velhos em todo o mundo
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Empreendimentos. Mercado Imobiliário se rende à geração prateada
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Vitrine. Design brasileiro faz bonito
em Milão
Entrevista. Juliana Vosnika, a mulher por trás do MON Arte & Design. Boulle e o universo
criativo da madeira
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Arte. OSGEMEOS vieram contar seus segredos em Curitiba
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Mostra. CASACOR Paraná mostra
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Cidade. A.Yoshii apresenta a multiplicidade do Batel
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Comportamento. Mario Dandrea fala
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Roteiro. Um festival de sabores e tesouros gastronômicos, por Jussara Voss
a casa dos novos tempos
sobre a importância de valorizar o que está perto de você
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Retratos em branco e preto A arte social do fotógrafo Sebastião Salgado é uma declaração de amor à vida e ao planeta
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uando em Serra Pelada, Sebastião Salgado vivia como garimpeiro. Dormia e acordava junto e, assim, teve autorização para fotografá-los. Entre os índios, era um deles. Caminhou passos angustiados ao lado de refugiados do mundo todo. Sentiu o medo deles e a esperança. Aprendeu a viver o tempo dos homens e também o tempo da natureza para desvendar recantos intocados. Sempre de corpo e alma. Suor, cãibras e cansaço. Emoção e vibração. Paciência para achar a luz perfeita. “Não é todo mundo que pode ser fotógrafo. Há de se ter prazer em fotografar.’’ Aos 77 anos, Sebastião Salgado continua produzindo. Suas longas e extenuantes jornadas rareiam, afinal, seus registros dependem de tempo, planejamento, disposição, vigor físico e mental. Mas hoje, ele, que se divide entre o Brasil, onde nasceu, e a França, onde mora, se mostra um ser até mais social e político, quando apenas atrás de suas lentes. Desde 1998, quando em companhia da mulher, Lélia Salgado, criou o Instituto Terra e recuperou uma área de Mata Atlântica que era da família, passou a ativista pela natureza e pela sustentabilidade do planeta.
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Neste ano, fez sua mais recente incursão pela Amazônia, de modo a finalizar o novo trabalho, lançado já em Paris, e que começa a ganhar o mundo: a mostra “Amazônia”, fruto de sua viagem de sete anos pelas entranhas da maior floresta tropical do mundo. Vai viajar para Londres, Roma, São Paulo e Rio de Janeiro, entre outras cidades, da mesma forma que “Gênesis” deu a volta ao mundo para mostrar os lugares mais bonitos e remotos do planeta. “Amazônia” é seu trabalho mais pessoal e político. Tinha planos de convidar para a inauguração lideranças indígenas com o objetivo de fazer ouvir essas vozes contra a destruição de seu habitat e das consequências disso para o planeta. A pandemia ainda não deixou. A exposição é como uma expedição na selva, acompanhada pela trilha composta pelo francês Jean-Michel Jarre. Além da natureza exuberante, Salgado apresenta 10 grupos indígenas, com os quais conviveu durante sua jornada de sete anos, que foram fotografados no estúdio feito de lençol pendurado nas árvores. Ianomâmis, marubos, iauanauás se preparavam para as sessões, pintando o corpo e usando cocares. “Queremos que as pessoas que forem ver a exposição to-
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mem ciência do que é a Amazônia. Não é só uma grande planície com grandes rios no centro. Também é a montanha, um sistema de água, os ‘rios voadores’, que chegam a quase todas as regiões do mundo, e as comunidades indígenas. Portanto, é uma tentativa de apresentar a Amazônia”, comenta o fotógrafo, ressaltando as ameaças que pesam sobre esse ecossistema. “A grande esperança é que juntos conseguiremos frear a destruição dos biomas amazônicos, que conseguiremos protegê-los, e proteger também as comunidades indígenas. Não só para preservá-los, mas porque precisamos deles para o planeta. A Amazônia garante uma grande distribuição de umidade no planeta, além de sequestrar o carbono graças a essas milhões de árvores que se ocupam de transformá-lo e liberar o oxigênio que respiramos.” “Não podemos construir nosso futuro – o futuro da humanidade – com base apenas na tecnologia”, acrescenta. “Devemos olhar para o nosso passado, devemos levar em consideração tudo o que fizemos em nossa história. O ser humano tem uma grande oportunidade: a pré-história da humanidade está na Amazônia agora.”
Nobel das Artes
Salgado, famoso por suas intensas fotos em preto e branco, é um dos ganhadores deste ano do Praemium Imperiale do Japão, considerado o “Nobel das artes”. O anúncio foi feito agora em setembro em Berlim pelo ex-presidente do Instituto Goethe e conselheiro da Associação Japonesa de Arte Klaus-Dieter Lehmann. O fotógrafo foi distinguido na categoria pintura pelas imagens em que retrata “com grande sentido estético o estado dos mais pobres e a degradação do meio ambiente”. Seu último projeto, “Amazônia”, mostra a exploração do ecossistema amazônico e da vida de seus povos indígenas durante sete anos. Os outros brasileiros a receber o prêmio foram os arquitetos Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha. Ainda este ano, Sebastião Salgado foi homenageado durante a cerimônia de abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, com o 27th Annual Crystal Award, premiação que reconhece a contribuição do trabalho de artistas, das mais diferentes áreas, para a sociedade. Salgado foi escolhido por sua liderança na abordagem da desigualdade social e sustentabilidade.
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Habitat Mercado idosos
A revolução da longevidade Estamos envelhecendo, é fato. E a coolhunter Paula Abbas avisa que o mercado já está mudando por causa disso. Quem não se adaptar, vai ficar para trás
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mundo está envelhecendo. O aumento populacional é uma tendência global, a expectativa de vida aumenta a cada dia, o índice de nascimentos vem caindo e tudo isso mostra que caminhamos a passos largos para o envelhecimento da população global. Basta comparar os números: em 1945, só 5% das pessoas tinham mais que 60 anos no Brasil (cerca de 3 milhões de pessoas), e, em 2050, projeta-se que mais de 31% da população brasileira vai ter mais que 60 anos - mais de 68 milhões de pessoas. É a revolução da longevidade. Acredita-se inclusive que a expectativa de vida em 2050 possa ser de 120 anos. Segundo Paula Abbas, Head de Design Estratégico e docente em Coolhunting e Design Thinking, estamos falando de um mercado emergente. Afinal, muitos deles
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estão com a vida ganha, têm algum dinheiro e estão dispostos a gastar com experiências. Estão se divorciando, voltando a namorar, viajando, criando projetos. Afinal, eles já entenderam que há muita vida para depois dos 60 anos. A chamada “economia da longevidade” já fisgou o marketing e a publicidade. O mercado de trabalho começa a entender a importância de agregar ao seu quadro de funcionários pessoas com mais de 60, mas ainda há resistência e um desconhecimento de como aproveitar esses talentos. O mercado da saúde, as seguradoras e as cooperativas também estão correndo atrás dessa adaptação, uma vez que o impacto da longevidade é direto no negócio. Já o turismo foi um dos mais rápidos a perceber as oportunidades da economia da longevidade e tratou de customizar produtos e serviços para esses consumidores em
busca de experiências. O mercado de educação, por sua vez, também está se preparando para ajudar os 60+ a encontrar novas oportunidades de trabalho ou para desenvolver interesses que possam mantê-los mentalmente produtivos. É o famoso lifelonglearning (aprendizado durante a vida). Estamos, no entanto, bem atrasados em relação à Europa, por exemplo. “Mas isso é cultural. Paises latinoamericanos ainda estão vivendo a onda da beleza perfeita e da juventude a qualquer custo. É reflexo da pirâmide de Maslow, da hierarquia das necessidades humanas. Não se busca a transcendência, a autoestima e a relação pessoas em um nível mais sutil antes de termos necessidades sociais de aceitação, de segurança (emprego, saúde e propriedades) e principalmente fisiológicas (comer, dormir) atendidas. Países menos desenvolvidos tendem a estar mais abaixo na
pirâmide. Na Europa e EUA as pessoas estão mais atentas aos desafios da saúde principalmente no nível do bem-estar e aceitar o envelhecimento saudável, e o que se precisa fazer para alcançá-lo, já é uma preocupação muito mais inserida na cultura do que na do brasileiro”, explica Paula. Segundo o IBGE, em 2050, o Brasil será o sexto país mais velho, à frente de todos os demais países em desenvolvimento. Hoje já há mais pessoas acima de 60 anos no Brasil do que crianças até 5 anos de idade. Ou seja, já passou da hora de acordar e fazer este grande movimento. Esta nova ordem mundial vai, na opinião da coolhunter, reforçar e pulverizar uma ideia que tem raízes nas chamadas Blue Zones, lugares onde as pessoas vivem muito, com saúde e sem remédios, como a Sardenha, na Italia, ou Okinawa, no Japão. “Nesses locais, tudo indica que os habitantes têm
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Habitat mercado idosos
alguns truques para viver mais e melhor, como estar perto de quem se ama, manter grupos sociais, tomar uma a duas taças de vinho por dia, comer mais vegetais, se movimentar, ter um bom propósito de vida. Ou seja, o olhar é holístico. Passa por muitos segmentos de mercado. Há muitas oportunidades para todo mundo e é lindo imaginar como a nossa geração (eu sou da geração X com um pé na Y), vai se beneficiar dessa transformação de consciência operada pelas marcas.” A comunicação e a publicidade devem ser as primeiras a sofrer os imactos da mudança que não tarda. “Isso tem a ver com comunicar que podemos ser felizes e devemos
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ser felizes e buscar alternativas de estudo, de trabalho, de namoro, de alimentação para que os 120 sejam, de verdade, os novos 80. Tem a ver com mostrar um novo arquétipo do antigo vovô, que ficava isolados, com muito tempo ocioso, aposentado, meio isolado. A solidão é um problema real para essas pessoas e as afeta imensamente, os resultados da pandemia sobre eles foram brutais. Mas a publicidade precisa mostar um novo alvorecer. E o marketing das empresas precisa criar produtos e serviços adequados e voltados para esse público. Não somente PARA eles, mas COM eles.”
