KÁ estamos
Olá, caro leitor, nós do lado de cá estamos muito felizes de finalmente compartilhar com vocês a primeira edição dessa revista; feita com muito carinho e atenção em busca de te trazer o melhor conteúdo para uma vida mais sustentável a KA não vai te trazer mais do óbvio e do blábláblá estereotipado, que vamos e convenhamos, já deu seu tempo.
Nesta edição você vai encontrar os mais variáveis jeitos de adotar um novo estilo de vida, seja em seu consumo de alimentos, até o seu modo de cuidar da casa, sempre adaptado para o dia a dia corrido e incansável da cidade grande. Com opiniões reflexivas, dicas inovadoras e matérias interessantes, queremos nos tornar parte da sua vida e compartilhar tudinho com você, um lugar de descanso desse mundo meio louco que vivemos. Mas não desejamos ser uma experiência unilateral, então se quiser compartilhar alguma coisa com a gente não deixe de chamar a gente nas nossas redes @RevistaKA.
Marise de Chirico - Projeto III
Marcos Mello - Produção gráfica
Paula Cislag - Cor, Percepção e tendencias
Elisabete Furtado - Marketing estratégico
Alexandre Ripamonte - Finanças aplicadas ao mercado
Marcelo Pliger - Infografia
Auresnede Pires - Ergonomia
Matheus Passaro - Ergonomia
Projeto gráfico e editorial:
Artur Andrade - Editor
Luiza Basílio - Editora
Pedro Egawa - Editor
Sofia Valente - Editora
Colaboradores
Lalo de Almeida
Estudou fotografia no Instituto Europeo di Design em Milão, Itália. Há 28 anos trabalha na Folha onde vem desenvolvendo narrativas multimídias premiadas internacionalmente. Em 2021 sua série de fotografias “Pantanal em Chamas“ foi premiada em primeiro lugar na categoria Meio Ambiente no World Press Photo e foi escolhido como fotógrafo ibero-americano do ano pelo POY Latam.
Iris Van Den Akker
Iris adora imagens coloridas e gráficas que levam a realidade com um grão de sal. Ela fica mais feliz quando brinca com a cor e com as formas até ficar satisfeita. Ela trabalha principalmente para agências de publicidade, revistas, estúdios de animação e editoras, mas também criou trabalhos para festivais de arquitetura, popstars, pequenas comunidades de casas e retiros de design.
Matheus Phyno
Seu nome é Mateus, no entanto, ele é conhecido como Phyno. Além de ser um jornalista talentoso, ele também exerce habilidades como maquiador, além disso, ele tem orgulho de suas raízes pernambucanas.
Roger Marzochi
Em 2014 e 2015, o autor foi aluno de antropologia na Universidade de São Paulo (USP). Além disso, ele teve a oportunidade de ser bolsista no projeto intitulado “O Processo Eleitoral em Piracicaba: 1966 / 1992; 1995”. Além de seus envolvimentos acadêmicos, o autor também é músico e repórter.
SUMÁRIO
Tempo
Chuveiro inteligente para de funcionar quando pessoa sai debaixo d’água
Sustentabilidade na perfumaria: da composição ao design
Vitalidade
48 Shampoo sólido: O que é e quais são os benefícios para o cabelo?
Infográfico
Emissão de carbono nos últimos tempos
Oportunidade
Comer sem comprometer o futuro: projeto da USP ensina alimentação sustentável
6 dicas de alimentação sustentável para ajudar o meio ambiente
Coloque em prática as atitudes dos países mais sustentáveis do mundo
Experiência
Viagem à São Paulo: conheça as áreas verdes em meio a cidade
Coluna Assinada
Árvores: aliadas, tratadas como vilãs
Por Aida Franco de Lima
O bom negócio da Competitividade
Sustentável
Por Pedro Lins
Empresas tratam esgoto e conseguem reutilizar a água
Por André Trigueiro
Hortas urbanas: caminho para amenizar a fome
Por Aida Franco De Lima
Lar Temporário para Animais: uma política pública necessária
Por Aida Franco De Lima
Escuta
Nátaly Neri: ‘Ter comida e terra é tão urgente quanto falar de democracia’
Por que manter casa muito limpa pode não ser bom para a saúde
Distopia Amazônica Lalo de Almeida
Amazônica
Chuveiro inteligente para de funcionar quando pessoa sai debaixo d’água
Evan SchneiderO protótipo conta com sistema de sensor que retém o desperdício de água sem alterar o controle de temperatura ou comprometer a qualidade do banho.
Poucos momentos em uma rotina comum se comparam ao conforto e nível de relaxamento que uma simples ducha bem quentinha pode oferecer a uma pessoa. Principalmente no Brasil, onde culturalmente mantém-se o hábito de tomar de dois a três banhos por dia. Entretanto, os banhos, assim como muitos outros costumes que precisam ser reeducados, são responsáveis pelo consumo – e até desperdício – de água muito grande.
Longe de ser uma questão de responsabilidade nacional, o norte-americano Evan Schneider apresentou uma nova solução sustentável que tem tudo para deixar os minutos de um banho prazeroso “ecologicamente corretos”. Trata-se da criação do OaSense, um chuveiro inteligente que funciona com um sistema de economia de água muito eficiente.
De acordo com o seu desenvolvedor, o protótipo só libera a água quando o banhista se posiciona com a cabeça abaixo do chuveiro, fazendo este reconhecimento através de um sistema sensorial extremamente funcional. Desta forma, a ducha pode ser pausada para momentos em que o consumidor estiver se ensaboando ou usando o vaso sanitário, sem comprometer o conforto do banho. O sistema funciona de modo semelhante aos secadores, tradicionalmente encontrados em banheiros públicos e/ou coletivos.
A iniciativa foi criada com o objetivo de reduzir o volume de água consumido por banho, visto que, em média, 10 litros de água são necessários para abastecer apenas um minuto de ducha, por exemplo. O projeto está em fase de arrecadação de investimentos (via crowdfunding no site Kickstarter) para que o OaSense possa ser fabricado em larga escala por seus criadores.
O chuveiro inteligente já conta com 15 versões diferentes do protótipo, disponíveis em cinco cores (branco, azul, preto, verde e vermelho), e tem projeção estimada para chegada ao mercado norte-americano ainda para este ano. Segundo Schneider, o valor de aquisição do OaSense é de 175 dólares, mas que pode receber o desconto de até 40 dólares nesses próximos meses. O equipamento é abastecido por quatro pilhas com estimativa de vida de até um ano. ©Vivagreen.com.br
conheça o chuveiro que não disperdiça água assim que você sai do banho, invenção do norte-americano
POR QUE MANTER A CASA MUITO LIMPA PODE NÃO SER BOM PARA A SAÚDE
às vezes o muito pode afetar tanto quanto o menos
Por: Matheus Phyno Foto: Kevin LamintoNos dias de faxina, muita gente abre as janelas, pega os produtos de limpeza e se põe a remover todo o pó e a sujeira da casa. Mas qual é a importância de ter uma casa limpa para a nossa saúde? A limpeza profunda ajuda a evitar infecções e nos proteger contra doenças? Especialistas afirmam que é preciso tomar cuidado para não confundir limpeza com boa higiene.
A pandemia de covid-19 fez aumentar a limpeza doméstica — as pessoas tentavam manter o vírus longe desinfetando cada centímetro das suas casas.
Esta tendência foi exacerbada pela advertência inicial da Organização Mundial da Saúde (OMS), de que o vírus poderia se espalhar por meio de superfícies contaminadas, conhecidas como fômites. Mas pesquisas posteriores concluíram que o risco de transmissão da doença pelas superfícies é baixo.
Sally Bloomfield, presidente do Fórum Científico Internacional sobre Higiene Doméstica e professora honorária da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, receia que a pandemia tenha levado muita gente a adotar hábitos de limpeza inúteis e desnecessários.
Estes hábitos podem incluir, por exemplo, esfregar obsessivamente o piso, em vez de se concentrar nas boas práticas de higiene que ajudam a evitar a propagação de diversas doenças.
“As pessoas têm obsessão pela limpeza como meio de se proteger contra os germes”, afirma Bloomfield.
“Está em algum lugar do DNA que nós associamos limpeza à saúde... Nós evoluímos para ter um reflexo de aversão e evitar coisas que sejam desagradáveis ou mal cheirosas.”
Porém ela afirma que limpeza e higiene não são a mesma coisa.
“Limpeza é fazer com que [um local] tenha aparência limpa, seja aspirando ou esfregando a mesma, ja higiene é se proteger contra os micróbios nocivos”.
Entre eles, estão patógenos como o norovírus, os vírus causadores da gripe e da covid-19 e a bactéria salmonella, explica Bloomfield.
“A higiene é um conjunto de ações, não um estado, que você realiza quando é necessário, em vez de em um momento pré-estabelecido. É questão de intervir nos momentos certos”
Todos nós devemos praticar a “higiene direcionada” na nossa vida diária e reconhecer quando os micróbios nocivos podem se espalhar, segundo ela. Por exemplo, quando estamos manipulando alimentos crus, usando o banheiro, tocando nos animais de estimação, assoando o nariz ou jogando o lixo fora.
A
pandemia de covid-19 fez aumentar a limpeza doméstica, desinfetando toda sua casa
Nove momentos fundamentais para a higiene direcionada O Fórum Científico Internacional sobre a Higiene Doméstica definiu nove momentos em que é fundamental praticarmos a boa higiene na nossa vida diária. São eles:
• Ao manusear alimentos;
• Ao comer com as mãos;
• Ao usar o banheiro e trocar fraldas;
• Ao tossir, espirrar ou quando nosso nariz está sangrando;
• Ao tocar em superfícies usadas com frequência por outras pessoas;
• Ao manusear e lavar roupas e tecidos domésticos “sujos”;
• Ao cuidar de animais de estimação;
• Ao manusear e descartar refugos;
• Ao cuidar de familiares infectados.
A confusão
Uma pesquisa conduzida pela Sociedade Real de Saúde Pública (RSPH, na sigla em inglês), no Reino Unido, concluiu que muita gente não sabe a diferença entre higiene e limpeza, muitas vezes misturando os dois conceitos.
Muitos dos entrevistados responderam que ser higiênico envolve remover a sujeira. Mais de um terço (36%) afirmou que a sujeira sempre ou normalmente é nociva; e 61% responderam que tocar nas mãos de uma criança depois que ela brincou fora de casa provavelmente transmite micróbios nocivos.
O RSPH observa, no entanto, que as principais fontes de patógenos não são os lugares tipicamente considerados “sujos” — mas, sim, alimentos contaminados, animais de estimação e pessoas infectadas.
Os hábitos adquiridos na pandemia do COVID-19 predominam até hoje
Durante a pandemia muitas pessoas acabaram adotando atos de extrema limpeza
dos anos 1980
Na verdade, pesquisas mostram que “se sujar” pode fornecer importantes benefícios à saúde pessoal. Estudos sugerem que crianças que moram em fazendas, por exemplo, sofrem menos de asma e alergias e são menos propensas a desenvolver condições autoimunes, como a doença de Crohn, devido à exposição precoce a uma diversidade maior de micro-organismos que ajudam a regular seu sistema imunológico.
A crença de que limpeza e higiene são sinônimos persiste desde o fim dos anos 1980, quando o epidemiologista britânico David Strachan levantou a hipótese da higiene. Ele defendeu que a exposição aos germes e infecções durante a infância ajudaria a desenvolver o sistema imunológico das crianças, protegendo-as contra alergias.
