locais e regionais, e requalifica‑se a malha industrial nas periferias. Os planos não são inocentes instrumentos de gestão urbana, mas pretendem atingir vários objetivos estratégicos fundamentais para o Estado. Um dos mais importantes é consolidar a sua legitimidade local e internacional ao afirmar‑se como estado moderno que controla a população autóctone. Simultaneamente, pretendem melhorar o escoamento das matérias ‑primas coloniais para abastecimento local e através dos portos para a metrópole, onde foram fundamentais para o desenvolvimento do tecido industrial. Mas também preparam condições para atrair emigrantes da metrópole. Por outro lado, tentam cativar a elite e a população local, e criam melhores condições para o controle civil e militar do território. Falar de Urbanismo não é só, nem principalmente, falar de casas ou espaços, mas fundamentalmente, das pessoas, da sociedade e das relações que estabelecem entre si as diferentes classes sociais, numa hierarquização do espaço e da respetiva ocupação do solo. Refletir sobre as cidades e o tipo de urbanismo que marginaliza, para as periferias mais empobrecidas, os grupos sociais e as minorias étnicas mais desfavorecidas, leva à necessidade de uma maior intervenção cívica pela requalificação dos espaços, bem como a uma melhor implantação de serviços públicos dignos, impedindo que o espaço urbano seja um fator de exclusão de grupos sociais, étnicos, ou religiosos. 22
As sociedades modernas e inclusivas necessitam de ter como preocupação central a sustentabilidade. A intervenção no espaço urbano deverá, assim, pautar‑se pela melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes, no respeito pelo meio ambiente e na consciencialização da gravidade das alterações climáticas. A UCCLA organiza dois tipos de exposições coletivas: as temáticas, que promovem o conjunto dos países de Língua Portuguesa (como a atual e as de artes plásticas contemporâneas desses países, no caso das anteriores: Conexões Afro‑Ibero‑Americanas, com curadoria de Carlos Cabral Nunes, em 2017 e Frente, Verso e Reverso, com curadoria de Adelaide Ginga (curadora do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, em 2018); as exposições organizadas por país, seguindo uma ordem alfabética, que iniciámos com Angola ‑ Artes Mirabilis (com curadoria de Lino Damião, no primeiro trimestre de 2018), seguindo‑se o Brasil com a exposição Do que permanece, Arte contemporânea Brasil – Portugal; e a última sobre a China‑Macau – O Fio invisível, arte contemporânea Portugal‑Macau/China (curadora Carolina Quintela e coordenação curatorial de Adelaide Ginga, em 2019), que assinalou a feliz coincidência de, em 2019, se comemorarem os 40 anos do estabelecimento das relações oficiais entre Portugal e a República Popular da China. Acresce que, para além dos cinco séculos de vivência da língua portuguesa em Macau, ela foi uma das cidades fundadoras da UCCLA e ocupa a Presidência da UCCLA no presente biénio 2019‑2021.