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dos eventos dos Domingos da Criação. Além disso, também encontramos materiais audiovisuais com caráter experimental que contribuem para a construção da memória das manifestações dos domingos. Ao falarmos do ‘saber a partir do público’ e de participantes não comuns aos espaços internos dos museus, podemos pensar em relatos, lembranças e vivências singulares. Infelizmente, devido ao prazo de pesquisa, a presente dissertação não conseguiu coletar e tratar outros importantes depoimentos de participantes das atividades no Aterro do Flamengo. Porém, foi visto que essa memória ainda é presente na percepção do público participante, não somente nos relatos dos idealizadores. O filme "Domingos com rederico”, de Guilherme Bueno, é um excelente repositório de algumas narrativas. Por este motivo compreendemos a profundidade dos Domingos da Criação, como espaço artístico e educativo importante para a cena da cidade. Foram domingos singulares de liberdade e criação, com ativações do programa educativo do lado de fora das quatro paredes do MAM Rio. O texto de Jéssica Gogan aponta que cerca de 10.000 mil pessoas passaram pelas atividades na área externa do museu. Diante disso, surge a necessidade de também saber acerca das demais narrativas que emergem a partir desta experiência. O que dizem os demais participantes, o público e o entorno? O que democratizou os domingos?
3.6 O Curso Popular de Arte (1969 - 1972) A Unidade Experimental também se insere neste lugar, no qual pensava a possibilidade de um experimentalismo abrangente. O Curso popular de arte, com entrada grátis mediante inscrição no auditório da cinemateca, interagia com as proposições dos domingos da criação e com discussões com distintos intelectuais sobre a cultura brasileira. Criado como braço dos ateliês, este curso pode proporcionar uma educação com espaço-tempo poético próprios. Gogan (2017, p. 254) lembra que quando Frederico Morais assumiu a coordenação do setor de cursos do MAM Rio, ele também apresentou seus planos de ensino, incluindo o objetivo de inaugurar a longo prazo “a Universidade de
rte no M M”.
Com o início desse processo, ele reestruturou os cursos do museu mudando a ênfase de formação técnica para um enfoque conceitual e experimental criando Ateliês Livres de Arte e estabelecendo duas iniciativas em particular, o Curso Cultura Visual Contemporânea e o Curso Popular de Arte.