O aumento dos casos de asma e alergia na infância no fim do século 20 foi associado à redução da exposição das crianças a micróbios, devido à diminuição do tamanho das famílias, à interação limitada com animais e padrões de limpeza mais altos, segundo Strachan.
Mas os cientistas agora argumentam que não há evidências mostrando que a limpeza esteja ligada ao desenvolvimento de alergias.
©Unsplash.com
A crença de que limpeza e higiene são sinônimos persiste desde o fim
MATÉRIA
Graham Rook, professor emérito de microbiologia médica da University College London ( UCL), no Reino Unido, argumenta que a hipótese da higiene deveria ser rebatizada como “hipótese dos velhos amigos”.
Ele argumenta que a exposição a “velhos amigos” — organismos não infecciosos que estiveram à nossa volta em grande parte da nossa história evolutiva — é, na verdade, o que treina o sistema imunológico para não reagir de forma exagerada a micróbios inofensivos, e não as infecções infantis ou quão limpa era a casa onde você passou a maior parte de sua infância.
Todos nós “nascemos com um sistema imunológico completamente formado que precisa de programação”, afirma Bloomfield.
“A susceptibilidade de uma criança a desenvolver alergias, portanto, não tem nada a ver com limpeza — mas, sim, com sua exposição a diferentes tipos de micro-organismos por meio do intestino, da pele e do ar que respiram.
Em um estudo de 2021, Rook e Bloomfield concluíram que não somos “limpos demais” para o nosso próprio bem. Eles afirmam que as crianças recebem todos os insumos microbianos de que precisam para desenvolver um sistema imunológico saudável por meio das vacinas, do seu ambiente natural e da microbiota benéfica obtida das mães durante o parto.
“Definitivamente precisamos ter contato com a microbiota das nossas mães e do ambiente natural, e a ausência disso certamente contribui para distúrbios imunorregulatórios, como alergias, porque esses organismos definem os mecanismos que regulam o sistema imunológico”, afirma Rook.
Mas limpar a casa “não reduz necessariamente a exposição da criança à mãe ou à natureza”.
“Práticas de higiene direcionadas em locais e momentos fundamentais de risco podem maximizar a proteção contra infecções, minimizando eventuais impactos da exposição aos micróbios essenciais”, aponta o estudo.
“Você não pode manter sua casa higiênica. Se quisesse fazer isso, você teria que colocá-la em uma caixa estéril”, afirma Bloomfield.
Árvores: aliadas, tratadas como vilãs
por mais benefícios que as árvores urbanas nos proporcionem, na hora de sentenciar seu corte isso é deixado de lado
Por: Aida Franco de Lima Ilustração: Daniele Simonelli
Toda vez que escuto alguém pedindo para cortar uma árvore, eu me lembro daquela velha história do poema do Olavo Bilac. Você conhece? Se sim, vamos rememorar, se não, vou te apresentar. A história é que um amigo seu tinha um sítio e sem ver retorno financeiro no lugar, que exigia muito investimento, resolveu por o local a venda. E pediu uma ajudinha a Bilac, para fazer um classificado.
O anúncio de venda, assemelhou-se a um poema. “Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda.”
E então, passado um tempo ao reencontrar o amigo, Bilac soube que ele tinha desistido de vender a propriedade. Ele havia se encantado com as belezas do sítio, mas somente após ter lido o anúncio.
Digo que me lembro dessa história, porque acredito que antes de um órgão aceitar o pedido de corte de uma árvore de um cidadão, deveria haver um trabalho para saber se a pessoa realmente tem noção do seu pedido. Normalmente ela fixa naquilo, que no seu ponto de vista, é um malefício. Excesso de folhas, frutos, flores, animais, sombra, calçada quebrada, galhada que vai em direção ao telhado, calhas entupidas. Esses são os principais argumentos. Algo que talvez com uma poda, já minimizaria a situação, e manteria a árvore em pé.
Talvez, quem protocola, quem autoriza, deveria inspirar-se em Olavo Bilac. Estimular que a pessoa que percebe somente os malefícios que uma árvore frondosa oferece, conseguisse enxergar também o frescor, o descanso visual, a sombra, o abrigo para aves, as folhas que escondem o concreto, as flores que colorem a paisagem, os frutos que alimentam bicho e gente. As árvores ajudam, inclusive, a reduzir o ruído! Sim, elas servem como barreiras e atenuam os sons.
Quando cai uma galhada de uma árvore, quando vem as ventanias e as derrubam sobre os fios da rede elétrica, quando elas caem sobre muros ou residências, há uma espécie de sentença de morte para as demais. A chance de que muitas outras do mesmo calibre sejam cortadas é grande, para evitar acidentes. Logicamente há que se fazer um trabalho preventivo, no intuito de principalmente, evitar vítimas fatais. Porém, quando você já viu alguém calculando quanto de benefícios uma árvore trouxe, antes de divulgar os valores dos danos materiais que ela, supostamente, tenha causado?
Somos a somar as avarias que as galhadas causam nas latarias dos carros. Mas e as planilhas que mostrem o quanto de benefício que as mesmas proporcionam aos motoristas? Já repararam que nos dias ensolarados todo mundo quer uma vaga na sombra? Dá até briga de vizinho. É muito comum que um deles corte a árvore para não ter problemas, mas se aproveita da sombra alheia.
E por falar em sombra, carro, vaga. Já notaram quantas árvores são engolidas com essa história de estacionamento recuado? Sai a árvore e a vaga que é pública, para qualquer um estacionar, e entram as vagas privadas, permitidas somente para os clientes. Mas isso é assunto para outro texto.
Estamos mesmo precisando de Olavo Bilac para abrir os olhos não apenas do cidadão comum, mas principalmente de quem chefia esses setores. Necessitamos de gestores públicos com visão menos tacanha, que saiam dos gabinetes com ar condicionado e aproximem-se das ruas. Se de um lado tem uma população um pouco menos informada, que briga para cortar a ‘sua’ árvore, há uma fatia da sociedade em estado de alerta. Uma sociedade que percebe as cidades mais quentes, secas, barulhentas e inóspitas e a falta de interesse, de quem deveria zelar por elas. Precisamos do verde, não do marketing, mas das árvores do mundo real.
Sustentabilidade na perfumaria: da composição ao design
marcas se adaptam à demanda por fragrâncias que reduzem impacto ambiental
A quantidade de produtos sustentáveis desenvolvidos pela indústria cosmética é cada vez maior, e na perfumaria, não é exceção. Um estudo realizado pelo Grupo Firmenich, uma fabricante de fragrâncias suíça, envolvendo 5 mil consumidores representantes de grandes mercados - Brasil, França, Estados Unidos e China - revelou que a maioria das pessoas deseja saber o processo de fabricação dos perfumes, desde os ingredientes utilizados na formulação ao desenvolvimento do produto e seu impacto no meio ambiente. E a tendência é que esse consumo consciente se torne um hábito bastante comum na hora de escolher uma nova fragrância.
FORMULAÇÃO
Os ingredientes utilizados na fabricação de perfumes estão sendo, aos poucos, substituídos por matérias-primas renováveis a fim de reduzir a quantidade de carbono emitida em todo o processo. Algumas empresas têm utilizado açúcar fermentado de fontes sustentáveis para produzir um “ambroxido” natural e biodegradável. Outras, usam componentes como os subprodutos do alho, cebola, aspargo, couve-flor e alcachofra, muitas vezes descartados pela indústria alimentícia, para obter uma fórmula 100% natural. A substância é utilizada na perfumaria como fixador e para dar notas de “âmbar” na fragrância.
ETANOL DE CAPTURA DE CARBONO
Algumas marcas estão inovando ao utilizar as próprias emissões de carbono industrial na produção de etanol para suas linhas de perfumes. Através de um biorreator que coleta as emissões de CO2 na atmosfera, as bactérias transformam a poluição, gerada pela eletricidade e processos industriais, em um etanol puro, específico para fragrâncias. Essa substância é extremamente benéfica à natureza, pois exige menos água, além de evitar a liberação de mais carbono.
DESIGN DA EMBALAGEM
Longe de ser apenas estético, o design de um perfume também precisa ser sustentável. Por esse motivo, a oferta de embalagens com propostas de design ecológico é cada vez maior. Entre os produtos oferecidos pelos fornecedores de embalagens estão os frascos de vidros reciclados e as tampas produzidas com componentes orgânicos, reciclados ou oxi-biodegradáveis. Até mesmo o desenho da tampa faz a diferença no meio ambiente. Os anéis rosqueados, as válvulas removíveis e os frascos recarregáveis, por exemplo, são sustentáveis e podem ser reciclados ou reutilizados.
FORMATO DO PRODUTO
Os perfumes não precisam necessariamente ser disponibilizados em forma líquida. Assim como os cosméticos formulados sem água e outras substâncias tóxicasxampu, condicionador, creme dental, entre outros -, as fragrâncias também podem ser produzidas na versão sólida. Além dos benefícios já citados, esse formato facilita o transporte e ocupa menos espaço na armazenagem. Independentemente dos ingredientes utilizados na formulação, é essencial que sejam informados na embalagem de forma clara. Isso facilita para o consumidor saber exatamente o que ele irá adquirir, se todas as substâncias são realmente naturais, e ajuda em caso de alergia a algum componente. Outra informação importante que a indústria de perfumaria deve disponibilizar é sobre o descarte correto da embalagem. O ideal é que a empresa crie um programa de logística reversa dos frascos, orientando os clientes a levarem as embalagens vazias em troca de benefícios.
LÃ REGENERATIVA
a nova palavra da moda verde na indústria da moda –mas será que a lã pode ser totalmente sustentável?
Por: Parisa Hashempour Foto: Kevin Laminto
AAo construir sua nova marca de moda, Edzard van der Wyck e Michael Wessely, preocupados com o meio ambiente, enfrentaram uma enxurrada de reivindicações de sustentabilidade sobre diferentes tecidos.
“Observamos todos os tipos de fibras, desde caxemira até casca de abacaxi”, diz Wessely. Mas muitas vezes encontraram barreiras na forma como os materiais eram produzidos.
Eles estavam procurando um tecido com credenciais de sustentabilidade que resistisse ao escrutínio, não apenas nas emissões de carbono, mas também em seu impacto na biodiversidade, poluição, reciclabilidade e nas comunidades que o produzem.
Mas em 2018, Van der Wyck e Wessely voltaram sua atenção para um material muito, muito mais antigo. Eles conheceram criadores de ovelhas regenerativos que “queriam provocar uma mudança radical” em sua indústria, diz Wessely. Impressionados com as convicções dos agricultores e os benefícios técnicos e ambientais que alegavam que seus produtos ofereciam, eles pousaram na matéria-prima de sua escolha: lã regenerativa.
“A verdadeira resposta veio na forma de um material antigo, embora obtido e tratado de forma pioneira”, diz Wessely. A abordagem regenerativa busca replicar o que acontece na natureza, onde os animais vagam enquanto pastam para encontrar novas fontes de alimento e evitar predadores, permitindo que as pastagens se curem.
Um ano depois, eles fundaram a Sheep Inc, a primeira marca de moda “carbono negativa” do mundo. A marca com sede em Londres considera a agricultura, fabricação, embalagem e transporte em sua análise, de acordo com um relatório de certificadores independentes, Carbon Footprint.
