154 aluno do Cildo Meirelles, acho que na única vez que ele deu uma aula na vida, num setor inaugural e importantíssimo do MAM chamado Unidade Experimental. Onde davam aula Cildo, Anna Bella Geiger, Guilherme Magalhães Vaz, Frederico Morais. Era uma discussão a respeito de questões da arte contemporânea. A Unidade Experimental reunia artistas que vinham de diferentes áreas, artes visuais, música, design. (RONALDO REGO MACEDO, 2020).
A fala de Ronaldo Macedo nos faz pensar sobre o panorama deste período, em que “os artistas buscavam – parafraseando Leonardo da Vinci – a cosa corporale” (PORTELLA, 2010, p. 82). O artista passou a conduzir e transmitir significados por meio de sua produção poética, dando importância para o processo, e não mais o objeto finalizado. Existia uma liberdade de experimentação que contaminava tanto o artista quanto o participante, lembra Isabel Portella. Artista e participante, desejantes em agradar ao seu proponente, corporificavam a ação, a princípio timidamente, sem saber como e por que, mas aos poucos se soltavam, resultando no exercício experimental de liberdade. (PORTELLA, 2010).
Pensamos assim que o laboratório de vanguarda não teve por objetivo se sobrepor às demais propostas pedagógicas ou a ideia de vanguarda, muito menos intitular-se como uma experiência superior ou transcendente. O laboratório pedagógico da Unidade Experimental se fez no real. Laboratório, aqui, se liga também a concepção científicofilosófica adotada por Frederico Morais ao escolher como pressuposto conceitual, a imaginação material do filósofo da ciência Gaston Bachelard, em que a dimensão do experimento, da tentativa e, principalmente do erro é a prova favorável para a criação. Tal reverberação ecoa em documentos como o Plano-piloto da futura cidade lúdica, onde encontramos a dimensão utópica do ideário de Frederico Morais, ao imaginar o museu num lugar no futuro pensado pela vanguarda no qual a arte e a vida estão vinculadas. O museu como plano-piloto onde será realizada a utopia, chegando no futuro à cidade lúdica. (SILVA, 2020, p.119). 3.4 Plano-piloto da futura cidade lúdica Em comunicação ao jornal Correio da Manhã de 06 de junho de 1970, Frederico Morais apresentou a sua proposta de palestra proferida no IV Colóquio da Associação Brasileira de Museus de
rte, realizado em novembro de 1969. Intitulado “ lano-piloto
da futura cidade lúdica”, o texto discorre sobre o museu de arte pós-moderna que