Concepções de arte pública e de museu na experiência da Unidade Experimental do Museu de Arte Modern

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Para Chagas (2006, p.55) o fato da arte não estar abrigada em salas de exposição, e sim lançada ao olhar, nas ruas e praças, traz o fortuito, o acaso, o desregramento para a conversa. Segundo sua tese, o ritmo desse encontro não é o da reunião de salão, mas do turbilhão, do trânsito, do transitório. Definição esta que vai de encontro ao que Spinelli (2001, p.46) define.

ara o autor, “a arte pública pode ser considerada como um

mediador entre desejos”. E, para Chagas (2006, p.26), desejar é articular falta estrutural com uma presença significante, num movimento ad infinitum. Por isso, a arte tem o poder de atribuir sentido ao frágil e, ainda assim, superando as barreiras do tempo e da significação cultural histórica, atinge o passante atual.

1.2 Arte Pública Contemporânea Para Catia Herzog apud Rosalind Deutsche (2012, p.19) a arte pública supõe a instauração de um espaço democrático, ainda que muitas vezes seja utilizada para justificar “coerção estatal , censura, vigilância, privatização econômica e a repressão das diferenças”. Esta ambiguidade, ou risco, envolve a prática artística no espaço público em sua origem, segundo Catia Herzog. Muitas vezes, para poder existir, a arte pública necessita o apoio do Estado, e muitas vezes se torna um instrumento opressão ou de defesa de interesses privados, que podem inclusive ser, em determinadas situações, equivalentes aos interesses públicos. Ainda segundo a pesquisadora (2012, p.19), o uso dos termos público e privado é ainda controverso em uma sociedade que, cada vez mais, toma o público como privado, e vice-versa. E, sobre esta ambiguidade se assenta a arte pública contemporânea. Segundo Pilar Sanches, o pesquisador José Pedro Regatão (2015) diz que a arte pública questiona as características do monumento público tradicional, sua forma e função, bem como o lugar do espectador, convocando novos modelos fundados na pesquisa estética desenvolvida durante o século XX. Um dos aspectos que melhor caracteriza essa arte é uma condição particular, que se estabelece no modo de criação da obra. Nesses trabalhos artísticos, a relação do público com o trabalho de arte não se estabelece como se ele se comportasse apenas como audiência receptora. De acordo com Regatão, o público se torna agente transformador e parte do processo criativo, integrando, dessa maneira, a criação coletiva da obra de arte. Segundo Sanches (2018, p.17), na atualidade, apesar da controvérsia conceitual em torno dessa produção artística contemporânea, há também a ascendência da expressão


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REFERÊNCIAS

21min
pages 193-204

3.5 Curtir o MAM (1973

7min
pages 181-184

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

14min
pages 185-192

3.7 Atividade/Criatividade (1971

6min
pages 171-173

3.7 Circumambulatio (1972

6min
pages 174-180

3.6 O Curso Popular de Arte (1969 - 1972

1min
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3.5 Domingos da Criação (1971

6min
pages 167-169

3.4 Plano-piloto da futura cidade lúdica

6min
pages 164-166

2.8 JAC - Jovem Arte Contemporânea (1973

9min
pages 144-150

2.7 Playgrounds (1969

7min
pages 134-143

3.3 Um laboratório de vanguarda

3min
pages 162-163

3. A UNIDADE EXPERIMENTAL

3min
pages 151-153

3.1 Histórico

14min
pages 154-160

2.6 Arte no Aterro: um mês de arte pública (1968

21min
pages 122-133

3.2 Objetivos

1min
page 161

2.4 Ações participativas: a virada neoconcreta

16min
pages 110-119

2.5 Intervenções Didáticas

4min
pages 120-121

2.3 O experimental em questão

4min
pages 108-109

2.1.1 O Governo Militar e o panorama cultural no Brasil

6min
pages 87-89

2.2 O Experimentalismo Neoconcreto

6min
pages 105-107

2.1.2 As Artes Plásticas e a Ditadura Civil-militar no Brasil

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pages 90-104

2.1 História pública e furor de arquivo

14min
pages 80-86

BRASILEIRO

1min
page 79

1.4 Sobre a definição de museu e a nova museologia

1hr
pages 43-72

1. CONCEPÇÕES DE ARTE PÚBLICA E DE MUSEU

2min
page 30

1.1 Arte pública

16min
pages 31-38

a arte popular

10min
pages 73-78

1.2 Arte pública contemporânea

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page 39

INTRODUÇÃO

22min
pages 18-29

1.3 Arte extramuros

5min
pages 40-42

5 “O museu levado ao povo”: A política cultural brasileira entre a arte de elite e

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