Habitat Mundo
Geração Japão
Atualmente, o país tem 28,4% de idosos e a estimativa é que, até 2040, eles cheguem a 35% da população. A tendência é universal e crescente
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O Japão é techno, é pop, tem arranha-céus iluminados e multicoloridos. É também conservador e tradicional. Tem cerimônia do chá e cerejeiras em flor. E justo ele, que convive numa boa com o pessoal do cosplay de Harajuku, em Tóquio, e com os costumes remanescentes do império em Kioto, é o país que mais envelhece no mundo. Atualmente, pessoas com mais de 65 anos já representam 28,4% da sua população, de acordo com números pré-pandemia. O segundo país com mais idosos é a Itália, com 23%. E a tendência é universal. O governo japonês divulgou a retomada da economia e da vida normal para o fim deste ano e, para que os planos deem certo, conta com a ação de velhos samurais, ve-
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lhos moderninhos e velhos empresários. Eles representam atualmente 12,9% da força de trabalho do país, número que cresce a pelo menos 15 anos. A população de japoneses com 90 anos ou mais está em 2,31 milhões e, entre eles, 70 mil centenários. E o Instituto Nacional Pesquisa sobre População e Seguridade Social do Japão estima que as pessoas com mais de 65 anos representarão 30% da população em 2025 e acima de 35% até 2040. Essa nova ordem mundial virou de ponta-cabeça a pirâmide populacional, puxada pelos países mais desenvolvidos. Esses países tendem a ter menores taxas de natalidade por uma série de razões ligadas principalmente à afluência econômica - as taxas de mortalidade infantil são menores, o controle da natalidade é mais fácil e a educação dos filhos
é relativamente cara. As mulheres deixam para ter filhos mais tarde e, portanto, têm menos filhos. O padrão de vida melhor acaba levando as pessoas a viverem mais nesses países. De novo no exemplo do Japão, a expectativa de vida ao nascer é de quase 84 anos - a mais alta do mundo. Para comparar, a população com menos de 5 anos, segundo a Organização das Nações Unidas, não chega a 4%. Por lá, pela primeira vez na história, há mais avós do que netos, e isso representa um desafio às autoridades, que já anunciaram o aumento compulsório da idade mínima para aposentadoria, de 65 para 70 anos. Com isso, os trabalhadores do Japão deverão se aposentar mais tarde do
que em qualquer outro lugar do mundo. Os demógrafos alertam que as políticas que promovem a saúde dos idosos precisam desempenhar um papel crucial na mitigação dos efeitos do envelhecimento da população.O argumento é que indivíduos mais saudáveis são mais capazes de continuar trabalhando por mais tempo e com mais energia, o que poderia resultar em menores custos com a saúde. O Japão já investe em tecnologias e pesquisas que aumentem a vitalidade de seus idosos e garantam o seu bem-estar por mais. Tanto que há quem defenda o início da terceira idade só para depois dos 70.
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Habitat Construção empreendimentos Com conceito senior living, o BIOOS, da Construtora Laguna, reúne em um só lugar propostas que integram bem-estar, comunidade e cuidados com a saúde.
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Moradas para “longeviver” Lançamentos imobiliários focam em bemestar, convivência e cuidados médicos para conquistar o público com mais de 60 anos
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ovos tempos pedem novas moradas, casas orgânicas, que crescem em torno do morador. Elas são criadas para cuidar dele, ao invés de precisarem ser cuidadas. A longevidade crescente tem provocado o aparecimento de produtos e serviços direcionados ao público senior. Normal, considerada a lógica da demanda e da procura. No entanto, a transformação da população mundial, que vive cada vez mais, envelhece melhor e se sente plena para fazer planos para o futuro, não é só aparência ou marketing. Ela é real e urgente.
As estruturas físicas de edificações e equipamentos urbanos precisam se adaptar a este novo cenário. O desafio de promover acessibilidade visual, auditiva e de mobilidade nas ruas e edificações, nos transportes e no mobiliário urbano, bem como no interior das residências é de todos. No livro “Senior Living – Conceitos, Mercado Global e Empreendimentos de Sucesso”, o engenheiro curitibano Norton Mello, doutor em Health Care Services Management pela Florida Christian University e especialista em projetos arquitetônicos na área de saúde e bem-estar, destaca a falta de conhecimento
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técnico e científico no assunto e, em decorrência disso, a criação de edificações que não observam requisitos mínimos de conexão entre projetos e emoções, considerando apenas aspectos econômicos e culturais locais onde os empreendimentos estão inseridos. “Três pontos precisam ser considerados em obras destinadas ao público senior: soluções de bioengenharia aplicadas a projetos arquitetônicos que estimulem a inclusão do idoso; incorporar elementos técnicos específicos que potencializem as habilidades físicas, cognitivas e emocionais para pessoas idosas; e esclarecer como e quando se dá o processo decisório para a adesão aos empreendimentos, identificando argumentos positivos para a decisão para cada um dos protagonistas envolvidos”, explica.
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Esse novo jeito de desenvolver projetos deve entrelaçar os ambientes com as emoções de cada indivíduo, para que suas experiências sejam engrandecedoras, vibrantes e felizes, pois esses movimentos vão impactar na melhor percepção da vida ao seu redor e na sensação de recompensa de ter a oportunidade de morar em uma edificação que reúne condições de proporcionar essas experiências. Segundo Mello, considerar uma abordagem biopsicossocial do morador, esteja ele em sua própria residência ou em moradia coletiva, possibilita melhor capacidade de o morador tomar decisões, o que lhe garante a manutenção do protagonismo e de pertencimento, garantindo tranquilidade por estar incluído na comunidade que o envolve.
BIOOS
Consagrada por seus projetos sustentáveis, com certificações internacionais e foco em saúde e bem-estar, a Construtora Laguna acaba de lançar o BIOOS. Com o conceito senior living, ele corresponde à tendência que discute o destino das cidades e o envelhecimento da população. Segundo Renato Castello Branco, consultor da Laguna para o empreendimento, o ponto de partida é a celebração da vida. “Queremos o melhor para o nosso público, mas estamos prontos para atendê-lo quando tudo não estiver tão bem assim. Queremos que esse morador com mais de 60 anos viva bem, desenvolva aqui uma família afetiva estendida, com pessoas contemporâneas e fique mais feliz, com a auto-estima elevada. Mas, por outro lado, estamos preparados para
qualquer situação, com uma arquitetura adequada e um serviço de home care à disposição”, diz. O imóvelarte vai reunir, em um só lugar, propostas que integram bem-estar, comunidade e cuidados com a vida. O intuito é proporcionar qualidade de vida para quem mora, quem frequenta e quem empreende no local. Para simplificar o acesso à medicina, o BIOOS conta com estrutura que contempla 65% da demanda de acesso a serviços de saúde. Além disso, o projeto abrange espaços que estimulam a convivência, a interação e o lazer. O complexo do BIOOS irá abranger duas torres que se complementam e proporcionam a Bioos Home e a Bioos Health, com espaços comerciais e consultórios médicos.
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Habitat empreendimentos
O AGE 360 é um wellness building e conta com assessoria em medicina integrativa para criação dos espaços.
Age 360
O AGE360 da incorporadora AG7 tem como meta ser “o melhor lugar para se viver todos os dias”. A concepção do projeto contou com uma visão multidisciplinar com o propósito de transformar o prédio e seus apartamentos no melhor lugar para se viver todos os dias. Ele reúne três conceitos: arquitetura sustentável, qualidade de vida e
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bem-estar, se tornando o primeiro wellness building do Brasil. Além da arquitetura e design de interiores, conta com a assessoria em medicina integrativa da Lapinha SPA, que orienta a criação de espaços focados em bemestar.
Quintessence
Com boa parte de seus consumidores com mais de 60 anos, a A.Yoshii vem se atentando a detalhes que fazem muita diferença, como acessibilidade, passagens amplas, tamanhos de portas e mobiliário ergonômico e adequado, espaços compartilhados na área comum, preparados para as atividades que atendam essa faixa etária. O lançamento do Quintessence, no coração do bairro Batel, conta com amplos halls de acesso e um espaço refrigerado na portaria para conservar produtos perecíveis, pensando na comodidade do delivery. Outro ponto de destaque é o conceito de biofilia - proposta de integração entre pessoas e natureza - aplicado nos jardins externos e espaços ao ar livre destinados à prática de exercícios e lazer.
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Habitat empreendimentos
Human Batel e All Batel
Com o objetivo de levar medicina humanizada e completa ao público, a GT Building desenvolveu o Human Batel. Um Centro Médico de Saúde Integrada onde cada detalhe foi projetado para oferecer o máximo de conforto e segurança para seus usuários.
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O empreendimento reúne o que há de melhor em tecnologia e gestão em um projeto 100% voltado para a saúde. O empreendimento conta também com uma Ala Residencial: o All Batel.
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Habitat publi Elissa Village
Uma nova vida começa depois dos 60
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om o avanço da ciência e da medicina, a expectativa de vida não para de crescer. Em países europeus, ela já ultrapassa os 100 anos. E já que vamos viver mais, merecemos aproveitar cada segundo da nossa boa e longa vida. O Elissa Village foi inspirado nisso. O empreendimento já nasce inovador e inaugura um novo segmento de mercado, voltado para abrigar e hospedar - com muito carinho e um cuidado - pessoas com mais de 60 anos. Sua estrutura conta com tecnologias capazes de tornar a vida mais confortável e segura, uma vez que o Elissa Village não foi adaptado para o público específico, mas foi construído especialmente para o público a que se destina. O projeto,liderado pela arquiteta gerontóloga Flavia Ranieri, coloca em prática o conceito de Living Care, o cuidado integral do idoso, e as teorias da professora e psicóloga Elissa Epel, autora do livro “O segredo está nos telômeros”, best-seller reconhecido pelas receitas revolucionárias para manter a juventude e viver mais e melhor. A propósito, foi a autora que inspirou o nome do empreendimento.
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Conheça o Elissa Village, um empreendimento inovador, que apresenta para o público 60+ uma forma diferente de morar
Conceito aplicado
Tudo foi pensado para oferecer o máximo em cuidado e bem-estar, como os sensores de monitoramento de quedas, luzes guias balizadoras, móveis com cantos arredondados e espaços que facilitam a mobilidade. Diferentemente de outros residenciais, no Elissa Village cada pessoa tem seu próprio quarto, que pode ser personalizado conforme o gosto e história de cada morador. É mais privacidade e aconchego para os idosos e seus familiares. A ideia do empreendimento, que conta com unidades de 29m2, é levar bem-estar e qualidade de vida ao morador, dando a ele mais autonomia e prazer em descobrir novos interesses e atividades. Para isso, muito espaço de convivência, afinal, são 3.000 m2 de área comum, além de ampla área verde, com 300.000 m2, que colocam os moradores em contato direto com a natureza.