Kompra
MATÉRIA
Os métodos da Sheep Inc para manter seu impacto ambiental baixo incluem o uso de máquinas de tricô movidas a energia solar, separação de roupas em um depósito movido a energia solar e uma cadeia de suprimentos sem plástico. Os clientes também podem devolver itens à Sheep Inc para reparos e reparos.
Especialistas em moda sustentável elogiaram os esforços da empresa. “Esta é uma marca que vem do meu coração: defendendo fibras naturais regenerativas, com uma cadeia de suprimentos totalmente rastreável”, diz Lucianne Tonti, consultora de moda sustentável independente.
A indústria da moda é responsável por entre 8 e 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, mais do que a aviação e o transporte marítimo juntos.
Cerca de 70% das emissões da moda vêm de suas cadeias de suprimentos, concentradas na produção, processamento e preparação de matérias-primas. É por isso que a seleção cuidadosa de fornecedores de matéria-prima era tão crucial para o processo da Sheep Inc, diz Wessely.
Piquetes, onde o pastoreiro é criado
A adoção da lã regenerativa pode abrir portas para novas empresas no mercado
A lã é vista como um tecido maravilhoso na indústria da moda porque é mais resistente do que a maioria das fibras, requer menos lavagem e é reciclável, diz Tonti. “É forte, elástico e tem um revestimento ceroso para não manchar facilmente e é resistente ao odor.”. Quando a lã retorna ao solo ou à água, ela se biodegrada, ao contrário dos tecidos à base de petróleo, como o poliéster.
Isso o torna um forte candidato a roupas sustentáveis que duram décadas para os consumidores. Mas a produção de lã convencional continua longe de ser amiga do clima; as ovelhas emitem metano, que é 28 a 36 vezes mais potente que o CO2 em um período de 100 anos. A lavoura convencional usa pastoreio fixo, onde os animais ficam nos mesmos piquetes por longos períodos, o que pode levar à desertificação, perda de biodiversidade e erosão do solo.
Os fundadores da Sheep Inc dizem que sua prática de agricultura regenerativa pode ajudar a tornar a moda mais sustentável e até mesmo ajudar a absorver mais carbono da atmosfera do que é liberado durante a agricultura, tornando a prática negativa em carbono.
Mais empresas estão se voltando para a agricultura regenerativa para melhor créditos sustentáveis
A abordagem regenerativa busca replicar o que acontece na natureza, um processo natural sem o uso de fertilizantes. Os piquetes não utilizados são reflorestados e não há lavoura. A empresa obtém sua lã merino da Estação Lake Hāwea, que foi nomeada a primeira fazenda “negativa de carbono” da Nova Zelândia em 2019 pelos certificadores de pegada de carbono Toitū.
Funcionando com energia renovável, a fazenda afirma ter se transformado em um sumidouro de carbono ao retirar as emissões da atmosfera por meio da restauração de florestas nativas.
Gwen Grelet, ecologista e pesquisadora sênior do Manaaki Whenua sente que os esforços da Estação Lake Hāwea são “verdadeiramente regenerativos”. Diz ela. “Se toda a lã fosse produzida de forma regenerativa, poderia fazer uma grande diferença para o clima, porque vastas áreas de terra atualmente suportam o pastoreio de ovelhas”.
A Sheep Inc afirma que a absorção de CO2 por meio da agricultura regenerativa de seus produtos mais do que anula o impacto das emissões de metano das ovelhas
nessas fazendas. Considerando que 1kg (35 onças) de lã de origem convencional pode liberar mais de 25 kg de emissões de CO2e, a Sheep Inc diz que sua lã leva, em média, ao sequestro de 14kg de CO2e.
Juntamente com o potencial de captura de CO2 usando práticas regenerativas, Grelet acrescenta que evidências preliminares sugerem que elas também podem reduzir as emissões de metano da própria criação de ovelhas, por meio da captura de metano nos solos ou da redução das emissões de metano das ovelhas.
À medida que as empresas buscam melhorar as credenciais de sustentabilidade, mais empresas estão se voltando para a agricultura regenerativa.
Estudos afirmam que a lã regenerativa tem o potencial de sequestrar carbono da atmosfera, mitigando os efeitos das mudanças climáticas. No entanto, pesquisas científicas mais robustas são necessárias para entender completamente o potencial da lã regenerativa para reduzir as emissões.
A abordagem regenerativa precisa ser aplicada em todos os níveis da indústria, inclusive pelos consumidores
Kompra
MATÉRIA
Os defensores da lã regenerativa argumentam que ela também pode aumentar a resiliência do solo e reduzir a dependência de superfosfatos, um tipo de fertilizante que pode ser tóxico para os animais e contribui para as emissões de carbono. Ao promover ecossistemas biodiversos de plantas, animais e micróbios, a agricultura regenerativa também ajuda na conservação da água e do solo. À medida que as empresas procuram melhorar as credenciais de sustentabilidade, mais empresas estão se voltando para a agricultura regenerativa. A gigante da moda americana Allbirds obtém uma parte de sua lã da Estação Lake Hāwea, com planos para que toda a lã seja de origem regenerativa até 2025. No Reino Unido, varejistas como a Marks & Spencer também estão considerando a sustentabilidade de sua lã. A maioria dos adotantes, no entanto, continua sendo marcas de luxo e os itens têm um preço - um moletom da Sheep Inc custa £180 ( US$222) e um suéter Allbirds custa cerca de £108 ( US$133).
Fábricas onde são aplicadas os métodos do fast fashion
Roupas feitas pela fabricante Allbirds em 2021
As empresas de moda devem garantir que suas alegações de sustentabilidade sejam pesquisadas
“O mercado de massa ainda não está adotando a lã regenerativa”, diz Peter Ackroyd, diretor de operações da organização sem fins lucrativos Campaign For Wool. “É comprar fibra barata... e vender a preços baixos.” Isso torna difícil prever se a lã regenerativa continuará sendo um luxo, diz ele, com a indústria de fast fashion dificilmente se adaptando a curto ou médio prazo. Embora os preços possam cair se o setor de moda de classe média alta adotar a agricultura regenerativa, acrescenta ele.
Tonti diz que mesmo onde a lã regenerativa é adotada, as empresas de moda devem garantir que suas alegações de sustentabilidade sejam minuciosamente pesquisadas e apoiadas por evidências. Em 2022, a Allbirds enfrentou um processo que alegava que sua estimativa de pegada de carbono para sapatos feitos com lã era imprecisa - o processo foi indeferido por um tribunal de Nova York. Allbirds disse à BBC que “toma muito cuidado ao descrever nossa abordagem à sustentabilidade”.
MATÉRIA
CONTAGEM DE CARBONO
As emissões das viagens necessárias para relatar esta história foram de 0 kg de CO2 . As emissões digitais desta história são estimadas em 1,2g a 3,6g de CO2 por visualização de página.
Desafios na rastreabilidade e na mistura de lã com sintéticos, bem como o uso de corantes químicos tornam o assunto mais espinhoso, diz Tonti. A Sheep Inc atualmente usa corantes certificados pela Bluesign (que considera fatores como uso de água e emissões atmosféricas), mas diz que está lançando um novo método de tingimento rastreável neste verão.
Em última análise, diz Grelet, para que a lã regenerativa revolucione a pegada da moda, a abordagem regenerativa precisa ser aplicada em todos os níveis da indústria, inclusive pelos consumidores “ fazendo escolhas de compra mais sábias e comprando menos roupas “, e pela reciclagem adequada sendo disponibilizada para minimizar desperdício. Uma pesquisa de 2022 com 5.900 consumidores de moda descobriu que, embora 65% dos compradores se preocupem com a sustentabilidade, apenas 15% dos entrevistados dizem que a priorizam ao fazer compras.
A lã pode representar apenas 1% do mercado global de fibras, mas Tonti a chama de “uma grande fibra de teste para o restante da agricultura regenerativa" e, ao provar, podemos ter visibilidade desde a roupa até a fazenda.
O bom negócio da Competitividade Sustentável
como a Competitividade Sustentável contribui para a consolidação e o sucesso das empresas dos setores privado, publico e social
Por: Pedro Lins Ilustração: Iris Van Den Akker
Desde 1798, com a publicação do estudo de Malthus intitulado “An Essay on the Principle of Population”. Passando em 1987/1988 pelo relatório publicado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento ( WCED) conhecido como Relatório de Brundtland, onde pela primeira vez se usou o termo “Desenvolvimento Sustentável”, até chegar aos dias atuais, com o conceito de Competitividade Sustentável, a sociedade moderna vem discutindo temas sobre o que é a Sustentabilidade. Tal discussão não encerra-se em si, pois até hoje o conceito de sustentabilidade não é claramente percebido e entendido por quem nele atua.
Neste cenário, as empresas de hoje vivem com um grande questionamento: Que tipo de empresa eu quero ser no Futuro? Onde o resultado econômico ainda é a regra geral.
No século 21 mais do que nos anteriores, as mudanças dos mercados, das demandas, dos resultados e impactos globais estão transformando a maneira de se fazer negócios no mundo. As expectativas, as necessidades e as tendências dos mercados mais maduros como Europa e EUA, bem como o movimento das Organizações da Sociedade Civil (OSC ) no mundo todo, tem contribuído para puxar a agenda da preservação sob o aspecto da autodestruição.
Esta tendência tem levado uma nova geração de lideres a buscarem alternativas para o desenvolvimento e perpetuação dos seus negócios, através do conceito de Competitividade Sustentável (triple botton line) que é definido como:
“O Compromisso das Empresas (privadas, públicas e sociais) em gerenciar e melhorar o seu Resultado Econômico, o seu Impacto Ambiental e as Implicações Sociais de suas atividades a nível empresarial, local, regional e global”.
O grande desafio é: Como transformar este paradigma do “Economic Botton Line” para o “Triple Botton Line” sem comprometer o resultado presente e preservando o resultado futuro das empresas. Na verdade é que só levando-se em consideração o resultado presente do Economic Botton Line, as empresas não chegarão ao futuro pela perda de competitividade e a ausência de mercado para seus produtos e ou serviços. Esta é uma realidade para as empresas dos três setores: privado, publico e social.
Assim, é necessário que os líderes (decisores) sejam capacitados e desenvolvam competências e habilidades que contribuam nos seus processos de tomadas de decisão, levando-se em conta a Competitividade Sustentável de seus negócios.
Um passo importante para a aquisição dessas competências é entender como funcionam os diversos modelos para ser Competitivo e Sustentável e da inexistência de um “caminho único”.
Desta maneira, o líder do futuro deve ampliar sua visão e utilizar seus conhecimentos e competências, para enfrentar os novos desafios que o mercado apresentará nos próximos anos/décadas.
Shampoo sólido
o que é e quais são os benefícios para o cabelo?
O que é shampoo sólido?
Você já ouviu falar de shampoo sólido ou shampoo em barra? Esses tipos de shampoos são como barras de sabonetes, mas em vez de passar no corpo, você usa o cabelo. Ainda não é muito comum aqui no Brasil, mas já está fazendo muito sucesso no exterior. Os meios de utilização são os mesmos do shampoo líquido tradicional, o shampoo é usado nas raízes e o condicionador (que também é sólido) só no comprimento dos fios. Esse produto tem como objetivo a sustentabilidade. Como assim? Como ele é em barra, dispensa-se o uso de embalagens plásticas, e já que a intenção é zero plástico, esses shampoos geralmente vêm em embalagens de papel biodegradáveis. O produto também é (ou pode ser, depende da marca) vegano, ou seja, 100% vegetal e sem nenhum produto de origem animal.
Quais são
os benefícios do shampoo?
