Geração Z

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GenerationZ Brazil

Em 20 de junho, na Unisinos Porto Alegre, os professores Gustavo Borba, Paula Campagnolo e Isa Mara Alves apresentaram resultados iniciais da pesquisa Generation Z Brazil, que buscou compreender a geração de nascidos entre 1995 e 2010 - a primeira de nativos digitais.

O evento teve presença das pesquisadoras Corey Seemiller e Meghan Grace, dos Estados Unidos, autoras do livro “Generation Z Goes to College” e parceiras do projeto. O intercâmbio permitiu o cruzamento de informações sobre os jovens dos dois países.

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Objetivos do estudo

Conforme o professor Borba, os pesquisadores visam entender hábitos e estilos de aprendizagem destes jovens, “que tipo de problemas e questões eles têm mais ou menos interesse em trabalhar à medida que eles entram em um espaço de debate, que é o espaço universitário.”

O trabalho mapeou características, perspectivas, preferências, questões que lhes geram preocupação ou interesse, e como se comunicam. “Tudo isso é importante para que possamos criar coisas diferentes dentro das instituições de educação para trabalharmos com estes jovens”, frisou ele.

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Base e contexto

Os anos de nascimento de 1995 até 2010 foram utilizados como delimitadores de idade para a chamada Geração Z, pois a partir daí a internet se tornou amplamente disponível. mesmo, conforme a pesquisadora Meghan Grace. “Abriu-se uma nova forma de acesso à informação, e a Geração Z não conheceu uma sociedade sem a internet. Desde então, presenciamos um rápido crescimento no desenvolvimento tecnológico.”

Meghan reconhece que a análise de gerações, como qualquer estudo social, não pode excluir a cultura onde grupo pesquisado está inserido, seu contexto. “Estamos aprendendo sobre a suas culturas, crenças, perspectivas e aspirações para termos um ponto de vista de como eles entendem o mundo.”

A necessidade de compreender as influências de uma geração para estudá-la foi reforçada por Corey Seemiller, que traçou o panorama do último século no livro recém editado “Generation Z: a Century in the Making”. “Não importa a cultura ou o país de onde você é, as gerações não aparecem, simplesmente. Elas são moldadas pelas pessoas que vieram antes dela, as estruturas sociais e o local onde vivem.”

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Tecnologia, política e economia

Corey destaca o impacto do desenvolvimento tecnológico na universalização da informação, especialmente para a Geração Z. “Os jovens vão para o colégio com tablets e celulares em suas mochilas e mãos. Quando íamos ao colégio, não tínhamos nem internet. Íamos às bibliotecas pegar livros ou a lojas. Esta geração pode fazer toda sua pesquisa sem precisar deixar seus quartos - eles podem fazer qualquer coisa sem sair dos quartos.”

Estes estudantes chegam até professores e instituições de ensino com uma experiência de acesso 24/7 (24 horas, sete dias da semana) a qualquer coisa, diferentemente dos horários e limites aos quais profissionais e escolas estão habituados. “Acho OK que professores e instituições não estejam disponíveis 24/7 aos alunos, não espero que seja de outra forma. Mas isso é inconsistente com as experiências que eles têm em outras áreas de suas vidas. É importante que lembremos disso como um contexto.”

O crescente posicionamento político dos jovens norte-americanos em relação às questões ambientais foi usado por Seemiller como exemplo de como as estruturas políticas e governamentais impactam na forma que esta geração vê e experiencia o mundo. “Em 2014 [quando a pesquisa sobre Geração Z teve início nos EUA] não pareciam existir preferências sobre o meio ambiente. O que vimos em 2017? O meio ambiente estava na cabeça deles. As gerações são

fluídas conforme leis e estruturas mudam.”

Em seguida, a pesquisadora apontou os aspectos econômicos que complementam esta conjuntura, onde a busca por uma graduação e um emprego, consequentemente, se relacionam. “Se a economia está indo bem e tem um monte de trabalho, esses jovens têm perspectivas particulares sobre o mundo. A economia pode mudar suas perspectivas sobre construir uma casa, viajar ou construir uma família.”

Lembrando a recessão que atingiu os Estados Unidos entre 2008 e 2009, a Corey Seemiller registrou que estes sinais econômicos chegam às crianças. “O que temos visto em nossos estudos e em muitos outros é que esta é uma geração financeiramente muito conservadora, ao menos nos EUA, e podemos ver isso diretamente relacionado à economia.”

