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Sérgio Ferro, Rodrigo Lefèvre, Carlos Heck, Júlio Barone e Sérgio de Souza Lima; na Ala Vermelha, Alípio Freire e Carlos Takaoka; no Movimento de Libertação Popular (Molipo), Antonio Benetazzo; no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Sérgio Sister; no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), Carlos Zílio e Renato da Silveira. Presos, continuavam a pintar e a desenhar: em 1970, os arquitetos artistas ajudariam a criar um ateliê no Presídio Tiradentes; muitos, como Carlos Zílio ou Rodrigo Lefèvre, utilizavam lascas de madeira, lençol, pedaços de papel, papelão e até pratos de comida como materialidade para seus trabalhos. O resultado transformou-se em documento de época – o registro estético de uma experiência política. Resistência e oposição caminharam juntas – muitas vezes, de mãos dadas – na produção das artes visuais no Brasil durante o regime militar. Seus autores não esperavam derrubar os militares do poder com seus quadros, em muitos casos; mas suas expressões são denúncias e gritos de afirmações de toda uma sociedade que se via comprimida e agredida. Uma resistência múltipla através de uma linguagem que toca o sensível, o poético e o político.
2.2 O Experimentalismo Neoconcreto É impossível dispensar os efeitos do Estado ditatorial sobre as práticas artísticas. Nessa trajetória eram destacas as ambiguidades e contradições das posições de artistas e de projetos artístico-culturais que se construíam tendo em vista a retomada da pesquisa inaugurada pelo modernismo de 22 de “descoberta do Brasil”27, colocando em debate a contradição entre uma tentativa de voltas às origens, no momento em que a internacionalização se torna cada vez mais um imperativo econômico, sociológico e político e a desmistificação desse lugar alternativo nas atividades artísticas, na “arte suja” que se fazia com os recursos experimentais, afirma elso avaretto. Segundo Frederico Morais (1979, p. 33), nas artes plásticas, o crítico de arte Mario Pedrosa percebeu que a cidade do Rio de Janeiro era o polo cultural da vanguarda desse período – leia-se neoconcretismo. Para Portella (2010, p.38), o Manifesto Neoconcreto 27
De acordo com Fernando Cochiaralle, se a arte moderna brasileira, surgida no início do século XX, foi movida em grande parte pelo capital gerado nas Fazendas. O começo da Arte Moderna no Brasil, foi marcado não somente pelo confronto entre a nova tendência artística e a arte arte acadêmica legada pelo Império.Mas também pela ideologia vigente por trás do desenvolvimento capitalista que se anunciava.(COCHIARALLE, 2014). Para Fred Coelho (2021, p 42) a dimensão nacional sempre esteve presente, desde os primeiros passos ocorridos nos salões da aristocracia paulistana. Mário de Andrade sempre falou dessa perspectiva, mesmo que defendesse São Paulo como espaço que reunia condições perfeitas para uma manifestação como a Semana.