Você não precisa se preocupar ou suspeitar do shampoo sólido, porque por mais que seja em barra ele tem as mesmas propriedades de um shampoo líquido comum, ou seja, ele também:
• Limpa
• Hidrata
• Sela as pontas
• Promove crescimento
• Nutre os fios
• Dá brilho e leveza
• Traz vitaminas e minerais para o cabelo
E muitos outros benefícios exatamente como um shampoo comum, mas além da estética esse produto também tem vantagens ambientais.
O shampoo sólido geralmente não contém água em sua produção, ou seja, o produto é concentrado que consequentemente faz durar mais do que os tradicionais, evitando desperdício, e compra excessiva gerando mais e mais lixo. Um shampoo em barra, por ter mais durabilidade que um shampoo comum, pode ser equivalente a dois ou três frascos comuns de plástico. Por ser livre de plásticos não corre o risco de excesso de plásticos descartados na natureza.
Como utilizar o shampoo sólido
O shampoo sólido é usado exatamente da mesma forma que o shampoo comum. Com os cabelos úmidos esfregue o produto diretamente no couro cabeludo, onde se encontram as raízes do cabelo, massageie com as pontas dos dedos (não com as unhas), com o chuveiro desligado (afinal estamos falando sustentabilidade), enxágue com água e repita. Você também pode esfregar o shampoo nas mãos até dar espuma e então aplicar no cabelo, não tem segredo. Para que ele não retenha muita umidade, guarde em uma saboneteira (risos), você também pode quebrar em pedaços para ir usando aos poucos.
BELEZA SUSTENTÁVEL
comprar menos e reutilizar embalagens reduzem o impacto da indústria de beleza no meio-ambiente
Por: Matheus Phyno
Foto: Kevin Laminto
VVocê já parou para contar quantos produtos de maquiagem têm no seu nécessaire? Ou qual impacto que eles têm no meio-ambiente? É fato, precisamos ser mais sustentáveis em tudo que fazemos no nosso dia a dia e ser eco-friendly é uma decisão que inclui pequenas coisas, como a rotina de maquiagem. Da escolha de produtos mais limpos, até a decisão de comprar menos e melhor, há uma série de atitudes simples que podemos adotar para que o ritual de se maquiar seja legal para nós e para o planeta.
Ainda há um longo caminho para que a indústria de beleza seja realmente sustentável, mas, com a ascensão do vegetarianismo e do veganismo, aliada à necessidade urgente de reduzirmos o impacto ambiental, nasceu o movimento global de clean beauty (ou, beleza limpa), que fala de um comportamento de beleza baseado no consumo consciente; isso vai desde o ciclo de cultivo da matéria-prima, passando pela fabricação sem ativos nocivos até o pós-descarte. Segundo pesquisa da consultoria americana Persistence Market Research, o mercado de clean beauty promete movimentar cerca de US$ 22 bilhões até 2024.
De olho no rótulo
Tudo começa com a escolha de produtos que são amigos do meio-ambiente, seja por ter uma fórmula limpa e/ou vegana, ou até por ter uma embalagem reciclada, reciclável, ou que reduza o impacto ambiental de alguma forma. Vanessa Rozan, maquiadora e fundadora do Liceu de Maquiagem, ensina: “Para fazer escolhas sustentáveis é importante conhecer minimamente a formulação de produto e entender algumas etiquetas e desenhos que estão presentes na embalagem dos cosméticos. A sustentabilidade tem que estar na fórmula e também na embalagem e na cadeia de produção do produto”.
Entender a origem dos produtos, quais são os processos de fabricação, como a empresa/indústria responsável por ele, significa ter mais consciência sobre o que consome Acontece que sem saber, muitas vezes, o consumidor ou o investidor pode estar diante de uma prática de greenwashing
Porém, é preciso ficar atento, pois algumas empresas se utilizam do green washing pra fazer com que você acredite que são mais sustentáveis. “Não adianta colocar uma folhinha verde na embalagem como forma de decoração, é muito mais do que isso. Sustentabilidade na fórmula é garantir que o produto tenha extratos botânicos, não tenha conservantes, que faça bem à sua pele, mas que também, quando aquilo for removido e for para o ralo, não impacte negativamente nos mananciais. No caso das embalagens, verifique se usam plástico verde, embalagens secundárias descartáveis e recicláveis, embalagens de vidro e refil”, completa. Pode parecer uma missão difícil, mas, com o avanço do mercado de beleza, muitas marcas legais já tem a sustentabilidade como um pilar em seus produtos. Entender bem o produto que estamos usando é essencial; é preciso gastar um tempinho pesquisando sobre a origem e o destino de cada produto, e também priorizar, quando possível, orgânicos e naturais. “Existem vários selos que atestam que a empresa usa ingredientes orgânicos, que recicla, que se responsabiliza pela cadeia de produção justa, que não faz teste em animais”, diz Vanessa.
Há atitudes simples que pode se adotar para que se maquiar seja legal para nós e para o planeta
MATÉRIA
Consumir menos ainda é a melhor saída
Porém, acima de tudo, a melhor forma de reduzir os impactos é sempre consumir menos e de forma consciente. Comprar somente o que vai usar de verdade, além de nos fazer economizar, evita o desperdício. “É importante pensar em utilizar até o fim dos produtos abertos, respeitando a validade dos itens, claro. Tem uma mascara de cílios em uso? Evite abrir outra ao mesmo tempo; espere o tempo de validade da primeira para descartá-la e, então, começar a segunda”, explica a maquiadora. “Abrir um produto por vez, mesmo naquela euforia do momento do consumo da novidade, que dá vontade de testar tudo, o ideal é segurar a emoção esperar o produto anterior que já está em uso terminar ou vencer a validade”, diz.
“Maquiagem é um item de desejo; quando vemos algo novo na prateleira, na loja ou em um site, nos animamos instantaneamente a usá-lo e fazer algo diferente. Mas, o ideal é que você pense bem antes de comprar um novo produto, levando em conta aquilo que já tem no seu nécessaire ou na sua maleta, e o que realmente precisa. Só de não atender ao desejo imediato de consumo, já vai fazer com que você administre melhor e seja mais sustentável com seus produtos de beleza”, reflete Rozan. A natureza e seu bolso agradecem!
Multifuncionalidade e criatividade são a chave para uma maquiagem mais sustentável
Fazer misturas espertas maximiza o uso dos seus produtos; um blush cremoso que pode virar batom, uma base mais clara que pode virar iluminador... “Na hora de se maquiar o jeito mais sustentável de trabalhar é pensar em produtos multifuncionais, que podem ser misturados e se transformam em outros produtos. Por exemplo, investir em um blush que também é batom resolve dois pontos com um só produto. Usar o iluminador cremoso no rosto, que também vira sombra, é outra opção”, ensina Vanessa.
É possível reduzir o lixo, também, otimizando o que já temos e reutilizando embalagens de produtos que acabaram. Sabe aquele travel size que você ama? Quando acabar, dá para depositar outro produto na embalagem, assim, você carrega menos peso e tem sempre seu batom, sua base ou até seu glitter favorito para levar na bolsa de viagem! Outra boa opção é, sempre que possível, comprar somente o refil do produto. “O descarte de tudo também é importantíssimo! No Liceu de Maquiagem, trabalhamos com o projeto Beleza Verde, que garante que todos os resíduos de descartáveis usados e produtos com a validade vencida são devolvidos pra cadeia ou incinerados. Leve seus produtos a um ponto de reciclagem, não descarte as embalagens no lixo comum”, finaliza.
Comprar somente o que vai usar de verdade, além de nos fazer economizar, evita o desperdício
GREENWASHING : O QUE É E COMO IDENTIFICAR
além de enganar o consumidor, acaba sujando
Por: Bárbara Boppré Foto: Brain YusaritsSe tem uma coisa que os últimos anos vêm nos ensinando, é que precisamos repensar a nossa forma de consumir. A quantidade de lixo e desperdício, a crise climática e a desigualdade social são alguns fatores que fazem com que as pessoas, principalmente as pertencentes à Geração Z, desenvolvam consciência ambiental na hora de adotar novos hábitos de consumo.
Cientes dessa “tendência”, muitas empresas começaram a adotar práticas sustentáveis para conquistar mais consumidores. Mas quão verdadeiras são essas práticas?
Maioria das vezes elas não se passam de um marketing enganoso, culminando no que chamamos de Greenwashing. No post de hoje, vamos te mostrar tudo que você precisa sobre a sustentabilidade fake e mostrar como você pode identificar se uma marca ou produto não passa de propaganda enganosa.
O QUE É GREENWASHING?
Greenwashing é quando uma empresa ou produto se promove através da sustentabilidade para atrair consumidores, sem ter de fato os pilares de uma cadeia sustentável.
Muito provavel que você já tenha se deparado com Greenwashing nas prateleiras de lojas e farmácias, e talvez nem tenha percebido. Embalagens verdes e nomes que remetem à natureza são as formas mais comuns de espalhar a falsa sustentabilidade.
Kuidado
A prática de Greenwashing também prejudica marcas limpas de verdade ao interferir no mercado
FALTA DE TRANSPARÊNCIA
Além das embalagens que induzem o consumidor a acreditar que o produto é verde, a falta de transparência é uma forma de Greenwashing. Funciona assim: as marcas divulgam afirmações vagas sobre práticas ambientais, mas não fornecem detalhes concretos ou verificáveis sobre essas práticas.
É muito comum encontrar selos de “ecologicamente correto” na embalagem de vários produtos, que não são verificados por nenhuma certificadora oficial. E também não é possível encontrar informações sobre a cadeia, porque a empresa acaba não divulgando os dados necessários para pesquisa.
Além de enganar os consumidores, que acreditam estar fazendo uma compra sustentável, a prática de Greenwashing também prejudica marcas limpas de verdade ao interferir no mercado e desencorajar as pessoas a comprarem produtos eco-friendly.
Para o planeta Terra, o Greenwashing é ainda pior. É só pensar que se tudo não se passa de uma propaganda enganosa, essa empresa e/ou produto conta com uma cadeia de produção convencional, sem responsabilidade ambiental. Muito provavelmente tópicos como pegada de carbono, reciclagem e o combate ao desperdício não são levados em consideração na hora de produzir.
GREENWASHING - MAIS COMUM DO QUE VOCÊ IMAGINA
Uma pesquisa de 2019 do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) trouxe dados inéditos sobre a prática de Greenwashing em empresas brasileiras. Para fazer a análise, o estudo levou em consideração o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 1990); a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.035, de 2010); a Norma ABNT ISO 14.021/2017; o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária do Conar e os “sete pecados do greenwashing”, definidos pela organização internacional TerraChoice.
Foram analisados 509 produtos nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que são encontrados nas principais redes de supermercado do Brasil. Os produtos foram divididos em 5 categorias: higiene e cosméticos (341), limpeza (80) e utilidades domésticas (79).
Após avaliar os critérios: nome do produto, fabricante, número de série, número de lote, declaração apresentada e selo no produto, foi possível chegar ao resultado: de todos produtos analisados, 47,7% deles - ou 243 produtos- apresentam indicícios de greenwashing.
Quando a empresa pratica greenwashing, ela trabalha e divulga informações falsas, e não os materiais No início, a prática de greenwashing pode gerar certa repercussão positiva para o negócio, mas quando é descoberta, a reputação da empresa fica manchada
VERIFICANDO A SUSTENTABILIDADE
Os selos ambientais servem para ajudar os consumidores na hora de escolher produtos ecologicamente corretos (de verdade). As empresas EuReciclo, Instituto Lixo Zero, PETA, EcoSun Pass e Cosmos são exemplos de certificações oficiais que apontam a veracidade por trás das práticas sustentáveis da cadeia de produção de determinada empresa ou produto.