Outro fenômeno financeiro importante é a economia compartilhada, concretizada em aplicativos como Uber e Airbnb. Exemplificando, Corey contou sobre um estudante de Boston que colocou seu dormitório da faculdade no Airbnb. “A universidade não gostou. Vocês podem imaginar as questões legais envolvendo pessoas estranhas no campus. Mas não havia nenhuma política que proibisse isso. Os jovens estão deixando essa economia compartilhada influenciar suas decisões de carreira, e isso é importante porque esse é o espírito que eles têm.”

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A facilidade de acesso à informação e de contato direto com pessoas de todo o mundo amplifica a percepção da Geração Z sobre questões como desastres naturais, violência e direitos humanos. “Imaginem o quanto isso está impactando a saúde mental deles e seu sentimento de segurança. Existem implicações sérias para isso.”

Doutora em Educação Superior pela Universidade do Arizona, Seemiller mostra o engajamento destes garotos e garotas nas questões relacionadas à violência. “O tiroteio em uma escola de Parkland, Flórida, acordou estes jovens. Eles criaram marchas, mobilizando muitas pessoas, falaram com políticos, realizaram debates e boicotes. Tínhamos alguma ideia de que isso iria acontecer? Não. Estes eventos em que a sociedade acorda estão dentro desses jovens, que dizem ‘é por isso que vou sair às ruas, isso é importante para mim’.”

Temas como direitos humanos, igualdade racial, de gênero e liberdade de orientação sexual também impactam na forma como a Geração Z espera mudanças da sociedade.

“Como a geração mais diversa nos Estados Unidos, não é surpresa que estes jovens tenham muitos amigos diferentes deles. Eles não querem políticas e leis que façam essas pessoas terem menos direitos. Esses são pontos importantes que influenciam seus pontos de vista.”

A relação com a mídia em geral e a disseminação de fake news nas redes sociais são pontos que complementam o cenário-base para o entendimento dos nascidos entre 1995 e 2010, avança Corey Seemiller. “Algumas vezes as notícias são realmente falsas, algumas são verdadeiras, mas rotuladas como fake news. Isto confunde jovens que não têm experiência para distinguir o que é boa informação daquilo que não é.”

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Desastres, violência, direitos humanos e mídia

professores e amigos

Surpreende notar que pais e professores surgem como principais influenciadores, juntos aos amigos, destes jovens. Os Baby Boomers, comenta Corey, criaram seus filhos Millennials para que tivessem coisas que os pais não tiveram. Já a Geração X criou seus filhos (a Geração Z) para serem semelhantes à eles, com traços comuns como pragmatismo e independência.

A personalidade de irmãos também colabora. “Se as pessoas da Geração Z tem irmãos mais velhos, pode-se vê-los pegando características dos Millennials. Tendo irmãos mais novos, da Geração Alpha, eles podem estar agregando suas características. Há fluidez”, ressalta Seemiller. Professores também têm papel decisivo para esta geração, pois são parte do círculo próximo, formado por pessoas nas quais estes jovens confiam.

Outra entre as principais influências são os amigos e pessoas da mesma faixa etária. “Se alguém da Geração Z quer comprar um par de sapatos, provavelmente vai buscar online e ver todas os reviews sobre aquele par. Ele pode ter cinco avaliações de cem mil pessoas, mas se seu melhor amigo disser ‘não, você não deveria comprar esses sapatos’, ele não vai comprar.”

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Família,

Ao todo, foram 1.919 respostas de alunos de 76 universidades brasileiras. A base foram as universidades do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), que totalizam quinze instituições. “Chegamos a 1.481 respostas válidas. A maioria de mulheres, quase 70%. Cerca de 88% dos respondentes está estudando em uma universidade do Comung”, relata Gustavo Borba.

A pesquisa também mapeou o acesso à universidade dos pais e mães da Geração Z. Um percentual razoável, cerca de 46%, teve pelo menos um dos pais este acesso.”

Generation Respostas quantitativas

Como a Geração Z se percebe O que motiva (ou não) a Geração Z

O estudo apresentou múltiplas opções sobre como estes meninos e meninas se percebem. Algumas das características pontuadas pelo professor Gustavo: a maioria não se acha conservador - só 17,7% disseram que esta característica os descrevia fortemente. Já 38% consideram-se competitivos. Entre as principais respostas, 73,4% têm a mente mais aberta para várias coisas. 67% se consideram pessoas determinadas.

