Câncer de corpo de útero Recentemente muito escutamos sobre este assunto depois que uma artista famosa informou sobre seu diagnóstico e necessidade de cirurgia. Como gosto de enfatizar, a informação é o melhor caminho para o cuidado, prevenção e atenção aos sinais para diagnóstico precoce. Vamos então conhecer um pouco mais sobre este tipo de tumor?
Para entender sobre este câncer, é muito importante saber um pouquinho da anatomia feminina. O útero é dividido em duas partes: o colo do útero, que é a “entrada do útero”, que se inicia na vagina e é onde ocorrem as lesões que eu tanto falo nas redes sociais, que são detectadas pelo exame do Papanicolau; e o corpo do útero, que está na região abdominal pélvica. O corpo do útero é dividido em camadas: temos o endométrio, que é a camada que reveste internamente o útero e que descama provocando menstruação nas mulheres em idade reprodutiva. É nesta camada que acontece a maioria dos cânceres de corpo uterino. Temos também o miométrio, que é a musculatura do útero, e a serosa, que reveste o útero mais externamente. Os sarcomas de útero, que também são tumores de corpo uterino, ocorrem principalmente na musculatura e tecidos ao redor do útero. O câncer de endométrio é o sexto câncer mais comum em mulheres no mundo. A estimativa do INCA para 2020 era de 6540 casos novos no Brasil. É um câncer que acomete principalmente mulheres que já se encontram no pós-menopausa. Além da idade, os principais fatores de risco são:
• Excesso de gordura corporal • Diabetes mellitus • Dietas com carga glicêmica alta (representada pela qualidade e quantidade de carboidratos ingeridos) • Predisposição genética • Uso de terapia de reposição hormonal no pós-menopausa • Menarca precoce e menopausa tardia • Não ter tido filhos • Falta de ovulação crônica (por exemplo mulheres que ficam longos períodos sem menstruar na síndrome dos ovários policísticos) Lembrando que, os fatores citados acima são fatores que podem aumentar o risco, não querem dizer que necessariamente o câncer acontecerá. O principal sinal de que algo possa estar errado é o sangramento. Sangramentos vaginais no período após a menopausa nunca são normais e sempre devem ser investigados! Como o câncer de endométrio também pode ocorrer, embora em porcentagens bem menores, em mulheres que ainda menstruam, sangramentos entre os ciclos menstruais ou muito intensos no ciclo menstrual também devem ser avaliados. Na suspeita após avaliação clínica, um exame de imagem como ultrassonografia transvaginal ou ressonância de pelve geralmente é necessária. Para confirmação diagnóstica, a histeroscopia (exame que colocamos uma câmera dentro do útero através da vagina) nos permite visualizar a cavidade uterina e realizar biópsia. Nos locais em que a histeroscopia não está disponível, a curetagem uterina também fornece
amostra de material endometrial para análise. Feito o diagnóstico, através de exame físico e de imagem é avaliado a extensão do tumor (estadiamento). De acordo com esta avaliação, é determinado o tratamento que pode ser cirúrgico (retirada de útero, trompas, ovários e gânglios da região abdominal), radioterapia e/ ou quimioterapia. As taxas de cura para o câncer de endométrio, quando detectado em estágio inicial, chegam a 90%. Então muita atenção aos sinais que seu corpo pode dar, principalmente em mulheres no período pós-menopausa. Qualquer sangramento, mesmo em pequena quantidade, dores pélvicas, emagrecimento sem causa aparente devem ser investigados! E sempre muito cuidado com sua saúde, mesmo antes da menopausa! Mantenha um peso saudável, tenha uma alimentação balanceada, não fume e pratique atividade física! Desta forma você ajuda na prevenção de câncer de endométrio e vários outros cânceres e problemas de saúde.
DRA. KELLY FERNANDA PEREIRA E SILVA CRM/PR 23549 | RQE 16376 | RQE 2888 | Cirurgia Geral | Cirurgia Oncológica
52
Revista Saúde | Março . 2021 | rsaude.com.br
MAIS INFORMAÇÕES CONSULTE NOSSO GUIA NAS PÁGINAS 8 E 9