Diferenciais
O Elissa Village conta três modalidades de uso: moradia, day use e hospedagem temporária. E além de cuidados com segurança e saúde, o morador tem acesso a serviços especializados, que fazem o residencial mais parecer um hotel cinco estrelas, como restaurante com chef, motorista particular, concierge, room service, lavanderia e salão de beleza. Com o apoio de uma equipe extremamente dedicada, todas as necessidades dos moradores serão atendidas de um jeito único, incluindo acesso 24h aos serviços de saúde. O quadro de especialistas é composto por: enfermagem, nutrição, fisioterapia, psicologia, terapia ocupacional, educação física, fonoaudiologia, musicoterapia e geriatria. No Elissa Village, cada segundo é muito bem aproveitado. Uma série de atividades físicas, cognitivas e de lazer oferece
mais qualidade de vida aos idosos. Entre as atividades, oficina de artes, música, jogos, yogaterapia, pilates, oficinas de expressão, biblioteca, spa, academia, hidroginástica, cinema, palestras, jardinagem, caminhada ao ar livre e aulas de culinária. É possível marcar uma visita e conhecer de perto este projeto único no sul do Brasil. O Elissa Village está localizado na Rodovia do Caqui, 1.525, em Campina Grande do Sul, a poucos minutos de Curitiba. Familiares podem entrar em contato pelos números:
(41) 9 8792 7965 / (41) 3542 1771 Para mais informações, aponte a câmera do celular ou acesse www.elissavillage.com.br
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Habitat Vitrine design
Design brasileiro legal em Milão
Poltrona Velo, design Sergio Batista para Uultis.
Tapete Laguna Atlântica, design Nicole Tomazi para By Kamy.
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evento de design mais importante do mundo voltou. O Salone del Mobile e a programação do Fuorisalone movimentaram a Semana de Design de Milão 2021, que retornou da pandemia com formato renovado e um destaque histórico para peças e designers brasileiros. A presença em peso de representantes da indústria e do desenho autoral brasileiro teve, claro, o apoio da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O made in Brazil agrada e faz bonito no mundo todo. Motivos não faltam: a produção brasileira tem diversidade de materiais, técnicas, um imaginário rico e herança cultural comprovada.
Cadeira Hermes, de João Paulo Raimundo.
Poltrona Gilda, com design fluido e orgânico, do estudiobola.
Espelho Aro, do designer Leandro Garcia.
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Habitat arte e design
Madeira pura A Boulle é uma marca curitibana que faz design autoral de primeira, com um pé na inovação e os dois na sustentabilidade
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esign assinado sobre madeira é coisa fina. Atuar sobre o material sem se sobrepor a ele e fazer algo diferente do que já tenha sido feito. Essa é a especialidade da Boulle, que começou em 2020, em família, fabricando móveis a partir do reaproveitamento de madeiras descartadas, e atualmente tem uma linha autoral,contemporânea e absolutamente sustentável de móveis e objetos de madeira. Com premiações nacionais pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e SEBRAE Nacional, em Inovação de Produto e Saúde e Segurança no Trabalho, a marca curitibana que se destacou como a empresa do setor moveleiro mais premiada em Inovação do Brasil no ano de 2019 mostra que é possível unir tecnologia, artesania, responsabilidade social e ambiental.
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Habitat arte e design Nas fotos, Rodolpho Gutierrez, Ugo Neto e Ugo Gutierrez Filho (o pai de todos).
A Boulle trabalha com madeiras certificadas ou trazidas por sua equipe, que busca o material em regiões remotas da América Latina, árvores que caíram naturalmente, madeiras que estavam submersas em rios e represas e peças antigas. O que vem é trabalhado individualmente, considerando as características do material. Nada se perde e tudo vira mais design criativo em madeira. A marca criou até a Boulle Petit, para comercializar peças feitas a partir do reaproveitamento das sobras de madeira.
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Quem quer ver mais pode ir a loja nas Ruínas do São Francisco, no show room, até a CASACOR Paraná, onde Rodolpho assina a bilheteria e tem peças na área externa - feitas com uma técnica japonesa chamada sugi ban (que impermeabiliza a madeira por meio do fogo) - ou, logo mais, no Cidade Matarazzo, único hotel seis estrelas do Brasil, que contará com peças da marca. A Boulle também está ganhando o mundo e, atualmente, comercializa com os Estados Unidos e Portugal. E este é só o começo.
Habitat entrevista
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É ela quem está por trás do “olho” A diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer Juliana Vosnika fala com exclusividade à Habitat sobre arte, gestão, sucesso de público e sobre administrar o maior acervo de arte da América Latina
O Museu Oscar Niemeyer é um dos museus mais importantes da América Latina. Qual é o desafio de gerenciar um museu que é campeão de público, bem quisto pelo setor e pela cidade?
O dia a dia à frente de uma instituição como o MON, que é um espaço vivo, que proporciona experiências únicas e inesquecíveis aos seus visitantes, é uma grande responsabilidade, que traz constantemente novos desafios e exige superação a cada dia, mas também uma honra. É uma imensa satisfação que o museu se torne cada vez mais plural, mais diverso e que possa contribuir para o incremento de repertório de seu público, especialmente neste momento difícil de pandemia. A principal motivação é sempre poder de alguma forma contribuir para uma sociedade melhor, mais justa e mais democrática, ou seja, oferecer arte e cultura de qualidade ao maior número de pessoas. O MON é patrimônio estatal vinculado à Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura do Paraná e abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além da mais significativa coleção asiática da América Latina.
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Habitat entrevista
A que se deve o sucesso do MON? Como um museu conversa com a cidade?
O MON conta com mais de 35 mil metros de área, sendo 17 mil metros reservados para as exposições. É hoje o maior museu de arte da América Latina em área construída. Com uma política institucional de atender a diversos públicos, o MON se consolida, ano após ano, como uma instituição dinâmica, aberta ao diálogo artístico e à troca de experiências múltiplas. Com essa preocupação, o MON criou o Núcleo de Acesso e Participação (NAP), para ampliar o acesso de todos os públicos a obras do acervo e às atividades oferecidas pela instituição. O objetivo é inserir cada vez mais a comunidade no Museu, participando ativamente de suas ações e propostas. Um dos exemplos é o programa MON Para Todos, desenvolvido pelo museu para ampliar o acesso das pessoas com deficiência ao acervo e às atividades oferecidas pela instituição. Para pessoas com cegueira ou baixa-visão, o programa conta com legendas em braile, maquete tátil, audioguia, esculturas originais e réplicas em miniatura. O MON oferece ainda atividades realizadas em Libras para pessoas com deficiência auditiva, e a partir do ano que vem irá realizar também atendimento específico para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O principal objetivo é aumentar a acessibilidade e aproximar a instituição dos mais variados públicos. Outra prioridade é o setor Educativo do Museu. Suas atividades e programas visam aprofundar a relação dos visitantes com a arte, ampliando o olhar e incentivando novas leituras de
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mundo. A partir de março de 2020 as ações passaram para o formato digital - disponibilizadas nas redes sociais como o Instagram, Facebook e canal do MON no Youtube - e contemplam informações e curiosidades sobre o acervo do museu, assim como as exposições em cartaz e virtuais. As atividades desenvolvidas privilegiam a abordagem transdisciplinar, a leitura de imagem e a experimentação de diferentes técnicas e materiais artísticos. Alia conceitos de mediação em espaços museológicos, oportunizando artistas, estudantes, educadores, crianças e interessados em geral, a se aprofundarem nas reflexões e práticas ligadas ao acervo, arte e cultura. Ainda que seja um campeão de bilheteria, o MON tem de tempos em tempos mostras de artistas famosos e exposições muito esperadas, além de eventos em tempos normais. Como se dá esse equilíbrio?
O calendário anual do MON aborda exposições de acervo, que é sua alma e reflete o papel do museu na sociedade. Há exposições de longa duração, que contemplam o acervo, e outras que retratam o acervo em diálogo com outros artistas e exposições. As escolhas são baseadas nisto. Há 3 modalidades de exposições: as que são produzidas pelo museu (que geralmente têm relação com o acervo); as parcerias institucionais com outras instituições (que também fazem diálogo com o acervo do MON) e as ocupações de espaço (que devem estar de acordo com a proposta do museu). Em um plano anual bem diversificado, há sempre a preocupação de fortalecer o cenário local das artes, o que representa em média 40% de exposições de artistas paranaenses.
As exposições apresentam artistas brasileiros e nomes internacionais consagrados. Entre as mostras realizadas nos últimos anos, podemos destacar: “Man Ray em Paris”, “Tony Cragg - Espécies Raras”, “Ai WeiWei Raiz”; “Frida Kahlo – As Suas Fotografias” e “A Magia de Escher”. Anualmente, ao menos uma exposição de Design e Arquitetura é realizada pelo MON. Entre elas, “Irmãos Campana” e “Nos pormenores um universo – Centenário de Vilanova Artigas”. Às artes visuais, arquitetônicas e design, somam-se agora as coleções étnicas. Como acontece a construção do acervo? E programado ou oportunidade?