“Mais importante nestes dados é percebermos que existem questões que remetem a um jovem que se percebe mais aberto e menos conservador do que tínhamos na geração anterior. Este nativo da Geração Z também busca mais experiências distintas através da diversidade.”

As pesquisadoras norte-americanas Seemiller e Grace complementam, mostrando correspondência entre as principais respostas no Brasil e EUA. “Analisamos as seis características principais indicadas pelos participantes dos nossos estudos e vimos que quatro delas eram as mesmas. A mais respondida é a mesma em ambos. Tivemos ‘mente aberta’ aparecendo em ambas, assim como ‘determinado’, ‘responsável’ e ‘leal’. Há muita semelhança, embora as culturas e suas experiências possam ser diferentes”, destaca Corey Seemiller.

Os pesquisadores buscaram mapear o que, efetivamente, motiva esses jovens - especialmente em momentos de aprendizagem. “O primeiro elemento que aparece no Brasil é ‘ver os frutos do meu trabalho’, sentir aquela sensação de dever cumprido, conseguir fazer algo que deu resultado. Depois temos outro elemento interessante, e que aparece ainda mais entre os homens, que é ‘deixar um legado’”, conforme revela Gustavo Borba.

Muito importante para essa geração é o “fazer algo em que efetivamente acredito” como continua o professor em sua explanação.

“Quando estão fazendo algo no que acreditam, especialmente se houver ligação com a questão social, há maior impacto. Boa parte deles, 75%, responderam que isto os motiva fortemente. Depois, ‘construir uma experiência’ e ‘fazer a diferença’, respectivamente.”

“Às vezes ficamos preocupados, pensando ‘quem é o aluno que está em nossa sala de aula?’, imaginando-o ligado o tempo inteiro na internet, não prestando atenção na aula. Na realidade, este aluno está o tempo todo pensando coisas interessantes, que tenham impacto social, buscando na internet o que lhe faz sentido.”

Por sua vez, os três elementos que menos motivam os jovens, segundo a pesquisa brasileira, são: “ser aceito pelos outros” (45%), “fazer algo para receber uma retribuição” (36,3%) e “competição” (30,7%). O último ponto é especialmente relevante pois os professores, muitas vezes, realizam atividades baseadas na competição.

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Como e Geração Z se comunica

Uma das questões mais interessantes da pesquisa, segundo Gustavo Borba, é como a Geração Z efetivamente se comunica. A principal, com 83% das escolhas, é a forma presencial. “A ideia de que estes meninos e meninas estão escondidos atrás do telefone, falando com os outros somente por via digital - um meio importante, é claro, principalmente quando observamos os aplicativos de mensagens instantâneas, muito utilizados - é sobreposta pela importância dada por eles ao contato cara a cara.”

Alguns destaques sobre o uso de redes sociais:

● o principal uso do Facebook por jovens brasileiros é compartilhamento de informações pessoais em detrimento a buscar conhecimento ou engajar-se individualmente com outras pessoas, por exemplo;

● no Twitter, a divulgação de informações pessoais reaparece, mas também o compartilhamento de expertise e opiniões;

● assim como nas redes anteriores, compartilhar informações pessoais aparece em primeiro lugar quando a rede utilizada pela Geração Z é o Instagram.

Quando chega-se a outros espaços, como Pinboard ou Youtube, a obtenção de conheci-

mento é a busca destes jovens. Gerações anteriores buscam isto indo até uma biblioteca, comparou Borba.

Complementando com as impressões norte-americanas, Meghan Grace explicou que o uso de email é baixo. “Eles só utilizam para ter contas nas mídias sociais, e dizem que nunca o checam. Entre aqueles que estão na faculdade ou no trabalho, o uso cresce, mas eles afirmaram só mandam emails para seus chefes. Ligações também foram substituídas pelo Facetime, video chat ou Skype.”

“Quando comparamos os dados, é impressionante que a comunicação presencial seja preferida pelos estudantes. É interessante pois muitas pessoas não imaginam que uma geração que está sempre com o telefone está buscando, na verdade a conexão pessoal”, deduz a doutora Corey Seemiller.

