CAPÍTULO 1
O zebu está no sangue “Conhece-se a árvore pelos frutos. E o homem por seus atos” Maria Cândida de Godoy (Rolinha), neta de Teófilo de Godoy. A chegada do zebu no Brasil faz parte da história da minha vida. Sou descendente de um dos grandes pioneiros do zebu, Teófilo de Godoy, irmão de minha tataravó Maria Cândida de Godoy. Ele foi o primeiro brasileiro a ir pessoalmente à Índia para importar animais zebuínos para o Brasil. Saiu daquele país em novembro de 1893, trazendo consigo 13 cabeças de gado. No trecho entre a Índia e a França, duas vacas deram cria. Assim, Teófilo de Godoy chegou ao Brasil com 15 exemplares do mais puro sangue zebuíno. Outro membro da família que carregava nas veias o amor pelo zebu era meu avô, Rodolfo Machado Borges, que nasceu em 4 de janeiro de 1882, na Fazenda Laranjeiras, localizada em Uberaba/MG. Era o nono filho de Maria Santana Borges. Anos mais tarde, Rodolfo casou-se com Cândida Elvira Araújo Borges, a dona Sinhá, com quem teve seis filhos: Afrânio, Arnaldo, Azália, Elina, Maria Elvira, Nízia e Rivaldo. Desde criança interessou-se pela vida no campo e mostrou-se um menino diferenciado: amava a natureza. Durante toda a sua vida zelou pela conservação desses bens naturais, em uma época em que não existiam ecologistas ou ambientalistas. Tinha um caráter determinado. Devoto de Nossa Senhora da Abadia, ajudou a
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construir o santuário na cidade de Uberaba. Rodolfo nunca participou oficialmente de diretorias de entidades do setor na época, como o Herd Book Zebu e a Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, mas nos bastidores foi sempre um grande líder da classe ruralista. Sua inclusão na lista dos 50 grandes vultos da nossa pecuária se deve ao mérito do trabalho seletivo e contínuo das raças zebuínas, ao qual se dedicou durante toda a sua vida. INÍCIO DA MARCA R Em 1906, Rodolfo deu início à sua criação de zebu, adquirindo um lote de animais de seu cunhado, José Caetano. Eram animais aguzeratados. Adquiriu também, exemplares de seus irmãos Antônio, José e Vigilato e de seu cunhado Juquinha Mendonça, de Antônio Borges de Morais e de Armel de Miranda. As vacas adquiridas foram, no ano seguinte, levadas à Fazenda Cassu para serem acasaladas com um touro importado da Índia. Rodolfo compreendia com clareza que o sucesso da formação de seu rebanho dependia da escolha de bons reprodutores, que deveriam ser criteriosamente escolhidos e bem trabalhados no plantel. Dentro desse conceito, sempre usou touros importados que lhe parecessem puros ou descendentes diretos desses. Na Exposição Pecuária de Uberaba, em 1911,