MEMÓRIA
O setor se despede de Plácido Loriggio
No dia 9 de julho faleceu, em São Paulo, aos 89 anos, Plácido Loriggio, profissional que viveu intensamente a industrialização do setor, em vários momentos liderando tal movimento.
F
ormado em Engenharia Civil pela Esco la Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), com mestrado em Sistemas Estrutu rais, Plácido Loriggio foi responsável pela mon tagem e qualidade do parque gráfico da Editora Abril — que chegou a ser o maior da América Lati na —, entre 1973 e 1998. De gerente geral da gráfi ca a vicepresidente do grupo Abril, Plácido se tor nou um dos agentes da transformação do parque fabril. “Quando comecei, as matrizes dos textos eram feitas de chumbo. Na préimpressão tínha mos 350 artistas, que retocavam os filmes na unha.
Eu olhava aquilo tudo e dizia: ‘vocês são mágicos’”, contou Loriggio à Revista Abigraf em 2011. Quando Plácido deixou a Abril, a empresa era outra. De 3.500, o quadro funcional limitavase a 1.500 profissionais, que produziam 20 vezes mais do que duas décadas antes, e a redação já havia sido transferida para o edifício na Marginal Pinheiros, cuja reforma foi liderada por Plácido. Por sua força e representatividade, a Abril di tava tendências. Uma das mais marcantes, lem brada pelo consultor Hamilton Costa, foi a adoção do processo de gravação direta das chapas. “A Abril deu um prazo para que as agências de publicida de passassem a enviar os anúncios em arquivos di gitais e não mais em fotolitos. Foi uma revolução no mercado dada a importância que eles tinham. O Plácido tinha esse arrojo”, relembra Hamilton. Os dois conviveram em vários períodos, sobre tudo em função da atuação de ambos na Associa ção Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG). Leva do à entidade no início da década de 1980 por Peter Rohl, na época funcionário da Abril, Loriggio inte grou um grupo de dirigentes que lutava pela difu são do conhecimento no setor. “Acompanhei o es forço dele pelo ensino superior na área gráfica. Ele chegou a fazer um acordo com a Politécnica para a estruturação de um curso, que durou algum tem po e pode ser entendido como um primeiro passo para o que se faz hoje no Senai”, afirma Hamilton. Plácido foi presidente do conselho diretivo da ABTG entre 1984 e 1986 e coordenador do grupo de nego ciações trabalhistas da Abigraf em 1985. Em 1996, indicado por Hamilton, então presidente da ABTG, tornouse o primeiro superintendente do Organis mo de Normalização Setorial, o ONS27. “O Plácido tinha grande ascendência sobre o setor, muito por conta de seu apurado sentido de organização e pla nejamento. Ele era muito respeitado e considerado na Abril e no segmento gráfico.”
49 julho /setembro 2021
REVISTA ABIGR AF