Corey Seemiller contrapõe as respostas dos dois países estudados. “No Brasil, vê-se muito mais ‘compartilhar informações pessoais’. Nos EUA, temos muito ‘manter-se informados sobre os outros’. Há semelhanças no ganho de conhecimento: ambos vão a lugares que nem conhecemos, como blogs, Youtube, murais virtuais, fóruns online, buscando informações com pessoas reais. Voltamos à ideia de que os círculos próximos são influentes.”

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Geração Z e trabalho em grupo

Quais comportamentos os jovens desta geração mais colocam em prática quando trabalham em grupo? A principal característica dos jovens brasileiros é executar aquilo que precisa ser realizado, com quase 80%. O segundo ponto é o processo de pensamento, planejamento, pesquisa e análise - “menos mão na massa, mais o pensar em como colocar em prática”, resume Gustavo Borba -, com 65,9%. Em terceiro, vem a ação de relacionamento no grupo, criando conexões e atuando coletivamente, com 62,1% das respostas. Em quarto lugar está o termo liderança, ou seja, indivíduos que atraem para si a responsabilidade dos processos e tomam decisões. Este ponto com 60,8% de citações.

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Engajamento Social Formas de aprendizado

Os pesquisadores também compararam dados sobre questões sociais que afetam ambos os grupos. “Seguimos vendo essa ideia de ‘fazer a diferença’ aparecer com frequência na pesquisa. É o que essa geração quer fazer, é dessa forma que eles estão fazendo isso.”

Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, os maiores índices de envolvimento estão na compreensão dessas questões. Já os menores índices foram de voluntariado. Sobre mudança de comportamento, descobriu-se que os dois problemas com maior tendência em provocá-la também repetiram: meio ambiente e alimentação saudável. As áreas de maior interesse para mudar leis ou angariar apoio para forçar mudanças em Brasil e Estados Unidos são questões de educação e direitos LGBTQ+.

“Descobrimos que ‘entender’ a questão era a forma mais frequente de engajamento dos estudantes, e voluntariado era a forma menos frequente. O entendimento da questão, no Brasil, é bem maior do que nos EUA. Por outro lado, os estudantes norte-americanos, embora tenham índices de voluntariado baixos, têm percentuais maiores do que os registrados no Brasil”, resume Corey Seemiller. A menor atuação dos jovens brasileiros é realçada por Borba. “Poucos jovens brasileiros afirmaram ser engajados efetivamente em alguma causa. Conhecem muito, mas, na prática, executam pouco.”

O estudo dos professores da Unisinos também buscou mapear os estilos de aprendizagem destacados pela Geração Z. “Tentamos enxergar que estilos fazem mais sentido para estes meninos e meninas a partir das relações desenvolvidas nas universidades e nos grupos em sua forma de aprender”, apontou o professor Gustavo Borba. “A maioria dos jovens, 75,5%, se identificou mais com um formato de construção do processo de aprendizado baseado em interpretar dados e organizá-los para chegar a uma conclusão lógica.”

Em segundo vem a aprendizagem com “mão na massa”. “Percebemos a necessidade de construir este tipo de oportunidade cada vez mais. Culturalmente, não temos este formato tão presente nas atividades universitárias, sendo um ponto-chave para pensarmos”, exemplificou Borba. Essa modalidade foi apontada em praticamente 60% das respostas. Depois, vem o uso da aprendizagem para encontrar soluções a problemas práticos. Em último lugar, é apontado um processo de aprendizagem mais abstrato.

Nos estudos nos EUA, a ordem dos resultados é idênticos, com pequena variação. “Temos a mesma ordem, mas as porcentagens são muito mais altas para os estudantes norte-americanos, o que significa que eles preferem variados estilos. No Brasil, pode ser que os estudantes prefiram um estilo em particular do que outro. É interessante olhar para o fato de a imaginação estar em baixa. Há coisas emergindo no mundo, onde esses estudantes precisarão lidar com a criatividade e eles realmente preferem não fazê-lo.”

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Método de aprendizagem

O método de aprendizagem mais fácil, na opinião da Geração Z, também foi tema da pesquisa. “O método linguístico ficou em primeiro lugar, bastante acima dos outros. 53,9% das pessoas disseram que é muito efetivo. É um dado relevante”, salienta o professor Gustavo.

