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São Paulo vista do Parque, em cartão postal da década de 1940. Foto: Editora Foto Postal Colombo. Coleção particular Apparecido Salatini
São Paulo seen from the Park in 1940’s postcard. Photo: Editora Foto Postal Colombo. Apparecido Salatini Private Collection
por representantes do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, da Diretoria Estadual de Ensino, do Departamento Estadual de Educação Física, do Instituto de Higiene do Estado, contando ainda com um professor de Biologia Educacional do Instituto de Educação da Universidade de São Paulo e um representante da Associação de Assistência à Infância. Já no período noturno o parque recebia jovens com até 21 anos de idade. Sabe-se que no ano de 1938 o Parque Infantil Dom Pedro II registrou uma afluência diária, no período noturno, de trezentos jovens trabalhadores, que para lá se dirigiam em seu tempo livre em busca de lazer. Em função disso esse espaço também ficou conhecido como Clube de Menores Operários e Centro de Moças (NIEMEYER, 2002, p. 108). Mas, se era um espaço da cidade tão amplamente frequentado, o que explica a sua desestruturação? Essa pergunta pode ser respondida quando buscamos compreender as diferentes imagens criadas acerca desse logradouro ao longo do tempo e as transformações ocorridas na cidade, especificamente aqui, na área ocupada pelo parque público, entendida como um campo em que atuam agentes com forças e visibilidade desiguais: frequentadores do parque, moradores dos bairros fabris, transeuntes, poder público e imprensa. Desde a primeira versão do Plano Municipal de Avenidas (1924-1930), elaborado pelos engenheiros Ulhoa Cintra e Francisco Prestes Maia, já havia uma série de propostas de intervenção na área do Parque Dom Pedro II, tais como: o alargamento do sistema viário nos três eixos correspondentes aos antigos aterros (da Mooca ou Tabatinguera, do Carmo e do Gasômetro) e sua transformação em avenidas radiais; o alargamento de todo o sistema viário perimetral ao parque e a intervenção nas duas praças semicirculares que ligavam o parque à Ladeira General Carneiro. Porém, as primeiras obras do Perímetro de Irradiação iniciam-se apenas
na gestão de Prestes Maia como prefeito (1939-1945), quando ocorrem as primeiras alterações no parque, a saber: o alargamento da avenida Rangel Pestana e da rua Santa Rosa, atravessando o parque (atual avenida Mercúrio); a subtração de área junto ao Palácio das Indústrias para ampliação do sistema viário e a construção de uma ponte com 40 metros de largura sobre o Rio Tamanduateí, no prolongamento da Avenida Mercúrio, ao lado do Mercado Municipal (NAVARRO, 2011, p. 47). Nas décadas de 1940 e 1950 os cartões-postais que registram o Parque Dom Pedro II circularam intensamente. Entretanto, é importante notar que, ao contrário dos postais produzidos nas décadas anteriores, em que se privilegiavam os elementos do parque como coretos e canais ajardinados, nesses o parque se torna uma moldura para os arranha-céus, colocados no centro das imagens. As árvores do parque e o espelho d’água do Palácio das Indústrias (atual Museu Catavento) circundam os edifícios Martinelli, Altino Arantes (Banespa, atual Farol Santander) e do Banco do Brasil, ícones do progresso que alcançara a cidade, que se consolidava como a capital financeira do país. De espaço privilegiado para a convivência, prática de esportes e educação de crianças e jovens, sobretudo estrangeiros e seus filhos (italianos, portugueses, espanhóis e outros), o parque se torna um ornamento da metrópole, sintetizada na figura dos arranha-céus. Essa função ornamental, assumida já nos primeiros anos da década de 1940, permitiria sua desestruturação em prol da lógica de circulação de mercadorias e pessoas, imposta com uma série de intervenções pelo poder público que priorizaram a construção de vias e avenidas em detrimento das áreas do parque, que pouco a pouco passam a ser sufocadas por asfalto, fumaça e viadutos.
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