PROCURE POR FATOS CONCRETOS
Se não encontrar nada muito profundo na embalagem de determinado produto ou na página online de determinada empresa, procure informações específicas sobre as práticas ambientais. Isso pode incluir a divulgação de relatórios sobre a pegada de carbono, a adoção de práticas de energia renovável ou a implementação de sistemas de gestão ambiental, por exemplo.
PESQUISE SOBRE A EMPRESA
Faça uma pesquisa sobre os históricos de práticas da empresa em prol do meio ambiente. Já é uma boa forma de começar sua pesquisa e ver se a empresa possui boa reputação quando o assunto é sustentabilidade e transparência.
Procure informações específicas sobre as práticas ambientais
Empresas tratam esgoto e conseguem reutilizar a água
estratégia é barata e ajudou empresas no período de seca do Sudeste
Por: André TrigueiroIlustração: Daniele Simonelli
A água de reuso já é um bom negócio, especialmente em São Paulo, castigada por uma das piores estiagens da história. É o caso de uma locadora de roupas e toalhas para salões de beleza, onde lavam-se 2 milhões de peças por mês. Para isso, é preciso muita água: 20 mil litros por dia.
A água ensaboada da lavanderia é filtrada e se transforma em água de reuso. Essa é a etapa final do tratamento. A água é devolvida às máquinas de lavagem, com menos custo e menos desperdício para a empresa. O investimento foi de R$ 80 mil.
“Eu gastava uma média de R$ 8 mil por mês para a manutenção da minha água e hoje eu estou gastando entre os produtos químicos, o tratamento, eu estou gastando R$ 3 mil. Então, se você fizer um cálculo bem rápido, eu estou levando uma vantagem de R$ 5 mil por mês”, conta Adolfo Buttler, dono da lavanderia. Há sete anos um shopping em São Paulo começou a transformar a água o esgoto que vem dos sanitários e da praça de alimentação. Resultado: a conta de água, que era de R$ 80 mil por mês, caiu para R$ 20 mil. Até o momento já foi possível economizar R$ 2,5 milhões.
“Esse sistema me permite consumir 30% a menos de água da rede pública reutilizando a água que tenho aqui internamente no shopping e que normalmente seria descartada”, diz Ricardo Gonçalves Omar, gerente de operações do shopping.
No resultado final do tratamento na microestação, a água que é reutilizada no shopping tem uma coloração meio amarelada. Mas, para evitar o risco de algum cliente ou funcionário fazer uso dessa água como água potável, eles têm o cuidado de misturar um corante da cor azul para que o resultado final fique com a coloração meio azul esverdeada que a água de reúso que circula pelo shopping.
Uma fábrica de remédios em Itapevi, na Grande São Paulo, produz 9 milhões de litros da água de reúso
por mês. O que não é usado na indústria é doado para a prefeitura local para limpar ruas e regar canteiros.
“Nós disponibilizamos durante um ano cerca de 220 mil litros de água e esse recurso nós temos a intenção de aumentar gradativamente conforme nós aumentarmos o volume nosso de tratamento”, explica Isamara Garcia Freitas, gerente de gestão ambiental.
O Aquapolo, projeto de parceria da Sabesp com a iniciativa privada, tem capacidade de produzir 1.000 litros por segundo de água de reúso, mas só entrega 650 mil porque faltam interessados. A economia de água potável equivale ao consumo diário de uma cidade com 500 mil habitantes.
Um outro problema, segundo os técnicos do setor, é que as leis não são suficientemente claras no Brasil quando o assunto é água de reúso.
“No Brasil, a legislação não é específica para reúso, ao contrário de outros países do mundo que praticam isso há muito tempo e têm legislações específicas que criam parâmetros que dão ordem como fazer isso atribuindo responsabilidades, dão segurança às áreas executivas para que elas possam agir”, diz Paulo Nobre, superintendente de tratamento de esgoto da Região Metropolitana da Sabesp.
Hoje, menos de 0,1% da água produzida no país é de reúso. Em Cingapura, por exemplo, o percentual de água reciclada chega a 30%. Para Luciano Borges, especialista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), quando água de reúso vira política pública, os resultados aparecem rápido.
“Israel consegue utilizar 70% do esgoto tratado, o sul da Europa, cerca de 40 a 50%. O mesmo número alcançado em alguns estados americanos”, aponta Luciano Borges, professor de engenharia química da Coppe/UFRJ
Evitar o desperdício de água não é o suficiente. O Brasil precisa fazer muito mais para evitar falta d’água e prestar mais atenção na riqueza escondida nos esgotos.
Emissão de carbono nos últimos tempos
A quantidade de CO2 que a humanidade emite quase duplicou. Essas emissões são uma ameaça a nossa existencia.
Emissão das top 3 regiões nos últimos 30 anos, em bilhões de toneladas de CO2
Emissão de CO2 cresce no mundo, em bilhões de toneladas.
Sobre
a questão mundial, China e Estados Unidos estão no topo da tabela.
4,5 megatoneladas
Emissão total de CO2 pelos 10 países que menos emitem no mundo.
12055 megatoneladas Emissão total de CO2 pela China
O Brasil sempre esteve entre os top 10 maiores emissores de CO2 do mundo. Veja aqui umas estatisticas sobre o assunto.
Emissão per capita
Emissão de carbono em setores 1985-2021
CO2 per capita
Comer sem comprometer o futuro: projeto da USP ensina alimentação sustentável
Sustentarea, da Faculdade de Saúde Pública da USP, promove iniciativas de formação sobre o tema da alimentação e sustentabilidade
Alimentação é um assunto mais complexo do que escolher o que será servido na hora do café, almoço ou jantar. Por trás de cada prato de comida, há questões sobre como aqueles alimentos são produzidos e quais são os seus efeitos na saúde humana e para o meio ambiente. Formar cidadãos conscientes sobre este tema é o que propõe o Sustentarea, Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão (Nace) da Faculdade de Saúde Pública ( FSP ) voltado para a disseminação da alimentação sustentável. Fundado em 2012, há dez anos o Sustentarea promove eventos e cursos e produz publicações e conteúdos sobre o assunto, como e-books, revista trimestral, livros de receitas, além de programas de podcast, que podem ser acessados gratuitamente pelo site.
“Há dez anos atrás, não era senso comum que a alimentação, além de ter um papel na saúde, também tem um impacto no meio ambiente”, conta Aline Martins de Carvalho, professora de Nutrição na FSP, coordenadora e idealizadora do Sustentarea, destacando que, quando o projeto surgiu, a alimentação sustentável ainda era um tema pouco abordado no Brasil.
A proposta de tratar do tema foi inaugurada com uma ação de intervenção nos bandejões da Faculdade de Saúde Pública chamada Segunda Sem Carne na FSP. “Focávamos no consumo excessivo de carne vermelha do brasileiro, seus impactos negativos na saúde e meio ambiente e como poderíamos ajudar as pessoas a reduzirem seu consumo excessivo de carne, uma vez que foi meu objeto de pesquisa do mestrado. Na época, algumas pessoas foram contra o projeto e a ideia”, Aline diz.
Hoje, a professora vê que a receptividade do público em relação ao tema melhorou. O que não significa que a alimentação das pessoas tenha melhorado. “Apesar de a população ter mais acesso à informação nos últimos anos, a alimentação do brasileiro ainda está longe de ser nutricionalmente adequada e sustentável. Além de não ter acesso a uma alimentação com qualidade nutricional, muitos brasileiros não têm acesso a quantidade de alimentos suficientes, chegando à fome.”
Com o tempo, o Sustentarea se tornou mais amplo, conta a coordenadora. “Nosso propósito é incentivar a reflexão pautada em evidências científicas sobre alimentação saudável e sustentável.” Além da questão da carne, o núcleo passou a abraçar questões gerais sobre as escolhas alimentares e a incentivar, de outras formas, a mudança de comportamento. Uma de suas principais frentes, por exemplo, é a produção e disponibilização de receitas com ingredientes de alto valor nutricional e baixo custo.
Desde 2020, o Sustentarea conta com a participação da Universidade Federal de Goiás ( UFG) no projeto. Assim, além dos professores, estudantes de graduação e pós-graduação da USP, o núcleo passou a receber profissionais de diferentes regiões do País e áreas do conhecimento. A rede conta hoje com 60 voluntários, que trabalham sob um objetivo comum: “Queremos promover mudanças positivas nos hábitos alimentares e de vida das pessoas e instituições visando a melhorar a saúde da população e do planeta”, explica Aline.
COMO BEBER CAFÉ DE MANEIRA ECOLÓGICA
explicando o motivo das cápsulas não serem o maior vilão na sua xícara
Por: BBC News Brasil Foto: Pawel CzerwinskiMATÉRIA
Sempre quando pensamos em fazer uma xícara de café, as cápsulas têm a reputação de prejudicar o meio ambiente, pois geralmente são difíceis de reciclar, mas uma nova pesquisa da Universidade de Quebec, no Canadá, sugere que as cápsulas podem não ser tão maléficas em comparação com o preparo de café numa cafeteira tradicional.
O estudo oferece uma nova visão sobre o impacto climático da bebida mais popular do mundo: estima-se que dois bilhões de xícaras de café sejam consumidas diariamente em todo o globo. Só o americano médio bebe três xícaras por dia. Embora o café seja preparado de várias maneiras, as cápsulas de café ganharam popularidade desde sua invenção, há cerca de quatro décadas. O valor de mercado desse produto cresceu 24% de 2021 a 2022. As empresas do setor arrecadaram US$ 12,33 bilhões (R$ 63,9 bilhões) no último ano.
Apesar da popularidade, as cápsulas há muito dividem os apreciadores de café, que estão conscientes do efeito que o hábito tem no meio ambiente.
As pequenas cápsulas de plástico ou alumínio são criticadas por consumir muita energia durante a fabricação e por causar “desperdício desnecessário” de materiais. A cidade de Hamburgo, na Alemanha, chegou a proibir o uso delas em edifícios estatais em 2016. No entanto, os pesquisadores agora dizem que as cápsulas podem não ser tão prejudiciais quanto outras formas de fazer café, especialmente quando se olha para o “ciclo de vida” mais amplo de uma única xícara desta bebida.
Pesquisadores dizem que as cápsulas podem não ser tão prejudiciais quanto outras formas de fazer café
As cápsulas de alumínio são melhores, além de não ter risco de conter BPA, é o melhor material para preservar o aroma e o sabor do café
A colheita e a produção dos grãos respondem por 40% a 80% das emissões GEE
O impacto climático dos métodos de preparo do café
O estudo canadense fez uma revisão de pesquisas publicadas nos últimos anos sobre o consumo de café. Os autores mediram as emissões totais de Gases do Efeito Estufa (GEE) produzidas por cada método durante o preparo de 280 mililitros de café. A análise considerou todo o processo, desde a produção dos grãos de café (que é a parte que mais emite GEE) até a quantidade de resíduos que acaba em um aterro sanitário.
O resultado foi ligeiramente diferente de acordo com a forma que o café foi preparado. Os pesquisadores também analisaram as emissões quando se usa mais café do que o necessário, um problema comum, já que a maioria das pessoas não mede a quantidade na hora do preparo. Os responsáveis pelo levantamento também analisaram a diferença de emissões nas províncias canadenses de Alberta, a segunda maior emissora de GEE do Canadá, e de Quebec, que tem as menores taxas de GEE do país.