A professora Paula Campagnolo teve maior envolvimento na parte estatística da pesquisa, onde ficou evidenciada forte correlação entre método de aprendizagem linguístico mais identificado junto às mulheres e lógico espacial aos homens. Este recorte inicial ainda não foi aprofundado.

Ao enfatizar os dados dos EUA, Meghan Grace mostra que aprender em um ambiente individual é o método preferido dos norte-americanos. “Achamos que trabalho em grupo é fantástico, quando na realidade isso coloca o estudante em uma situação desconfortável. Não digo que deveríamos descartar o trabalho em grupo, mas nós podemos notar que a ideia de trabalhar e aprender de forma conjunta é bem baixa. Ainda vemos aprendizagem cinestésica, ou seja, aprender realizando atividades está em alta, assim como lições assistíveis e resoluções de problemas.”

A doutora Corey Seemiller também compa-

ra os dois contextos estudados. “No Brasil, o aprendizado parece ser linguístico, ou seja, ouvindo palestras, aprendendo por ouvir, ler ou usar palavras. Isso não é algo que apareceu em alta entre os estudantes dos EUA. Acredito que ficaram cansados da forma típica de palestra e prefiram algo diferente. No caso, eles preferem a lógica do ensino baseado na solução de problemas. Fazemos muito isso nos Estados Unidos.”

“‘Aprender fazendo’ é algo que praticamos há muitos anos. É algo bem-sucedido em várias faixas etárias, então não é muito surpreendente. Porém, a mudança para a aprendizagem intrapessoal provavelmente vem da habilidade de direcionar seu aprendizado conseguindo informação pela internet - o que antes não era possível. Você precisava interagir com outras pessoas para ter informação, a não ser que conseguisse por um livro.”

Brasil e EUA compartilham o método de ensino menos efetivo na visão da Geração Z: a forma naturalista - aprender ao ar livre, basicamente. “Eles não querem sentar embaixo de uma árvore e aprender, isso parece estar bem consistente nas duas pesquisas”, sintetizou Seemiller.

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Análise qualitativa - o papel do professor

Cerca de metade das quase 1.500 respostas válidas deram retorno às questões qualitativas, que foram desde “qual o papel do professor?” até “como é o processo de aprendizagem?” e outros elementos, como “a sala de aula ideal”. “Há muitas respostas interessantes sendo analisadas, mas os resultados qualitativos levam muito mais tempo para serem obtidos, pois são cerca de 2.800 respostas para análise”, esclareceu Gustavo Borba.

Uma das questões qualitativas com análise pronta teve apresentação da professora Isa Mara Alves. Ela apresentou as quatro questões qualitativas do estudo brasileiro:

● o que você espera da universidade?

● como você entende o papel do professor? (Esta, a primeira com dados compilados.)

● descreva brevemente o ambiente de aprendizagem ideal para você.

● o que faz estudar ficar divertido para você?

“O objetivo geral do trecho qualitativo da pesquisa foi permitir o melhor entendimento de como o aluno vê - usando suas próprias palavras, de modo livre - o professor, a universidade, o ensino-aprendizagem, o que faz com que ele goste de aprender, como ele percebe o processo de ensino-aprendizagem.” Com isso, descreveu Isa

Mara, conhece-se as palavras que esta geração usa, os temas, o que esses jovens valorizam e qual é sua visão de futuro.

“O que mais apareceu na pesquisa foi o professor descrito como ‘orientador’. Em muitas respostas não a palavra, exatamente, mas o conceito. O termo ‘ator principal’ também apareceu bastante, assim como ‘transmissor de conhecimento’ - um agente que deve repassar o conhecimento - e ‘mediador’. O desafio, agora, é agrupar essas respostas qualitativas em categorias.”

Mesmo ainda não estruturada totalmente, esta fase da pesquisa, por meio das 600 respostas já computadas, confirma: os jovens buscam a inserção no mercado. “Alguns deixam mais marcada esta questão de ascensão profissional, outros mais a diferenciação, sendo um profissional inovador. Tudo relacionado ao mercado, ao mundo prático. A universidade é vista como uma oportunidade para isto.”

O grupo de pesquisadores da Unisinos trabalha agora para finalizar a análise dos dados. Posteriormente, os resultados serão compartilhados com a comunidade - em especial, os colegas professores do Comung, que receberão relatórios personalizados.

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