O MON pertence ao Estado do Paraná. Seu acervo atual conta com aproximadamente 9.400, após a grandiosa doação feita recentemente pela Coleção Ivani e Jorge Yunes (CIJY) ao museu. Para a constituição de seu acervo, o MON segue um Marco Referencial que foi referendado pelo Conselho Cultural do Museu, formado por curadores e críticos de arte e que estabelece diretrizes para constituição do acervo da instituição. Esse documento orienta a atuação do MON em artes visuais, arquitetura e design, com ênfase em arte paranaense e brasileira, mas também expande a sua missão à formação de acervo de arte africana contemporânea, latino -americana e asiática. O Museu Oscar Niemeyer abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional. Nomes como Alfredo Andersen, João Turin, Theodoro De Bona, Miguel Bakun, Guido Viaro, Helena Wong, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, Ianelli, Caribé, To-
mie Ohtake, Andy Warhol, Di Cavalcanti, Francisco Brennand, entre outros, estão no acervo do MON. Desde 2018, o Museu conta em seu acervo com a mais significativa coleção asiática da América Latina, doada ao museu pelo diplomata e professor Fausto Godoy. O MON foi o museu escolhido para recebê-la por suas condições técnicas, capacidade de gestão e credibilidade da instituição a receber a doação de quase 3 mil obras de arte asiática, oriundas de vários países daquele continente. Parte das obras pode ser vista pelo visitante do MON na mostra “Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses”, na Sala 5. Em 2021, a consolidação da doação de aproximadamente 1700 peças da coleção africana representa mais um importante marco para o MON. As obras doadas foram adquiridas ao longo de mais de 50 anos pelo casal Ivani e Jorge Yunes, detentores de uma das maiores coleções de arte do Brasil. Fazem parte da coleção: máscaras, esculturas, bustos e cabeças de bronze, miniaturas metálicas, objetos do cotidiano e instrumentos musicais. As obras têm origem em países como Costa do Marfim, Mali, Nigéria, Camarões, Gabão, Angola, República Democrática do Congo e Moçambique, entre outros. Parte da coleção pode ser vista pelo público na exposição “África, Expressões Artísticas de um Continente”. A reserva técnica do MON é elogiadíssima. Como funciona e qual a diferença das de outros museus?
As obras que passam a integrar o acervo do museu passam antes pelo crivo do Conselho Cultural do MON, que precisa aprovar a compra ou doação. Somente após tal aprovação são realizados os respectivos contratos e termos de entrada.
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Habitat entrevista
Ao chegarem ao museu, as obras passam um período em quarentena e análise, para investigar se não há nenhum tipo de problema com cupim ou fungo. Após a quarentena, têm início as etapas de higienização, catalogação, fotografia e laudo técnico, realizadas no laboratório do MON. Após estes processos, as obras finalmente entram para serem acondicionadas nas reservas técnicas. As obras que chegam ao MON para as exposições temporárias entram pelas docas e passam por uma breve quarentena na sala expositiva. É feito o laudo de entrada para análise física da obra. Durante o período expositivo, semanalmente acontece uma “ronda” para conferência e conservação das obras expostas. Ao final da exposição, há uma nova conferência com o laudo de entrada, para analisar se nenhuma obra teve problemas durante a exposição.
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O que podemos esperar para os próximos anos?
Em relação a planos futuros, a partir de agora, a ideia é que o MON se mantenha cada vez mais em formato híbrido, ou seja, aberto à visitação e oferecendo cada vez mais incríveis exposições, mas também mantendo todas as novas ações virtuais que tiveram início recentemente. Outra novidade são parcerias inéditas com outras instituições, como a Japan House São Paulo e a Pinacoteca de SP, o que resulta em exposições e intercâmbio de conteúdo educativo, entre outras realizações conjuntas. Apesar de todas as dificuldades, é um momento de otimismo, de mudança de paradigma, de melhorar e incrementar ainda mais todos os setores do museu com novos projetos.
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Eles vão te contar muitos segredos OSGEMEOS vêm para Curitiba com mostra-sensação, resultado da parceria entre o Museu Oscar Niemeyer e a Pinacoteca de São Paulo
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les são famosos no mundo todo, têm um traço reconhecido à distância e, agora, estão dividindo seus segredos conosco, aqui em Curitiba. Logo depois do anúncio oficial da mostra “OSGEMEOS: Segredos” no Museu Oscar Niemeyer, vinda de uma temporada de sucesso retumbante em plena pandemia na Pinacoteca de São Paulo, a dupla reforçou o convite ao público grafitando uma intervenção na fachada do museu. Ali, onde em outras mostras são colocados os banners de divulgação, estão agora os personagens dos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, mais conhecidos como OSGEMEOS. Enquanto o chamariz ficava pronto, juntou público, teve escola levando os alunos para terem aula no jardim do do museu e teve também polêmica por parte de quem não gostou de ver a obra do arquiteto modernista Oscar Niemeyer grafitada. A
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direção do MON explicou que a obra tem caráter reversível e temporário, além de ressaltar que instituições do mundo inteiro fazem ações semelhantes para promoção dos espaços culturais e de novas mostras para o público que circula no entorno dos museus. OSGEMEOS mesmo já fizeram intervenção temporária na Tate Modern de Londres. Polêmicas à parte, eles abriram muito da vida e da obra na exposição que ocupa o olho e a torre do MON. “OSGEMEOS: Segredos” é a primeira retrospectiva de grande porte que examina a produção dos artistas desde o começo da década de 1980 até a hoje. “Esta é a maior exposição já produzida por eles”, comenta o curador da mostra, Jochen Volz, diretor-geral da Pinacoteca de São Paulo, e maior responsável por convencer a dupla a compartilhar seus segredos com o público. “Como indica o título ‘Segredos’, o objetivo da mostra é revelar novas visões do fazer artístico de OSGEMEOS. Objetos pessoais, como cadernos, fotos, desenhos e pinturas que datam desde a infância dos dois
irmãos até hoje são apresentados ao público pela primeira vez, incluindo estudos e obras de arte que precedem em muito seus famosos personagens e lançam luz sobre as raízes de seu surgimento. Influências artísticas e colaborações são expostas ao lado de pinturas e esculturas recentes”, informa o curador, que organizou 850 obras na mostra. Gustavo e Otávio sempre tomaram o espaço urbano como lugar de vivência e de pesquisa desde o início de sua produção, em meados da década de 1980. Os artistas partiram de uma forte imersão na cultura hip hop, que havia chegado ao Brasil no momento em que os irmãos começaram a produzir, e da influência da dança, da música, do muralismo e da cultura popular para desenvolver um estilo singular, com atmosfera alegre, que acabou se tornando um emblema dos espaços urbanos pelo Brasil e pelo mundo. Seus trabalhos contam histórias – às vezes autobiográficas – cujas tramas envolvem fantasia, relações afetivas, questionamentos, sonhos e experiências de vida.
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Habitat Osgemeos Arte
Abrindo a cabeça
“O olho do MON está hoje como é a nossa cabeça, tudo junto, misturado, sem uma narrativa racional. Nós enxergamos o mundo desta maneira. E o nosso conselho é que vocês entrem nesse espaço deixando de lado as expectativas e se permitindo sentir. Se for sem o celular, vai ser melhor ainda”, comenta Otávio. Só que até chegar a essa realidade multicolorida e criativa, o público vai conhecendo, década a década, os passos dados por eles. “É como se contássemos a vocês como criamos o nosso estilo. O nosso processo criativo está todo ali. São os nossos segredos. Não é nada pretencioso, de mostrar o que é certo ou errado de fazer, só é o nosso jeito”, diz Gustavo. Para a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, “neste momento, em que todos focamos numa reconstrução, seja individual ou coletiva, a arte desta genial dupla de irmãos contribui com a nossa busca interna”. A superintendente-
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geral da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, comenta que em muitas cidades do mundo, as obras nos espaços públicos em grandes proporções foram um respiro durante o isolamento social. “Estamos muito felizes em receber a exposição ‘Segredos’, que sela definitivamente a paixão do grande público por essa arte”, comenta. “É muito interessante perceber como OSGEMEOS conseguem transitar entre a arte urbana e o museu tornando seus desenhos cheios de representação acessíveis a todos”. Durante a coletiva de imprensa, artistas e direção do museu aproveitaram para anunciar que, como a exposição vai até abril de 2022 e os dois já viraram praticamente cidadãos curitibanos, haverá uma programação em conjunto com a cena do graffiti local. “A gente se conhece, se respeita, trabalha junto e, agora, está preparando novidades”, comentam Gustavo e Otávio. Vamos aguardar os próximos capítulos e mais segredos.
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A alma do novo morar
Praça CASACOR
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A 27ª edição da mostra apresenta, até 17 de outubro, as principais tendências e inspirações que representam o novo viver e trabalhar
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lar nunca foi tão importante e fazer dele um universo virou questão de sobrevivência. Muito provavelmente por isso, a edição da CASACOR Paraná deste ano traduziu a casa de verdade, confortável e que se abre em um mundo de possibilidades, de materiais e tecnologias. O sonho não acabou, ele só ganhou, neste pós-pandemia, outras conotações e urgências. Entre elas, proporcionar bemestar, nos aproximar da natureza, fincar raízes e permitir o livre pensamento. A 27ª edição da mostra apresenta, até 17 de outubro, as principais tendências e inspirações que representam o novo estilo de morar e trabalhar. “O mundo está mudando diariamente, muitas inovações foram antecipadas, a necessidade por adaptação aumentou e, por isso, apresentamos tendências que vão fazer parte da nossa vida de uma maneira leve e integrada, ampliando as possibilidades para viver bem”, diz Marina Nessi, diretora da CASACOR Paraná. Por essas e outras, o passeio pela mostra ganhou novas dimensões. Uma é o fato de simplesmente visitar novamente um espaço público, todo cercado pelos protocolos sanitários, e inaugurar um novo tipo de convívio social. Outra é servir de respiro criativo e inspirador. Afinal, as tendências da arquitetura vêm oferecer um caminho confortável e prático a ser seguido dentro dos lares e até no local de trabalho dos brasileiros. Todos os projetos buscam a sintonia entre o aconchego e contemporaneidade, para criar espaços ideais para o descanso, a desconexão com mundo e a saúde física e mental.
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Habitat mercado
Estar Íntimo
Em 2021, cada arquiteto, designer de interiores e paisagista interpretou o tema “A Casa Original” da sua maneira, o que, segundo Marina, trouxe propostas de atualização do estilo de morar e trabalhar, reunindo o avanço das tecnologias e a necessidade de conexão com as próprias raízes. “Essa abordagem surgiu da necessidade de encontrar equilíbrio entre o passado e o futuro, o clássico e o contemporâneo, o simples e o sofisticado por meio da criatividade e do retorno às nossas fontes”, comenta. A seguir, a mostra em quatro tempos. Mundo verde
Muitos ambientes da mostra trouxeram a natureza para dentro de casa. Seja por meio de jardins internos, jardins verticais, plantas espalhadas pelos espaços, integração com áreas externas ou pela escolha de tons neutros e terrosos para os acabamentos, móveis e objetos de decoração. A madeira nas estruturas e no mobiliário acolhem os visitantes num abraço, misturando design, naturalidade, memória afetiva e contemporaneidade.
