SAÚDE E BEM-ESTAR nº 310 - Novembro 2020

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Cancro

[SAÚDE PNEUMOLOGIA] O CANCRO DO PULMÃO É A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE POR TUMORES MALIGNOS, EM PORTUGAL E NO RESTO DO MUNDO. NO ENTANTO, AS ARMAS PARA O COMBATER ESTÃO CADA VEZ MAIS REFINADAS E ORIENTADAS PARA O SEU CONTROLO E EXTINÇÃO.

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NOVEMBRO 2020

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OVEMBRO É O MÊS DEDICADO à sensibilização para o cancro do pulmão. A exposição mediática desta patologia não é tão notável como para o cancro da mama ou da próstata – de facto, mais prevalentes que o cancro do pulmão. No entanto, a crua realidade dos números não engana: o cancro do pulmão é a principal causa de morte por tumores malignos, tanto no mundo, como em Portugal! A nível global, o cancro do pulmão tem mais de 2 milhões de novos casos por ano, sendo responsável por 18,4% das mortes relacionadas com cancro, mais de 1,7 milhões de mortes anuais. Em Portugal, em 2018, foi responsável por 4631 mortes, mais que o somatório das mortes por cancro da mama e próstata (os dois tipos de cancro mais prevalentes em mulheres e homens, respetivamente).

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O VELHO INIMIGO A crueldade desta patologia na nossa sociedade é explicada por um velho inimigo: o tabaco. O tabaco está na origem de um vasto leque de patologias cardiovasculares, respiratórias e oncológicas, sendo comprovadamente o principal fator de risco para o cancro do pulmão, responsável por mais de 80% dos casos. Não existirá outra patologia com um fator de risco tão bem estabelecido e potencialmente evitável, mas para o qual as nossas armas de evicção parecem, por vezes, tão inócuas. Em 2019, no nosso país, 17,0% da população com 15 ou mais anos era fumadora (menos 3,0% comparativamente a 2014) e 21,4% eram ex-fumadores. Mais de 1,3 milhões de pessoas (14,2%) fumavam diariamente.

PROGRAMAS DE CESSAÇÃO TABÁGICA NÃO PODEM ABRANDAR Novamente os números fazem-nos refletir sobre um dos principais alvos para travar esta pandemia: a prevenção. A história mostra-nos que os padrões geográficos e temporais da doença retratam o consumo de tabaco ao longo das décadas passadas, observando-se que nos países que cedo adotaram medidas efetivas de cessação tabágica, mais precocemente obtiveram uma redução nas curvas de incidência de novos casos de cancro do pulmão. Em Portugal, a prevenção e, sobretudo, os programas desenvolvidos de cessação tabágica estão a mostrar os seus frutos, não sendo agora altura de abrandar, pois a iniciação de hábitos tabágicos nos jovens ainda é substancial, pelo que é expetável que o cancro do pulmão se mantenha um importante problema de saúde global nas próximas décadas.

NECESSIDADE DE DIAGNÓSTICO PRECOCE O estadio no qual conseguimos diagnosticar a doença determina o seu tratamento e o prognóstico, sendo no diagnóstico precoce que reside o segundo problema crucial. O curso silencioso deste flagelo leva a que 70% dos casos sejam já diagnosticados numa fase avançada da doença. Quando a doença é identificada em estadios iniciais, a maioria dos doentes é assintomática. A realização de uma radiografia torácica ou tomografia computorizada (TC) é, muitas vezes, o método acidental de deteção de uma lesão pulmonar, iniciando assim a marcha diagnóstica até ao cancro do pulmão. Numa fase mais avançada da doença, a grande parte dos doentes já são sintomáticos. Sintomas inespecíficos de dificuldade em respirar, tosse ou expetoração com sangue podem ser sintomas de doença avançada, bem como sintomas sistémicos de perda de apetite, perda de peso ou fadiga.


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