O estudo descobriu que o café filtrado tradicional produz a maior quantidade de GEE. Isso ocorre porque a quantidade de pó de café necessária para fazer uma xícara é maior, assim como a energia utilizada para aquecer a água e manter a bebida em uma temperatura quente.
Na sequência, o método que produz a segunda maior taxa de emissão é a prensa francesa, também por causa da quantidade de café necessária para fazer uma única xícara.
As cápsulas estão em terceiro lugar na lista. A quantidade de café dentro de cada unidade é controlada, o que evita o consumo excessivo, cada cápsula economiza entre 11 e 13 gramas de café, segundo o estudo.
O café instantâneo é a maneira mais ecológica de fazer a bebida, segundo o estudo, porque usa menos café e as chaleiras requerem menos energia do que a cafeteira tradicional. “Paradoxalmente, esse tipo de café não segue a atual tendência de consumo na América do Norte”, disse Luciano Rodrigues Viana, um dos autores do estudo.
Como beber café sem impactar o meio ambiente Uma coisa que os apreciadores de café não conseguem controlar é a quantidade de emissões que a própria produção desse grão produz, “A fase agrícola é a mais poluente”, avaliou Viana. Independentemente do método de preparo do café, a colheita e a produção dos grãos respondem por 40% a 80% das emissões, já que o cultivo dessa planta utiliza irrigação intensiva, além de depender de fertilização e de pesticidas. É por isso que as cápsulas de café não são tão prejudiciais quanto usar mais café do que o necessário para fazer uma única xícara, apesar da percepção de que as cápsulas causam um desperdício maior em casa.
“Não acho que as cápsulas sejam uma solução milagrosa”, apontou Viana. “Mas esse é um bom exemplo que ilustra nossos vieses cognitivos.”. Pensando no ciclo de vida de uma única xícara, Viana aconselhou as pessoas a beberem quantidades menores de café. Isso significa optar por expressos de 50ml a 100ml, ou garantir que apenas a quantidade necessária de café e água seja usada durante o preparo para evitar desperdícios, e, mesmo ao usar cápsulas, o pesquisador chamou atenção para o consumo excessivo, pois a facilidade de preparo com as cápsulas de café pode encorajar as pessoas a beber mais xícaras, o que produz mais lixo no final, “As cápsulas reutilizáveis, se usadas por muito tempo, são uma solução para reduzir a quantidade de resíduos”, acrescentou.
Independente do método de preparo do café, a colheita e a produção dos grãos são
40% a 80% das emissões
6 dicas de alimentação sustentável para ajudar o meio ambiente
quer contribuir com a sustentabilidade? Então, veja quais hábitos e alimentos você deve priorizar na sua rotina!
O meio ambiente sofre com os impactos humanos há muitos anos. No quesito alimentação, isso pode ser sentido pelo desperdício de comida e desigualdade alimentar no mundo. Segundo o relatório feito pela Embrapa, cada brasileiro joga mais de 40kg de comida no lixo por ano. Só esse dado mostra que mudar os hábitos de consumo incluindo alimentos sustentáveis na dieta é mais do que necessário.
Um dos resultados mais críticos desse estudo é que as frutas, hortaliças, raízes e tubérculos estão no topo das perdas, pois uma boa parte do que é colhido, é jogado fora. Essa realidade precisa gerar uma conscientização em massa de toda a população para evita esse tipo de perda.
Sustentabilidade e alimentação
Exercer pequenas atitudes no cotidiano é crucial para construir uma sociedade mais justa e equilibrada. Escolher alimentos orgânicos e naturais, por exemplo, contribui para a preservação da água, do ar, do solo e, principalmente, da saúde. Afinal, esse tipo de alimentação garante o consumo de produtos livres de aditivos químicos e agrotóxicos, herbicidas, pesticidas e fertilizantes artificiais, que prejudicam a saúde humana e podem degradar o ecossistema.
Em suma, ao aliar sustentabilidade e alimentação, nós contribuímos para a conservação do planeta, o que oferece uma melhor qualidade de vida a todos e favorece a conservação dos recursos naturais.
1. Evite o uso de embalagens
As embalagens (e envoltórios) de papel e plástico que protegem boa parte dos alimentos que consumimos são os maiores culpados pelo crescimento do volume de resíduos no planeta. Se você deseja colaborar com a redução do lixo produzido, uma boa sugestão é adquirir alimentos frescos e não embalados ou que utilizem embrulhos em versões biodegradáveis.
2. Mude seus hábitos de cozinhar
É óbvio que usar uma panela para cozinhar é a melhor forma de fazer suas refeições. Mas que tal aproveitar esse período de cozimento considerando a sustentabilidade?
Uma boa ideia é utilizar o vapor de um recipiente de arroz para cozinhar hortaliças e legumes. Outra dica interessante é reaproveitar a água usada para no cozimento de vegetais — que têm diversos nutrientes — para fazer outras receitas, como feijão, macarrão e até mesmo sobremesas: bolo, gelatina e pudim. Você já havia pensado nisso?
3. Tenha uma horta
Você tem uma varanda onde consegue cultivar algumas plantas? Ou um pequeno espaço que cabe alguns vasos? Separe algumas horas do seu dia para fazer uma pequena horta em casa e ter uma alimentação mais saudável.
Não é necessário ter uma área grande para plantar frutíferas ou vegetais. Ao cultivar uma simples plantação de ervas e temperos, por exemplo, você contribui com a preservação do planeta e reduz os custos da sua alimentação.
4. Aproveite 100% dos seus alimentos sempre que possível
Você tem o hábito de aproveitar todo o seu alimento na hora de cozinhar? Conseguir aproveitar os pedaços que sobram e a casca do produto é fundamental para tornar a sua alimentação mais nutritiva, reduzir o desperdício e economizar dinheiro.
Existem diversas receitas simples de massas, tortas, farofas e sopas que utilizam caules, sementes, talos e folhas de diversos alimentos que normalmente não seriam utilizados. Que tal pesquisar algumas possibilidades para evoluir seus dotes culinários?
5. Valorize o consumo de produtos orgânicos
Os alimentos orgânicos passam por um processo de produção sustentável em todas as suas fases, com o objetivo de amenizar os danos causados ao meio ambiente. Eles podem ser carnes, frutas, vegetais e até alguns industrializados, como biscoitos, massas e pães. Basta encontrar o selo de orgânico em seu pacote para saber que você está comprando uma mercadoria sustentável. Aqui, por via das dúvidas, vale visitar o site e as redes sociais da marca para comprovar se ela é realmente amiga da natureza.
6. Adquira produtos regionais e de cada estação
Adquirir alimentos produzidos na sua região, bem como na estação própria da sua produção, é uma boa ideia para incentivar o varejo local e evitar diversos impactos ao ambiente, que são gerados pelo armazenamento, conservação, transporte e duração de validade.
Uma boa sugestão são os produtos da época, principalmente os “escovados”, que são vegetais sujos com terra que o consumidor limpa em casa. Assim, o gasto de água para tornar o alimento próprio para consumo é menor, pois dispensa a limpeza prévia feita pelo próprio produtor ou antes de ser disponibilizado para venda. Portanto, sempre que possível, valorize essas mercadorias na hora de fazer sua feira.
Esperamos que os hábitos e alimentos sustentáveis mencionados ao longo deste conteúdo possam contribuir com as suas novas atitudes perante o meio ambiente. Para isso, basta colocar essas dicas em prática. Assim, as pessoas que estão próximas de você certamente ficarão contagiadas pelo seu comportamento ecológico.
Hortas urbanas: caminho para amenizar a fome
em um Brasil de extensão territorial gigantesca, é vergonhoso que haja 30 milhões de pessoas passando fome
Por: Aida Franco De Lima Ilustração: Daniele Simonelli
As estatísticas dizem que 30 milhões de brasileiros passam fome. Não é aquela ‘fominha’ de abrir a geladeira, olhar e fechar a porta sem saber o quê quer comer. É ter vontade de comer e abrir a geladeira e não ter opção. É nem ter geladeira!
Mais de 30 milhões de pessoas passam fome no Brasil. Em Foz do Iguaçu, conforme importante levantamento desse Portal, são 35 mil pessoas que recebem 105 reais por mês.
Na Foz do Iguaçu que não cabe em cartão-postal, mais de 35 mil pessoas sobrevivem com R$ 105 por mês, míseros R$ 3,50 ao dia. São cerca de 15 mil famílias em situação de extrema pobreza, maior contingente desde 2012, quando foi instituído o Cadastro Único, ferramenta que dá acesso a programas públicos e a benefícios do governo federal.
O valor da cesta básica atual, calculada pelo Procon, é de R$ 1.226,12, sendo que o salário mínimo é de R$ 1.212. Se um assalariado investisse todo seu dinheiro em comida, ainda assim ele não conseguiria se alimentar suficientemente. O que faz uma pessoa com 105 reais por mês? A coisa está tão feia que um litro de óleo de soja, o comum, o mais popular, está cotado em média de 10 reais, com diferença de três reais para o de canola, que sempre foi muito mais caro e está ao custo médio de 13 reais.
Se os gestores reclamam que não há dinheiro suficiente para bancar as famílias abaixo da linha de pobreza, o fazem porque são incompetentes e negligentes com as dores alheias. A ausência de dinheiro é proporcional à incapacidade técnica em buscar saídas para a crise alimentar que bate à porta e às ruas do morador de Foz ou de qualquer outro local do Brasil. Parece mesmo água e óleo, sendo que quem passa fome é o povão e o óleo é quem tem a caneta, mas não se mistura.
Somos o quinto maior país do mundo em extensão geográfica, não se compara ao Japão que tem dificul-
dades com espaço e mão-de-obra, mas ainda assim é terceira potência do Planeta. É revoltante saber que temos terra pra plantar e estamos vendo as pessoas chorando de fome. Como pode isso? E não estou falando nem de monocultivo. Nem estou mencionando a exportação de grãos ou de grãos convertidos em comida pra alimentar gado, pra que sejam mortos e transformados em alimentos industrializados.
Estou falando dos terrenos baldios nas cidades, que estão tomados de lixo e mato, que podiam ser transformados em hortas comunitárias. Me refiro ao lixo que não é separado e que poderia ser convertido em dinheiro, em moeda de troca, com o governo intermediando essa negociação. Se houvesse interesse, as prefeituras incentivariam a coleta ou doação do material, trocando-o por bônus, que pudesse ser usado na compra de comida, seja na feira, seja no mercadinho do bairro.
Temos milhares de espécies que podem ser cultivadas em pequenos espaços, colhe uma e já planta outra. Legumes, hortaliças, frutas, tubérculos, entre outros… São alimentos que fazem e muito a diferença no bolso de quem nada tem. E isso não vai gerar concorrência desleal, pois trata-se de incentivar a produção de alimento para quem não é cliente de lugar algum.
Claro que o buraco é mais embaixo, pois como dizia o Betinho, quem tem fome tem pressa. Não dá tempo de esperar o ciclo dos alimentos para fazer dormir a criança que pede comida e não há nada para oferecer. Mas é algo a se pensar e praticar, pra ontem, pra ao menos em curto prazo a terra nos presentear com aquilo que o homem não é capaz de inventar e não vive sem. Sem matéria-prima, o homem vai inventar comida de onde? É igual a liberdade, mas também o oxigênio, não vivemos sem! Hortas comunitárias, escolares, caseiras, não vão estragar a engrenagem da economia, aliás, vão ajudar a movimentar, principalmente pelo valor nutricional que a variedade de alimentos pode ofertar. Afinal, saco vazio não para em pé!