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Refúgio Urbano Forma Legno
Churrasqueira Gourmet Criare
Cinco sentidos
Living da Lareira
Cores alegres, texturas que convidam ao toque, música, aromas. Arquitetos e designers de interiores criaram na CASACOR Paraná ambientes que são um convite aos sentidos e recriam sensações de aconchego, proteção, como as que um verdadeiro lar desperta. Outro cuidado especial nos espaços foi o predomínio da luz natural, uma escolha sustentável e capaz de estabelecer uma conversa entre ambientes internos e externos, trazendo bem-estar.
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Habitat mercado casa cor
Loft com Varanda
Jardim
Fora e dentro
Na busca pela multifuncionalidade dos ambientes, as varandas passaram a ser opção de lazer e descanso. Na mostra, esses espaços ganharam propostas sustentáveis, layouts diferentes e viraram mais uma oportunidade de integração com a natureza, com o ar puro e o sol.
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Home office
O novo normal, muito provavelmente, vai ser trabalhar em casa, reduzir as fronteiras e viver o mundo, de fato, conectado. Para isso, salas e mobiliário multiuso fazem parte de muitos projetos apresentados, com versões mais estruturadas, privativas, amplas, decoradas, iluminadas e confortáveis. Soluções customizáveis e aplicáveis para a vida real.
Quarto do Casal Reveev
Loft com Varanda
Serviço A 27ª CASACOR Paraná tem formato híbrido: mostra física com visitação e versão on-line, com tour 3D por todos os ambientes, além de fotos e vídeos. A visitação da casa, que fica na Rua Álvaro Alvim, 91,Seminário, vai até 17 de outubro,
e funciona de terça a sábado, das 13h às 21h. Aos domingos, das 13h às 19h. Venda de ingressos e agendamento de horário são feitos por meio do link https://casacorparana.byinti.com.
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coluna É design por Rodolpho Guttierrez
O futuro mora em Dubai
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Apex-Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, realizou uma Missão Comercial à feira The Big 5 2021, que aconteceu de 12 a 16 de setembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A maior feira na área da construção civil do Oriente Médio contou com a participação de 20 empresas brasileiras, que realizaram mais de 180 reuniões de negócios com compradores locais, desde redes hoteleiras a empresas focadas em e-commerce. Agentes locais acompanharam as reuniões para auxiliar os empresários nas negociações, um suporte fundamental, uma vez que os empresários se sentiam mais confiantes e preparados para os encontros. Na The Big 5, expositores do mundo todo apresentam desde ferragens e acessórios até revestimentos, iluminação e de equipamentos de proteção individual. Há muita oportunidade de negócio no Oriente Médio, visto que quase tudo é importado. E, por incrível que pareça, o país carece de fornecedores de produtos de design made in Brazil. A nós cabe chegar a Dubai e mostrar o que temos de melhor. Afinal, Dubai não tem limites. É conhecida pela arquitetura ousada, moderna e exótica, tem o prédio mais alto do mundo - o Burj Khalifa -, um hotel inspirado
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na vela de um veleiro - o Burj Al Arab -, e não pensa em parar de investir em inovação e desafios arquitetônicos. Recentemente inaugurou o Dubai Frame, uma construção em formato de moldura gigante, que divide a parte antiga da parte moderna da cidade, além de ser possível chegar ao topo da moldura, onde existe uma passarela de vidro de 150 metros de altura. Logo na entrada, a frase: ¨A palavra impossível não faz parte do vocabulário dos Emirados Árabes Unidos¨. É exatamente essa a impressão que se tem ao conhecer a cidade construída no meio do deserto. A cidade do futuro terá, em breve, o Museu do Futuro, monumento em forma de anel, projetado pelo estúdio Killa Design e Buro Happold, que contará com caligrafias em árabe formando poemas na fachada. Para a execução da obra foi preciso desenvolver novas ferramentas de modelagem paramétrica. Apenas 50 anos separam a pequena vila no deserto do polo de modernidade e ousadia. Dubai é uma cidade inspiradora, que realmente parece não saber o significado da palavra impossível.
* Designer e empresário, conselheiro do Centro Brasil Design e diretor do Sindicato dos Moveleiros do Paraná
adriática Amán Habitat publi
Jardins suspensos de Curitiba
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m empreendimento vertical com grandes jardins horizontais por apartamento, levando aos moradores à sensação de terem uma área verde dentro de casa e de estarem morando literalmente em um jardim suspenso. Essa ideia fez com que a Construtora Adriática fosse atrás do que há de mais moderno em relação a essa tecnologia e dos profissionais que pudessem tornar o sonho uma realidade. Para dar vida ao Amán, a construtora trouxe Laura Gatti, paisagista e criadora do conceito do primeiro empreendimento neste formato, o Bosco Verticale, em Milão, que junto ao arquiteto do empreendimento Stefano Boeri, fizeram do Bosco um grande sucesso. Por aqui, o projeto arquitetônico foi assinado pelo escritório Baggio Schiavon. A localização, entre as ruas Olavo Bilac e Carmelo Rangel, no Batel, fez com que o projeto mantivesse a essência do bairro, ainda tomado de casas
Com a tecnologia do italiano Bosco Verticale, de Milão, a Adriática traz para a capital o Amán e o conceito das florestas verticais
tradicionais. Isso levou a uma característica muito peculiar do Amán, a volumetria das fachadas e do interior dos apartamentos e as varandas que recriam o quintal de casa, colocando os moradores próximos à natureza. Laura Gatti foi contratada pela Adriática para fazer o paisagismo das torres e o arquiteto Alex Hanazaki, para a área externa. Cercado de comércio e prestação de serviços de qualidade, o empreendimento ocupa um terreno de 2.840 metros quadrados. No projeto, duas torres, sendo 1 torre com 5 apartamentos e outra torre com 11 apartamentos, todos com a proposta de terem um exclusivo jardim horizontal - proposta única na América Latina. Um dos desafios do projeto, que prevê jardins suspensos, funcionais e seguros, foi a impermeabilização e, por isso, a construtora optou por importar a tecnologia italiana.
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Habitat arquitetura iFood cria fazenda urbana Em parceria com a BeGreen, primeira fazenda urbana da América Latina, o iFood inaugurou uma fazenda urbana na cobertura da sede da empresa, em Osasco, na Grande São Paulo. São 950 metros quadrados reservados ao cultivo de 1,7 tonelada por mês de hortaliças, frutos e legumes frescos livres de agrotóxicos. O objetivo é levar toda a produção para as 3 mil famílias cadastradas no Banco de Alimentos de Osasco. As fazendas urbanas são aquelas em que os alimentos são cultivados na cidade, próximos de onde as pessoas irão consumi-los, reduzindo o tempo de transporte, a emissão de carbono pelos veículos e o desperdício gerado na distribuição. O espaço conta com estufa inovadora, com tecnologia desenvolvida pela BeGreen. As hortaliças são cultivadas por meio da hidroponia: as raízes se desenvolvem na água, em soluções que recebem os nutrientes naturais necessários para que cresçam saudáveis. De forma automatizada, é possível controlar o volume da água e a nutrição nos canais das bancadas.
The Star o escritório do futuro A MAD Architects anunciou “The Star”, um novo marco que irá promover cultura, criatividade e inspiração em Los Angeles, Califórnia. Instalado no coração de Hollywood, a arquitetura reflexiva do Star dialoga com as características glamurosas do bairro e incorpora a natureza em sua estrutura com iluminação natural, vegetação e locais de trabalho que atendem ao bem-estar físico e mental dos funcionários. Star reflete o mundo vibrante de Hollywood e promove um ambiente de trabalho mais saudável, onde a natureza, a luz e os espaços abertos estão disponíveis para todos os funcionários.
Para se reconectar com a cidade O projeto do edifício de escritórios EDA é uma iniciativa que pretende ressignificar uma antiga área subutilizada em Issy-les-Moulineaux em Paris, estabelecendo um processo de revitalização que deve se espalhar por todo o bairro. Em escala urbana e implantado junto da confluência de três importantes vias arteriais da cidade, o edifício criado pela Kengo Kuma and Associates procura reconectar uma série de espaços urbanos descontínuos e se integrar ao fluxo de pessoas e veículos. Com densa rede de terraços arborizados e jardins suspensos, o projeto foi concebido a partir de uma estrutura de madeira e uma fachada dupla, cujos elementos de proteção solar serão responsáveis pela imagem final do edifício. Apelidado de EDA, sigla em francês para “Expérience d’Avant-Garde” e que também significa “escritórios” ou “filial” em japonês, o projeto se estabelece a partir de uma série de volumes horizontais sobrepostos, para estabelecer um diálogo com a paisagem urbana.
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Ciência x calor Ondas de calor prolongadas têm sido cada vez mais frequentes ao longo dos últimos anos, e para tentar resolver este problema, muitas cidades ao redor do mundo estão testando diferentes estratégias para combater o efeito das ilhas de calor urbanas. Procurando minimizar os efeitos negativos das ondas de calor na cidade de Sydney, onde os termômetros chegam na casa dos 50 graus celsius durante o verão, as autoridades locais aprovaram uma lei que proíbe construir novas casas e edifícios com coberturas de cores escuras. No caso da Europa, em um dos países mais quentes do continente, as autoridades de Atenas decidiram seguir o exemplo
da cidade de Miami, contratado um especialista em ilhas de calor para delinear uma série de estratégias que permitam a cidade enfrentar as ondas de calor e os consequentes incêndios florestais que estão levando um grande número de moradores a trocar a capital pelo interior do país. Algumas das medidas que estão sendo avaliadas incluem o redirecionamento do excedente energético de áreas industriais para residenciais durante o verão, a construção de centros comunitários com ar condicionado espalhados pela cidade, a cobertura de superfícies de asfalto com acabamentos reflexivos e de cores claras além de incentivos para a construção de terraços jardins e coberturas verdes.
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Apresenta:
Praça do Japão
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Sempre Batel, de dia e de noite A construtora A. Yoshii apresenta o Batel, sua casa em Curitiba, que reúne um conjunto plural de prédios residenciais, lançamentos imobiliários, área verde, comércio e serviços de qualidade e muita história para contar
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e você procura por um castelo em Curitiba, vai achar no Batel. Vida que começa cedo e que segue pela madrugada também. Tem feira, casas de madeira, jardins floridos e tem também badalação, vida autônoma, comércios e serviços de qualidade, empreendimentos imobiliários de última geração e um futuro promissor.
