por este Brasil afora, expõem através de seus a necessidade da manutenção de uma cadeia com fortes elos e clara distribuição de responsabilidades. Assim, mantém-se o sistema criado: protegido, nutrido e próspero. Com clara inspiração em sua própria comunidade, com uso de matéria-prima local, seu próprio barro, Leandro Júnior nos oferece um passeio de vida pulsante, dos filhos da terra a celebrarem cada dia, pontuados por um céu de luminosidade única. Em uma palheta de cores diretas, exprime um contraste desconcertante de texturas entre a áspera e compacta terra o leve e aveludado céu. O gesto meditativo de João Trevisan, utilizando uma palheta uníssona em tons de preto colorido, com pinceladas pousadas, manipuladas com rigor cirúrgico e pensadas para transportar o viajante (espectador) no tempo, revela suas memórias de infância. Nelas, o preto nos remete ao caminho forjado parece saltar em para os trilhos e o cada passada de cor, dissimuladas no preto, a buscar a vibração do metal sobre metal, seja dia ou noite, frio ou calor. Nas esculturas e instalações, vemos a concretização de todo o imaginário gerado por suas pinturas. O nosso encontrou uma interessante representação vinda de um olhar estrangeiro. Instigado pelo que viu durante uma viagem ao vale do Jequitinhonha, há dois anos, Simon Watson sentiu a necessidade de aprender mais sobre a região das primeiras minerações portuguesas, onde trabalharam inúmeras gerações de escravos e cujas tradições e histórias pertencem às comunidades locais. Nesse aprendizado, Watson conheceu
vários artistas, visuais e literários, cujas obras retratam a região e sua complexidade. A exposição se encontra em seus últimos dias em Brasília mas, se não conseguir visitar por aqui, fica a dica: em abril, a mostra segue para Nova York, Estados Unidos.
Sylvia Carolinne é artista visual, graduada em Engenharia civil, Ilustração, Moda e correspondente internacinal da Dasartes.
À esquerda: Bené Fonteles. Abaixo: Leandro Júnior. Fotos: Diego Bressani.
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