Viagem à São Paulo
O que dizer de São Paulo: centro financeiro do Brasil, maior frota mundial de helicópteros e a maior de veículos, do país. Uma das maiores cidades do mundo, conhecida por nunca dormir, com serviços 24 horas de quase toda natureza.
Mas, foi exatamente em meio a este agitado cenário que encontramos o contraponto ideal para refletir a força da Natureza que nossa coleção requer; pois, é possível encontrar refúgios em meio a correria da rotina paulistana.
Separamos alguns para você:
FUNDAÇÃO MARIA LUISA E OSCAR
AMERICANO
A fundação é um espaço cultural, situado no bairro do Morumbi. Possui um museu na antiga residência do casal, com um vasto acervo de pinturas.
Sua área externa conta com uma extensa mata, semelhante a um parque, contendo várias obras sobre a história do Brasil. Além disso, abriga, em sua maioria, espécies nativas da flora brasileira: são aproximadamente 25 mil árvores, entre as quais: angicos, sibipirunas, pau-ferro, pau-brasil e jacarandás.
Horário de funcionamento:
De terça a domingo, das 10h às 17h30.
conheça as áreas verdes em meio a cidade mais populosa do Brasil
JARDIM BOTÂNICO DE SÃO PAULO
O Jardim foi oficializado em 1938 e sua missão é a preservação e o uso sustentável da biodiversidade brasileira. Ele tem um papel fundamental em ensinar a importância da vegetação, conservação, pesquisas científicas e desenvolvimentos sustentáveis.
Horário de funcionamento:
De terça a domingo, das 9h às 17h
Bilheteria:
das 9h às 17h
EXPERIÊNCIA
A-HORTA
Localizada no Pacaembu e idealizada pela decoradora Vera Andrade, a A-Horta é uma empresa de decoração e um local perfeito para quem busca conectar-se à natureza e a arte. Durante a pandemia, o espaço começou a recepcionar eventos, ensaios fotográficos e jantares especiais com limite máximo de 10 pessoas.
O lugar conta com uma charmosa cabana sustentável que acomoda o ateliê/escritório, com um rico acervo de objetos. A extensa área verde ao redor, mantém-se em preservação e convida os visitantes para uma caminhada.
Os eventos realizados contam com cinco chefs responsáveis pelo menu totalmente personalizado. O atendimento é exclusivo através de hora marcada.
Horário de funcionamento:
De quinta a domingo ou sob consulta, das 19h às 24h. Para agendamento e informações: contatoahorta@gmail.com
Coloque em prática as atitudes dos países mais sustentáveis do mundo
Um dos pilares mais importantes para medir o desenvolvimento do futuro de um país é a educação, principalmente quando ela se mistura à consciência ambiental e preservação dos recursos naturais. Diariamente, diversas ações de sustentabilidade, em todo o mundo, são colocadas em prática com o objetivo de minimizar os impactos causados pela humanidade.
Para avaliar a responsabilidade ambiental de cada país, foi lançado o Environmental Performance Index (EPI ), um ranking anual com 20 indicadores de preservação do planeta. De acordo com o EPI, os países mais sustentáveis do mundo em 2016 são:
1º lugar: Finlândia
Este país no norte da Europa, que tem invernos extremamente rigorosos, conquistou o pódio de consciência ambiental deste ano. Com um número elevado de ciclistas, a Finlândia ajudou a construir uma cultura de incentivo à qualidade do ar, com ciclovias, estacionamentos próprios e segurança para quem anda de bicicleta.
O que você pode fazer? Que tal trocar seus passeios de carro pela bicicleta? Suponhamos que você abasteça, a cada mês, cerca de 100 litros de gasolina. Isto significa que, mais ou menos, 220 quilos de gás carbônico são emitidos na atmosfera, somente por você. Por isso, procure fazer mais caminhadas e utilizar meios de transporte que não utilizem combustível.
2º lugar: Islândia
Esta ilha famosa pela quantidade de áreas geotermais utilizou-se desta característica para reduzir a quantidade de energia gerada pelo país: a água é utilizada para gerar eletricidade e aquecimento a 95% das residências da capital. Em 60 anos, esta diminuição evitou o lançamento de até 4 milhões de toneladas de gás carbônico por ano.
O que você pode fazer? Sempre que puder, economize energia. Apague as luzes e desligue aparelhos quando não estiver nos cômodos da sua casa, além de comprar eletrodomésticos que possuam baixo consumo de energia. Essa mudança faz diferença tanto no planeta quanto na sua conta de energia.
conheça as práticas dos países mais sustentáveis do mundo e comece se utilizar deles também!
3º lugar: Suécia
Com o crescimento de uma alimentação mais saudável, a agricultura da Suécia caminha para o consumo de alimentos orgânicos: no primeiro semestre de 2015, houve um crescimento de 50% na utilização de orgânicos na refeição sueca. Esta mudança ocorreu principalmente devido ao desejo dos consumidores de saber a procedência dos alimentos e à rejeição aos alimentos pulverizados com agrotóxicos.
O que você pode fazer? Procure comprar sempre alimentos certificados como orgânicos e, caso não consiga, faça uma hortinha na sua casa! Temperos e hortaliças podem ser facilmente plantados em casa e sempre estarão frescos em suas refeições. Tente evitar também o desperdício, usando todas as partes do alimento, como a casca. O que não for utilizado pode servir de adubo para sua horta.
4º lugar: Dinamarca
Depois de enfrentar um período de escassez na década de 70, reduziu 35% no consumo per capita de água por ano. O governo prefere trabalhar para combater a contaminação, por meio de um monitoramento rigoroso da qualidade e da pureza de sua água subterrânea. Além disso, enquanto o Brasil desperdiçou 37% da água por vazamentos de distribuição em 2013, a Dinamarca teve uma perda de somente 6%.
O que você pode fazer? Gastar menos água é uma tarefa simples e exige policiamento diário. Não demorar tanto no banho, escovar os dentes com a torneira fechada, lavar a louça sem deixar a torneira aberta.
ADOTE UMA ABELHA
apicultor cria sistema onde consumidor “adota” colmeia em troca de produtos com mel
Por: Roger Marzochi Foto: Gaurav Kumar
MATÉRIA
Ideia surgiu diante da incerteza com vendas na pandemia. Próximo passo será instalar câmeras para que clientes possam acompanhar a vida das abelhas pela internet.
Diante do cenário incerto trazido pela pandemia de Covid-19, o zootecnista e apicultor Marcelo Esperon, de Três Rios, no Rio de Janeiro, iniciou um projeto em julho deste ano. Para driblar os efeitos da quarentena nas vendas de mel e, também, conscientizar a população da importância das abelhas para o meio ambiente e a produção de alimentos, criou um sistema no qual o consumidor pode “adotar” uma colmeia.
O sistema é parecido com uma compra antecipada de produtos: a pessoa pode pagar uma cota ou um valor cheio, que será aplicado no cuidado das abelhas. Em troca, recebe o valor investido em produtos, em até 90 dias. A cota máxima é R$ 800 e, a mínima, R$ 200.
De julho até o início de novembro, Esperon conseguiu 12 apoiadores no Estado do Rio de Janeiro. O próximo passo será instalar câmeras nas colmeias adotadas, para que os clientes possam acompanhar a vida das abelhas pela internet, usando até mesmo o celular. As imagens também vão abastecer as redes sociais da iniciativa, chamada de Twobees Bonamielo.
Baseado no sistema que implantou, Marcelo Esperon produz por ano 1,2 mil quilos de mel, com 47 colmeias próprias e mais de cem com parceiros, nas cidades fluminenses de Teresópolis, Petrópolis e Paraíba do Sul, além de Santana do Deserto, em Minas Gerais, na divisa com o Rio. Ele envia mel para uma amiga em Porto Alegre (RS), mas ainda não consegue ter muitos clientes fora do Rio, por uma questão de logística. Eles estão em Niterói, Teresópolis, Areal, Magé e Petrópolis.
“Essa é uma forma que encontrei para ter a participação do consumidor, que se envolveria indiretamente no processo de produção. A adoção não é levar a colmeia para casa, quem vai cuidar dela sou eu. Ele vai aportar um recurso dentro do projeto para adquirir ou expandir a produção”, diz o apicultor.
“A gente precisa ter atitude para reverter quadro de redução de colônias na natureza, o que vem se agravando. As abelhas são os polinizadores responsáveis pela produção de alimentos”, ressalta o apicultor, que começará a entregar os primeiros produtos desse novo sistema até o fim de novembro.
Cristiano Menezes, da Embrapa Meio Ambiente, avalia que a iniciativa é inédita. “Eu acho uma ideia sensacional no sentido de inovação”, afirma Menezes. “A gente não sabe onde ela vai parar, pode ser tornar uma grande iniciativa, inclusive um grande nicho de mercado. E, obviamente, tem o risco de não prosperar. Mas é sempre o risco da inovação, vale a pena pela possiblidade de dar certo.”
Ana Lucia Assad, diretora-executiva da Associação ABELHA, explica que a quarentena foi importante para experimentações e fidelização de clientes. Com as pessoas preparando seu alimento em casa, preocupadas também em elevar a resistência do corpo e a saúde, o mercado de mel recebeu um impulso importante.
No ano passado, a produção de mel cresceu 8,5% para 46 mil toneladas, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM 2019) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ela espera um crescimento de 10% em 2020. O preço do mel no mercado interno também está em nível considerado bom, de R$ 10 a R$ 15 o quilo.
“E há muito espaço para melhores práticas agrícolas. Hoje a média de produção é de 20 quilos por colmeia. Um bom experimento que fizemos com apicultor em São Paulo, ele passou de 18 quilos para 36 quilos por colmeia. Tem apicultor no Brasil que faz bom manejo e consegue até 60 quilos”, explica.
Com as pessoas preparando seu alimento em casa, o mercado de mel recebeu um impulso©Unsplash.com
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As abelhas desempenham um
Sem abelha, sem alimentos
As abelhas são insetos de extrema importância não apenas pela produção de mel, mas também por serem grandes polinizadores. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), 75% dos cultivos que geram alimentos para o ser humano são dependentes da polinização feita por esse inseto. Cristiano Menezes, biólogo da Embrapa Meio Ambiente, de Jaguariúna (SP), explica que 80 culturas no Brasil são altamente dependentes da abelha, como a maçã no Sul do país e o melão no Nordeste. “Se não tiver abelha, não produz”, afirma. Além de culturas que são beneficiadas por essa polinização, como morango, tomate e café. Com a atuação das abelhas, a produção nos cafezais cresce 28%. Menezes diz que a quarentena foi um momento em que a inovação se tornou uma necessidade para sobreviver em muitos aspectos economicamente e psicologicamente. O interesse pelo meio ambiente, pela preservação das abelhas, levou o órgão a criar, em maio, um curso online sobre criação de abelhas sem ferrão. Em três meses, o evento teve 27 mil inscritos, a maioria formada por moradores de cidades, que buscam um hobby, mas que também estão preocupados com a vida desses insetos. “Muitos queriam começar uma atividade nova por causa da pandemia para produzir mel e contribuir para preservação de abelhas, e vai muito na linha da inovação desse apicultor. A gente não esperava (adesão grande do público). Essa é a principal sacada desse apicultor. Pode se tornar um grande nicho de mercado.” ©Unsplash.com
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Há cerca de 300 espécies de abelhas nativas no Brasil, completamente dóceis, sem ferrão. “90% das plantas do cerrado são polinizadas por abelhas nativas”, diz Gerson Luiz Pinheiro, fundador do SOS Abelhas Sem Ferrão. A ONG, criada em 2014, resgata enxames de locais que apresentam riscos para as abelhas na cidade e levam as colmeias para praças públicas e hortas comunitárias em São Paulo, Vinhedo, Campinas, General Salgado, Ouro Preto, Guaxupé e Nova Santa Rita (RS).
