3 Contexto
As drogas estimulantes, também chamadas de psicoestimulantes são substâncias psicoativas que estimulam o cérebro e o sistema nervoso central. Os efeitos mais comuns dos estimulantes incluem o aumento do estado de atenção, estado de humor elevado, promovem o estado de vigília, o aumento da fala e da atividade motora e a redução da fadiga e do apetite. Elas aumentam a pressão sanguínea, a taxa de batimentos cardíacos e outras funções metabólicas (PINKHAM; STONE, 2015). Os estimulantes podem induzir sentimentos de energia, foco, confiança, vigilância, bem-estar, loquacidade e aumento do impulso sexual, mas também podem produzir nervosismo e ansiedade (GRUND et al., 2010). Globalmente, os dois estimulantes mais populares são as drogas legais cafeína e nicotina. Estas, no entanto, não serão abordadas no presente relatório, o qual foca principalmente no uso problemático de drogas estimulante ilícitas, a saber: estimulantes do tipo anfetamina (ETA), cocaína, e catinonas. O uso tradicional de estimulantes (leves) a base de plantas tais como a khat, a efedra, a kratom e a folha de coca estão excluídas do presente relatório, uma vez que não existem dados (confiáveis) sobre o papel que estas substâncias desempenham globalmente no uso problemático de drogas. Embora a MDMA seja uma anfetamina substituta e tenha propriedades estimulantes, seus efeitos são classificados mais corretamente como um entactógeno5. Além disso, 5 A MDMA também tem sido caracterizada como uma anfetamina psicodélica, “droga do amor” ou ecstasy. O termo
uma vez que o uso de MDMA é menos associado com as populações marginalizadas, o relatório não foca explicitamente na MDMA. Finalmente, os estimulantes de prescrição sintéticos tais como o metilfenidato (ex., Ritalina, Concerta) e a dexanfetamina (ex., Adderall, Dexedrina) ou o agente promotor de vigília, modafinil (Provigil) também não são discutidos no presente relatório. Além de substâncias lícitas e ilícitas, outra distinção pode ser feita entre as drogas tradicionais e novas drogas ilícitas (melhor conhecidas como novas substâncias psicoativas, ou NSP). Em 2017, 36% de todas as NSP no mercado global eram estimulantes (UNODC, 2018a). Os estimulantes tradicionais ilícitos incluem a anfetamina e a metanfetamina bem como o cloridrato de cocaína e a cocaína freebase. As NSP estimulantes discutidas no presente relatório são as catinonas6 (substitutas ou sintéticas), uma vez que está é a NSP estimulante mais comum e o entactógeno, cunhado pelo farmacólogo estadunidense David E. Nichols, se deve pelos efeitos na produção de sentimentos de contato com questões interiores e íntimas. O termo buscou ampliar a classificação dada como empatogênico, relativo à produção de estados empáticos, porém, cuja construção terminológica pode remeter errônea e negativamente à ideia de patogenia, ademais, a experiência com tais substâncias está além da promoção de empatia (NICHOLS, 1986). (N. R.) 6 Para referência ao leitor, essa classe de substâncias sintéticas têm sido divulgados na mídia brasileira como drogas canibais ou drogas zumbis devido a casos de agressividade extrema observados. A mídia veiculou serem estas “sais de banhos” ou “fertilizantes para plantas”, o que foi uma estratégia de venda para burlar os mecanismos legais, ou seja, não são realmente substâncias presentes em sais de banho de uso comum ou doméstico. (N. R.)
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