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Castelinho do Batel
Em algum lugar do passado
A alma nobre do bairro se deve ao fato de que a maior parte dos barões da erva-mate construiu suas residências e engenhos na região do Batel, entre a Comendador Araújo e a Avenida do Batel, trecho do antigo Caminho do Mato Grosso, que, segundo o professor e arquiteto Salvador Gnoato, entre os séculos 19 e 20, fazia a ligação com entre a capital e o interior do Estado. Manuel e Ascânio Miró viveram ali, em palacete assinado por Cândido de Abreu, na esquina da Comendador com a Presidente Taunay. Por ali, nos casarões ecléticos, viveram ainda Guilherme Xavier Miranda, David Carneiro, Manuel de Macedo e Joaquim José de Lacerda. Na rua de cima, dois outros exemplos de grandiosidade: o Palacete do Batel, construído na década de 1910 pelo empresário Maurício Thá por encomenda de Ildefonso Rocha e, ao lado, o Castelo do Batel, inspirado nos castelos franceses do Vale do Loire, construído pelo cafeicultor Luís Guimarães e que, mais tarde, foi residência do ex-governador do Paraná, Moysés Lupion. Os ares europeus formataram as fachadas e os interiores ricamente decorados.
De Agache para cá
O Batel cresceu e apareceu com os anos. Entre os anos 1940 e 1960, foi remodelado pelo Plano Agache, que criou o sistema radial de vias ao redor do centro. Entre suas principais marcas, as grandes avenidas, como a Visconde de Gua-
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Residência Zattar, sede do Centro Europeu
Avenida Visconde de Guarapuava, com o Batel ao fundo
rapuava e a Sete de Setembro, ambas no Batel, ligando o Centro aos bairros. As duas viraram vias principais, ganharam prédios altos, passeio e projeto de arborização. A natureza arquitetônica tem referências múltiplas, do eclético ao modernismo. Na última década a região voltou a receber empreendimentos imobiliários contemporâneos, com propostas e tecnologias inovadoras. Era de se esperar, afinal, o Batel tem tudo de bom de um bairro e as facilidades de um grande centro. Atualmente, o bairro reúne um conjunto plural de prédios residenciais, comerciais, corporativos e institucionais. “De dia, ele é ocupado por moradores, que têm banco, mercado, lojas para ir. De noite, vira destino de pessoas que buscam restaurantes e casas noturnas. Essa mistura o mantém vivo”. Segundo Ricardo Kitamura, diretor da A.Yoshii, o bairro, que justamente acolheu a construtora quando veio para Curitiba, conta com um misto de sofisticação, áreas verdes, lugares de convivência, acesso fácil aos quatro cantos da cidade e aos melhores tipos de comércio e serviços. Por isso, é que região recebeu o showroom da marca, onde recebe seus clientes e visitantes, e já conta com um empreendimento finalizado, o La Serena, que fica próximo à Praça da Espanha, e o Quintessence, que ocupa um terreno de 4.357 m², localizado no coração do Batel, na Rua Alferes ngelo Sampaio, 1.783. “O sexto empreendimento em Curitiba está localizado numa região privilegiada e estratégica. Desde a escolha do terreno até os projetos dos apartamentos e áreas de lazer, pensamos em oferecer qualidade de vida plena aos moradores. Cada detalhe do Quintessence remete à nossa marca e estamos muito felizes com este lançamento, que contempla tudo que há de mais moderno em arquitetura e engenharia”, destaca o presidente da construtora, Leonardo Yoshii.
Casa de Pedra
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Habitat seu bairro
SEU BAIRRO: SUA NOVA “VELHA” PAIXÃO O publicitário brasileiro Mario D’Andrea*, especialista em construção e reputação de marcas, destaca o reencontro pós-pandêmico das pessoas com o seu bairro
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o que parece, a pandemia está começando a reduzir seus efeitos catastróficos na economia e principalmente, na vida das pessoas. Foram 20 meses de sofrimento, tristezas profundas, perdas gigantes para milhares de famílias. Acima de tudo, milhares e milhares de perdas de entes queridos. Mas também houve queda de receita e queda de qualidade de vida para muitos brasileiros. Um tempo que jamais será esquecido e deverá ser relembrado pelas próximas décadas – se é que queremos
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aprender lições de higiene e, mais ainda, lições de vida que não devem ser esquecidas nunca mais. Reaprender a valorizar pequenos momentos da vida, as relações com amigos e parentes, a forma de trabalhar e de encarar a vida. Enfim, reaprender muita coisa que antes não prestávamos muita atenção, na nossa peculiar arrogância humana. Um desses reencontros, ao que parece, é das pessoas com o seu bairro. Explico.
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Habitat bairro seu bairro
Especialmente em grandes metrópoles, o deslocamento diário e o grande espaço de tempo que passamos nos escritórios e ambientes de trabalho, longe de casa, nos afastavam da vida cotidiana do entorno de nossas casas. Basicamente, aproveitávamos os serviços do nosso bairro aos finais de semana – quando muito. Éramos verdadeiros estranhos no ninho. Não éramos íntimos das lojas, dos pequenos comércios, dos bares e restaurantes que muitas vezes estavam à distância de alguns quarteirões. Pequenas delícias que podiam ser encontradas, caminhando, sem tirar o carro da garagem. Tudo que era mais distante nos parecia mais interessante. Isso mudou muito durante a pandemia. Por necessidade, passamos a frequentar mais – e curtir mais - aquele pequeno mercado, aquela hamburgeria ali da rua de trás, a farmácia onde somos reconhecidos pelo nome. E com o tempo, a intimidade cresceu. Passamos a valorizar o café da padaria da esquina de casa. (Detalhe: no auge da pandemia, trancados em casa, a saudade do café da
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padoca era tão grande quanto de uma viagem de férias). Você descobriu que havia uma costureira no bairro superatenciosa, uma pequena loja de bolos que aquecia seu paladar e seu coração nas tardes desertas, uma loja de utensílios que você muitas vezes parou para olhar a vitrine como se fosse uma vistosa loja de departamentos. E tudo isso lhe trazia um certo prazer, durante caminhadas sem o menor compromisso pelas ruas da sua região. Não se esqueça desses pequenos prazeres quanto tudo voltar ao normal. Continue prestigiando os pequenos comércios vizinhos. Eles precisam de você, mais do que nunca. Se você não tinha notado, deixo aqui um aviso: seu coração reencontrou uma velha paixão. E ela se chama “Meu Bairro”.
*Mario D’Andrea é o novo VP de conteúdo e integração da OpusMúltipla, do Grupo OM Marketing & Comunicação. Especialista em construção e reputação de marcas, D’Andrea também ocupa o cargo de presidente da Abap. Foi presidente do júri de Cannes Lions
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coluna Sobre Morar por Paula Campos
Família vende tudo
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embranças, memórias, sentimentos e histórias nem sempre integram a decoração. As fotos de hoje não são impressas, as cartas não são escritas, os presentes muitas vezes não são entregues em mãos e os móveis e os objetos em série passaram a ser o mais comum em praticamente todas as casas. Na contramão do senso comum, o olhar para apartamentos antigos reformulados, ocupados por móveis com história, objetos de família e peças garimpadas, demonstram a necessidade das pessoas de trazer autenticidade e mais valor emocional para dentro de casa. Há 40 anos, o modelo “família vende tudo” funciona muito bem em São Paulo e, agora com mais abertura em Curitiba, movimenta o mercado de decoração. Móveis e objetos que passaram anos guardados sem serem usados ganham vida novamente em um novo contexto. A família Mantovan sempre teve gosto por colecionar peças, louças e cristais que traziam de suas viagens. Em determinado momento sentiram a necessidade de renovar e colocaram algumas à venda na própria residência. O boca a boca foi grande e logo se viram vendendo para várias outras famílias tradicionais com um acervo de altíssimo padrão e com história para contar. Hoje, a empresa faz eventos mensais on-line e presenciais em casas de famílias que querem vender tudo. As vendas começam por uma live no Instagram e é neste momento que começa a disputa pelas melhores peças. Nos
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dias seguintes à live, a casa do cliente-vendedor é aberta para visitação. Os itens que não são vendidos no evento passam a fazer parte do acervo da casa da proprietária Jéssica Mantovan, no Bairro Mercês, que com apenas 24 anos, tem na ponta da língua a história de cada item, deixando a compra ainda mais interessante. Louças, prataria, móveis e objetos das marcas Fabergé, Cacharel, Valentino, Limoges, Baccarat, Rosenthal, Versacce, Christofle, Moser, Egizia, Johnsons Brothers, Noritake, tapeçaria persa e Aubusson, além de móveis do século 17 até os mais atuais e contemporâneos fazem parte do acervo. Todas as peças são tratadas com o maior cuidado, catalogadas, limpas e restauradas. Em alguns casos a casa do cliente é pintada e um trabalho de ambientação é feito para valorizar o potencial de cada peça. O resultado das vendas é surpreendente, praticamente 80% dos itens são vendidos. Cada evento movimenta cerca de duas mil pessoas de todo o Brasil on-line e presencialmente, filas se formam na frente e mesmo quem participa por curiosidade, dificilmente sai sem alguma coisa. Talvez você esteja se perguntando, porque as pessoas venderiam itens de valor? Para quem vende é o fim de um ciclo, mas, para quem compra, nasce uma nova história. A CASA – Família Vende Tudo –
/vende.tudo.familia
Paula Campos é arquiteta e atua no mercado imobiliário com o método de Home Hunting
A magia do natal já chegou na maior loja de decoração de Curitiba
Atendimento especializado, mais de 2.000m2 e mais de 6.000 itens em até 10x sem juros.
Rodovia BR 116. 12756, Fanny.
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Habitat publi plaenge
Plaenge traz academia de elite para seus empreendimentos Gymnasium Plaenge foi concebido a partir da consultoria de Ravel Schueda, treinador de atletas de alta performance, e permitirá prática de várias modalidades de treino em diferentes níveis, com equipamentos de ponta.
