Concepções de arte pública e de museu na experiência da Unidade Experimental do Museu de Arte Modern

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124 […] comecei a pensar o lado de fora do museu. Enquanto estive no M M essa foi a minha máxima preocupação: o que é o lado de fora, como deve ser ativado e utilizado, como pode participar o público, como pensar a relação entre a arte e o espaço público, a arte e a rua, a arte e a vida. […] tentei criar a possibilidade de expressão da nova situação artística no lado de fora do museu e no contexto da ditadura (MORAIS, 2008).

Dalcol também sinaliza em outra entrevista posterior, as motivações que moviam o trabalho do crítico e o seu sentido coletivo e público com que compreende a arte: Nessa época eu já defendia um processo de democratização e/ou dessacralização da arte, levando à rua a criatividade plástica dos artistas. Ao mesmo tempo afirmava que todas as pessoas são criativas, independentemente de sua origem social, situação econômica ou nível intelectual, ressalvando, porém, que nem todas as pessoas criativas se tornam artistas, assim como nem todos os artistas são necessariamente pessoas criativas. Muitos não passam, na verdade, de burocratas da arte (MORAIS, 2013).

Para Dalcol (2018, p. 136), fica claro o sentido de abertura com que o crítico compreende e quer a arte, delegada aqui — como antes na relação entre artista e críticocurador — a um borramento e sobreposição de papéis, agora entre as posições do criador e do espectador. Importante perceber aqui a ação do crítico em seu intento de estabelecer algo que encontra o sentido de uma partilha do sensível, nos termos de Jacques Rancière (2009), e com isso configurar novas possibilidades de subjetivação est tica e política. Corroborando a tese de Cristiana Tejo (2017, p.170), em que afirma que Arte no Aterro é o primeiro projeto que sintetiza muitas das preocupações e posições que conformam o pensamento curatorial de Frederico Morais e que atestam o caráter transgressor de seu posicionamento no campo crítico e social.

2.7 Playgrounds (1969) Em 1969, Nelson Leirner 35 realiza a mostra Playground composta de esculturas manipuláveis pelo público, no setor externo do Museu de Arte de São Pulo - MASP. Como exposição obteve uma interação bastante favorável com o público. Playground foi à exposição que recebeu destaque por ter sido a primeira responsável por assumir completamente a área do vão livre do MASP. Como espaço expositivo e educativo foi concebida pelo artista, em julho de 1969. Dessa maneira, como o projeto museológico 35

Nelson Leirner (São Paulo, São Paulo, 1932 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020). Artista intermídia e professor universitário. Suas obras e ações se caracterizam pelo teor reflexivo e polemista.


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REFERÊNCIAS

21min
pages 193-204

3.5 Curtir o MAM (1973

7min
pages 181-184

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

14min
pages 185-192

3.7 Atividade/Criatividade (1971

6min
pages 171-173

3.7 Circumambulatio (1972

6min
pages 174-180

3.6 O Curso Popular de Arte (1969 - 1972

1min
page 170

3.5 Domingos da Criação (1971

6min
pages 167-169

3.4 Plano-piloto da futura cidade lúdica

6min
pages 164-166

2.8 JAC - Jovem Arte Contemporânea (1973

9min
pages 144-150

2.7 Playgrounds (1969

7min
pages 134-143

3.3 Um laboratório de vanguarda

3min
pages 162-163

3. A UNIDADE EXPERIMENTAL

3min
pages 151-153

3.1 Histórico

14min
pages 154-160

2.6 Arte no Aterro: um mês de arte pública (1968

21min
pages 122-133

3.2 Objetivos

1min
page 161

2.4 Ações participativas: a virada neoconcreta

16min
pages 110-119

2.5 Intervenções Didáticas

4min
pages 120-121

2.3 O experimental em questão

4min
pages 108-109

2.1.1 O Governo Militar e o panorama cultural no Brasil

6min
pages 87-89

2.2 O Experimentalismo Neoconcreto

6min
pages 105-107

2.1.2 As Artes Plásticas e a Ditadura Civil-militar no Brasil

13min
pages 90-104

2.1 História pública e furor de arquivo

14min
pages 80-86

BRASILEIRO

1min
page 79

1.4 Sobre a definição de museu e a nova museologia

1hr
pages 43-72

1. CONCEPÇÕES DE ARTE PÚBLICA E DE MUSEU

2min
page 30

1.1 Arte pública

16min
pages 31-38

a arte popular

10min
pages 73-78

1.2 Arte pública contemporânea

2min
page 39

INTRODUÇÃO

22min
pages 18-29

1.3 Arte extramuros

5min
pages 40-42

5 “O museu levado ao povo”: A política cultural brasileira entre a arte de elite e

1min
page 11
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