“O assunto é tão importante que me encantou, com toda essa riqueza natural que pertence ao brasileiro”, diz Pinheiro, que cuida de uma colmeia de abelhas sem ferrão em sua própria residência, em São Paulo.
Preservação é a chave
Segundo Menezes, da Embrapa, cada planta pode possuir um ou diversos polinizadores. O maracujá, por exemplo, só é polinizado pela abelha mamagava; no caso do tomate, são as abelhas sem ferrão do gênero melíponas; no café, a polinização pode ocorrer pelas abelhas africanizadas, mas em decorrência do risco aos trabalhadores, os agricultores optam pelas sem ferrão. A principal espécie utilizada é a Mandaguari, porque sua criação é fácil e a população da colônia é grande, com até 15 mil abelhas por colmeia.
E a diversidade ecológica é uma das chaves, especialmente no caso do açaí. Um trabalho realizado em Belém, no Pará, pela Embrapa Amazônia Oriental, revelou que a produção do fruto é maior em árvores que estão em meio à natureza.
“A monocultura de açaí produz muito menos. Isso porque descobrimos que o açaí é polinizado por mais de um inseto, a produção do açaí depende de diversidade de espécies polinizadoras, e isso existe áreas em ambiente mais conservados. O açaí integrado com mata, com biodiversidade nativa, produz mais que na monocultura de açaí. Só manejar abelhas não resolve, o produtor precisa conservar a natureza”, diz o pesquisador.
Nátaly Neri: ‘Ter comida e terra é tão urgente quanto falar de democracia’
Na verdade, essa relação de amor (e muitas vezes ódio) que as pessoas criam com certos temas a incomoda. “Por que as pessoas acham lindo ser vegano, por exemplo?
Não faz sentido achar beleza nisso, não se trata de uma virtude, é um posicionamento político”, diz.
A cientista social e influenciadora usa as redes sociais para esse e outros desabafos, conselhos e para trazer informações sobre pautas sociais e ambientais. Em seu canal no YouTube, ela coleciona vídeos falando sobre estes assuntos. Usa sua influência para levar o que acha importante para cada vez mais gente.
“Eu acho que mais do que nunca a gente vive em um momento em que ação individual está sendo exposta nas redes sociais e está tomando proporções gigantescas e se as pessoas viralizam muitas vezes por bobeiras, por que não viralizar de forma positiva?”, reflete.
Discursos racistas no movimento ambiental
KA: Quando e como você começou a se relacionar com pautas ambientais?
Nátaly Neri: Primeiro vieram a sexualidade e a minha negritude porque para entender quem eu sou no mundo, tive que voltar meus olhos para como o mundo me percebe. Isso foi o que fez com que eu me interessasse por um discurso mais político.
E foi dentro desse processo que comecei a olhar para outras pautas. Só que eu achava que o discurso ambiental, a sustentabilidade, o veganismo, eram pautas externas, fora de mim, distantes. O que hoje entendo que não. Falar sobre ambientalismo é também falar sobre coisas que estão dentro da gente e fora ao mesmo tempo.
Mas olhava para essa pauta com distanciamento porque achava que o movimento ambientalista alimentava discursos racistas. Eu conheci um ambientalismo muito branco, que utilizava fotos de pessoas escravizadas para comparar dores e para sensibilizar as pessoas para aquela causa, não entendendo a violência que é utilizar essas imagens. Então, meu primeiro movimento foi odiar muito as pautas ambientais porque, para mim, elas eram opostas às lutas que existiam dentro de mim.
Foi um processo que exigiu muito estudo e só quando eu encontrei pessoas negras e pessoas LGBTs dentro desses movimentos que eu consegui entender que existia uma abordagem que não tentava destruir as individualidades em prol da luta ambiental ou animal. Entendi que dava para equilibrar, somar e equalizar todas essas dores e lutas nos mesmos lugares.
Nátaly Neri não gosta de ser uma inspiração, “Não gosta desse rótulo”
‘Nem todo mundo precisa ser vegano’
KA: Então você acha que a gente pode estabelecer uma relação entre as pautas sociais e ambientais?
Com certeza, as pautas ambientais são sociais. Acho que a gente poderia falar mais sobre a relação entre pautas ambientais e identitárias. Se eu, enquanto uma mulher negra, desejo acesso a melhores condições de vida e saúde preciso de acesso a alimento, aí preciso de uma agricultura familiar fortalecida para que mais alimentos possam ser produzidos com mais qualidade e para que eu possa pagar menos e ter acesso a menos pesticidas, por exemplo.
Quando penso nas demandas da população negra, vejo que elas estão diretamente ligadas às demandas do campo, da proteção ambiental, das populações quilombolas e indígenas. Os maiores prejudicados nos momentos de crises ambientais são as minorias sociais.
KA: Nas suas redes você mostra sua alimentação vegana, o uso de cosméticos veganos, o consumo consciente... Para você, qual o papel dessas mudanças individuais?
A ação individual elegeu um presidente absolutamente absurdo e violento, o que impactou a vida de milhões de brasileiros. E se isso é válido para criar impactos negativos, também é válido para criar impactos positivos.
Acredito que a ação do indivíduo nas discussões ambientais está na construção educativa de uma nova visão. Então, para mim, apenas a escolha de uma forma de vida mais consciente não muda nada, mas contribui na construção de uma nova narrativa que é fundamental para uma transformação real.
Isso não significa que todo mundo tenha que ser vegano, não acredito nisso, mas acredito que esse é um mecanismo fundamental para que as pessoas consigam existir de forma mais respeitosa consigo mesmas e com o meio ambiente.
Todas as vezes que eu falo sobre veganismo, por exemplo, é um convite a novas reflexões, o discurso nunca pode ser culpabilizador. E existem, sim, muitas pessoas que colaboram para o movimento vegano e ambientalista sem serem veganas. Mas se para você, como para mim, vale transformar sua realidade individual para que você olhe para o seu prato todos os dias e saiba que o pessoal é político, então, por favor, venha para o veganismo.
KA: Como é falar de pautas ambientais quando, no cenário em que estamos, as pessoas acham que é mais importante falar sobre outros assuntos?
É uma confusão comum acreditar que pautas ambientais sejam menos urgentes. Falar sobre ambientalismo, acesso à comida, à terra é tão urgente quanto a própria discussão de democracia, de qualidade de vida, de saúde, educação e proteção de minorias sociais.
A ideia de que existimos para além das questões animais e ambientais é errada, porque na base da opressão do branco contra o preto, do homem contra a mulher, do garimpeiro e do latifundiário contra o indígena e o quilombola, do ser humano contra os animais está o mesmo desejo de destruição, de provar a superioridade de um em detrimento da vida e morte do outro.
KA: Como você acredita que os ativistas ambientais podem comunicar para as pessoas suas pautas? Acredito na aproximação, acredito na troca de experiências genuínas e na compreensão de quem é você na “era da identidade”. Quem se identifica com você? Quais eram os seus próprios medos e preconceitos quando começou a pensar criticamente sobre os assuntos que hoje defende? Você consegue entender quem discorda? Consegue enxergar os incômodos, as expectativas? Acho que saber responder essas perguntas é um ótimo começo para comunicação ser mais efetiva.
Lar Temporário para Animais: uma política pública necessária
se amparado pelo Estado, a política do Lar Temporário pode inclusive reduzir custos nos cuidados com animais abandonados
Por: Aida Franco De Lima Ilustração: Iris Van Den Akker
A instituição do Lar Temporário para animais pode ser uma alternativa importante, como política pública, aos municípios interessados em encarar de frente o problema dos animais errantes. Principalmente cães e gatos, que precisam de abrigo, mesmo que temporário.
Os espaços tidos com canil ou gatil municipal, esse último muito raro, que algumas cidades adotam, muitas vezes acabam sendo usados como ponto de desova de animais.
Além do mais, salvo raras exceções, as estruturas precárias e o modelo retrógado de canil, em que os bichinhos ficam aprisionados em um espaço reduzido, muitas vezes faz com que o animal recolhido por maus-tratos, continue a permanecer nessa condição. Mas o que é mais grave, sob a tutela do Estado.
A demanda de animais que precisa de atendimento, juntamente com os pedidos da população para a coleta dos mesmos, pelos mais diversificados motivos, é incompatível com a estrutura e com o tempo necessário de tratamento para cada animal. Isso, em se tratando de cidades que os abriguem, pois é muito raro o acolhimento de gatos e em muitas cidades não há política pública para nenhum.
É muito comum que as pessoas que gostem de animais tenham o sonho de ter um local amplo para abrigar todos aqueles que precisam de assistência. Mas há alternativas mais viáveis, para estabelecer parcerias entre voluntários e municípios. Afinal, o poder público precisa assumir sua cota de responsabilidade.
Em virtude da situação econômica, é cada vez mais difícil para os voluntários arcarem com os custos que envolvem a compra de ração e cuidados veterinários. Mas se o município viabilizar apoio, doando a ração e possibilitando o atendimento veterinário, para esses mesmos animais que comem e precisam de cuidado veterinário nos abrigos, a situação começa a mudar.
“Ah, mas não podemos fazer um projeto assim porque tem gente que irá se aproveitar, pegar a ração para os animais acolhidos e alimentar os seus”, diriam quem bota todos e tudo no mesmo balaio de gatos. Claro que essa possibilidade existe, mas se formos pensar assim, nenhum benefício poderá ser concedido às pessoas que necessitam, por causa dos pilantras de plantão.
Essa espécie de lar temporário, realizado em parceria com os municípios, pode possibilitar mais conforto a animais resgatados pelo canil com alguma deficiência, como no caso de animais que tiveram cinomose e ficam com algum espasmo involuntário. A população vê esse animal na rua, deduz que está doente e aciona o canil. Em outros casos, os animais são cegos, amputados, idosos ou bravios ou com característica que os impeçam de ser realocados nas ruas. Se não forem adotados, estão fadados a ficarem até a morte no local.
Uma Política Pública eficiente, em torno do Lar Temporário, pode, ainda, estimular a Guarda Responsável e coibir abandonos e maus-tratos. Ou seja, todo mundo sai ganhando. Inclusive quem não gosta de animais e os não querem por perto.
E, ainda, que estejam completamente saudáveis, a adoção é inferior à quantidade de animais que precisam de lares. Soltá-los nas ruas, após a castração e um longo período de estadia no canil, uma das cláusulas contratuais presentes nos contratos onde os canis são terceirizados, acaba sendo a alternativa menos pior.
Assegurar que esses animais tenham a oportunidade de estar em um lar, mesmo que temporário, além de ‘desafogar’ os abrigos é um meio de promover mais qualidade de vida aos mesmos. Importante ressaltar que essa é uma medida que pode aumentar as chances de adoção, Inclusive pela família que o acolhe, em virtude do vínculo que é construído durante a estadia.