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construtora Plaenge apresenta seu novo conceito em academias residenciais: o Gymnasium Plaenge. Depois de uma longa pesquisa de mercado e uma consultoria especializada com o treinador de atletas de elite, Ravel Schueda, a marca entrega um espaço completo, desenvolvido para prática de várias modalidades de treinos e intensidades, de iniciantes a profissionais. O Gymnasium Plaenge contempla vários espaços, com áreas divididas para musculação e treinamento funcional, por exemplo. Para Schueda, esse diferencial traz praticidade e motivação para os treinos. “Nestes anos de pesquisa, notamos que pessoas com necessidades e metodologias diferentes usufruíam do mesmo espaço, mas a estrutura não comportava essa variedade de exercícios, desmotivando os
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moradores e, muitas vezes, fazendo com que procurassem academias comerciais para evoluir seu treino”. Com equipamentos sofisticados e dotados com altos padrões de qualidade, biomecânica e ergonomia, para que se possa trabalhar todos os grupos musculares e os objetivos específicos de cada morador, as academias também encantam pela sua decoração. “Para as áreas de treino usamos pisos emborrachados especiais, para absorver alto impacto. Já nos locais destinados a exercícios funcionais os pisos são vinílicos, com trechos em grama sintética para proporcionar conforto. Os painéis amadeirados, as pinturas e os espelhos compõem as paredes e trazem amplitude para os ambientes, assim como o desenho de forro e a iluminação”, explica Thaísa Bohrer, arquiteta responsável pelo design de interiores do projeto.
“A partir do Experience, no Ecoville, todos os nossos empreendimentos contam com o conceito Gymnasium Plaenge. Mas também presenteamos os moradores de empreendimentos anteriormente lançados - como View Ecoville, Harmony Concept House e WM120 - com esse upgrade na entrega. Ao todo, já são seis unidades”, explica Luiz Gustavo Salvático, diretor regional da marca em Curitiba. Andressa Goulart é moradora do View Ecoville e não hesitou em deixar a academia convencional e treinar
exclusivamente no Gymnasium Plaenge. “Com o isolamento e a rotina dos meus filhos, eu precisava de mais praticidade, então, foi uma incrível surpresa ter uma academia tão perto e tão boa. Eu treino há 20 anos e posso dizer que poucas vezes vi uma academia comercial com tanta estrutura e qualidade como a que temos aqui. O apartamento é excelente e as áreas comuns são belíssimas, mas, com certeza, o grande diferencial do empreendimento é a academia”, elogia a moradora.
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Habitat artefacto
MOSTRA ARTEFACTO CURITIBA 2021 Tradicional Mostra Artefacto que reúne relevantes nomes da arquitetura em ambientes que abordam o DNA Natural, referência nos 45 anos da marca.
André Bertoluci, Camila e Cymara Ebrahim Largura e Jacy Ebrahim, Caroline Andrusko, Cinandra Geremia, Eliza Schuchovski, Gabriela Casagrande, Giuliano Marchiorato, Ivan Wodzinsky, Jayme Bernardo e Glei Tomazi, Jocymara Nicolau e Andréa Posonski, Juliana Meda, Larissa Gomes, Luciana Olesko e Maria Fernanda Lorusso, Mariana Stockler, Priscila Muller, Samara Barbosa, Studio Architetonika Nomad, Studio Luciana Baggio, Suelen Parazotto, Talita Nogueira, Viviane Loyola, participam desta edição da Mostra Artefacto 2021.
Jayme Bernardo e Glei Tomazi @jaymebernardoarquitetura / @jaymbebernardo / @gleitomazi Vitrine principal da Artefacto Curitiba é dividida em dois espaços, estar/jantar. A proposta foi buscar texturas e cores naturais.
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Camila e Cymara Ebrahim Largurae e Jacy Ebrahim
@ebrahimarquitetura / @cymaralargura / @camilarguraJantar Living e um ambiente de conforto: “um novo e incrível mundo de transformações”.
Cinandra Geremia @cinandra_geremia Sala de jantar multiuso e orgânica, “onde as atividades se desenvolvem de forma fluida e intuitiva.”
Caroline Andrusko @carolineandruskoarquitetos Living atemporal intimista e acolhedor.
Eliza Schuchovski @eliza_schuchovski
Giuliano Marchiorato @giulianomarchiorato
Arquitetura pura e livre de excessos na loja da Artefacto Home.
Banheiro/lavabo, com mobiliário e arte nacional.
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Habitat artefacto
Gabriela Casagrande @gabrielacasagrandearquitetura Aconchego com simplicidade no espaço que integra estar com sofá, poltrona e mesa de jantar, até uma cama com balanço lateral.
Ivan Wodzinsky @ivanwodzinsky
Terraço varanda, que conecta tudo e todos de um jeito leve e natural.
Jocymara Nicolau e Andréa Posonski
@nparquitetura / @jocymaranicolau / @andreaposonski Estar-jantar, com inspiração nos elementos da natureza.
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André Bertoluci @andrebertoluciarquitetura
Simetria e imponência em um living com jantar e quarto.
Mariana Stockler @marianastockler.arquiteta
Sala de estar simétrica, com marcenaria inspirada em tramas de palha e vista para a área externa.
Juliana Meda @julianamedaarquiteta Espaço Gourmet funcional da mostra Beach & Country e o feito à mão.
Luciana Olesko e Maria Fernanda Lorusso @oleskoelorussoarquitetura Sala de estar multifuncional, onde a mesa redonda pode servir de apoio a uma refeição, espaço para jogos ou home office.
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Habitat artefacto
Larissa Gomes @larissagomesdesign Ambiente repleto de aconchego, leveza e sofisticação são garantidos por palha na marcenaria e a paleta de cores nos tons off e areia.
Priscilla Muller @priscillamuller.arquitetura Living com diferentes pontos de permanência, efeitos de luz, brises verticais e monocromia.
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Samara Barbosa @arq_samarabarbosaloft Composto por living, jantar, lounge, adega e quarto: DNA natural com toque clássico.
Suelen Parizotto @suelen_parizotto_arquiteta Loft que mescla a natureza da madeira nos ripados com um irresistível acento urbano.
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Habitat artefacto
Studio Architetonika Nomad @renan_mutao / @studioarchitetonikanomad Renan Mutao, Ary Jacobs e Bianca Moraes criaram uma suíte com estar íntimo: ambiente descomplicado e multifuncional.
Studio Luciana Baggio @studiolucianabaggio Para o estar, DNA Natural em forma de paz de espírito, onde cada elemento tem como função envolver emocionalmente as pessoas.
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Talita Nogueira @talitanogueiraarquitetura Amplo living integrado com o quarto, uma sala de jantar e uma área externa. Proposta circular, mobiliário despojado e multifuncionalidade.
Viviane Loyola @viviane_loyola Living e espaço gourmet com mesa de jantar e contraste entre os materiais naturais, o mobiliário e a marcenaria.
Serviço: Artefacto R. Comendador Araújo, 672 - Batel Curitiba - PR, 80420-000 Telefone (41) 3111-2300 /artefactooficialbrasil
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Habitat gente Mostra
A CASACOR Paraná está de volta com muitos talentos locais e tendências para o decór. Para comemorar o retorno, a diretora da mostra, Marina Nessi, recebeu convidados e expositores em evento de abertura.
Concept store
Acaba de abrir, o Ecoville, a concept store Lais Aliski Casa, com soluções completas para a decoração da casa. Na foto, a arquiteta Gabriela Fuganti Casagrande, que fez as vitrines, a empresária Lais Aliski e a arquiteta Viviane Loyola, que assina o projeto da loja.
Marina Nessi, diretora da CASACOR Paraná
Marina Nessi e Denise Leal Ribas
Em Camboriú
Referência nacional em pedras naturais, a NPK Mármores expande sua presença no Sul e abre uma loja em Balneário Camboriú, no Casahall Design Destrict, com todo seu portfólio exclusivo de pedras naturais e revestimentos especiais. Na foto, os sócios-proprietários da NPK Mármores, Débora Merhy e Eduar Merhy Neto.
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Galeria Simões de Assis abre exposição individual “Quacors e Prismas 2021”, de Ascânio MMM. Na foto, Waldir Simões de Assis Filho, Juliana Vosnika, Ascânio MMM e Marcelo Vosnika.
VAZ
A Construtora Laguna acaba de lançar o Vaz, seu novo empreendimento, na região da Praça Espanha. O residencial conta com projeto arquitetônico da Triptyque e interiores de Guilherme Torres.
Simone Fatuch, Renata Krause e Isabel Raad Carneiro
Guilherme Belotto, Camille Scopel, Ana Mello (arquiteta da Laguna), Andréia Busato Schreiber (arquiteta Laguna) e Thiago Tanaka
Luiz Cláudio, Elisa Chacaroski e Gabriel Raad
André Marin, Ana Mello e Felipe Sebben
Tropical Chic
A Ton Sur Ton realizou o evento Tropical Chic, para inaugurar sua nova decoração, com projeto de Rodolfo Fontona, móveis de Jader Almeida e pop up da Demetra Joias.
Rodolfo Fontona, Renata Bianco, Mariana Demeterco e Marcella Malczewski
Victoria Slaviero, Mariana Demeterco e Marcella Malczewski Mônica Demeterco, Mariana Demeterco, Priscila Grocoske, Ligia Slaviero
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Habitat Gastronomia
O mapa do tesouro
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s arredores da Praça Espanha são tentadores. Comece com um francês charmoso, o L’Épicerie, passe pelos modernos e acolhedores Miuq e Officina, colha umas uvas na charmosa varanda do K.Sa fazendo uma degustação de ostras e vá até a Cuore di Cacao, a paixão mais doce da cidade está ali. E se chocolate está no radar não deixe de conhecer a Caos que fica do outro lado da cidade, no Alto da XV. Siga o Instagram da loja e derreta-se com uma “vitamina de banana” ou uma degustação de chocolate com café. E de café falo do Distinto e, claro do Lucca, que tem pães incríveis e terá uma escola em breve.
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Um roteiro imperdível – que vai do chique ao pop – para fazer em Curitiba, na companhia da jornalista especializada em gastronomia, Jussara Voss
Pulo para os queijos. Além da já tradicional no Mercado Municipal de Curitiba, que sempre convida a visitar, a Bon Vivant Queijos do Mundo, vá até a loja do Chico Queijos e se perca como se estivesse na França só que com as nossas raridades. Ali também tem uma foccacia das melhores. Lembro que não vivo sem um doce e passo na confeitaria A Familiar no Juvevê e bem pertinho na filial da loja do Louis Phillipe, que mesmo sendo a segunda casa mantém a qualidade da original do Batel. Volto aos queijos porque
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Habitat Gastronomia
não dá para esquecer da Mozzarella Art, na Rocha Pombo, é a mais cremosa que tem. Passo na banca Bom Jesus e pego meus jornais e revistas antes de partir para o próximo endereço. Duas ruas já viraram parada certa para comida idem. Saldanha Marinho com o beco que tem o Madá e do outro lado da rua o Pasta Basta e a Prudente de Moraes, que tem o Obst., do Lênin Palhano, e a Bonin, entre outros. Lembre que sexta-feira é dia de pedir ali os canneles de Bordeaux da Mauren. Bar do Alemão é clássico e perto tem a Baviera com sua pizza de massa grossa, filé do patrão e sopa de cebola. Perdição. Caso seja carnívoro ferrenho uma costela de corte especial, “borboleta”, no Botafogo, vai agradar. Se
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estiver no centro da cidade é a pizza com vitamina da Pizzaria Itália que chama a entrar. Restaurante japonês que os japoneses frequentam é o Nakaba. Para se sentir em casa o San Gambrinus. E pelo menos uma vez por ano a visita é no Madalosso em Santa Felicidade, o Velho. O quintal do Quintana com a companhia das abelhas nativas sem ferrão e uma caipirinha do Baiano com acarajé, se for no fim de semana, é o endereço que abraça em dias de sol. Se chover o convite ainda vale, é só entrar na casa que tem livros e arte. Agora, se for para uma comemoração o restaurante Manu e o Igor são dois endereços para colocar na lista, considere o classudo Durski também. Pense que isso é só uma pincelada para abrir o apetite. Curitiba tem muito mais.
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Habitat Gastronomia
L’Épicerie - R. Fernando Simas, 340, Bigorrilho. Miuq - Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 1.160, Centro. Officina Restô Bar - Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 1.154, Centro. K.Sa Restaurante - R. Fernando Simas, 260, Bigorrilho. Cuore di Cacao - R. Fernando Simas, 347, Bigorrilho. Caos Chocolate - R. Fernandes de Barros, 633 - loja 2, Cristo Rei. Distinto Cafés Especiais - R. Tapajós, 1.047 - loja 07, Bom Retiro. Lucca Cafés Especiais - Alameda Presidente Taunay, 40, Batel. Mercado Municipal de Curitiba - Av. Sete de Setembro, 1.865, Centro. Confeitaria A Familiar - R. Rocha Pombo, 377, Juvevê. Louis Phillipe - R. Cel. Dulcídio, 1.257, Batel. Mozzarella Art - R. Rocha Pombo, 384, Juvevê. Revistaria Bom Jesus - R. Jaime Balão, 201, Juvevê. Madá - R. Saldanha Marinho, 1.230, Centro. Pasta Basta - R. Saldanha Marinho, 1.219, Centro. Obst. Restaurante - Alameda Prudente de Moraes, 983, Centro. Bonin Bakery - Alameda Prudente de Moraes, 995, Centro. Bar do Alemão - R. Dr. Claudino dos Santos, 63, São Francisco. Baviera - Alameda Augusto Stellfeld, 18, Centro. Churrascaria Botafogo - Rua Professor Lycio G C Vellozo, 180, Mercês. Pizzaria Itália - Rua Cândido Lopes, 229, Centro. Nakaba - Av. Vicente Machado, 2.121, Batel. San Gambrinus - R. Atílio Bório, 1.379, Alto da XV. Velho Madalosso - Av. Manoel Ribas, 5.852, Santa Felicidade. Quintana Gastronomia - Av. do Batel, 1.440, Batel. Restaurante Manu - Alameda Dom Pedro II, 317, Batel. Igor Restaurante - R. Gutemberg, 151, Batel. Restaurante Durski - Av. Jaime Reis, 254, São Francisco.
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Habitat ponto de vista Taylor Made Stay
Um novo olhar para a casa * POR Mariane Caponi
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ideia inicial e básica de tirar férias remete a um estado de espírito de inércia, tranquilidade, comodidade, conforto. Aquela típica visão dos pés para cima, um mar azul e coco na mão. Os filhos chegam, os destinos mudam e o agito começa. Os netos surgem, a vontade de levar conhecer culturas e novas paisagens aparece em todos os planos, mas a tal ideia da inércia olhando o mar entra em contradição. Vêm os resorts com serviços, a recreação e a alimentação all inclusive como um gênio da lâmpada, até que... surge a pandemia. Quantos paradigmas quebrou esta pandemia! O olhar para dentro de casa nunca foi tão atento. A noção de espaço, o querer espaço. Querer pouca gente em volta e, neste filtro, escolher quem realmente importa. A vontade de sair começa a gritar, mas aquele gênio da lâmpada não resolve mais todos os problemas. Alugar uma casa de férias já é uma prática de longa data para alguns, mas em escala de idade atingia os mais novos. A mudança com o cuidado de onde ir e como ficar mais recluso levou os patriarcas da família quererem testar também e assim surge a verdadeira mágica: uma casa
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gostosa, só com quem importa, o riso compartilhado, o café da manhã sem pressa, filhos sorrindo, netos correndo. A satisfação desta confusão já seria suficiente, mas fica ainda mais perfeita ao perceber que isso tudo pode vir acompanhado de uma mesa posta, um almoço sendo preparado por uma cozinheira local, o coco sendo levado nas mãos e opa! Sobrou tempo para curtir a família olhando o mar. A quantidade de famílias neste perfil de avós, filhos e netos procurando por estadias de curta temporada se intensifica a cada dia. De repente, tudo virou motivo: férias, comemoração de bodas, aniversários, refúgio, home office. E neste contexto, a TAILOR MADE STAY ganha os olhares por atender de diversas formas. Com uma curadoria impecável de casas e serviços ao redor do mundo, não é preciso sequer dar o destino, basta dizer tudo o que procura, o que espera ter e ver, quais serviços quer incluir, quanto pretende gastar e uma seleção personalizada será apresentada. Na sequência, dicas do local escolhido são feitas a dedo para que reservas e passeios sejam agendados, o cardápio e compras iniciais podem ser organizados e todas as exigências passam a ser atendidas, o que inclui desde a contratação de um pizzaiolo, à professor de yoga em casa, massagista, compra de algum produto especial que faltou, indicação de profissionais para qualquer tipo de comemoração e o que mais puder ser atendido com todo o carinho e atendimento 24 horas, sete dias por semana.
*Mariane Caponi é a partner Brasil da Taylor Made Stay, que defende uma experiência sob medida em contraponto ao “one size fits all” e à impessoalidade dos serviços de turismo. As outras sócias são Flávia Martinelli Greca e Natasha Carraro Bernal.
Habitat opinião carlos ferreirinha
NOVOS TEMPOS DEMANDAM NOVAS COMPETÊNCIAS por Carlos Ferreirinha*
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ão se trata mais de um novo ciclo. Estamos, definitivamente, no início de uma nova era, algo que vem bem antes do impacto da Covid-19. É uma era de perda de referências ou de construção de novas referências. E nesse ritmo de rupturas e movimentos, a atividade do luxo não poderia ficar distante ou indiferente. As marcas têm feito esforços consideráveis para seguirem desejadas, atualizadas e relevantes para a atual geração de consumidores. Não são apenas os jovens, mas novos perfis de consumo. Novos influenciadores. Expectativas diferentes e muito elevadas. Novos perfis de consumo de novas gerações de riqueza, influenciadores digitais, youtubers e bloggers assumem relevante papel como as “novas celebridades” mundiais, só que agora, digitais. A quase bicentenária marca francesa Hermès tem apresentado conceitos inovadores de pop-up stores e coleção co-branding com a Apple que é ícone dos tempos modernos. A prestigiosa e aclamada Chanel colocou Willow Smith como “rosto institucional” da marca. Nada de novo se ela não fosse uma jovem de 20 anos e negra. Jaden Smith, irmão de Willow, ambos filhos dos atores Will e Jada Smith, de 22 anos, figurou na campanha feminina da marca Louis Vuitton, usando a coleção feminina e cristalizando o movimento “no gender” (sem gênero). Um dos novos aclamados hotéis de luxo em Nova York é totalmente sustentável, verde e com conceitos recicláveis, o Hotel Brooklyn Bridge. Ele e o Hotel Public nasceram com a proposta de luxo para todos, exercitando o conceito de área pública no espaço do hotel. Influências que veremos cada vez mais nos conceitos imobiliários e que demandarão mais espaços “para todos”, quartos menores e menos vagas de garagem. São exemplos da
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adequação contemporânea, que têm levado as marcas de luxo a exercitarem o novo, a quebrarem paradigmas e tentarem formatos diferentes, bem antes da pandemia. Surpreender no produto, no serviço ou na marca. As marcas em geral e as de luxo precisam ter voz, causa e propósito. Necessitam incrementar e potencializar suas presenças no mundo digital, até então um contraponto à cultura tradicional do consumo de luxo. As marcas precisam exercitar com mais abrangência ações de co-branding e parcerias. E educar e capacitar suas equipes para se tornarem exímias contadoras de histórias. O momento pede um luxo que preserve e respeite códigos, mas que seja democrático, humanizado e menos pretensioso. Tempos em que a personalização, customização e profundo conhecimento do cliente (além da ficha cadastral) se tornam protagonistas. Arrisco afirmar que novas vertentes ganharão força a partir de 2021:conscientização, universalidade, extensão de marca e imersão. O conceito tradicional de status será alterado. Estarão em destaque as marcas e até mesmo os indivíduos que tiverem habilidades digitais, que demonstrarem compromisso com a sustentabilidade, o wellness, o wellbeing (bem-estar), que forem generosas, tiverem histórias para contar e que privilegiem a casa como a grande protagonista e vencedora da pandemia. A casa foi ressignificada, se tornando o eixo central de nossas vidas. Enfim, “não sobrevivem aqueles que se acham os mais fortes e os mais inteligentes. Sobrevivem aqueles que se adaptam”, já dizia Charles Darwin. *Carlos Ferreirinha é Fundador Presidente da MCF Consultoria. Há 20 Anos Traduzindo Luxo em Gestão